sexta-feira, janeiro 30, 2009

A alegria do Fórum Social Mundial em sua nona edição





A “cobertura” da Folha de ontem sobre o Fórum Social Mundial, que começou ontem em Belém, é uma piada.

A matéria dividia ¾ de página com a publicidade de um cruzeiro, e o centro dela era a marcha de abertura do Fórum, que tradicionalmente abre as atividades do evento. Uma parte era um texto corrido, sobre a marcha (com foto), e outra parte eram drops.

A meta é, visivelmente, desqualificar o Fórum Social Mundial. Para isso, o texto se utiliza de ironias sobre a relação dos(as) participantes do evento com o McDonald’s, sobre ser entoado o hino da Internacional Socialista, sobre a sede da Globo (TV Liberal, no caso da afiliada lá) estar no trajeto da marcha.

Nenhuma palavra sobre as atividades do Fórum, os países representados, os movimentos sociais reunidos, os objetivos da reunião, a atualidade do debate desde 2001.

Entre os drops, um satiriza o fato de a Federação Nacional dos Farmacêuticos ter como “lema” (sic) a idéia de “Palestina livre”. Muito engraçado, não? Totalmente fora da realidade, da conjuntura, da cabeça das pessoas. Por que diabos farmacêuticos(as) deveriam se preocupar com a Palestina??? Só porque está acontecendo uma guerra sanguinária lá? E eles estão no Fórum Social MUNDIAL, não no Fórum Farmacêutico Local? Ora, deveriam, isso sim, se preocupar com medicamentos e substâncias químicas dessas que fazem efeito quando jogadas no corpo das pessoas. Pra quê mais?

Depois, a reportagem destacou que adolescentes estrangeiras (reparem no gênero) compravam frutas típicas no Mercado Ver-o-Peso por até o dobro do valor normal. Também registrou que viu com os próprios olhos uma “visitante” ter sua carteira furtada. Poxa! E em vez de escrever uma matéria dispensável dessas, podia ter ajudado a menina a recuperar a carteira hein! Ok ok... temos que perdoar a reportagem. Devem ter ficado paralisados tamanha surpresa diante de um furto de carteira, algo que sempre lhes pareceu tão distante da realidade.

Mas, pra mim, o pior foi a forma como o jornal tratou a alegria dos participantes do Fórum. Afirma que a marcha de abertura foi uma manifestação “com jeito carnavalesco”. Citou as baterias que tocavam samba, grupos fantasiados de palhaços e o fato de que as pessoas “pulavam”. Era uma tentativa de dizer que a coisa não é séria. Lembrei do Eduardo Galeano:

“Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagens. Ou seja: ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca”.

Esse pessoal nos quer, a nós, a esquerda, carrancudos. Nos quer choramingando, rotuláveis, esteriotipáveis. Nos quer com úlceras e gastrites nervosas, nos quer enlouquecendo, nos quer sem amores, sem sorrisos, sem motivos pra festejar. Mas nós os temos. Uma luta que é por justiça, por liberdade, não tem como ser rancorosa. É alegre. E porque a revolução é alegre, eles têm medo de nós. Porque nosso sorriso pode contagiar.

Que bom que Belém estava sorridente naquela tarde. Viva o Fórum Social Mundial!


Alessandra Terribili é vice-presidente do PT São Paulo e integrante da Secretaria Nacional de Mulheres do PT.

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quinta-feira, janeiro 29, 2009

Veja como funciona o jornalismo da grande mídia


Mídia, demos e a tragédia da Renascer

O sempre atento Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB e ex-deputado estadual, postou no seu blog uma notinha reveladora do caráter da mídia. “O Bispo Gê Tenuta, o responsável pela Igreja Renascer, já foi deputado estadual e hoje é suplente de deputado federal pelo DEM/SP. Parece, inclusive, que vai assumir o mandato. Não vi uma única linha que tocasse nesta condição política do religioso. A mídia não quer associar a tragédia, que resultou na morte de nove pessoas, com a prefeitura. Kassab e Bispo Gê são do mesmo partido. Tanto a prefeitura como os responsáveis da igreja descuidaram de itens essenciais à segurança dos fiéis”, registra o texto “empresário da fé”.

A manipulação da mídia, como alerta Nivaldo, é realmente impressionante. Se o tal bispo tivesse apoiado Marta Suplicy na eleição paulistana, com certeza o vínculo seria manchete dos jornalões e das revistas. O “colunista” Arnaldo Jabor, cuja esposa, Suzana Villas Boas, presta assessoria ao governador José Serra, teria feito suas gracinhas na TV Globo. Mas como o líder evangélico é do demo (ex-PFL), nem a sigla partidária aparece quando citam seu nome. As imagens de Kassab e Bispo Gê juntos em campanha sumiram do ar. Talvez nem as centenas de pessoas soterradas nos escombros do prédio inseguro da Igreja Renascer façam a devida ligação bispo-prefeito-demos. 

TV Globo esconde a sujeira

A Renascer fez ativa campanha para Gilberto Kassab, apadrinhado do presidenciável José Serra. Engajado na campanha, o diretor-executivo de jornalismo da TV Globo, Ali Kamel, deu até uma trégua na guerra liderada pela emissora contra as igrejas evangélicas. Para livrar a cara do demo, ela deixou de alardear a prisão, nos EUA, dos fundadores da igreja, Sônia e Estevam Hernandes, acusados de desvio ilegal de dinheiro. Também abafou as investigações que apontaram Fernanda Hernandes, filha dos fundadores da Renascer, como “funcionária fantasma do deputado estadual Geraldo Tenuta, conhecido como Bispo Gê”, segundo relato do casal global no Jornal Nacional.

Para interferir na batalha eleitoral, a mídia deixou de lado a “imparcialidade” nas apurações das irregularidades da Igreja Renascer – inclusive as que denunciaram o uso indevido de entidades assistenciais para enriquecer a instituição “religiosa”. Faz o mesmo agora, diante dos escombros do prédio e dos nove mortos, omitindo as relações do Bispo Gê com o DEM e o prefeito reeleito da capital paulista. A cada dia que passa, a mídia hegemônica se transforma no principal partido da direita no Brasil. O que ela chama de cobertura jornalística é, de fato, manipulação política.

Aero-Yeda e o silencia midiático

Outro caso emblemático desta distorção é o tratamento dado pela mídia à compra de um jato para governadora do Rio Grande Sul, Yeda Crusius. A tucana, que chafurdou o governo em inúmeros casos de corrupção, anunciou a aquisição do avião executivo orçado em US$ 26 milhões. Diante das críticas, ela rebateu: “Podem chamá-lo de Aero-Yeda, de Queen Air, do que quiserem”, em mais uma prova de inabilidade e arrogância políticas. A mídia, porém, parece que inocentou a governadora. Na Folha de S.Paulo foram publicadas apenas três notinhas, não houve destaque no Jornal Nacional. Bem diferente do escarcéu promovido contra o chamado “Aero-Lula”.

Até o blogueiro Ricardo Noblat estranhou as reações diante desta nova aquisição. “Quatro anos depois de criticar duramente o governo do presidente Lula pela compra do Airbus presidencial, integrantes do comando do PSDB se esquivaram de comentar a decisão da governadora do Rio Grande do Sul, a tucana Yeda Crusius, de também adquirir um jato para vôos internacionais”. O blogueiro, que também é colunista do jornal O Globo, só não criticou o vergonhoso silêncio da mídia hegemônica – por motivos óbvios.

http://altamiroborges.blogspot.com/

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quarta-feira, janeiro 28, 2009

FSM BELÉM 2009





“O mundo parece se inverter a nosso favor”

Na coletiva de imprensa de abertura do FSM 2009, membros do Comitê Internacional do Fórum apostam que momento único da conjuntura internacional, com as crises financeira e ambiental, dará um novo impulso ao movimento por um outro mundo possível. E fazem um pedido especial aos jornalistas da grande imprensa: uma cobertura séria dos debates e atividades que ocorrerão em Belém nos próximos dias.

BELÉM – Em seu primeiro contato oficial com jornalistas de diversos países, realizado nesta terça-feira (27) durante a coletiva de imprensa de abertura do Fórum Social Mundial 2009, os organizadores do evento ressaltaram que o momento ímpar da conjuntura internacional, sobretudo com o agravamento das crises financeira e ambiental, pode dar um novo impulso ao movimento por um outro mundo possível.

Diretor-geral do Ibase e membro do Comitê Internacional do FSM, Cândido Grzibowsky falou sobre o momento de confirmação do ideário do Fórum: “Nós surgimos contra a globalização neoliberal e ela está derretendo. Há nove anos atrás, nós éramos chamados de arautos do impossível, por pregar um outro mundo, mas as mudanças que se operaram na conjuntura mostram que estávamos no caminho certo. Hoje, a junção das diversas crises - ambiental, financeira, etc - e esse contexto de desmonte que revela a não sustentabilidade da economia real só dão razão à necessidade urgente e incontornável e mudar o mundo”, disse.

Grzibowsky criticou o Fórum Econômico de Davos, principal ponto de discussão e difusão do pensamento neoliberal: “Os jornais noticiam o desânimo que ronda aquela estação de esqui tão famosa onde os ricos do planeta se locupletavam em dias de discussão e muita festa. Agora, a orientação para muitos executivos de bancos e de grandes multinacionais é não comparecer a Davos para não demonstrar ostentação nesse momento de crise. Aqui no FSM continuamos em festa, com a alegria de viver e de construir um novo mundo. Portanto, no momento em que estamos vivendo, o mundo parece se inverter a nosso favor.”

Para Oded Grajew, que é presidente do conselho do Instituto Ethos e também membro do Comitê Internacional do FSM, a crise financeira derrubou a argumentação daqueles que acusavam os militantes por um outro mundo possível de fazerem propostas economicamente inviáveis: “Com a crise financeira, de repente apareceram trilhões de dólares que estavam aí e que poderiam ter sido usados para reduzir a pobreza, para investir em energias renováveis, para promover educação, saúde e habitação de qualidade para toda a humanidade”,disse.

A vontade política, segundo o empresário, é determinante para tornar viáveis as propostas: “Esses recursos estavam escondidos no sistema financeiro e, quando apareceram, foi exatamente para socorrer o sistema financeiro, as montadoras de automóveis e as empresas falidas. Portanto, não digam que não existem alternativas. Segundo os estudos feitos pela ONU, esses trilhões de dólares são mais do que suficientes para mudar o mundo. Ou você coloca os recursos públicos a serviço de quem tem mais, ou coloca a serviço da sociedade e da justiça social”, disse.

Grajew afirmou que o FSM deve estar preparado a fornecer respostas para as crises enfrentadas pela humanidade: “Queremos criar a consciência sobre a doença que hoje contamina o mundo pelas idéias de competição e do consumo sem limite. Temos que nos descontaminar dessa doença e mostrar que existem alternativas e outras escolhas”, disse.

Movimentos Sociais
Dirigente da Associação Brasileira de ONGs (Abong) e integrante do comitê organizador local do FSM 2009, Aldalice Otterloo falou da importância do evento de Belém para os movimentos sociais da Amazônia: “Para nós dos movimentos sociais é um grande desafio acolher o FSM, pois temos a oportunidade de dar visibilidade às questões amazônicas. Nosso trabalho foi aglutinar as propostas e, principalmente, trazer para o centro do processo as organizações indígenas, quilombolas, ribeirinhos, de mulheres pescadoras, de quebradeiras de coco e trabalhadores rurais. Queremos fazer do FSM muito mais que um evento episódico, mas articular as lutas dos movimentos da Pan-Amazônia por uma nova integração regional”, disse.

Aldalice falou sobre a importância da Assembléia dos Povos Indígenas, que reuniu neste primeiro dia de Fórum 1.980 indígenas, representando 85 etnias de todos os países amazônicos: “A participação das organizações indígenas trouxe algo fundamental para o debate, que é a luta pelo bem viver, a reflexão sobre a crise civilizatória e a construção de novos paradigmas em que eles também sejam protagonistas, e não apenas objetos de políticas nem sempre eficientes”.

Coordenadora italiana do FSM e do Fórum Social Europeu, Rafaela Bolini afirmou que o mundo inteiro espera pelas alternativas propostas no evento de Belém: “A crise atual foi causada por aqueles que defendem a globalização neoliberal, e a solução real para esta crise não partirá desses mesmos setores. Temos que garantir a pluralidade e a diversidade, superar o perigo da fragmentação e sermos capazes de construir uma resposta”, disse.

Rafaela pediu também que o FSM 2009 tire propostas para as regiões marginalizadas do planeta: “Gaza está sitiada, e o silêncio do mundo sobre isso é preocupante. Mesmo na Europa, na Rússia, os movimentos sociais não têm voz e sofrem dura repressão”, exemplificou, para acrescentar; “Espero que os ativistas de Gaza e da Rússia, assim como de outros lugares, possam participar das discussões travadas no âmbito do FSM”.

Alfinetada
Durante a coletiva de imprensa, os membros do Comitê Internacional do FSM dirigiram-se aos jornalistas da grande imprensa para pedir uma cobertura séria do Fórum; “É muito importante cobrir os namoros no Acampamento da Juventude ou saber se a ministra Dilma mudou a cor do cabelo. Isso é muito importante, mas aqui vão se realizar milhares de debates com gente da mais alta qualificação nas áreas de saúde, educação, na área social e na área econômica. Aqui tem gente com história de vida, com muito conteúdo. Todos os diagnósticos no FSM serão de altíssimo nível, portanto dispensem alguns minutos para conhecer esse conteúdo”, disse Oded Grajew.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15523&boletim_id=522&componente_id=9045

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terça-feira, janeiro 27, 2009

A presença dos cinco presidentes em Belém expressa o estágio atual de luta antineoliberal


Presidentes latinoamericanos no FSM

O momento mais importante do FSM de Belém do Pará terminará sendo o ato do dia 29, no Hangar, que contará com a presença de Evo Morales, Fernando Lugo, Rafael Correa, Hugo Chavez e Lula – presidentes latinoamericanos que constroem, de distintas maneiras, modelos alternativos ao neoliberalismo. É uma presença inevitável, que marca como a América Latina se transformou, de "paraíso do neoliberalismo" a seu elo mais fraco, onde se começou a construir, efetivamente, o "outro mundo possível" pelo que luta o Fórum Social Mundial.

No seu inicio, o FSM se delimitava expressamente em relação a governantes – assim como a partidos. A presença de presidentes como Lula e Hugo Chavez, por exemplo, era feita mediante atividades paralelas. Era ainda o momento de protagonismo dos movimentos sociais na luta de resistência ao neoliberalismo. O primeiro FSM se realizou em janeiro de 2001, em Porto Alegre. O primeiro governo progressista latinoamericano, o de Hugo Chavez, tinha sido eleito em 1998 e sobrevivia, solitariamente, sob forte ofensiva direitista. Foi ao longo desta década que foram eleitos Lula, Tabaré, Kirchner, Evo, Rafael Correa, Lugo – que representaram a passagem da luta antineoliberal a seu período atual, de luta por uma hegemonia alternativa, pela construção de modelos de superação do neoliberalismo.

A fundação do Movimento ao Socialismo (MAS) boliviano foi um momento determinante na luta por "um outro mundo possível", porque revelava, de forma explicita, a compreensão de que somente rearticulando a luta social com a luta política, seria possível dar inicio à construção de alternativas ao neoliberalismo. As forças sociais que tiveram essa compreensão, cada uma à sua maneira, puderam passar à fase atual, enquanto as outras perderam peso, se isolaram, ao permanecer numa atitude apenas de resistência.

Desde o último FSM realizado no Brasil, em 2005, os processos de integração regional avançaram, surgiram novos governos progressistas, enquanto o FSM foi ficando reduzido à realização dos Foros mundiais e regionais, sem propostas diante da crise neoliberal, diante das guerras imperiais, sem vincular-se aos processos – como os latinoamericanos – que efetivamente começaram a construção de alternativas ao neoliberalismo.

A presença dos cinco presidentes em Belém expressa o estágio atual de luta antineoliberal e é um chamado ao FSM para que volte a articular forças de resistência social à esfera política, aquela da disputa hegemônica, que se torna central partir da crise contemporânea, do fim do governo Bush e dos avanços – concentrados hoje na América Latina – do posneoliberalismo.

O ato do dia 29 expressa a força atual da luta por "um outro mundo possível" no plano político, que junto à luta dos movimentos sociais e das outras forças políticas e culturais, são chamadas a desempenhar um papel permanente e decisivo na luta antineoliberal. Coloca-se para o FSM e as forças que o compõem um dilema essencial: permanecer na intranscendência do intercâmbio de experiências a cada ano ou dois anos ou avançar na construção de alternativas. A luta antineoliberal seguirá adiante e será tanto mais forte, quanto mais o FSM se acoplar às formas realmente existentes de construção do "outro mundo possível".

 

Emir Sader é sociólogo e professor

http://www.pt.org.br/portalpt/index.php?option=com_content&task=view&id=73599&Itemid=201


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domingo, janeiro 25, 2009

Você não gosta da mídia e quer ser a mídia?!


Pontos de Mídia Livre serão lançados em Belém
 
Blog do Rovai (22/01/2009 17:57)
 
Em junho do ano passado aconteceu o Fórum de Mídia Livre na Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Uma das principais reivindicações daquele evento
foi que nos moldes dos Pontos de Cultura fossem criados, pelo Governo
Federal, mais precisamente pelo MinC, os Pontos de Mídia Livre.
 
Pois é, o secretário Célio Turino está indo a Belém para numa atividade do
Fórum Mundial de Mídia Livre anunciar o lançamento do edital. Trata-se de
uma conquista importantíssima e que precisa ser divulgada. E já há uma
articulação em Vitória para que a prefeitura faça o mesmo, lançando um
edital municipal. Isso pode começar a dar o mínimo de suporte para que
floresçam iniciativas midialivristas Brasil afora.
 
Neste primeiro edital estará estabelecido que o MinC premiará 60 iniciativas
de comunicação compartilhada, ou seja, midialivristas. Poderão candidatar-se
blogs, sites, rádios e TVs livres, estúdios de produção de áudio e vídeo,
fanzines e outras formas de mídia – desde que promovam interatividade com o
público. Assim como os Pontos de Cultura – que se espalharam pelas
periferias brasileiras e ganharam reconhecimento internacional – os Pontos
de Mídia Livre rejeitam o papel tradicional do Estado. Quem produz Cultura
(ou Comunicação) é a sociedade. Cabe ao poder público prover condições para
tanto.
 
Dez Pontos de Mídia Livre, premiados na categoria nacional, receberão
incentivo de R$ 120 mil, para multiplicar e aperfeiçoar seu trabalho.
Cinqüenta Pontos, na categoria regional ou local, receberão R$ 40 mil cada
um. Os detalhes do edital estão em www.cultura.gov.br/cultura_viva.
 
Estaremos em Belém com o secretário Célio Turino para debater a questão. O
evento será no dia 29 de janeiro (quinta-feira), das 12h as 15h, e faz parte
da programação do Fórum Mundial de Mídia Livre.
 
Local: UFPA Profissional, bloco KP, sala KP07.
 
Participantes: Célio Turino (Ministério da Cultura), Antônio Martins (Le
Monde Diplomatique Brasil), Renato Rovai (Revista Fórum), Ivana Bentes
(UFRJ), Giusepe Cocco (Revista Global) e Altamiro Borges (site Vermelho).
 
Inscreva-se no FMML
 
Além desta atividade que está sendo promovida pelo FMML, o Fórum vai
acontecer nos dias 26 e 27 de janeiro de 2009 (inscrições aqui
<http://forumdemidialivre.blogspot.com/search/label/inscricao%29> ), em
Belém do Pará. A programação do evento é a seguinte:
 
Dia 26 de janeiro (segunda-feira), 9h.
 
Mesa 1 - Como ampliar o Midialivrismo
 
Debatedores: Sérgio Amadeu (Cásper Líbero), Renato Rovai (Revista Fórum),
Ivana Bentes (UFRJ e Pontão de Cultura Digital da ECO), Maria Pia (AMARC), Sóter (Abraço), Antonio Martins (Le
Monde Diplomatique), Michael Hardt - EUA (a confirmar), Oona Castro
(Overmundo, ), Representnate do Intervozes.
 
 11h30
 
Mesa 2 - A Mídia e a Crise
 
Debatedores: Luiz Hernandez Navarro (La Jornada), Sandra Russo (Página 12),
Pascual Serrano (Rebelión), Marcos Dantas (PUC-RJ), Joaquim Palhares (Carta
Maior), Altamiro Borges (Vermelho), Joaquín Constanzo (IPS), Bernardo
Kucinski, Bernard Cassen - França (a confirmar), Ignacio Ramonet - Espanha
(a confirmar).
 
15h30
Seminário de Comunicação Compartilhada no FSM
Conceito e modelos alternativos ao jornalismo de mercado.
 
18h30
Atividades auto-gestionadas
 
 
 
21h30 - Confraternização e sistematização dos debates
 
Dia 27 de janeiro (terça-feira)
Plenária de Construção do Movimento Midialivrista, às 9h
 
15h
Ida em bloco à marcha do FSM.
 


Fonte: Blog do Rovai
 

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sexta-feira, janeiro 23, 2009

O jornalismo me diverte


Ambiguidades e azia

Sírio Possenti
De Campinas (SP)

Comentando aspectos da reforma ortográfica, um colunista escreveu que o acento diferencial deveria ter sido mantido para distinguir pára de para. O argumento é que, sem ele, a manchete "Trânsito pesado para Recife" fica ambígua. Se o acento continuasse, a manchete com "pára" significaria uma coisa e com "para", outra.

Verdade. Mas como fazer desaparecer a ambigüidade das seguintes manchetes do mesmo dia, no Estadão (Palmeiras: reforço na enfermaria) de 10/01/2008, p. E2 e na Folha (Reforço do Palmeiras opera antes da estreia) de 10/01/2009, p. D4?

A primeira poderia significar que a enfermaria do clube será reforçada (com a compra de dois rolos de esparadrapo...) ou que um dos reforços do time vai permanecer por algum tempo na enfermaria (significando que está contundido, e não que está de fato alojado numa enfermaria). A segunda, que um dos novos contratados do Palmeiras, antes de estrear, vai sofrer uma cirurgia ou que vai participar de uma como cirurgião, como auxiliar, como instrumentador etc.

Ou seja: a ambigüidade - um dos traços mais característicos das línguas naturais - só é eliminada, quando é, pela intervenção de um conjunto complexo de critérios de interpretação. Haver ou não acentos diferenciais diminui muito pouco a quantidade de estruturas ambíguas. Sem mencionar, claro, que essas formas, quando faladas, podem não ser distinguidas uma da outra por um acento mais ou menos perceptível.

Sobre azia

A afirmação de Lula de que não lê jornais porque tem azia deixou muita gente da imprensa chateada. Até pareceu que repórteres e colunistas imaginavam que o presidente não vivia sem seus textos, que eles eram para Lula o que o primeiro café do dia é para muitos de nós. Mesmo os que vivem repetindo que ele não lê. Ora, se não lê, se sabem que não lê, por que esperavam que lesse os textos deles? Muita gente ficou chateada e baixou o porrete no homem. Achei a reação meio infantil. A imprensa, além de indispensável, é cheia de não-me-toques.

De minha parte, confesso que, muitas vezes, em finais de semana ou em viagens, quando poderia dormir um pouco mais ou, pelo menos, sair mais tarde da cama, levanto mesmo assim para ler jornais. É que minha azia nunca piora lendo, mesmo textos ruins (deriva da mistura, cada vez mais rara, de álcool, gordura e doce; nunca de notícias ou comentários).

Ao contrário, o jornalismo me diverte. Por exemplo, eu rio quando leio opiniões como a que comentei acima sobre a relevância do acento diferencial para a eliminação de ambigüidades. Meu humor, que é usualmente mais ou menos o mesmo pela manhã e durante o restante do dia, melhora muito com bobagens.

Meu estado de espírito melhora também com feitos noturnos do jornalismo - sim, também assisto a noticiosos da TV.

Dou exemplos: a Band cobriu em detalhes o pouso do avião no rio Hudson. Segundo jornal da emissora, o voo demorou quatro (4) minutos. Logo depois, vejo na Globo ainda mais detalhes, inclusive uma simulação e um mapa do voo, que, disse seu jornal, demorou seis (6) minutos (que o leitor considere, por favor, o que são dois minutos em um voo como esse!). Juro que acho engraçado. Agora, suponhamos que eu devesse tomar alguma decisão grave com base nestes noticiosos: não seria mesmo melhor ouvir os assessores ou pedir ajuda aos universitários?

Na véspera, a Band pusera no ar um editorial duro contra a decisão de Tarso Genro no caso Battisti. Basicamente, contrastava o caso ao dos pugilistas cubanos. Em entrevista, o ministro disse, no dia seguinte, na mesma Band, que o Brasil devolveu a Cuba os atletas que quiseram voltar e que aqui ficaram os que pediram para ficar. "Não sei por que a imprensa desconhece isso", ele acrescentou, risonho. Não tenho informações para decidir se o ministro disse a verdade ou não (não sou jornalista, só leio jornais). Mas o locutor acrescentou, logo depois da entrevista, como se ela não tivesse ido ao ar, que a Band mantinha sua posição expressa no editorial da véspera. Então, por que não desmentiu a informação do ministro? Morri de rir.

Volto aos impressos. No final de semana, o Estadão publicou editorial louvando dez (10) anos de câmbio flutuante e outros aspectos da política de nosso Banco Central. Acrescentou que dirigentes petistas frequentemente põem em questão essa política. Mas nem de longe mencionou Paulo Skaff, nem o vice-presidente José Alencar, certamente os dois maiores críticos dessa política do Banco Central. Achei a piada ótima!! Pelo texto, eu deveria concluir que são petistas, kkkkk!

No sábado, Dora Krammer também discutiu a decisão de Tarso Genro sobre o caso Battisti, e comentou a posição de Lula, que, disse ela, conhece o caso há pouco tempo e não muito detalhadamente. Associa o desconhecimento dos detalhes do caso a seu hábito de ler pouco. "A intuição é um excelente atributo (quando acerta, Lula o faz por intuição, penso comigo que é o que ela pensa), o empirismo funciona, mas a ausência de conhecimento e de curiosidade em geral induz ao equívoco", diz ela.

Eu ri. Ri muito. É que já fiz longas leituras sobre questões de epistemologia e de história da ciência durante minha vida, já não tão breve, e nunca vi nenhum texto, seja favorável, seja contrário às posições empiristas, que associasse esta doutrina à falta de leitura. Foi por isso que ri muito. Uma pândega, essa Dora Krammer. Fiquei imaginando o que diria Bertrand Russel - ou Bacon - do conhecimento detalhado dela sobre o tal empirismo. Não resisti. Quaquaqua!

Tem mais. Em sua coluna de 19/01/2009, segunda-feira, na Folha de S. Paulo, que li bem cedo, durante meu café, Fernando Rodrigues cita um deputado do PT que escreveu em relatório que Obama sepultaria "uma era de fundamentalismo neoliberal". Comentando esse vaticínio, o colunista diz que nada indica que Obama romperá com os cânones do livre mercado. Em seguida, que petistas descobrirão que o capitalismo sobreviveu.

Achei seu senso de humor incrível. Identificar fundamentalismo neoliberal com livre mercado e com capitalismo é um excelente exemplo, um dos melhores que já vi, de economia psíquica, uma das principais fontes do prazer, segundo Freud. Ri à beça!! Ainda estou rindo, e já são 10 horas!

Agora, suponha que isso, em vez de me fazer rir, atiçasse minha azia.


Sírio Possenti é professor associado do Departamento de Lingüística da Unicamp e autor de Por que (não) ensinar gramática na escola, Os humores da língua e de Os limites do discurso.


fonte:http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3462672-EI8425,00-Ambiguidades+e+azia.html

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quinta-feira, janeiro 22, 2009

Para não ser cabeça de prego

"Bancos necessitados" é a "despalavra do ano" na Alemanha

'Notleidende Banken': escolhida entre 1.129 sugestões

'Notleidende Banken': escolhida entre 1.129 sugestões

"Notleidende Banken" transforma os responsáveis pela crise em vítimas dela, justifica o júri responsável pela escolha. Ação visa maior objetividade e humanidade no vocabulário cotidiano.

O conceito notleidende Banken (bancos necessitados, uma analogia com pessoas necessitadas), usado no contexto da crise econômica, foi escolhido como a "despalavra" de 2008 na Alemanha. A escolha de um júri de linguistas e jornalistas foi apresentada nesta terça-feira (20/01). Foram enviadas 1.129 sugestões da Alemanha e do exterior.

Com a formulação, os bancos, responsáveis pela crise, são apresentados de forma estilizada como vítimas, explicou o porta-voz do júri, Horst Dieter Schlosser. "O conceito coloca de ponta-cabeça a relação de causa e efeito da crise econômica mundial", afirmou.

"Enquanto as economias nacionais estão sob sérias ameaças e os contribuintes precisam arcar com empréstimos bilionários, os bancos, que com sua política financeira causaram a crise, são apresentados de forma estilizada como vítimas dela", argumentou Schlosser.

Em segundo lugar ficou a palavra Rentnerdemokratie (democracia dos aposentados), usada pelo ex-presidente alemão Roman Herzog. "Quando foi cogitado elevar as aposentadorias em 1,1%, o ex-presidente Roman Herzog, ele próprio aposentado, pintou o terrível cenário de um Estado, uma Rentnerdemokratie, no qual os velhos exploram os jovens", declarou o júri.

O terceiro posto foi para Karlsruhe-Touristen (turistas de Karlsruhe), usada pelo presidente do sindicato dos policiais, Rainer Wendt. Ele se referiu a pessoas que já entraram com ações de inconstitucionalidade no Tribunal Constitucional Federal, em Karlsruhe, e cogitariam fazê-lo novamente no caso da recente lei que autoriza a espionagem residencial, a lei do BKA. Na opinião do júri, Wendt tem uma compreensão "preocupante" dos direitos fundamentais.

A "despalavra do ano" é escolhida desde 1991 na Alemanha e tem por objetivo chamar a atenção para conceitos equivocados, esdrúxulos ou que ofendam a dignidade humana. Os responsáveis pela iniciativa pleiteiam uma maior adequação e humanidade no vocabulário cotidiano.

Agências (as)
 

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segunda-feira, janeiro 19, 2009

O mensalão da Globo


Gilson Caroni: a TV Globo, suas Floras, seus Josés

As solicitações da alta cúpula das Organizações Globo não precisam ser repetidas várias vezes. Editores, apresentadores e repórteres que lá trabalham já as têm como segunda natureza. São seus estatutos de verdade, dispositivos de criação de sentido e únicas formas aceitáveis de retratar a realidade e os atores que nela se destacam.
 
Por Gilson Caroni Filho, na Carta Maior

Se uma boa maneira para se analisar uma notícia é o ângulo sob o qual o fato que a gerou é abordado, a edição do Jornal Nacional que foi ao ar na sexta-feira, 16/01/2009, é rica pelo que contém de tendenciosidade e sonegação informativa. Revela como o jornalismo global adota ritos de exclusão para quem já condenou a priori. Não estamos descrevendo um mero desvio padrão, mas o quanto há de singular na construção do discurso noticioso.
 
Ao anunciar a decisão judicial que absolvia o ex-ministro chefe da Casa Civil da presidência da República de um processo movido por ação do Ministério Público Federal, a jornalista e apresentadora Fátima Bernardes se limitou a informar que "Justiça Federal de Brasília excluiu os ex-ministros José Dirceu e Anderson Adauto de uma ação de improbidade administrativa relacionada ao escândalo do mensalão. O juiz Alaôr Piacini alegou que os ex-ministros têm direito a foro privilegiado e não podem responder a processo por improbidade administrativa. Segundo o juiz, eles só podem ser julgados por crime de responsabilidade no Senado e não no Judiciário. Os ex-ministros ainda respondem a uma ação penal no Supremo Tribunal Federal e a outras quatro ações por improbidade também na Justiça Federal."
 
A "concisão" textual, no entanto, oculta um detalhe e, como todos sabem, é nele que mora o diabo. A sentença é clara ao dizer que não há indício de qualquer ato de improbidade administrativa cometido por José Dirceu. E mais, como noticiaram outros veículos, inclusive o diário das Organizações, Alaôr não poupou críticas aos procuradores que subscreveram a petição por "proporem cinco ações de improbidade versando sobre os mesmos fatos”.
 
Será que o trecho omitido mostra algo que cale fundo no fazer jornalístico da TV Globo? Descortinaria uma pactuação do Judiciário com o roteiro da grande imprensa? Se, como destacamos em artigo escrito para Carta Maior (“Sobre organizações e seus crimes” 31/08/2007) “a conduta do STF foi festejada pelo Partido Globo como absolvição política de sua cobertura jornalística”, qual seria a reação em caso de mudança de rumo? Deformar ainda mais a informação ou fazer mea-culpa? Ressalve-se aqui que nossa postura permanece a mesma. Não prejulgar, respeitando o princípio do contraditório e da ampla defesa assegurado pela Constituição Federal.
 
É bom lembrar que Piacini explicou que o teor das outras ações é idêntico ao do processo no qual o nome de Dirceu foi excluído. Pode ser o prenúncio de mudança de uma trama. Um ponto a partir do qual a justiça possa ser feita dentro do seu próprio campo, sem sobreposição de editoriais furiosos e recortes elaborados nos laboratórios do monopólio informativo.
 
Encerrada a novela das 21 horas, resta saber quem será a “ Flora” da vida política brasileira, seus crimes e canções prediletas. Afinal, Ali Kamel sabe o quão folhetinesco é o jornalismo da Rede Globo. Um reforço dramatúrgico teria alguma serventia.
 
* Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Observatório da Imprensa

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domingo, janeiro 18, 2009

Eduardo Galeano: "Quem deu a Israel o direito de negar todos os direitos?"



Eduardo Galeano (*)


Este artigo é dedicado a meus amigos judeus assassinados pelas ditaduras latinoamericanas que Israel assessorou.

Para justificar-se, o terrorismo de estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe pretextos. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo seus autores quer acabar com os terroristas, acabará por multiplicá-los.

Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Nem sequer têm direito a eleger seus governantes. Quando votam em quem não devem votar são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma armadilha sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições em 2006. Algo parecido havia ocorrido em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e, desde então, viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.

São filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desajeitada pontaria sobre as terras que foram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à margem da loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está negando, há muitos anos, o direito à existência da Palestina.

Já resta pouca Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa. Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam a pilhagem, em legítima defesa.

Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel devorou outro pedaço da Palestina, e os almoços seguem. O apetite devorador se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram os palestinos à espreita.

Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que burla as leis internacionais, e é também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros.

Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está executando a matança de Gaza? O governo espanhol não conseguiu bombardear impunemente ao País Basco para acabar com o ETA, nem o governo britânico pôde arrasar a Irlanda para liquidar o IRA. Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? Ou essa luz verde provém da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional de seus vassalos?

O exército israelense, o mais moderno e sofisticado mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos colaterais”, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”, três são crianças. E somam aos milhares os mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humano, que a indústria militar está ensaiando com êxito nesta operação de limpeza étnica.

E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Para cada cem palestinos mortos, um israelense. Gente perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos meios massivos de manipulação, que nos convidam a crer que uma vida israelense vale tanto quanto cem vidas palestinas. E esses meios também nos convidam a acreditar que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.

A chamada “comunidade internacional”, existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos adotam quando fazem teatro?

Diante da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial se ilumina uma vez mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.

Diante da tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E como sempre, os países europeus esfregam as mãos. A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama alguma que outra lágrima, enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caçada de judeus foi sempre um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinas, que também são semitas e que nunca foram, nem são, antisemitas. Eles estão pagando, com sangue constante e sonoro, uma conta alheia.

(*) Texto publicado originalmente no jornal Brecha. (Tradução: Katarina Peixoto)

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quarta-feira, janeiro 14, 2009

O obstáculo é Israel.

Temos de ser capazes de ver a verdade por trás das mentiras

Norman Finkelstein, Counterpunch, 13/1/2009 http://www.counterpunch.org/neumann01132009.html

Norman Finkelstein é autor de cinco livros, entre os quais Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict,
 Beyond Chutzpah and The Holocaust Industry
, traduzidos para mais de 40 idiomas.
Esse artigo está publicado também em sua página internet, em
www.NormanFinkelstein.com

O registros existem e são muito claros. Qualquer pessoa encontra na internet, na página do governo de Israel e, também, na página do ministério de Negócios Exteriores de Israel. Israel desrespeitou o cessar-fogo, invadiu Gaza e matou seis ou sete (há controvérsia quanto ao número de assassinados, não quanto ao crime de assassinato) militantes palestinenses, dia 4/11. Depois, o Hamás respondeu ou, como se lê nas páginas do governo de Israel "o Hamás retaliou contra Israel e lançou mísseis."

Quanto aos motivos, os documentos oficiais também são claros. O jornal Haaretz já informou que Barak, ministro da Defesa de Israel, começou a planejar o massacre de Gaza muito antes, até, de haver acordo de cessar-fogo. De fato, conforme o Haaretz de ontem, a chacina de Gaza começou a ser planejada em março.

Quanto às principais razões do massacre, acho, há duas. Número um: restaurar o que Israel chama de "capacidade de contenção do exército" e que, em linguagem de leigo, significa a capacidade de Israel para semear pânico e morte em toda a região e submetê-la mediante a pressão das armas, da chantagem, do medo. Depois de ter sido derrotado no Líbano em julho de 2006, o exército de Israel entendeu que seria importante comunicar ao mundo que Israel ainda é capaz de assassinar, matar, mutilar e aterrorizar quem se atreva a desafiar seu poder pressuposto absoluto, acima de qualquer lei.

A segunda razão pela qual Israel atacou Gaza é culpa do Hamás: o Hamás começou a dar sinais muito claros de que deseja construir um novo acordo diplomático a respeito das fronteiras demarcadas desde junho de 1967 e jamais respeitadas por Israel.

Em outras palavras, o Hamás sinalizou que está interessado em fazer respeitar exatamente os mesmos termos e conceitos que toda a comunidade internacional respeita e que, em vez de resolver os problemas a canhão e com campanhas de mentiras por jornais e televisão, estaria interessado em construir um acordo diplomático.

Aconteceu aí o que Israel poderia designar como "uma ameaçadora ofensiva de paz chefiada pelos palestinenses". Imediatamente, para destroçar a ofensiva de paz, o governo e o exército de Israel desencadearam campanha furiosa para destroçar o Hamás.

A revista Vanity Fair publicou, em abril de 2008, em artigo assinado por David Rose, baseado, por sua vez em documentos internos dos EUA, que os EUA estavam em contato estreito com a Autoridade Palestinense e o governo de Israel, organizando um golpe para derrubar o governo eleito do Hamás, e que o Hamás conseguira abortar o golpe. Isso não é objeto de discussão: esse fato é estabelecido, documentado e há provas.

A questão passou a ser, então, impedir o Hamás de governar, e ninguém governa sob bloqueio absoluto, bloqueio que desmantelou toda a atividade econômica em Gaza. Ah! Vale lembrar: o bloqueio começou antes de o Hamás chegar ao poder (eleito!). O bloqueio nada tem ou jamais teve a ver com o Hamás. Quanto ao bloqueio, os EUA despacharam gente para lá, James Wolfensohn especificamente, para tentar pôr fim ao bloqueio, depois de Israel ter invadido Gaza.

O xis da questão é que Israel não quer que Gaza progrida, sequer quer que viva, e Israel não quer ver nenhum conflito encaminhado por vias diplomáticas, que tanto os líderes do Hamás em Damasco, quanto os líderes do Hamás em Gaza têm repetidas vezes declarado que buscam, sempre com vistas a resolver o conflito relacionado às fronteiras demarcadas em 1967, fronteiras que Israel jamais respeitou. Tudo, até aí, são fatos registrados e comprovados. Não há qualquer ambigüidade: tudo é bem claro.

Todos os anos, a Assembleia da ONU vota uma resolução intitulada "Solução pacífica para a questão da Palestina". E todos os anos o resultado é o mesmo: o mundo inteiro de um lado; Israel, EUA, alguns atóis dos mares do sul e a Austrália, no lado oposto. Ano passado, o resultado da votação foi 164 a 7. Todos os anos, desde 1989 (em 1989, o resultado foi 151 a 3), é sempre a mesma coisa: o mundo a favor de uma solução pacífica para a questão da Palestina; e EUA, Israel e a ilha-Estado de Dominica, contra.

A Liga Árabe, todos os 22 Estados-membros da Liga Árabe, são favoráveis a uma chamada "Solução dos Dois Estados", com as fronteiras determinadas em junho de 1967. A Autoridade Palestinense é favorável à mesma "Solução dos Dois Estados" e às mesmas fronteiras determinadas em junho de 1967. E o Hamás também é favorável à mesma "Solução dos Dois Estados" e às mesmas fronteiras demarcadas em junho de 1967. O problema é Israel, patrocinado pelos EUA. Esse é o problema.

Bem... Há provas de que o Hamás desejava manter o cessar-fogo; exigiu, como única condição, que Israel levantasse o bloqueio de Gaza. Muito antes de começarem os rojões do Hamás, os palestinenses já enfrentavam terrível crise humanitária, por causa do bloqueio. A ex-Alta Comissária para Direitos Humanos da ONU, Mary Robinson, descreveu o cenário que testemunhou em Gaza como "destruição de uma civilização". Isso, durante o cessar-fogo.

O que se vê nos fatos? Os fatos mostram que nos últimos mais de vinte e tantos anos, toda a comunidade internacional procura um modo de resolver o conflito das fronteiras de 1967, com solução justa para a questão dos refugiados. Será que 164 Estados-membros da ONU estão sempre errados, e certos e pacificistas seriam só EUA, Israel, Nauru, Palau, Micronésia, as ilhas Marshall e a Austrália? Quem é pacifista? Quem trabalha contra a paz?

Há registros e documentos que comprovam que, em todas as questões cruciais discutidas em Camp David; depois, nos parâmetros de Clinton; depois, em Taba, em cada ponto discutido, os palestinenses sempre fizeram concessões. Israel jamais concedeu qualquer coisa. Nada. Os palestinenses repetidas vezes manifestaram decisão de superar a questão das fronteiras de 1967 em estrito respeito à lei internacional.

A lei também é claríssima. Em julho de 2004, a Corte Internacional de Justiça, órgão máximo da ONU para questões de direito internacional, declarou que Israel não tem direito de ocupar nem um metro quadrado da Cisjordânia nem um metro quadrado de Gaza. Israel tampouco tem qualquer direito sobre Jerusalém. O setor Leste de Jerusalém, os bairros árabes, nos termos da decisão da mais alta corte de justiça do planeta, são território da Palestina ocupado ilegalmente por Israel. Também nos termos de decisão da mais alta corte de justiça do planeta, nos termos da lei internacional, todas as colônias de judeus que há na Cisjordânia são ilegais.

O ponto mais importante de tudo isso é que, em todas as ocasiões em que se discutiram essas questões, os palestinenses sempre aceitaram fazer concessões. Fizeram todas as concessões. Israel jamais fez qualquer concessão.

O que tem de acontecer é bem claro. Número um, EUA e Israel têm de se aproximar do consenso da comunidade internacional e têm de respeitar a lei internacional. Não me parece que trivializar a lei internacional seja pequeno crime ou pequeno problema. Se Israel contraria o que dispõe a lei internacional, Israel tem de ser acusada, processada e julgada em tribunais competentes, como qualquer outro Estado, no mundo.

O presidente Obama tem de considerar o que pensa o povo dos EUA. Tem de ser capaz de dizer, com todas as letras, onde está o principal obstáculo para que se chegue a uma solução para a questão da Palestina. O obstáculo não são os palestinenses. O obstáculo é Israel, sempre apoiada pelo governo dos EUA, que, ambos, desrespeitam a lei internacional e contrariam o voto de toda a comunidade internacional.

Hoje, o principal desafio que todos os norte-americanos temos de superar é conseguir ver a verdade, por trás das mentiras.

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domingo, janeiro 11, 2009

Lucros recordes das multinacionais da morte




Altamiro Borges: A militarização do Estado de Israel


Vários fatores explicam a sanha assassina dos sionistas contra os palestinos em Gaza, que já causou quase 800 mortos, entre eles, 257 crianças, segundo recente informe da conivente ONU. Há razões de natureza geopolítica, que confirmam que Israel é uma cabeça de ponte dos EUA no Oriente Médio, região rica em petróleo e nevrálgica no tabuleiro mundial. Há, ainda, causas mais conjunturais, ligadas às próximas eleições em Israel. Os dois mais visíveis carniceiros do atual genocídio - Ehuad Barak, ministro da Defesa, e Tzipi Livni, ministra das Relações Exteriores - disputam a cadeira de primeiro-ministro do país, distribuindo sangue na sua campanha eleitoral.


Por Altamiro Borges


No impactante livro "A doutrina de choque. A ascensão do capitalismo de desastre", a premiada jornalista Naomi Klein agrega mais um elemento decisivo para se entender a política agressiva e expansionista do Estado de Israel. Conforme ele demonstra, com inúmeros dados e análises, este país hoje é dominado por poderosas corporações belicistas. Estas empresas privadas lucram com a guerra e a fomentam. Mesmo quando o restante da economia israelense patina, paralisada pelos confrontos, a Bolsa de Valores de Tel Aviv aponta lucros recordes das multinacionais da morte. Para elas, as crianças palestinas mortas e feridas engrossam as taxas de lucro do "livre mercado".


350 corporações de guerra


"As razões pelas quais a indústria israelense se coaduna ao desastre não são misteriosas. Anos antes que as empresas estadunidenses e européias se apoderassem do potencial de crescimento da segurança global, firmas de tecnologia israelenses construíram, de modo pioneiro, a sua indústria de segurança e continuam a dominar o setor até hoje. O Instituto Israelense de Exportação estima que Israel tenha 350 corporações dedicadas à venda de produtos para segurança nacional, sendo que trinta novas empresas desse tipo entraram no mercado em 2007".

Segundo explica, essas empresas da guerra sabotam qualquer acordo de paz mais duradouro com os palestinos. No passado, setores das classes dominantes até apostaram numa solução negociada do conflito para evitar maiores transtornos na economia israelense. Shimon Peres, ministro das Relações Exteriores no início da década de 90 e hoje um presidente-carniceiro, naquela época até defendeu um armistício como "algo inevitável". "Não estamos procurando uma paz de bandeiras. Estamos interessados numa paz de mercados", confessou por ocasião da assinatura dos Acordos de Oslo, em 1994. Atualmente, porém, com o Estado de Israel totalmente dominado e financiado pelas multinacionais da morte, a busca da paz já não é mais "inevitável". Muito pelo contrário!


Vitrine das empresas de armas


Para Naomi Klein, "a rápida expansão da economia de segurança de alta tecnologia criou enorme apetite dentro dos setores mais ricos e poderosos de Israel para abandonar a paz em troca da luta numa prolongada, e continuamente expansiva, Guerra ao Terror [senha cunhada pelo presidente-terrorista George W. Bush]". O Estado investiu fartos recursos na militarização da economia "e encorajou a indústria de alta tecnologia a migrar dos segmentos de informação e comunicação para os de segurança e vigilância... Jovens soldados israelenses, que ganharam experiência em sistemas de rede e equipamentos de vigilância enquanto cumpriram o serviço militar obrigatório, transformaram suas descobertas em planos de empreendimentos, quando voltaram à vida civil".

Com a eclosão da bolha pontocom, no início deste século, a próspera indústria de alta tecnologia de Israel foi "substituída pelo surto de expansão da segurança nacional. Era o casamento perfeito da inclinação autoritária do partido Likud com a aceitação radical da economia de Chicago" - o antro do neoliberalismo. Num curto espaço de tempo, o país se tornou numa vitrine das empresas de guerra. "Todos os anos, após 2002, Israel sediou pelo menos meia dúzia das principais conferências sobre segurança, destinadas a legisladores, chefes de polícia, delegados e CEOs de todo o mundo, como a ampliação anual de seu tamanho e escopo. Na medida em que o turismo tradicional declinou diante da insegurança, esse tipo de turismo surgiu para preencher a lacuna".


A paz não seduz os abutres


Hoje, a economia israelense está totalmente militarizada. As exportações de produtos e serviços "contraterrorismo" aumentaram 15%, em 2006, e quase 20%, em 2007, totalizando 1,2 bilhão de dólares ao ano. "As exportações de defesa do país alcançaram a cifra recorde de 3,4 bilhões de dólares (comparados a 1,6 bilhão de dólares em 1992) e transformaram Israel no quarto maior comerciante de armas do mundo. O país tem mais ações de tecnologia listadas no índice Nasdaq - muitas delas relacionadas à segurança - do que qualquer outra nação estrangeira e possui mais patentes tecnológicas registradas nos EUA do que China e Índia juntas. Seu setor de tecnologia, em grande parte vinculado à segurança, agora representa cerca de 60% de todas as exportações".

Numa economia deste tipo, a paz realmente não seduz a elite burguesa. Como afirmou um rico banqueiro israelense, Len Rosen, à revista Fortune, "a segurança importa mais do que a paz". Os negócios desta indústria da morte crescem com o derramamento de sangue inocente. Empresas israelenses, como o Nice Systems (que monitora telefonemas), Comverse (produz as câmeras de vídeo Verint), SuperCom (fabrica cartões de identificação eletrônica), Check Point (faz barreiras preventivas) e Audubon, Golan, Magal e Elbit (firmas de segurança privada e treinamento), entre centenas de outras, não têm qualquer compromisso com a vida - ainda menos dos palestinos.


Excitados com a guerra em Gaza


Os "senhores das armas" lucram com guerras e tragédias. "Os preços das ações da Elbit e Magal mais do que dobraram desde 11 de setembro [atentado nos EUA], um desempenho que se tornou padrão para as companhias israelenses de segurança nacional. A Verint, apelidada de 'vovó do segmento de vídeos de vigilância', não era nada lucrativa antes do 11 de setembro, mas, entre 2002 e 2006, o preço de suas ações mais do que triplicou, graças ao surto de crescimento da arte de vigiar". Em agosto de 2006, a sangrenta guerra contra o Líbano fez a Bolsa de Valores de Tel Aviv bater recorde. Após a vitória do Hamas nas eleições em Gaza, os abutres capitalistas viram a oportunidade de uma nova provocação belicista e a economia israelense cresceu 8%.

Um mês após o fim das agressões sionistas ao Hezbollah, a Bolsa de Nova Iorque promoveu uma conferência especial sobre investimentos em Israel. No Líbano, naquele momento, a atividade econômica estava paralisada; cerca de 140 fábricas ainda limpavam seus escombros. Mas, imune aos impactos da guerra, os empresários israelenses reunidos nos EUA estavam animados. "Israel se encontra aberto para os negócios, sempre aberto para os negócios", exultou o embaixador Dan Gillermann. Como se nota, a guerra também é um ótimo negócio para os carniceiros sionistas.



http://vermelho.org.br/base.asp?texto=49348



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Altamiro Borges: 'Veja' justifica genocídio em Gaza

A Veja sempre defendeu abertamente o Estado terrorista de Israel e nunca escondeu o seu ódio à causa palestina. O fundador da Editora Abril, dona da publicação, Victor Civita, filho de judeus italianos, nasceu em Nova Iorque, em 1907. Mudou-se para o Brasil em 1949, trazendo na bagagem as tiras do Pato Donald, primeiro título da editora. Montou seu império de comunicação e virou uma das principais referências da influente comunidade judaica no país, que lhe conferiu vários títulos honoríficos.



Por Altamiro Borges*



Na capa a revista justifica Israel pelos ataques

Como representante do setor mais fundamentalista desta comunidade, a família Civita sempre usou os seus veículos para justificar os hediondos crimes sionistas.



A edição desta semana daVeja é mais uma peça publicitária desta campanha. Falta informação e sobram manipulações. Já na capa, com a manchete "A guerra total em Gaza" e a chamada "Israel ataca radicais em território palestino", fica patente o propósito de confundir os incautos leitores.



Na prática, a revista reproduz a versão do exército invasor e do imperialismo ianque, sintetizada nas cínicas declarações da secretária de Estado ianque, Condoleezza Rice: "Os EUA condenam os repetidos ataques contra Israel e consideram o Hamas responsável pelo fim do cessar-fogo".



Defesa marota da "lógica tribal"



A longa matéria difunde a imagem de que Israel é vítima do terror - e não um estado terrorista fortemente armado, agressivo e expansionista. Com base nesta falsa premissa, a revista justifica os bombardeios e a matança de crianças e idosos inocentes, reforçando argumentos primitivos e bárbaros:



"A lógica tribal tem regras simples: se você me ataca, eu ataco de volta. Se quiser me destruir, eu o destruo primeiro. Se eu puder, uso dez vezes mais violência. Ou cem. Ou mil", inicia o texto belicoso. Numa visão simplista, a Veja aponta o Hamas como o único culpado pela atual carnificina em Gaza, relembrando os discursos hidrófobos de Bush da "guerra ao terror".



Diante das críticas ao "uso desproporcional de força", inclusive do governo Lula, o texto ainda insiste: "Na lógica tribal, a autodefesa é perfeitamente admissível e moralmente justificável, tanto que a maioria dos israelenses apoiou os ataques". Vale lembrar que os alemães também apoiaram a ascensão do nazismo, os campos de concentração e o holocausto judeu. O artigo até critica os horrores da atual agressão, sempre procurando ofuscar as mentes.



"Os alvos visaram à estrutura de poder do Hamas - a central do aparato de segurança, o quartel de polícia, depósitos de armas". Mas, infelizmente, "bombardear cidades só pode ter resultados terríveis".



No final, para aparecer um pouco mais civilizada e menos belicosa, a Veja até defende a solução negociada para a guerra visando "romper a lógica tribal". Mas ela propõe a paz dos cemitérios. A negociação seria totalmente inviável por causa do Hamas.



"A história e a natureza desse grupo são obstáculos tremendos [ao acordo de paz]... O Hamas descende das mesmas fontes que influenciaram a Al Qaeda de Osama Bin Laden". A exemplo da mídia de Israel, militarmente controlada e censurada, e da mídia dos EUA, sob forte influência da comunidade judaica, aVeja é uma representante "honorífica" do sionismo assassino e da "limpeza étnica" na região.



O holocausto palestino



Enquanto isso, a crise humanitária na Faixa de Gaza ganha contornos dramáticos, que relembram o holocausto nazista e deveriam indignar todos os amantes da paz, inclusive judeus. Basta ler o balanço da ONU de um dia antes da invasão por terra das tropas israelenses. Até sábado passado, 436 palestinos já tinha sido mortos (agora são quase 600, incluindo mais de 100 crianças) e 2.300 estavam feridos. Segundo o relatório oficial, 1,5 milhão de pessoas que superlotam Gaza eram vítimas de um cenário apocalíptico:



- Um ataque aéreo israelense acontece a cada 20 minutos, em média. Os bombardeios se intensificam à noite;



- Os ataques israelenses já destruíram mais de 600 alvos, incluindo estradas, edifícios públicos, delegacias de polícia e parte da infra-estrutura;



- O sistema de saúde, já debilitado desde o início do bloqueio israelense há 18 meses, entrou em colapso;



- Cerca de 250.000 pessoas estão sem eletricidade. A única central elétrica da Faixa de Gaza foi fechada em 30 de dezembro pela sexta vez desde o início de novembro por falta de combustível;



- A água corrente é disponibilizada uma vez a cada cinco ou sete dias durante algumas horas;



- Quarenta milhões de litros de esgoto são lançados no Mar Mediterrâneo diariamente. Em alguns locais, o esgoto se acumula nas ruas depois que o sistema de saneamento foi danificado pelos bombardeios;



- O gás de cozinha e para calefação já não é encontrado no mercado;



- Cerca de 80% da população depende inteiramente da ajuda humanitária.



- Falta farinha, arroz, açúcar, laticínios e latas de conservas;



- Israel permite diariamente a entrada de 60 caminhões carregados com produtos de primeira necessidade. Este número ainda é inferior aos 475 veículos com ajuda humanitária que chegavam a Gaza antes de junho de 2007, quando o Hamas assumiu o controle do território;



- Os dutos do terminal de Nahal Oz pelos quais chegava todo o combustível importado estão fechados desde sábado passado;



- As escolas permanecem fechadas, mas muitas são utilizadas como abrigo por palestinos que fugiram de suas casas;



* Altamiro Borges é jornalista, Secretário de Comunicação do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro As encruzilhadas do sindicalismo (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).



http://vermelho.org.br/base.asp?texto=49207

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sexta-feira, janeiro 09, 2009

Palestine Girl


Israel Soldier _Palestine Girl


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APENAS LADRÕES E ASSASSINOS

AS PERNAS CURTAS DO JUDEU ERRANTE
             Raul Longo
 
O presidente de Israel, Shimon Peres, prêmio Nobel da Paz em 1994, justificou-se ao mundo pela desproporção e selvageria do massacre do gueto de Gaza, alegando que a chacina de civis e crianças deve-se ao fato de serem usados como escudo humano pelo Hamas.
 
No mesmo dia, mais uma notícia do genocídio: duas escolas da ONU foram bombardeadas, esquartejando e matando dezenas de crianças.
 
A ONU usaria crianças de escudo? Escudaria o Hamas?
 
Segundo as velhas avós, as mentiras de Shimon Peres é que têm pernas curtas.
 
A ONU - Organização das Nações Unidas foi criada em 1945, logo ao final da II Guerra para substituir a Liga das Nações que resultou da I Guerra Mundial, em 1919. Os Estados Unidos não assinou o Tratado de Versalhes que criou a Liga das Nações e tampouco aquela entidade conseguiu cumprir com a proposta de evitar agressões bélicas. Daí, criou-se a ONU para o cumprimento da mesma promessa.
 
Em 1947, o brasileiro Oswaldo Aranha preside a Assembléia da ONU que cria o Estado de Israel dentro do Território Palestino, então, e desde a queda do Império Turco-Otomano, sob domínio do Império Britânico.
 
Em 1948, um grupo dos mais significativos intelectuais judeus alertam ao mundo, pelo New York Times, a ameaça de um partido nazi-sionista com nefastas projeções futuras. Esse documento está reproduzido aí abaixo, e foi enviado pelo companheiro Fernando Rosas Freire.
 
Nazi é a abreviatura de Nazista, do alemão Nationalsozialismus, ditadura que governou a Alemanha entre 1933 - 1945 e, aliando-se a ditadura Fascista da Itália e o Império Japonês, pretendeu dominar o mundo invadindo diversos países da Europa, África, Ásia e Polinésia.
 
A ditadura nazista foi apoiada e financiada pelo capitalismo internacional, notadamente o norte-americano, como documenta o jornalista Michel Moore contando em seu livro Uma Nação de Idiotas, que o bisavô e o avô de Bush enviavam dólares à Alemanha, mesmo depois de os Estados Unidos terem entrado na guerra contra o Terceiro Reich.
 
Michel Moore nunca foi desmentido. Michel Moore não tem pernas curtas.
 
Se é difícil acreditar que os estadunidenses tenham financiado o nazismo, mais difícil ainda é acreditar que judeus possam ser nazistas, afinal milhares de judeus foram massacrados exatamente da forma que os sionistas hoje estão massacrando os palestinos em Gaza. E foram humilhados e violentados pelos nazistas, exatamente como os nazi-sionistas humilham e violentam os palestinos desde a criação do Estado de Israel, conforme relatado aí nesta carta dos intelectuais judeus ao New York Times.
 
Mas como acreditar que judeus possam ser nazistas?
 
Primeiro é preciso lembrar que entre os judeus vítimas do genocídio nazista havia os de classe média, muitos socialistas, e a maioria dos 6 milhões da vítimas das câmaras de gás era tão pobre quanto os milhares de ciganos também exterminados, embora sempre omitidos.
 
No entanto, não há notícia de nenhum banqueiro, grande industrial, proprietário de cadeias internacionais de lojas especializadas em artigos finos, comerciantes de jóias, mercador de importações e exportações; ainda que entre os maiores e mais ricos burgueses da Europa se destacassem muitos judeus.  
 
Esses são os judeus aos quais se refere o documento abaixo. São esses os que hoje se associam aos grandes empreendimentos petroleiros, inclusive aos sheiks dos mais ricos países árabes. São os que intermedeiam e negociam interesses do hemisfério norte com seus ricos primos sauditas, prosseguindo uma tradição que se iniciou já no início dos 8 longos séculos em que os muçulmanos se estabeleceram na península Ibérica.
 
Atrás dos então chamados mouros foram os antigos judeus que, abandonando a Palestina, preferiam comercializar com seus primos semitas. Uma verdade histórica que desmente outra mentira de perna curta: a de que judeus, mulçumanos e cristãos sempre se engalfinharam. É só ler os contos das Mil e Uma Noites para se perceber que conviveram tolerantemente por muitos séculos. O anti-judaísmo é um preconceito religioso de cristãos europeus, que não teve qualquer repercussão entre muçulmanos e cristãos árabes antes da criação do Estado Nazi-Sionista de Israel.
 
Omite-se, inclusive, que 40% da população Palestina é cristã. Mais uma das pernas curtas dos mentirosos que acusam aos palestinos de atacarem Israel por fundamentalismo islâmico.
 
Hebreus, árabes, assírios, aramaicos e fenícios são todos o mesmo povo semita. Isso está em qualquer dicionário, encurtando as pernas das mentiras que acusam preconceitos étnicos. Etnia e religião são mentiras que escondem os interesses envolvidos no embate de sionistas e árabes, como se escondeu os verdadeiros interesses dos que diziam financiar Hitler para conter Stálin, ou apoiar Sadam Hussein para conter o Irã, e armar os Talibãs contra a União Soviética. Pernas curtas, tiveram de guerrear contra Hitler, Sadam e Talibãs.  
 
Mas se Hitler foi derrotado na Segunda Guerra mundial, muitos foram os indícios da continuidade do nazismo, já apontados neste documento enviado por Fernando Freire. Um deles está no impressionante declínio da presença judaica na Europa. Por 12 séculos esses semitas contribuíram com as mais altas expressões da cultura européia: música, teatro, literatura, artes plásticas, filosofia, ciências. Em cinco décadas a grande maioria foi enviada para estabelecer o domínio da entrada da grande reserva petrolífera do mundo. Spinozas, Freuds, Marx, Einstens, transformados em covardes Golias a revidar com obuses e míssil as pedras de pequenos Davis sem estrelas nem direito ao quarto crescente de suas preferências.
 
O Estado de Israel, criado pela ONU em 1947, foi uma mentira de perna tão curta que já no ano seguinte foi desmentido pelos próprios judeus que assinaram o documento aí abaixo, mas ainda hoje muitos jovens israelenses se recusam a se transformar em genocidas e, pela internet, estão pedindo socorro ao mundo por maus tratos e humilhações a que vêm sendo submetidos pelos nazistas de seu país.
 
Resta saber, qual será o comprimento das pernas da ONU, agora que o estado sionista assume declaradamente todo horror que o mundo execrou nos nazistas. Qual será a reação da ONU ao ataque as suas próprias instalações e delegações de ajuda humanitária. Nem mesmo Adolf Hitler ousou ser tão descomprometido e ameaçador à manutenção da Paz mundial! 
 
Já não se trata apenas do absoluto desrespeito ao mais importante documento promulgado por aquela entidade, a Declaração dos Direitos Humanos, como vêm fazendo desde a instalação do estado nazista, conforme acusam os intelectuais judeus abaixo assinados. Trata-se, agora, da promoção de mais um holocausto. O mesmo holocausto que talvez se desconhecesse antes da invasão dos países ocupados e da Alemanha dos anos 40 do século passado, mas hoje está estampado nas telas dos aparelhos de TV e monitores de todo o mundo.
 
Trata-se de um crime contra a humanidade ao qual a anuência não justifica sequer a instituição de uma nação, quanto mais a de uma Organização das Nações Unidas!
 
Utiliza-se contra a indefesa população palestina emparedada pelos muros da ignomínia nazi-sionista, tudo o que todos os tratados e tribunais internacionais sempre condenaram: bombas de fragmentação, armas químicas, urânio empobrecido contra mulheres e crianças. Esquartejamentos em massa.
 
Em 12 dias, ceifou-se mais de 700 vidas! Nessa progressão, em pouco irão ultrapassar Auschwitz, Treblinka, gueto de Varsóvia e demais campos de extermínio dos anos 40. Gaza se faz nova Lídice!(1)
 
A omissão da ONU e do mundo sobre este genocídio, invalida o julgamento de Nuremberg. Invalida a condenação dos massacres de Ruanda. Inutiliza o julgamento dos exterminadores da Bósnia.
 
A omissão de sanções severas e inequívocas contra o Estado de Israel por parte de qual instituição for, seja a ONU, o Vaticano, o governo francês, inglês, alemão, os Estados Unidos, a Rússia, a China, o Brasil, a Argentina ou qualquer outro país, inclusive e principalmente as instituições que representem a consagrada intelectualidade israelense, e até mesmo grandes instituições privadas de todo o mundo, reduzirá cada um a uma grande e fragorosa mentira. Promoverá a Al Qaeda, o Talibã, os grupos terroristas de todo o mundo, em últimas alternativas para algum restabelecimento de civilização.
 
Que os meios internacionais de comunicação façam uma cobertura tendenciosa desse escandaloso primeiro genocídio bélico do século XXI (embora pela África prossiga o iniciado há muitos séculos atrás), é possível compreender sabendo-se que todos detém dívidas e interesses relacionados ao nazi-sionismo, quando não são majoritariamente de propriedade desses mesmos nazistas.
 
Mas que governos e instituições minimamente responsáveis continuem se mantendo surdos e omissos a consumação do que já foram publicamente alertados em 1948 pela representatividade dos nomes que assinaram a advertência reproduzida adiante, é aterrador ao nosso futuro como humanidade. 
 
Lídice - Em 1942 um oficial da SS foi emboscado e morto pela resistência da Tchecoslováquia ocupada. Em represália Hitler ordenou a destruição da vila de Lídice e toda sua população (340) foi exterminada: homens, mulheres e crianças. Mas a vingança nazista não se resumiu a Lídice e 1.500 vidas foram exterminadas em demais cidades daquele país. Quantas vidas o mundo aguarda que sacie a vingança nazi-sionista pelas paredes derrubadas por foguetes da resistência da Palestina ocupada? 

Raul Longo

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Carta de intelectuais judeus ao New York Times, incluindo Albert Einstein, Hannah Arendt e Sidney Hook, dezembro de 1948.

 

Aos Editores do New York Times:

 

Entre os fenômenos políticos perturbadores de nossos tempos está a emergência no recém criado Estado de Israel do "Partido da Liberdade" (Tenuat Haherut), um partido político estreitamente assemelhado em sua organização, métodos, filosofia política e apelo social aos partidos Nazista e Fascista. Ele foi formado a partir de membros e seguidores do antigo Irgun Zvai Leumi, uma organização terrorista, facção direitista e organização chauvinista na Palestina.

A visita atual de Menachem Begin, líder deste partido, aos Estados Unidos é, obviamente, calculada no sentido de dar a impressão de apoio americano ao seu partido, por ocasião do advento das eleições israelitas e para cimentar laços políticos com os elementos Sionistas conservadores dos Estados Unidos. Vários americanos de reputação nacional têm emprestado seu nome para dar boas vindas a sua visita. É inconcebível que aqueles que se opõem ao fascismo no mundo, se corretamente informados sobre a história política e perspectivas de Mr. Begin, possam acrescentar seus nomes e apoio ao movimento que ele representa.

Embora esse irreparável perigo ocorra pela forma de contribuições financeiras, manifestações públicas a favor de Begin ou pela criação na Palestina da impressão de que um grande segmento da América apóia os elementos fascistas em Israel, o público americano deve ser informado sobre a historia e os objetivos de Mr. Begin e do seu movimento.

As promessas públicas do Partido de Begin não correspondem, quaisquer que sejam, ao seu caráter real. Hoje falam de liberdade, democracia e antiimperialismo, enquanto até recentemente pregavam abertamente a doutrina do Estado Fascista. É em suas ações que o partido terrorista denuncia o seu caráter real; de suas ações do passado podemos julgar o que dele pode ser esperado fazer no futuro.

 

Ataque sobre a Vila Árabe

Um exemplo chocante foi seu comportamento na vila árabe de Deir Yassin. Esta vila, distante das principais estradas e circundada por terras judaicas, não tomou nenhuma parte na guerra e chegou a contrariar o lado árabe que queria usar a vila como sua base. Em 9 de abril (The New York Times) bandos terroristas atacaram esta vila pacifista, que não era um objetivo militar na luta, matando a maioria de seus habitantes – 240 homens, mulheres e crianças - e mantiveram alguns deles vivos para desfilarem como cativos através das ruas de Jerusalém. A maior parte da comunidade judaica ficou horrorizada com aquela ação e a Agencia Judaica mandou um telegrama de pesar ao Rei Abdulah da Trans-Jordânia. Contudo, os terroristas, longe de se envergonharem de seu ato, ficaram orgulhosos com aquele massacre, divulgado amplamente e convidaram os correspondentes estrangeiros no país para testemunharem os cadáveres amontoados e a devastação geral em Deir Yassin.

O acontecimento de Deir Yassin exemplifica o caráter e as ações do Partido da Liberdade.

No interior da comunidade judaica eles têm propugnado uma mistura de ultra nacionalismo, misticismo religioso e superioridade racial. Como outros partidos fascistas eles têm sido usados para esmagar as greves e têm-se dedicado à destruição de sindicatos livres. Em seu lugar eles têm proposto sindicatos corporativistas no modelo fascista italiano. Durante os últimos anos da esporádica violência antibritânica, os grupos IZL e Stern inauguraram um reino de terror na comunidade Judaica Palestina. Professores foram espancados por se pronunciarem contra eles, adultos foram alvejados por não deixarem suas crianças juntar-se a eles. Por métodos de gangsterismo, açoites, quebra-vidraças e roubos em larga escala, os terroristas intimidavam a população e exigia-lhe pesado tributo. Os membros do Partido da Liberdade não têm nenhuma participação nos logros construtivos na Palestina. Eles não reivindicam nenhuma terra, nenhuma construção de habitações e apenas depreciam a atividade defensiva judaica. Seus esforços de imigração muito propagandeado foram diminutos e devotados principalmente para atraírem compatriotas fascistas.

 

Discrepâncias Observadas

As discrepâncias entre os bravos clamores que estão sendo feitos agora por Begin e seu partido e a história de sua performance no passado da Palestina não portam a marca de um partido qualquer. Esta é o selo de um Partido fascista, pelo qual o terrorismo e o embuste são os meios e o "Estado Regente" é o objetivo.

À luz das considerações anteriores, é imperativo que a verdade sobre Mr. Begin e seu movimento seja tornado conhecido neste país. É de toda maneira trágico que a liderança maior do Sionismo Americano tenha se recusado a participar da campanha contra os esforços de Begin, ou mesmo de expor aos seus constituintes os perigos para Israel do apoio a Begin. Os abaixo assinados, portanto, através deste meio de publicidade apresentam alguns fatos salientes que dizem respeito a Begin e seu Partido; e recomendam a todos os interessados a não apoiarem esta última manifestação do fascismo.

 

New York, 2 de dezembro de 1948

 

Assinaturas

Isidore Abramowitz, Hannah Arendt, Abraham Brick, Rabbi Jessurun Cardozo, Albert Eistein, Herman Eisen, M.D., Hayim Fineman, M. Gallen, M.D., HH. Harris, Zelig S. Harris, Sidney Hook, Fred Karush, Bruria Kaufman, Irma L. Lindheim, Nachman Maisel, Seymour Melmam, Myer D. Mendelson, M.D., Harry M. Oslinsky, Samuel Pitlick, Friitz Rohrlich, Louis P. Rocker, Ruth Sagis, Itzhak Sankowsky, I.J. Shoenberg, Samuel Shuman, M. Singer, Irma Wolfe, Stefan Wolfe.

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