domingo, janeiro 11, 2009

Lucros recordes das multinacionais da morte




Altamiro Borges: A militarização do Estado de Israel


Vários fatores explicam a sanha assassina dos sionistas contra os palestinos em Gaza, que já causou quase 800 mortos, entre eles, 257 crianças, segundo recente informe da conivente ONU. Há razões de natureza geopolítica, que confirmam que Israel é uma cabeça de ponte dos EUA no Oriente Médio, região rica em petróleo e nevrálgica no tabuleiro mundial. Há, ainda, causas mais conjunturais, ligadas às próximas eleições em Israel. Os dois mais visíveis carniceiros do atual genocídio - Ehuad Barak, ministro da Defesa, e Tzipi Livni, ministra das Relações Exteriores - disputam a cadeira de primeiro-ministro do país, distribuindo sangue na sua campanha eleitoral.


Por Altamiro Borges


No impactante livro "A doutrina de choque. A ascensão do capitalismo de desastre", a premiada jornalista Naomi Klein agrega mais um elemento decisivo para se entender a política agressiva e expansionista do Estado de Israel. Conforme ele demonstra, com inúmeros dados e análises, este país hoje é dominado por poderosas corporações belicistas. Estas empresas privadas lucram com a guerra e a fomentam. Mesmo quando o restante da economia israelense patina, paralisada pelos confrontos, a Bolsa de Valores de Tel Aviv aponta lucros recordes das multinacionais da morte. Para elas, as crianças palestinas mortas e feridas engrossam as taxas de lucro do "livre mercado".


350 corporações de guerra


"As razões pelas quais a indústria israelense se coaduna ao desastre não são misteriosas. Anos antes que as empresas estadunidenses e européias se apoderassem do potencial de crescimento da segurança global, firmas de tecnologia israelenses construíram, de modo pioneiro, a sua indústria de segurança e continuam a dominar o setor até hoje. O Instituto Israelense de Exportação estima que Israel tenha 350 corporações dedicadas à venda de produtos para segurança nacional, sendo que trinta novas empresas desse tipo entraram no mercado em 2007".

Segundo explica, essas empresas da guerra sabotam qualquer acordo de paz mais duradouro com os palestinos. No passado, setores das classes dominantes até apostaram numa solução negociada do conflito para evitar maiores transtornos na economia israelense. Shimon Peres, ministro das Relações Exteriores no início da década de 90 e hoje um presidente-carniceiro, naquela época até defendeu um armistício como "algo inevitável". "Não estamos procurando uma paz de bandeiras. Estamos interessados numa paz de mercados", confessou por ocasião da assinatura dos Acordos de Oslo, em 1994. Atualmente, porém, com o Estado de Israel totalmente dominado e financiado pelas multinacionais da morte, a busca da paz já não é mais "inevitável". Muito pelo contrário!


Vitrine das empresas de armas


Para Naomi Klein, "a rápida expansão da economia de segurança de alta tecnologia criou enorme apetite dentro dos setores mais ricos e poderosos de Israel para abandonar a paz em troca da luta numa prolongada, e continuamente expansiva, Guerra ao Terror [senha cunhada pelo presidente-terrorista George W. Bush]". O Estado investiu fartos recursos na militarização da economia "e encorajou a indústria de alta tecnologia a migrar dos segmentos de informação e comunicação para os de segurança e vigilância... Jovens soldados israelenses, que ganharam experiência em sistemas de rede e equipamentos de vigilância enquanto cumpriram o serviço militar obrigatório, transformaram suas descobertas em planos de empreendimentos, quando voltaram à vida civil".

Com a eclosão da bolha pontocom, no início deste século, a próspera indústria de alta tecnologia de Israel foi "substituída pelo surto de expansão da segurança nacional. Era o casamento perfeito da inclinação autoritária do partido Likud com a aceitação radical da economia de Chicago" - o antro do neoliberalismo. Num curto espaço de tempo, o país se tornou numa vitrine das empresas de guerra. "Todos os anos, após 2002, Israel sediou pelo menos meia dúzia das principais conferências sobre segurança, destinadas a legisladores, chefes de polícia, delegados e CEOs de todo o mundo, como a ampliação anual de seu tamanho e escopo. Na medida em que o turismo tradicional declinou diante da insegurança, esse tipo de turismo surgiu para preencher a lacuna".


A paz não seduz os abutres


Hoje, a economia israelense está totalmente militarizada. As exportações de produtos e serviços "contraterrorismo" aumentaram 15%, em 2006, e quase 20%, em 2007, totalizando 1,2 bilhão de dólares ao ano. "As exportações de defesa do país alcançaram a cifra recorde de 3,4 bilhões de dólares (comparados a 1,6 bilhão de dólares em 1992) e transformaram Israel no quarto maior comerciante de armas do mundo. O país tem mais ações de tecnologia listadas no índice Nasdaq - muitas delas relacionadas à segurança - do que qualquer outra nação estrangeira e possui mais patentes tecnológicas registradas nos EUA do que China e Índia juntas. Seu setor de tecnologia, em grande parte vinculado à segurança, agora representa cerca de 60% de todas as exportações".

Numa economia deste tipo, a paz realmente não seduz a elite burguesa. Como afirmou um rico banqueiro israelense, Len Rosen, à revista Fortune, "a segurança importa mais do que a paz". Os negócios desta indústria da morte crescem com o derramamento de sangue inocente. Empresas israelenses, como o Nice Systems (que monitora telefonemas), Comverse (produz as câmeras de vídeo Verint), SuperCom (fabrica cartões de identificação eletrônica), Check Point (faz barreiras preventivas) e Audubon, Golan, Magal e Elbit (firmas de segurança privada e treinamento), entre centenas de outras, não têm qualquer compromisso com a vida - ainda menos dos palestinos.


Excitados com a guerra em Gaza


Os "senhores das armas" lucram com guerras e tragédias. "Os preços das ações da Elbit e Magal mais do que dobraram desde 11 de setembro [atentado nos EUA], um desempenho que se tornou padrão para as companhias israelenses de segurança nacional. A Verint, apelidada de 'vovó do segmento de vídeos de vigilância', não era nada lucrativa antes do 11 de setembro, mas, entre 2002 e 2006, o preço de suas ações mais do que triplicou, graças ao surto de crescimento da arte de vigiar". Em agosto de 2006, a sangrenta guerra contra o Líbano fez a Bolsa de Valores de Tel Aviv bater recorde. Após a vitória do Hamas nas eleições em Gaza, os abutres capitalistas viram a oportunidade de uma nova provocação belicista e a economia israelense cresceu 8%.

Um mês após o fim das agressões sionistas ao Hezbollah, a Bolsa de Nova Iorque promoveu uma conferência especial sobre investimentos em Israel. No Líbano, naquele momento, a atividade econômica estava paralisada; cerca de 140 fábricas ainda limpavam seus escombros. Mas, imune aos impactos da guerra, os empresários israelenses reunidos nos EUA estavam animados. "Israel se encontra aberto para os negócios, sempre aberto para os negócios", exultou o embaixador Dan Gillermann. Como se nota, a guerra também é um ótimo negócio para os carniceiros sionistas.



http://vermelho.org.br/base.asp?texto=49348



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Altamiro Borges: 'Veja' justifica genocídio em Gaza

A Veja sempre defendeu abertamente o Estado terrorista de Israel e nunca escondeu o seu ódio à causa palestina. O fundador da Editora Abril, dona da publicação, Victor Civita, filho de judeus italianos, nasceu em Nova Iorque, em 1907. Mudou-se para o Brasil em 1949, trazendo na bagagem as tiras do Pato Donald, primeiro título da editora. Montou seu império de comunicação e virou uma das principais referências da influente comunidade judaica no país, que lhe conferiu vários títulos honoríficos.



Por Altamiro Borges*



Na capa a revista justifica Israel pelos ataques

Como representante do setor mais fundamentalista desta comunidade, a família Civita sempre usou os seus veículos para justificar os hediondos crimes sionistas.



A edição desta semana daVeja é mais uma peça publicitária desta campanha. Falta informação e sobram manipulações. Já na capa, com a manchete "A guerra total em Gaza" e a chamada "Israel ataca radicais em território palestino", fica patente o propósito de confundir os incautos leitores.



Na prática, a revista reproduz a versão do exército invasor e do imperialismo ianque, sintetizada nas cínicas declarações da secretária de Estado ianque, Condoleezza Rice: "Os EUA condenam os repetidos ataques contra Israel e consideram o Hamas responsável pelo fim do cessar-fogo".



Defesa marota da "lógica tribal"



A longa matéria difunde a imagem de que Israel é vítima do terror - e não um estado terrorista fortemente armado, agressivo e expansionista. Com base nesta falsa premissa, a revista justifica os bombardeios e a matança de crianças e idosos inocentes, reforçando argumentos primitivos e bárbaros:



"A lógica tribal tem regras simples: se você me ataca, eu ataco de volta. Se quiser me destruir, eu o destruo primeiro. Se eu puder, uso dez vezes mais violência. Ou cem. Ou mil", inicia o texto belicoso. Numa visão simplista, a Veja aponta o Hamas como o único culpado pela atual carnificina em Gaza, relembrando os discursos hidrófobos de Bush da "guerra ao terror".



Diante das críticas ao "uso desproporcional de força", inclusive do governo Lula, o texto ainda insiste: "Na lógica tribal, a autodefesa é perfeitamente admissível e moralmente justificável, tanto que a maioria dos israelenses apoiou os ataques". Vale lembrar que os alemães também apoiaram a ascensão do nazismo, os campos de concentração e o holocausto judeu. O artigo até critica os horrores da atual agressão, sempre procurando ofuscar as mentes.



"Os alvos visaram à estrutura de poder do Hamas - a central do aparato de segurança, o quartel de polícia, depósitos de armas". Mas, infelizmente, "bombardear cidades só pode ter resultados terríveis".



No final, para aparecer um pouco mais civilizada e menos belicosa, a Veja até defende a solução negociada para a guerra visando "romper a lógica tribal". Mas ela propõe a paz dos cemitérios. A negociação seria totalmente inviável por causa do Hamas.



"A história e a natureza desse grupo são obstáculos tremendos [ao acordo de paz]... O Hamas descende das mesmas fontes que influenciaram a Al Qaeda de Osama Bin Laden". A exemplo da mídia de Israel, militarmente controlada e censurada, e da mídia dos EUA, sob forte influência da comunidade judaica, aVeja é uma representante "honorífica" do sionismo assassino e da "limpeza étnica" na região.



O holocausto palestino



Enquanto isso, a crise humanitária na Faixa de Gaza ganha contornos dramáticos, que relembram o holocausto nazista e deveriam indignar todos os amantes da paz, inclusive judeus. Basta ler o balanço da ONU de um dia antes da invasão por terra das tropas israelenses. Até sábado passado, 436 palestinos já tinha sido mortos (agora são quase 600, incluindo mais de 100 crianças) e 2.300 estavam feridos. Segundo o relatório oficial, 1,5 milhão de pessoas que superlotam Gaza eram vítimas de um cenário apocalíptico:



- Um ataque aéreo israelense acontece a cada 20 minutos, em média. Os bombardeios se intensificam à noite;



- Os ataques israelenses já destruíram mais de 600 alvos, incluindo estradas, edifícios públicos, delegacias de polícia e parte da infra-estrutura;



- O sistema de saúde, já debilitado desde o início do bloqueio israelense há 18 meses, entrou em colapso;



- Cerca de 250.000 pessoas estão sem eletricidade. A única central elétrica da Faixa de Gaza foi fechada em 30 de dezembro pela sexta vez desde o início de novembro por falta de combustível;



- A água corrente é disponibilizada uma vez a cada cinco ou sete dias durante algumas horas;



- Quarenta milhões de litros de esgoto são lançados no Mar Mediterrâneo diariamente. Em alguns locais, o esgoto se acumula nas ruas depois que o sistema de saneamento foi danificado pelos bombardeios;



- O gás de cozinha e para calefação já não é encontrado no mercado;



- Cerca de 80% da população depende inteiramente da ajuda humanitária.



- Falta farinha, arroz, açúcar, laticínios e latas de conservas;



- Israel permite diariamente a entrada de 60 caminhões carregados com produtos de primeira necessidade. Este número ainda é inferior aos 475 veículos com ajuda humanitária que chegavam a Gaza antes de junho de 2007, quando o Hamas assumiu o controle do território;



- Os dutos do terminal de Nahal Oz pelos quais chegava todo o combustível importado estão fechados desde sábado passado;



- As escolas permanecem fechadas, mas muitas são utilizadas como abrigo por palestinos que fugiram de suas casas;



* Altamiro Borges é jornalista, Secretário de Comunicação do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro As encruzilhadas do sindicalismo (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).



http://vermelho.org.br/base.asp?texto=49207

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