quarta-feira, junho 14, 2006

Revista do Brasil contará a história segundo o olhar do trabalhador

Com 36 páginas, periodicidade mensal e uma tiragem de 360 mil exemplares, o que já a coloca entre as maiores publicações do país em seu segmento, a Revista do Brasil foi viabilizada pela união de 23 entidades sindicais ligadas à CUT. A Carta Maior fornecerá parte do conteúdo.
Marcel Gomes e Nelson Breve – Carta Maior


SÃO PAULO – Um veículo de imprensa que não esteja vinculado a grandes grupos de mídia, que seja acessível aos brasileiros e que, acima de tudo, narre a história a partir do ponto de vista dos trabalhadores. A realização de um projeto como esse, certamente um sonho de muitos líderes sindicais, começou a se tornar realidade segunda-feira (12) à noite com o lançamento da Revista do Brasil.


Com 36 páginas, periodicidade mensal e uma tiragem de 360 mil exemplares, o que já a coloca entre as maiores publicações do país em seu segmento, a Revista do Brasil foi viabilizada pela união de 23 entidades sindicais ligadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT), que adquiriram uma parte da tiragem e a distribuirão via correio para seus associados. O preço de capa do primeiro número foi definido em R$ 4,50, mas ainda não haverá vendas em bancas. A Carta Maior fornecerá parte do conteúdo.

“Essa revista representa a independência do trabalhador em relação à mídia brasileira”, afirma Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, que recebeu outros sindicalistas e convidados para o ato de lançamento na quadra dos Bancários, no centro da capital paulista. Em sua fala, Marcolino destacou a importância de uma característica peculiar do projeto: unir entidades sindicais de diferentes categorias, superando divergências e vaidades em nome de um projeto comum.

A idéia de somar forças no meio sindical não é nova, lembra José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Quando ele foi presidente da seção da CUT em São Paulo, concebeu-se o projeto das Estruturas Solidárias, que possibilitaria a união de instrumentos materiais e humanos dispersos nos diversos sindicatos de cada região a fim de potencializar as lutas. “A Revista do Brasil é o primeiro grande passo, de verdade, na direção de construção dessa Estrutura Solidária”, comemora.

Nesta primeira edição, por exemplo, a capa foi impressa na gráfica pertencente aos Metalúrgicos, localizada em São Bernardo do Campo, enquanto todo o miolo foi feito na gráfica dos Bancários. Segundo Célia Regina Costa, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo, o Sindsaúde, a criação de estruturas de comunicação vinculadas aos sindicatos é discutida desde o Congresso de fundação da CUT, em 1983.

No entanto, o caminho normalmente percorrido pelas entidades sindicais foi a criação de veículos próprios. Os Bancários de São Paulo, por exemplo, mantém há 13 anos a revista dos Bancários, e os Químicos de São Paulo e os Metalúrgicos do ABC já publicaram as revistas Alquimia e Ligação – ambas não são mais editadas. Por isso, a Revista do Brasil é considerada um marco.

“Só se derruba tubarão com socialização”, ironizou José Guilherme de Castro, do Fórum Nacional pela Democratização das Comunicações. Tubarão, para ele, são as grandes empresas de mídia brasileiras, que controlam a imensa maioria das informações que chegam aos brasileiros.

“A revista não é uma pequena ousadia, já é um marco. Quem financia as Vejas e IstoÉs deve estar bem preocupado. E quando chegar a um milhão?”, questionou Castro, comentando a meta dos sindicalistas de ampliar em breve a tiragem da Revista do Brasil para um milhão de exemplares, e torná-la semanal. O número 2 da publicação, que já está sendo produzido, terá seu número de páginas elevado de 36 para 48 e a tiragem saltará para 400 mil.

Segundo Feijóo, a repercussão que a Revista do Brasil teve na grande mídia – e o modo como foi retratada – são significativos da disputa que vem pela frente. Ele mencionou uma reportagem feita pela Folha de S. Paulo em que “se carimba a revista como defensora do governo Lula e se insinua que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deveria olhar a revista para cassá-la” – sob o pretexto de que, oficialmente, a campanha eleitoral não começou. “Como se eles não tivessem lado”, criticou Feijoó.

Para o colunista da Carta Maior Flávio Aguiar, a Revista do Brasil quer tirar o trabalhador de um quadro de invisibilidade a que foi colocado no debate público pela grande mídia. “A imprensa não busca ouvir sempre as vozes dos trabalhadores em muitos assuntos de interesse da sociedade”, afirma Aguiar, que é professor de Literatura na Universidade de São Paulo (USP). Ele lembra que a incursão de trabalhadores pela imprensa não é novidade e nasceu vinculada à própria luta sindical. A primeira publicação desse tipo no país, chamada Jornal dos Tipógrafos, foi criada há 150 anos durante a greve por aumento de salários dessa categoria no Rio de Janeiro.

O ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, também compareceu ao lançamento da revista. Segundo ele, "este grande instrumento de informação política faz parte do movimento de organização política da classe trabalhadora”.

O primeiro número da Revista do Brasil traz o presidente Lula na capa, com a manchete "O segredo de Lula: um ano de bombardeios, na mídia e no Congresso, não abalou a liderança do presidente. De onde vem essa resistência?". Também há reportagens sobre o mundo do trabalho, mídia, culinária, comportamento e tecnologia, além de uma crônica assinada por José Roberto Torero.

Participam do projeto os sindicatos dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, do ABC, de Brasília, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, de Porto Alegre; a Fetec-CUT/SP; Contraf; Afubesp; os sindicato dos Metalúrgicos do ABC, de Taubaté, de Sorocaba; FEM; CNM; Sindicato dos Químicos de São Paulo, do ABC; Sindsaúde; Sinergia; Sindigasistas-SP; Sindicato dos Eletricitários de Campinas e de Presidente Prudente; CUT São Paulo; e CUT Nacional.*
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Assim como para vencer a ditadura militar foi preciso construir um partido político e organizar os movimentos sociais, para vencer a ditadura midiática será necessário construir uma mídia democrática. Devemos usar todos os canais de informação para formação do homem brasileiro e não sua deformação como acontece atualmente através da Globo, Veja, Folha de
São Paulo e outros instrumentos golpistas que estão ai.


É ISSO.

LULA É MUITOS

Evaristo

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“Essa revista representa a independência do trabalhador em relação à mídia brasileira”.

Um tapa no anonimato editorial da mídia tucana.
Uma grande notícia!!!

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