sexta-feira, junho 09, 2006
A Outra Face da Violência
Por Antonio Caetano
Brasília, 08 de junho de 2006
Na última terça-feira (dia 06) um grupo de irresponsáveis pertencentes à sigla MLST invadiu a sede da Câmara dos Deputados e promoveu atos de vandalismo divulgados por todos os meios de comunicação, tendo sido prontamente presos por determinação do Presidente da Casa, o Deputado Aldo Rebelo.
Os lideres da oposição e setores da imprensa não perderam tempo em tentar, a todo momento, vincular a ação do grupo ao PT e até mesmo ao Presidente da República.
O tucano cada vez menos presidenciável, Geraldo Alckmin, não hesitou em dizer que a culpa pela invasão da Câmara dos Deputados é do Presidente Lula.
O Senador Antonio Carlos Magalhães, foi mais longe. Ainda na manhã daquela terça-feira, Malvadeza subiu à Tribuna do Senado e, ao seu estilo, conclamou os Comandantes das Forças Armadas a não se sujeitarem ao que ela chama de “subversivo”, referindo-se ao Min. da Defesa Valdir Pires, e que não deixassem que o Brasil se transforme em uma “República Sindical”.
O jornalista Alexandre Garcia, no Bom Dia Brasil, da Rede Globo, no dia 07, disse que o ato de vandalismo na Câmara dos Deputados lembra fato ocorrido em 1989, quando, segundo ele, petistas teriam seqüestrado Abílio Diniz.
Quanto a ACM, não há dúvida de que o “subversivo” é ele mesmo que, diante da possibilidade de que o conservador de plantão perca nas urnas as próximas eleições, prega abertamente um Golpe Militar, ou seja, a força das armas, com a subversão da ordem pública.
O jornalista Alexandre Garcia, por sua vez, deveria saber que o fato de um seqüestrador está usando uma camiseta não o identifica, necessariamente, com o que nela há estampado, até porque as investigações do seqüestro do empresário Abílio Diniz, evidenciaram que o seqüestrador não tinha qualquer relação com o PT.
Outra coisa que Alexandre Garcia, generosamente e no mais ousado estilo Hebe Camargo, desconsidera é que na algazarra da Câmara Federal havia pessoas ligadas a diversos partidos, como o Psol, o PSTU e outros, ou seja, não trata de um ato promovido por petistas. Ademais, mesmo que todos aqueles envolvidos fossem filiados ao PT, ainda assim não se poderia imputar qualquer responsabilidade ao PT ou ao Presidente da República, pois é indene de dúvida que aquelas pessoas não agiam em nome do partido, nem com a conivência do PT e, muito menos, do Presidente da República, tanto é verdade que todas as lideranças do PT e a própria Presidência da República repudiaram os atos dos manifestantes.
As ligações do Presidente Lula e do PT com os Movimento sociais é bem diferente dessa que a oposição e setores da elite brasileira tentam atribuir-lhes. O PT e o Presidente Lula, assim como outros partidos de esquerda, nas últimas décadas, atuaram como um instrumento de pacificação social.
Não fossem o PT e os demais partidos de esquerda, que mostraram ao povo brasileiro a importância da disputa pelo poder através do processo político democrático, talvez nosso país estivesse em condições semelhantes à de nossos vizinhos, como a Colômbia, que vive em lutas de guerrilhas, a Venezuela, a Bolívia e outros, onde impera um clima de instabilidade política.
Marcos Coimbra, diretor do Vox Populi, em recente entrevista à Carta Capital, afirmou que o PT “Foi o partido que assegurou essa possibilidade de incorporação maciça do eleitor, nessas condições perturbadoras de desequilíbrio entre educação e renda. O PT foi a existência de uma possibilidade de mudar dentro da ordem, pelo caminho da política.”.
E isso é óbvio, a um cidadão medianamente sensato, pois o Presidente Lula, em vez de pregar revoluções como outros líderes de esquerda da América Latina, optou, desde a redemocratização do Brasil, pelo caminho do diálogo, da tolerância e do processo político democrático, tanto que perdeu três eleições seguidas, sem incitar qualquer movimento social à violência.
As derrotas de Lula nas eleições de 1989, 1994 e 1998 são uma prova de que ele e o PT, ao invés de arregimentarem tropas de famintos, optaram pela ordem, pela tolerância e pelo processo democrático como meio de consecução de seus sonhos e dos ideais de justiça social.
A elite brasileira deveria agradecer a Lula pelo papel que exerceu e continua exercendo na Democracia brasileira, pois sem ele talvez nosso processo político nos últimos 30 anos não teria sido tão ameno, dado o nível das desigualdades sociais que assola a sociedade brasileira.
Sem uma liderança da grandeza e da simbologia que tem o Presidente Lula e sem os partidos de esquerda, que a elite brasileira tanto repudia, possivelmente os movimentos sociais e a massa de miseráveis que ostentamos não teriam tido tanta paciência.