sexta-feira, abril 26, 2019

Ninguém espere nada da justiça brasileira. A situação de Lula é como a de Mandela na África do Sul. Mandela ficou 28 anos preso e só foi libertado quando o regime do Apartheid caiu. Lula só sai se o GOLPE for derrotado.


No dia 21 de Março de 1960, ocorreu no bairro de Sharpeville, na cidade de Johanesburgo, na África do Sul, um protesto, realizado pelo Congresso Pan-Africano. O protesto pregava contra a Lei do Passe, que obrigava os negros da África do Sul a usarem uma caderneta na qual estava escrito aonde eles poderiam ir.

Jornal GGN – Menos de 24 horas após o Superior Tribunal de Justiça reduzir a pena de Lula no caso triplex, o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Luiz Antonio Bonat, fez o processo do sítio de Atibaia andar rumo ao TRF-4.
Pela decisão do STJ, Lula tem direito a migrar de regime prisional, do fechado para o semiaberto, em setembro de 2019. Mas se o TRF-4 condená-lo em segunda instância na ação do sítio de Atibaia, essa perspectiva será frustrada. É dentro desse contexto que se dá a movimentação de Bonat.
O juiz de Curitiba deu prazo de 8 dias para a defesa de Lula se manifestar a respeito da condenação imposta pela juiza substituta, Gabriela Hardt. Copiando passagens da sentença de Sergio Moro no caso triplex, a magistrada condenou o ex-presidente a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a propriedade no interior de São Paulo.

https://jornalggn.com.br/noticia/em-menos-de-24h-apos-reducao-da-pena-de-lula-juiz-de-curitiba-avanca-com-caso-atibaia/

Sem estatal o Brasil não vai crescer

"Moro é indigno, medíocre e lamentável". Resposta de ex-1º Ministro de P...

quarta-feira, abril 24, 2019

CERTEIRA - O neoliberalismo degradou tudo!



O desabafo é da filósofa Marilena Chauí. Em palestra na Casa do Saber, ela descreve as transformações no capitalismo que levaram à devastação de países, ao encolhimento do espaço público, à precarização e fragmentação do trabalho e ao culto da ideia do “empresário de si mesmo” –e outras tantas mudanças que acabam servindo para apunhalar o coração da democracia.

“Desde a maternidade até a entrada no mercado de trabalho, o indivíduo é treinado para ser um investimento bem-sucedido. Como consequência disso, decorre, de um lado, o surgimento de uma subjetividade narcisista, portanto, propensa à depressão. O narcisismo produz a depressão. E não é por acaso que a depressão é a doença da sociedade contemporânea.

“E, de outro, a enculcação da culpa naqueles que não vencem a competição, desencadeando ódios, ressentimentos e violências de todo tipo, particularmente contra imigrantes, migrantes, negros, índios, mendigos, LGBT, destroçando a percepção de si como membro ou parte de uma classe social e destruindo formas de solidariedade, desencadeando práticas fascistas de extermínio”, afirma. - LEIA TUDO AQUI https://tutameia.jor.br/chaui-neoliberalismo-gera-odio-e-violencia/


terça-feira, abril 16, 2019

Você já viu algum ricaço engarrafado embaixo de algum viaduto?


Sindicato dos Engenheiros debate por que pontes, viadutos, prédios e barragens estão ruindo no Brasil https://www.viomundo.com.br/voce-escreve/sindicato-dos-engenheiros-debate-por-que-pontes-viadutos-predios-e-barragens-estao-ruindo-no-brasil.html

Não é fatalidade. O capitalismo de DESASTRE como alguns chamam o capitalismo do arrocho, o neoliberalismo, vive de parasitar os trabalhadores. Só o trabalho humano produz riqueza. E só o trabalhador consciente e organizado pode acabar com o roubo da riqueza que ele produz.

Você já viu algum ricaço engarrafado embaixo de algum viaduto? Eles nem pisam mais no chão. Andam de jatinhos e helicópteros que custam o arrocho da sua vida. E aí, para te convencer a aceitar a tua precarização, o 1% que também é dono da mídia inventa o medo da crise. Leia o livro, veja o filme: A Doutrina do Choque.


https://vimeo.com/26773488 - A DOUTRINA DO CHOQUE

O relatório do Senado que mostrou que não há deficit na Previdência

Documento produzido no final de 2017 esclareceu com precisão as receitas e despesas do sistema, bem como todos os desvios de recursos

Conforme concluiu a CPI do Senado sobre a Previdência Social brasileira, não há deficit, pelo contrário, há superávit e grandes devedores que não são devidamente cobrados pela Procuradoria da Fazenda Nacional. A consequência previsível da tal “reforma da Previdência” que os banqueiros tanto querem será o aumento da imoral desigualdade social existente no país. Se for para fazer alguma alteração nas regras da Previdência Social só se for para corrigir plenamente as aposentadorias e pensões.

Leia tudo aqui:

https://jornalggn.com.br/previdencia-social/o-relatorio-do-senado-que-mostrou-que-nao-ha-deficit-na-previdencia/

domingo, abril 14, 2019

UM TEXTO DE 2012, MAS AINDA BOM DE LER: pequenas “dobradiças felizes” da estrutura militar e do poder global dos Estados Unidos.

O capitalismo feliz


A história do desenvolvimento capitalista dos séculos XIX e XX registra a existência de alguns países com altos níveis de desenvolvimento, riqueza e qualidade de vida, e com baixa propensão nacional expansiva ou imperialista. Como é o caso das ex-colônias britânicas, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, e dos países nórdicos, Suécia, Dinamarca, Noruega e Finlândia. Todos apresentam taxas de crescimento alta, constante e convergente, desde 1870, só inferior a da Argentina, até a 1º Guerra Mundial. Hoje são economias industrializadas, especializadas e sofisticadas; a Noruega tem o 3º maior renda per capita, e o maior índice IDH (0.943), do mundo; a Austrália tem a 5º renda per capita, e o 2º melhor IDH do mundo (0, 929); e quase todos tem uma renda média per capita entre 50 e 60 mil dólares anuais. A Noruega é considerada hoje o país mais rico do mundo, em “reservas per capita”, e foi considerada pela ONU, em 2009, como “o melhor país do mundo para se viver”. E a Dinamarca já foi classificada – entre 2006 e 2008 - como “o lugar mais feliz do mundo”, e o segundo país mais pacífico da terra, depois da Nova Zelândia, e ao lado da Noruega.

Canadá, Austrália e Nova Zelândia foram colônias de povoamento da Inglaterra, durante o século XIX, e depois se transformaram em Domínios da Coroa Britânica, até depois da 2º Guerra Mundial. Mas até hoje são nações ou reinos independentes que fazem parte Commonwealth, e mantém o monarca inglês como seu chefe de estado. Como colônias e domínios funcionaram sempre como periferia da economia inglesa, mesmo depois de iniciado seu processo de industrialização, mantendo-se – em média - a participação do capital inglês, em até 2/3 da formação bruta de capita destes três países. E todos eles estabeleceram relações análogas com a economia norte-americana, depois do fim da Segunda Guerra. Neste século e meio de história, o Canadá – como caso exemplar – esteve ao lado da GB e dos EUA na 1º e 2 º Guerras Mundiais, alem de participar Guerra dos Boers e da Guerra da Coréia e de ser um dos membros fundadores da OTAN, em 1949. Participou das Guerras do Golfo, do Iraque, do Afeganistão e da Líbia, e participa diretamente do sistema de defesa aeroespacial norte-americano. E o mesmo aconteceu, em quase todos os casos, com a Austrália e a Nova Zelândia.

Por outro lado, os países nórdicos foram expansivos, e a Suécia em particular, foi um grande império dominante, dentro da Europa, até o Século XVIII. Mas depois de sua derrota para a Rússia, em 1720, e depois da sua submissão dentro da hierarquia de poder europeia, os estados nórdicos se transformaram em pequenos países, com baixa densidade demográfica e alta dotação de recursos naturais, funcionando como pedaços especializados e cada vez mais sofisticados do sistema produtivo europeu. A Suécia ficou famosa pelo “sucesso” de sua política econômica anticíclica ou “keynesianas”, depois da crise de 1929, mas de fato logrou superar os efeitos da crise graças à suas condição de sócia econômica, e fornecedora de aço e equipamentos para a máquina de guerra nazista, que também ocupou a Dinamarca e exerceu grande influencia sobre a região, durante toda a Segunda Guerra Mundial. Depois da guerra, a Dinamarca e a Noruega se tornaram membros da OTAN, e a Dinamarca segue sendo uma passagem estratégica para o controle do mar Báltico.

Por sua vez, a Suécia participou das Guerras do Kosovo e do Afeganistão, e foi fornecedora de armamentos para as forças anglo-saxônicas, na Guerra do Iraque. Por último, a Finlândia, que fez parte da Suécia, até 1808, e da Rússia, até 1917, acabou ocupando um lugar fundamental dentro da Guerra Fria, até 1991, e ainda ocupa uma posição estratégica até hoje, no controle da Bahia da Finlândia, e da própria Rússia.

Por tudo isto, apesar de que estes países tenham origens e trajetórias diferentes, é possível identificar algumas coisas que eles têm em comum:

i. São pequenos ou tem uma densidade demográfica muito baixa

ii. Tem excelente dotação de recursos, alimentares, minerais ou energéticos.

iii. Todos ocupam posições decisivas no tabuleiro geopolítico mundial.

iv. E todos se especializaram em serviços ou setores industriais de alta tecnologia, e em alguns casos, dentro da industria militar.

Alguns diriam que se trata de um caso típico de “desenvolvimento a convite”, mas isto quer dizer tudo e nada ao mesmo tempo. O fundamental é que o sucesso econômico destes países não se explica por si mesmo, porque desde o século XIX, os “domínios” operaram como “fronteiras de expansão’ do “território econômico” inglês, e como bases militares e navais do Império Britânico. E os países nórdicos, depois que foram submetidos, se transformaram em satélites especializados do sistema de produção, e do poder expansivo europeu. E hoje, finalmente, todos estes sete países operam como pequenas “dobradiças felizes” da estrutura militar e do poder global dos Estados Unidos.

sexta-feira, abril 12, 2019

ASSANGE, MESMO PRESO, DÁ UMA LIVRADA NA MÍDIA E NO SISTEMA PODRE DO OCIDENTE



O livro que Assange carregava nas mãos e sua mensagem ao mundo

247 - No momento em que foi preso e arrastado pela polícia inglesa da embaixada equatoriana nesta quinta-feira (11), em Londres, trazia um livro na mão. O gesto foi uma mensagem ao mundo sobre os verdadeiros autores de sua prisão ilegal: History of the National Security State (A História do Estado de Segurança Nacional), de Gore Vidal, um livro sobre o complexo industrial-militar que comanda os Estados Unidos.
Segundo Pepe Escobar, em entrevista ao Bom Dia da TV 247 nesta sexta-feira, foi um "lance sensacional e sofisticado" de Assange: "Ele fez questão de mostrar o livro porque sabia que todo mundo ia focar o livro, para dar o 'big picture', o grande quadro da prisão dele". Segundo Leonardo Attuch, com o gesto, Assange transformou sua prisão num "ato político" - assista à conversa entre Escobar e Arttuch ao final.
No livro The National Security State, de 1988, Gore Vidal discute com o editor Paul Jay “os eventos históricos que levaram ao estabelecimento do complexo industrial-militar e a cultura que deu origem à ‘Presidência Imperialista'”. A expressão “complexo industrial-militar” foi usada pela primeira vez pelo Presidente Dwight Eisenhower e é utilizada para denunciar o suposto poder oculto das forças armadas e da indústria militar na política americana.
Assange ficou asilado na embaixada do Equador em Londres por sete anos, até a prisão nesta quinta-feira. As imagens da prisão, feitas apenas pela rede russa RT mostraram-no de barba comprida, alquebrada e com o livro de Gore Vidal nas mãos.

https://www.brasil247.com/pt/247/mundo/389999/O-livro-que-Assange-carregava-nas-m%C3%A3os-e-sua-mensagem-ao-mundo.htm

Bom dia 247, com Pepe Escobar (12.4.19): A verdadeira história da prisão...

#AOVIVO - 20 Minutos Internacional: por que Julian Assange foi preso? A importância dos vazamentos do Wikileaks. A denúncia do imperialismo norte-americano. As acusações frágeis de estupro na Suécia. O refúgio na embaixada do Equador em Londres. Por que Lula defendeu Assange. A traição de Lenín Moreno. Para onde vai Assange?

quarta-feira, abril 10, 2019

QUANDO ESSE GOLPE FINALMENTE FOR DERROTADO, NINGUÉM VENHA FALAR EM ANISTIA



O infortúnio da família do ex-presidente é a desgraça de um país à deriva, onde o pobre é o alvo


“Eu não posso aceitar que meu pai esteja preso por causa de um apartamento que a gente nunca foi dono, nunca usou, nunca teve as chaves. Eu sei a verdade desta história, fui nesse apartamento com a minha mãe para ver se ela queria comprar. Se quisesse, poderia ter comprado, tinha condição para isso. O fato é esse. Mas aí inventaram uma mentira absurda, e o prenderam. O que eles não entendem é que o Lula, além de ser um líder político, é o meu pai e dos meus irmãos, avô dos meus filhos e sobrinhos, o bisavô da Analua. Nós sofremos muito com isso. Ele tem 73 anos e está numa solitária por um crime que não cometeu. E nós acabamos presos com ele.”

O depoimento, a CartaCapital, é de Fábio Luís Lula da Silva. O leitor há de se recordar do Lulinha. Bem antes da mamadeira de piroca, ainda no advento das fake news, o filho do ex-presidente Lula era “o dono da Friboi”, mentira deslavada que por vezes incluía a posse da Oi, além de um avião de 50 milhões de dólares. “A perseguição ao meu pai se estende a nós. Perdemos minha mãe porque ela não aguentou isso. No passado, diziam que o Lula morava no Morumbi e não na nossa casa em São Bernardo. Éramos crianças, e crescemos ouvindo essas mentiras sobre nós, uma loucura. Eu mesmo já fui dono da Friboi, né? Hoje soa engraçado, mas aquilo foi um verdadeiro inferno… Meu pai nunca se preocupou em juntar dinheiro, tanto que mora na mesma casa desde os anos 80. Agora está preso por um crime que nunca cometeu. É revoltante, uma tristeza diária não convivermos com ele.”



A tragédia da família Silva é literal e metafórica. Depois de um ano da prisão política do ex-presidente, que aniversariou no domingo 7, os Lula da Silva comem o pão que Sérgio Moro amassou. O juiz tirou do páreo o candidato favorito à Presidência e, a reafirmar nossa vocação bananeira, ascendeu-se ao poder como ministro do governo que ajudou a eleger. Lula, por seu lado, cumpre pena de 12 anos e um mês numa solitária na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, encalacrado com sentenças e processos que fazem de Kafka literatura infantil.
Durante esse período, o ex-presidente perdeu o irmão Vavá, morto aos 79 anos, e seu neto Arthur, 7, vítima de infecção bacteriana. Filhos e noras fecharam-se em casa, assombrados por problemas financeiros e de saúde, colhidos pelo luto e o medo da violência física, acossados por buscas e apreensões. Metaforicamente, os Silva são também o povão, tamanha a presença do sobrenome na base da pirâmide. No contexto atual, a tragédia de um é a tragédia do outro – ao se aprisionar o Silva que estaria no topo, elegeram-se os Silva da base como o alvo a ser abatido.
Desde a morte de dona Marisa, filhos e noras de Lula ficaram traumatizados pelo infortúnio e a perseguição. “Quem acompanha de perto sabe a dificuldade que essas pessoas têm”, diz Paulo Okamoto, ex-metalúrgico responsável pelo Instituto Lula e um amigo do ex-presidente desde os tempos do sindicato em São Bernardo do Campo. “Não conseguem trabalhar, não têm tranquilidade para estudar, os netos são hostilizados na escola. Ao condenar o Lula, condenaram a família. Deviam sair do Brasil, mas quem vai fazer isso com um pai na cadeia?”
Tampouco teriam condição para isso, já que atravessam sérias dificuldades financeiras. Estão com os negócios à míngua ou tecnicamente desempregados, à exceção da filha Lurian e do filho Luiz Cláudio, que acaba de assumir um posto de assessoria no gabinete do deputado estadual por São Paulo Emídio de Souza, do PT. Na terça-feira passada, Emídio foi instado a dar explicações à imprensa a respeito de sua escolha, e Luiz precisou esquivar-se dos repórteres. Vai ganhar 6 mil reais por mês. “Que empresário dará emprego a esse pessoal?”, pergunta-se Okamoto. “É sempre a mesma história: ‘Mas os filhos do Lula são ricos, por que estão trabalhando aqui?'”
O pedagogo Marcos, filho mais velho, cuida de um pequeno mercadinho e está tentando montar uma distribuidora de carvão. Depois da morte de dona Marisa, mudou-se com a família para o interior de São Paulo, disposto a refazer a vida. Mas, num episódio nunca esclarecido pelas autoridades, teve a nova casa invadida pela polícia sob o argumento de que buscavam desmantelar uma quadrilha de tráfico de drogas. Levaram computadores, devolvidos mais tarde. Nada foi encontrado.
Desde então, ele e a mulher lutam para superar o trauma, transformado em doença. Todos os outros filhos foram alvos de buscas e apreensões que reviraram imóveis, recolheram máquinas e documentos. O neto Arthur, filho de Sandro e Marlene, testemunhou a ação quando os policiais foram à casa da família. Não há notícia de que algo de suspeito tenha sido apanhado em qualquer uma das operações. O ipad de Arthur, levado do apartamento de Lula, jamais foi devolvido. Desse processo, Sandro herdou uma síndrome do pânico, hoje sob melhor controle.
Fábio Luís, o Lulinha, é um dos donos da PlayTV, um canal por assinatura que veicula informações sobre música, filmes, animes e jogos de computador. Antes, firmara parceria com a Oi para produção de conteúdo jovem para telefones celulares. De “sócio” da empresa nesse empreendimento, foi catapultado pelos antipetistas a “dono da Oi”. Fosse verdade, seria um grande case de fracasso, visto que o dono da Oi não consegue mais acesso a empresários capazes de veicular seus reclames no canal.
“Tudo que se relaciona a Lula e ao PT ganhou a marca de uma grande organização criminosa”, diz Okamoto. “A Receita passou a fiscalizar em minúcia e aplicar sanções absurdas. O próprio instituto, por exemplo, foi multado em 15 milhões de reais por desvio de função, mas nos últimos anos arrecadamos uma média de 5 milhões por ano. Como vamos pagar isso? Todas as empresas dos filhos do Lula foram investigadas por tráfico de influência. Se não encontram nada, acabam achando algum problema de gestão, muitas vezes erros que a gente comete sem nem saber que é proibido. Isso foi minando os negócios.” O filho Luiz Cláudio, que tentou montar uma liga de futebol americano no Brasil, foi denunciado por tráfico de influência pela Operação Zelotes. É réu em um processo e denunciado em outro.
Na cadeia há um ano, Lula não esmorece. “Qualquer pessoa que comete um crime e sabe que cometeu de alguma forma se entrega e apenas torce para pegar uma pena menor”, diz um de seus advogados, Luiz Carlos Rocha. “A diferença para outros réus é a convicção que ele tem de não ter feito nada de errado. Lula faz da sua inocência a sua força motriz. Não admite nem conversar sobre a possibilidade de um indulto nem mesmo de uma prisão domiciliar. Quer ser julgado e inocentado.”
No primeiro dia de visita depois da morte de Arthur, o deputado cearense José Guimarães, do PT, esteve na carceragem da PF. Assim que entrou, abraçou o ex-presidente e passou a dizer-lhe palavras de consolo. Foi interrompido na hora. “Zé, eu tenho 73 anos e ainda estou tentando entender tudo o que aconteceu comigo. Vamos seguir em frente e vamos lutar!”
Quando foi comunicado na cadeia sobre o falecimento do neto, repetiu três vezes: “O Arthur? O Arthur? O Arthur?” Chorou por 12 horas. Quando embarcava no helicóptero da polícia, depois de participar do velório em São Paulo, brincou com o próprio infortúnio: “Vocês têm coragem de voar comigo nisso aí?”, perguntou. “Nunca vi um preso com a capacidade de resiliência que ele tem”, disse a CartaCapital, sob sigilo, um agente da PF de Curitiba cuja experiência ultrapassa duas décadas. “Esse é um homem muito forte, extremamente forte. Acredita de verdade que não cometeu crime algum. Entre os presos da Lava Jato, eu nunca tinha visto ninguém assim.”
Desde 7 de abril de 2018, Lula vive sozinho num espaço de 25 metros quadrados no quarto andar do prédio da PF. Um quarto com banheiro, armário, mesa com quatro cadeiras, uma esteira ergométrica, uma tevê apenas com canais abertos. Na parte da manhã, conversa por uma hora com Luiz Carlos Rocha, a quem chamam de Rochinha. À tarde, recebe o também advogado Manoel Caetano, pelo mesmo período. De resto, permanece isolado no quarto, lendo e assistindo televisão. Por alguns dias agarrou-se ao catatau de Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, Brasil: Uma Biografia, de 709 páginas. Come a comida da cadeia, a não ser quando, no dia da visita – às quintas –, chega a “moela da Neide”, prato preferido preparado pela cozinheira do Instituto Lula. A lamentar, a televisão que raramente passa o Corinthians, cujo uniforme, shorts e camisa, costuma vestir quase todas as manhãs.
Sempre sozinho na cela durante os fins de semana, Lula dedica-se a ler uma montanha de cartas que lhe chega depois da triagem feita numa sala térrea do Instituto Lula, onde a imersão exige um coração valente. Há escritos de todo tipo. Uma pessoa de Anita Garibaldi, em Santa Catarina, diz que o pai costumava ouvi-lo no rádio, mas que só viram seu rosto depois que o projeto Luz para Todos permitiu que ligassem uma televisão. Um outro escreve a cada três dias. Há uma profusão de jovens que se formam e correm a agradecer a chance que lhes foi dada pelos programas de bolsas e cotas em universidades. De Palmópolis, Minas Gerais, uma senhora diz que Lula “com Bolsa Família matou a fome de muita gente e hoje está nessas condições”. Mais adiante, “sei que sua companheira faltou e que você não pode chorar de tanta tribulação (SIC). Pela fé que tenho em Deus você vai sair dessa”. A carta, ditada, tem por assinatura a digital de seu polegar.




#LulaLivre em imagens: fotos que recontam a trajetória do ex-presidente...

À Esquerda entrevista Paulo Henrique Amorim

terça-feira, abril 02, 2019

O pior diplomata do mundo



26/2/2019, Andre Pagliarini,*
Jacobin Magazine

O novo presidente proto-fascista do Brasil fez de tudo para controlar a narrativa em seu primeiro mês no cargo. Jair Bolsonaro tomou várias decisões controversas, para, pouco depois de tomá-las, cancelar as próprias decisões; seu vice-presidente várias vezes o desmentiu publicamente; e a primeira aparição internacional de Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, foi rematado fracasso. Esse especial fracasso foi gravemente danoso para um país como o Brasil que precisa de reconhecimento dos investidores e da comunidade política internacional.

Independente do critério e de quem avalie, aquela multidão rala de plutocratas e filantropos não se deixaram impressionar pela fala escandalosamente superficial e afetada de Bolsonaro. Heather Long, correspondente do Washington Post em Davos, classificou o desempenho de Bolsonaro como “grande desastre”. Observou que “o homem tinha o mundo inteiro a vê-lo e ouvi-lo, e o melhor que encontrou para dizer foi que o pessoal fosse passar férias no Brasil.” Outro jornalista partilhou a reação de um amigo que assistira ao discurso de Bolsonaro: “Nunca, jamais se viu coisa semelhante com qualquer presidente em Davos... Bizarro. Realmente bizarro.” Investidores que contavam com lucrar no novo clima de negócios que supunham q houvesse no Brasil esperavam ouvir algum compromisso com reformas do sistema de aposentadorias do país, dentre outras medidas regressivas. Ficaram a ver navios, depois da cena patética com que os brindou o presidente do Brasil.

Bolsonaro, em vez de tentar reparar o dano, correu ao Twitter para celebrar boatos de que o deputado Jean Wyllys, gay e esquerdista, fugira do país por ter recebido ameaças de morte.

Enquanto Bolsonaro tropeçava no palco no mundo, em casa acumulavam-se os escândalos políticos. Relatórios de transações financeiras suspeitas envolvendo a esposa do presidente e um auxiliar direto de um de seus filhos e recém eleito senador, ocupavam as manchetes já desde antes da posse de Bolsonaro. Então, enquanto Bolsonaro repetia parvoíces diante de grandes empresários e políticos na Suíça, um dos principais jornais do Brasil ligava seu filho Flávio a membros de um esquadrão da morte ativo no Rio de Janeiro, conhecido como Escritório do Crime [também Gabinete do Crime, como se lê na Folha de S.Paulo (NTs)]. A mesma milícia parece estar envolvida no assassinato de Marielle Franco, vereadora afro-brasileira e de esquerda, assassinada em março de 2018.

Apesar de a mídia local dar a impressão de que dá destaque cada vez maior a esses escândalos, o projeto político mais amplo do clã Bolsonaro permanece intocado. A agenda política fortemente atrasista é encoberta por um componente doméstico que tem recebido vastíssima cobertura e por um componente de política exterior que, tradicionalmente recebe pouca atenção.

O componente doméstico é sem dúvida o aspecto mais gravemente ameaçador da presidência de Bolsonaro. Mas a política exterior merece ser examinada, pelo que revela sobre o papel que o Brasil está fixando para si mesmo, num momento em que forças da extrema direita radical já acumularam mais real poder em todo o mundo do que nunca nas últimas várias décadas. É movimento especialmente importante, se se considera o papel de liderança do Brasil na América Latina e tudo que está hoje em disputa, e vê-se que a era da Maré Rosa [ing. Pink Tide] está chegando ao fim. O novo ministro de Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, é o ator chave desse específico drama.

Cruzada de 11ª hora

Desde que assumiu o ministério, Araújo abandonou qualquer movimento que sugerisse qualquer intenção de conciliar com os críticos internacionais que fazem oposição a Bolsonaro. Em vez de conciliar, Araújo tem aplicadamente traduzido as ideias mais reacionárias do presidente, e construindo política exterior impertinente e imprudente.

Já desencaminhou de tal modo as relações internacionais do Brasil, que já se veem sinais de alarme até entre parceiros comerciais e aliados sempre importantes – com a notável exceção dos EUA, que veem Bolsonaro como parceiro ‘natural’.

Araújo opera para satisfazer o fervor reacionário que tomou todo o corpo político no Brasil, e afirmar uma nova imagem do Brasil no cenário mundial. Ao fazê-lo, desmonta e paralisa a figura global do Brasil, em nome de um projeto doméstico radical superinflado – mas jamais claramente exposto – pela beligerância tosca e rasa de Bolsonaro.

Como Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco já observaram em Jacobin, Bolsonaro “emprega o ódio como mobilizador político, e até incita a violência diretamente contra seus competidores políticos.” Araújo, que delira que seria pensador profundo, opera em projeto um pouco diferente.

Para Araújo, a presidência de Bolsonaro seria uma cruzada de 11ª hora para proteger e salvar o prédio sitiado da civilização ocidental. Não poupou tinta para articular os riscos e ameaças como as vê.

Em reveladora coluna assinada e publicada em janeiro em Bloomberg, Araújo esquartejou o filósofo britânico-austríaco do século 20 Ludwig Wittgenstein, que teria planejado uma “desconstrução pós-moderna avant-la-lettre do sujeito humano” e que teria estabelecido “as raízes filosóficas de nossa ideologia globalista totalitária atual.” Compreender as idiossincrasias intelectuais de Araújo é chave para compreender o fanatismo e a depravação intelectual brutais do Brasil de Bolsonaro.

Prerrogativas imperialistas

A política exterior em construção de Araújo é uma rejeição ‘no atacado’ de toda a abordagem implementada pelos governos do Partido dos Trabalhadores no poder de 2003 a 2016. A partir do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), o Brasil assumiu papel proativo nos assuntos globais, rompendo com o neoliberalismo perverso da década anterior, quando o governo vendeu valioso patrimônio nacional brasileiro e abraçou a ‘austeridade’ [é ARROCHO], em troca de um pacote de ‘resgate’ dado pelo FMI, de $41,5 bilhões.

O governo Lula foi especialmente ativo na América Latina. Em 2005, o Brasil bloqueou a proposta para criar a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas, ing. FTAA, Free Trade Area of the Americas), projeto dos EUA em andamento há muito tempo para conectar América do Norte e América Latina e Caribe (exceto Cuba), num arranjo semelhante ao NAFTA [Área de Livre Comércio do Atlântico Norte]. Forças progressistas na América Latina resistiram contra o que identificaram como uma imposição dos EUA neoliberais contra a América Latina.

O governo Lula, com a Argentina de Néstor Kirchner como aliado chave, tinha capital político suficiente para fazer naufragar o acordo. Em vez de aceitar um formato de livre comércio concebido por Washington, Lula decidiu a favor da integração regional. Trabalhou para fortalecer o Mercosul, um bloco de comércio sul-americano ao qual os acovardados políticos brasileiros jamais haviam prestado atenção, embora constituído em 1991.

Enquanto o PT esteve no poder, garantiu apoio inequívoco a outros governos progressistas da Maré Rosa – Venezuela, Equador, Argentina, Bolívia, Uruguai, dentre outros –, e dedicou tanta atenção à América Latina que alguns dos vizinhos do Brasil chegaram a protestar contra aquele empenho quase imperialista. “É óbvio que o Brasil só quer nossos recursos,” disse Marco Herminio Fabricano, do grupo Mojeño, de nativos da Bolívia, em 2011. “Parece que [o presidente] Evo [Morales] considera nos trair, a favor de seus aliados brasileiros.”

Além dessas objeções, os governos do PT enfrentaram críticas crescentes por não terem considerado qualquer horizonte além de um modelo de puro extrativismo, tendência que se tornou ainda mais aguda no governo Dilma Rousseff (2011-2016) que sucedeu o segundo governo de Lula. Até que, em 2016, as já desgastadas tentativas do PT para mitigar o conflito de classe, mediante o recurso de cooptar figuras de destaque da elite industrial e financeira, colapsou completamente.

Sob os governos do PT, o Brasil também aprofundou seus laços políticos, comerciais e culturais com a África. Como Benjamin Fogel observou, “Ao final do segundo governo de Lula, o Brasil tinha 37 missões diplomáticas na África, o maior número depois de EUA, França, Rússia e China. E o comércio Brasil-África cresceu, de $4 bilhões, para $24 bilhões.” O papel de destaque do Brasil global, como integrante do bloco geopolítico BRICS (Brasil, Rússia, Índia, África do Sul) trouxe reconhecimento internacional. E o país atraiu alto grau de desconfiança do establishment conservador norte-americano.

Em 2012, Dov Zakheim, escrevendo para National Interest de Henry Kissinger, manifestava grave preocupação por não se ter tirado suficiente proveito da “herança do Império Português que o Brasil recebeu na África, ampliado pelo próprio poder crescente do Brasil naquela área.” Zakheim, que trabalhou no Departamento de Defesa dos presidentes Ronald Reagan e George W. Bush, via “indícios de que a noção de Império, e de direito imperial que a acompanha, está desaparecendo [no Brasil].”

Desde a Guerra Fria, o establishment da política exterior dos EUA sempre desconfiou de qualquer diplomacia sul-sul, especialmente quando é política oficial de nação de território tão amplo e economicamente importante quanto o Brasil. Fato é que avaliações alarmistas relacionadas à liderança global do Brasil já eram frequentes durante os governos Republicanos de George W. Bush e também durante o governo Democrata de Barack Obama, o que revela a continuidade das prerrogativas imperiais que os EUA se autoarrogam, em discursos oficiais que, sob outros aspectos talvez parecessem divergentes.

Se Bush atacava a independência do Brasil na América Latina, Obama limou o engajamento do Brasil no Oriente Médio, independência da qual o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad do Irã disse que poderia “ajudar na promoção da paz e da estabilidade.”

Quaisquer que tenham sido os erros e acertos, a política exterior do PT foi sem dúvida assertiva, qualidade que, pelas respostas que evocou, expôs as inseguranças do imperialismo norte-americano do século 21.

Derradeiro recurso

Depois do golpe parlamentar que pôs no poder o vice-presidente [e homem do jogo duplo] Michel Temer, o Brasil deu passo gigantesco para longe do palco global. Foi o serviço de uma política exterior autodeclarada realista. “Solidariedade pragmática aos países do sul global continuará a ser importante estratégia da política exterior do Brasil,” declarou o ministro José Serra, das Relações Exteriores, em maio de 2016. Serra dizia que estavam encerrados os projetos políticos mais amplos – por exemplo, que os BRICS pudessem servir como contrapeso de longo prazo à hegemonia global dos EUA. – E que se adotariam interpretações mais estritas do interesse nacional. “Essa é a estratégia sul-sul correta, não a que foi praticada para finalidades de propaganda, com baixos benefícios econômicos e altos investimentos diplomáticos” – Serra argumentou.

Em agosto de 2016, John Kerry, secretário de Estado dos EUA, reuniu-se com Serra no Rio de Janeiro e manifestou seu entusiasmo com a mudança de guarda política produzida pelo golpe parlamentar: “Entendo, e me parece declaração bem honesta, que ao longo dos últimos as discussões políticas aqui no Brasil não permitiram o pleno florescimento, digamos assim, do potencial dessa nossa relação”. A disposição que Temer mostrou, de se empenhar para fazer encolher o papel do Brasil no mundo, agradou muito, não surpreendentemente, aos EUA. Na verdade, a política exterior de Temer, que enfatizou interesses materiais imediatos, contra qualquer suposto compromisso ideológico, foi prenúncio da posição suposta “não ideológica” de Araújo, nos assuntos globais.

Diferente dos antecessores, é pouco provável que Donald Trump enfrente governo brasileiro que desafie suas preferências políticas. Bolsonaro mostrou-se bem ágil no movimento para se afastar da política exterior independente que marcou os governos petistas; e Araújo saudou Trump como “derradeiro recurso da civilização ocidental”.

Durante a campanha presidencial, Araújo, qualificou-se junto aos EUA quando propôs uma aliança dos três maiores países cristãos – Brasil, EUA e Rússia – para enfrentar o que chamou de “eixo globalista” constituído de China, Europa e a esquerda dos EUA.

Outro gesto simbolicamente importante foi a retirada do Brasil do Pacto Global de Migrações da ONU. Equivocado também em questões ambientais, o país abandonaria o Acordo de Paris para o clima. E há a declaração de que a embaixada do Brasil em Israel será transferida de Telavive para Jerusalém, o que enfureceu importantes parceiros comerciais do Brasil no mundo. Além da participação da diplomacia de Araújo na agressiva campanha internacional para isolar e, sendo possível tirar do poder, o presidente Nicolás Maduro da Venezuela.

A pressa do Brasil para ceder a própria liderança hemisférica está associada a um desejo incontrolável de se render aos EUA liderados por Trump.

Mas à parte essas considerações, as inclinações ideológicas pessoais de Araújo são muito bizarras. É a fachada perfeita para a epidemia de mentiras divulgadas pela mídia comercial – por exemplo, que o PT planejava distribuir material pornográfico às crianças, à guisa de educação sexual desde os primeiros anos de escola; ou que a Esquerda proibiria carne vermelha e relações heterossexuais – que acometeu a política brasileira, disseminada por canais não controlados como WhatsApp e Facebook.

Muito espantosamente, a orientação ideológica asinina de Araújo parece ter-lhe valido um ótimo emprego. O fanático ensandecido, em resumo, foi promovido precisamente por ser fanático ensandecido.

Milagre!

Aos 51 anos, Araújo é excepcionalmente jovem pelos padrões brasileiros, para o posto de ministro de Relações Exteriores. Mas tem quase trinta anos na carreira diplomática e ocupou algumas posições importantes, embora jamais tenha sido embaixador. No Itamaraty, como se conhece no Brasil o Ministério de Relações Exteriores, pelo que se sabe, ninguém gostou de ter figura tão jovem no topo da hierarquia funcional.

Araújo pode não ter as credenciais tradicionais para o cargo em que hoje está. Mas é aluno aplicado de Olavo de Carvalho, o pseudointelectual que a extrema direita abraçou como guru e que há décadas alimenta as conspirações que contribuíram para a ascensão de Bolsonaro. No clima político em que o Brasil vive hoje, essa conexão é fator a considerar.

Em seu primeiro discurso oficial, Araújo disparou: “(...) o Professor Olavo de Carvalho, um homem que, após o presidente Jair Bolsonaro, talvez seja o grande responsável pela imensa transformação que o Brasil está vivendo..”[1]

O. de Carvalho é o primeiro a concordar entusiasmado com essas avaliações de sua pessoal importância: “Jamais se viu tal coisa na história do mundo – um escritor que tenha tal influência sobre o povo” – disse ele sobre si mesmo a Brian Winter, editor de America’s Quarterly. “Só acontece no Brasil.”

O. de Carvalho indicou Araújo ao cargo de ministro de Relações Exteriores de Bolsonaro (e também influiu na aprovação ou veto de outros nomes indicados a cargos no governo Bolsonaro). O que antes pareceria altamente improvável está acontecendo: graças ao envolvimento de O. de Carvalho com o governo do Brasil, o mundo agora tem de discutir as ideias mais delirantes de um ermitão que nem vive no Brasil, onde o papel de fazedor de reis poderia ser investigado mais a fundo, mas numa área rural do estado de Virginia, EUA.

O. de Carvalho tem-se manifestado em campos tão disparatados, que é até difícil pensar em alguma teoria que unifique sua visão de mundo. Mas dois tropos em particular, inter-relacionados, tornaram-se lugar comum na direita brasileira em anos recentes: (1) uma definição estúpida irracionalmente elástica de “comunismo”, com uma incansável insistência na imorredoura gravidade dessa ideologia como ameaça sociopolítica; (2) pânico sempre em ebulição de um chamado “marxismo cultural”, tresloucada teoria de conspiração segundo a qual sinistros operadores de fantoches teriam controle quase absoluto sobre praticamente todos os aspectos do pensamento na sociedade moderna.

Ainda não se consegue entender completamente por que as ideias de O. de Carvalho tornaram-se tão prevalentes, mas há uns poucos elementos a considerar. O primeiro e talvez mais decisivo fator é a radicalização gradual rumo à direita que aconteceu ao longo dos 13 anos de governo do PT. &&&&&&& Depois que o partido de Lula venceu quatro eleições presidenciais em sequência, milhões de brasileiros começaram a abertamente desconfiar dos processos democráticos, fosse porque acreditassem que as eleições estivessem sendo fraudadas, fosse porque demagogos profissionais realmente tivessem conseguido comprar a lealdade de eleitores sugestionáveis por ‘doações’ sociais feitas pelo governo [orig. government handouts].&&&&&&&*

Como a psicóloga social Sander van der Linden comentou, “vários estudos mostraram que a crença em teorias da conspiração está associada a sentimentos de impotência, incerteza e a uma carência generalizada de habilidade para agir e fazer escolhas [ing. agency] e controle.” Tais sentimentos estão ativos em número considerável de eleitores anti-PT e elites conservadoras desde, pelo menos, 2010. Até que, à altura do início do segundo mandato de Rousseff, essa multidão perdeu quaisquer freios que tivessem contra contestar abertamente resultados de eleições livres e justas.

Uma explosão no acesso à internet é outro fator a explicar a proliferação das teorias de conspiração de O. Carvalho. O. Carvalho é YouTuber furioso, e frequentemente posta diatribes na plataforma que o sociólogo Zeynep Tufekci chamou de “um dos mais poderosos instrumentos do século 21, para radicalização.”

Por fim, o número crescente de alunos nos cursos superiores, sob os governos do PT, também produziu público maior para argumentos pseudointelectuais e pseudo-sociológicos. Muito mais se pode dizer sobre como O. de Carvalho conseguiu o alcance que hoje tem, mas sua influência é já uma realidade que os progressistas brasileiros têm de confrontar.

O argumento de que forças progressistas exerceriam influência decisiva sobre normas e costumes da vida diária prosperou apesar, ou talvez por causa dela, da retirada real da Esquerda, que abandonou as ruas a partir, pelo menos, do fim da Guerra Fria. Enquanto o PT visível e transparentemente se moveu para o centro, para assegurar uma vitória histórica em 2002, seus inveterados inimigos passaram a clamar que se trataria apenas de camuflagem mais efetiva para a mesma velha agenda subversiva. Mais recentemente, a noção de que marxistas teriam camufladamente vencido a guerra pela cultura tornou-se artigo de fé que unifica os movimentos de direita em todo o planeta.

Mas O. Carvalho não é mero imitador. Está há décadas em guerra contra uma para ele iminente suposta ameaça do comunismo na América Latina. Segundo Carvalho, a mais insidiosa manifestação dessa ofensiva secreta seria o Foro de São Paulo, uma conferência de partidos políticos de esquerda de mais de 20 países latino-americanos e do Caribe, que se estabeleceu em 1990. Steve Bannon, que se tornou íntimo do clã Bolsonaro, também tem combatido abertamente o marxismo cultural, convocando uma união transnacional de movimentos identitários brancos cristãos.

Recente encontro entre Bannon e Carvalho foi uma espécie de soma de duas variantes distintas mas assemelhadas da mesma reação histérica. Interessante, Bannon tratou O. de Carvalho como o estadista mais idoso naquele encontro, o que sugere que as teorizações paranoides de O. de Carvalho estão tendo impacto orgânico na política global.

Como têm dito os arquiconservadores, o marxismo cultural é uma reconstituição da ameaça existencial de que o fascismo sempre precisou para florescer. Estudo atento dos abundantes escritos de O. de Carvalho deve figurar com destaque em qualquer análise da atual conjuntura.

Araújo reúne a vastíssima produção de O. de Carvalho e vídeos de YouTube num blog pessoal que já mantinha antes de se tornar ministro de Relações Exteriores. Naquele blog, Araújo refere-se ao globalismo como produto do marxismo cultural (numa conexão com muito visíveis sobretons antissemitas). Para o ministro de Relações Exteriores do Brasil:

[O. de Carvalho destaca-se como] “talvez a primeira pessoa no mundo a ver o globalismo como resultado da globalização econômica, para compreender seus horrendos propósitos, e começar a pensar sobre como derrubá-lo. Por muitos anos, foi a única pessoa no Brasil a usar a palavra ‘comunismo’ para descrever a estratégia do PT e tudo que acontecia no Brasil, quando todos ainda pensavam que o comunismo seria apenas uma espécie de coletivismo que teria morrido com a União Soviética. E não viam que o comunismo sobrevivera, sob muitos disfarces, na cultura e nas ‘questões globais’.”

Araújo também conecta explicitamente Carvalho e Bolsonaro e proclama, em artigo para a conservadora New Criterion:

“Graças ao boom de internet, e especialmente à revolução das mídias sociais, [as ideias de O. de Carvalho] começaram de repente a se disseminar e a encontrar ecos por todo o país, alcançando milhares de pessoas que até então só haviam conhecido os mantras oficiais. Essas ideias rebentaram todas as represas [sic] e convergiram com a posição corajosa do único político brasileiro realmente nacionalista dos últimos cem anos, Jair Bolsonaro, garantindo a ele nível absolutamente sem precedentes de base de apoio popular. [Foi o ímpeto de que o Brasil carecia, para se remodelar como] “país conservador, antiglobalista, nacionalista.”

Araújo também afirma a importância das investigações anticorrupção como a Operação Lava-jato, cuja face pública, o juiz Sergio Moro, foi nomeado ministro da Justiça do governo Bolsonaro, depois de ter presidido o tribunal e o julgamento intensamente políticos que levaram à prisão do presidente Lula. “A investigação do esquema de corrupção do PT – talvez a maior empreitada criminosa de todos os tempos – avançou e começou a lançar luz sobre as profundezas da tentativa do PT para destruir o Brasil e assumir poder absoluto” – Araújo afirmou, repetindo a linha que se tornaria argumento padrão dos eleitores conservadores para ‘demonstrar’ que não foram movidos exclusivamente por hostilidade gratuita contra o PT.

Para Araújo, a circulação crescente das lições de O.de Carvalho produziram algo como uma libertação nacional:

“Vivemos por tempo demais humilhados, sob o discurso globalista de esquerda. Agora podemos viver num mundo no qual criminosos podem ser presos, onde pessoas de todos os estratos sociais podem ter as oportunidades que merecem, e onde podemos nos orgulhar dos nossos símbolos e praticar nossa fé. O sistema de controle psicossocial está acabado. Evento muito próximo de um milagre!”

O que Araújo saúda como visão iluminada na obra de O.de Carvalho não passa, de fato, do mais elementar conspiracionismo. Num estilo em que o ministro de Relações Exteriores claramente imita, Carvalho invoca tantas referências esotéricas, obscuras, que só com muita dificuldade consegue-se acompanhar seus argumentos. Aí, claro, está o truque: ao dar a impressão de que bebe de um profundo poço de saberes ancestrais, Carvalho aplica uma pátina de sofisticação, ao que são apenas módulos já prontos para serem repetidos, de conversa essencialmente reacionária.

Identificar o PT no poder a alguma espécie de empreitada comunista, por exemplo, é afirmar e reafirmar que palavras não têm qualquer significado. A campanha presidencial foi infestada desse tipo de niilismo ideológico, com parcela significativa dos eleitores anti-PT incapazes ou não desejosos de defender Bolsonaro a partir de algum mérito que houvesse em suas ideias desumanas, mas enlouquecidos de desejo, isso sim, de atacar Fernando Haddad, o candidato do PT, alvo das mais absurdas acusações. Esse é o contexto no qual a política exterior do Brasil está hoje sendo concebida.

Yo sé quién soy”, respondeu D.Quixote

A ironia disso tudo é flagrante: a direita brasileira sempre acusou o Partido dos Trabalhadores de ter politizado a burocracia federal e de conduzir os assuntos de política exterior por linhas ideológicas. Mas, agora, Araújo está desencaminhando o Brasil para bem longe de virtualmente todas as nações industrializadas do mundo, exceto os EUA, reclamando para si o trono da política mais sem paixões, pura razão, apesar dos riscos existenciais que ele mesmo invocou em seus pronunciamentos.

Em nome de um antiglobalismo turvo, um ministro de Relações Exteriores em ebulição, que quer ser visto como mão firme, critica todos, dos neoliberais em the Economist aos liberais do New York Times.

Enquanto isso, investidores internacionais que veem o Brasil basicamente como mercado a ser expandido e produtor de matérias-primas, esperam, contra todas as evidências, que o ministro das Finanças Paulo Guedes, aplicado economista neoliberal treinado na Universidade de Chicago, consiga fazer reformas que seduzam o business, apesar da sede de sangue do Bolsonaro autoritário e da cruzada civilizacional com que Araújo ameaça o universo.

Ao antever um papel reacionário global para o Brasil, Araújo está claramente empenhado numa aposta, à caça de pontos políticos em casa, conforme o mais escandaloso conservadorismo parece rugir de volta ao Brasil. As apostas são altas, dado que “a luta a favor ou contra a ordem global tornou-se luta pelo controle da ordem global” – como disse recentemente Quinn Slobodian.

Mas a onda reacionária transnacional com a qual Araújo comprometeu o Brasil pode já ter começado a esvaziar. E até agora Araújo ainda não mostrou o que fará para trazer o Brasil de volta a porto seguro, caso os ventos da diplomacia internacional comecem a mudar.

O que fará ele, por exemplo, se Trump não se reeleger 2020? As relações em que o Brasil aposta tudo hoje, podem facilmente, amanhã, fazer do país um pária. Além disso, Araújo pode até estar vendo uma luta civilizacional compartilhada que colocaria o Brasil ao lado dos Estados Unidos. Mas os presidentes americanos jamais trataram a maior nação da América Latina como parceiro igualitário. Trump se preocupa muito pouco com a América Latina. Apesar da dedicação do senador Marco Rubio à administração bolivariana, Araújo ilude-se se crê que os Estados Unidos deixarão de lado toda uma história de imperialismo, em nome da guerra aos valores progressistas.

Araújo usou a ocasião de sua posse no cargo de ministro para proclamar em alto e bom som um novo papel internacional para o Brasil (e para si mesmo). “Nós nos tornamos diplomatas que fazem coisas que só são importantes para outros diplomatas. Isso precisa acabar. Deixemos de olhar no espelho e passemos a olhar pela janela. Ou melhor ainda, vamos sair à rua para o Brasil verdadeiro.”[2]

A promessa de Araújo de abalar a cultura oficial do Brasil não é inerentemente questionável – o Itamaraty é tão elitista quanto qualquer outra instituição em sociedade tão desigual quanto a brasileira. Mas, ao apelar para um evidente “senso comum”, Araújo promete alinhar a política externa brasileira com as premissas reacionárias do presidente e de Olavo de Carvalho.

Para isso, o discurso de posse de Araújo ofereceu um caldo destilado de sua visão emocional da política externa: “Aqueles que dizem que não existem homens e mulheres são os mesmos que pregam que os países não têm direito a guardar suas fronteiras, são os mesmos que propalam que um feto humano é um amontoado de células descartável, são os mesmos que dizem que a espécie humana é uma doença e que deveria desaparecer para salvar o planeta”.

E continuou com talvez a mais sucinta articulação da onda reacionária que varre o globo: “Quando eu era criança, ouvia, e adolescente também, ouvia muita gente dizendo: “O mundo caminha inexoravelmente para o socialismo”. Mas não caminhou. Não caminhou porque alguém foi lá e não deixou. Hoje escutamos que a marcha do globalismo é irreversível. Mas não é irreversível. Nós vamos lutar para reverter o globalismo e empurrá-lo de volta ao seu ponto de partida.”
Os brasileiros há muito debatem o equilíbrio adequado entre a autoafirmação nacionalista no cenário mundial e a aquiescência aos ditames de potências estrangeiras. A ditadura que governou o país de 1964 a 1985, por exemplo, cedeu totalmente a Washington em seus primeiros anos, com o embaixador do Brasil nos EUA proclamando que “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Com o passar do tempo, setores mais nacionalistas das Forças Armadas prevaleceram e procuraram fazer com que o país estivesse à altura de seu potencial como potência hemisférica por direito próprio. Até agora, Araújo mistura a conversa obstinada da segunda corrente com a essência submissa da primeira.

É possível que no caos que provavelmente definirá a presidência de Bolsonaro, Araújo possa cair e arder. A importância ardente que se autoatribui, fala do objetivo de Bolsonaro de alterar drasticamente a orientação da política externa do Brasil – de fato, esses dois se baseiam num poço sem fundo de egoísmo e autorreferência, de quem crê que homens durões e assertivos poderiam facilmente resolver problemas intratáveis. Mas é difícil imaginar que Araújo obtenha apoio político independentemente de seu presidente ou de seu venerado guru intelectual. Golpe potencialmente fatal para Araújo, portanto, será se Carvalho ou suas ideias forem efetivamente desacreditadas nos próximos anos.

Os militares também podem pôr em risco o emprego de Araújo. Desentendimentos com as Forças Armadas ameaçam reduzir sua influência. Não há dúvida de que, no confronto direto entre Araújo, o guerreiro cultural que se lançou numa luta civilizacional, e os pragmáticos de sangue frio das Forças Armadas, Bolsonaro estaria do lado da caserna. Afinal, os militares agora ocupam número sem precedentes de cargos de alto escalão no governo do Brasil. Ainda assim, a visão grosseira e conspiratória da política externa trazida por Araújo já se tornou parte integrante da imagem internacional e doméstica do Brasil sob o comando de Bolsonaro. Esse é exatamente o rosto que o atual governo parece querer apresentar.

No discurso de posse no Ministério, Araújo recontou lição que aprendeu de Don Quixote, contada a ele por O. de Carvalho. “Certa vez eu ouvi o Professor Olavo referir-se a um trecho do Dom Quixote de Cervantes, que é talvez o ponto central dessa obra. É quando Dom Quixote está caído à beira do caminho, em algum lugar de La Mancha, em espécie de delírio, começa a conversar com os passantes como se fossem o marquês disso, o conde daquilo, ou algum herói de cavalaria, enquanto fala das suas próprias façanhas. Lá pelas tantas, ele se refere a um camponês que está passando como “Marquês de Mântua”. E o camponês para e olha para ele e diz: “Peraí. Eu sei quem é o senhor. Eu não sou marquês de Mântua, eu sou seu vizinho, Pedro Alfonso. E o senhor não é Dom Quixote, o senhor é um bom homem, que conheço há muitos anos, o senhor é Alonso Quijano.’[3] E Dom Quixote para um segundo, pensa, e responde: “Yo sé quién soy.”[4]
Para Araújo, a moral da história é clara: “Algumas pessoas dirão que o Brasil não é isso tudo que o presidente Bolsonaro acredita e que eu também acredito, dirão que o Brasil não tem capacidade de influir nos destinos do mundo, de defender os valores maiores da humanidade, que devemos apenas exportar produtos e atrair investimentos, pois afinal somos um bom país, quieto e pacífico, mas não temos poder para nada. Dirão que o Brasil é apenas Alonso Quijano. Mas o Brasil responderá: Eu sei quem eu sou. [pausa] Eu sei quem eu sou.” Se Araújo sabe quem é Don Quixote e como termina o conto do quixotismo é questão que permanece por responder.[5]*******

* Andre Pagliarini é professor-assistente visitante de História da América Latina na Brown University. Atualmente trabalha na preparação de um livro sobre o nacionalismo brasileiro no século 20.
[1] Todos os trechos desse discurso macabro, citados em inglês no artigo de Jacobin, aparecem aqui na forma em que aparecem na versão oficial do discurso, publicada pelo MRE, dia 2/1/2019 [NTs]
* Esse trecho entre &&&&&&& e &&&&&&& não foi traduzido na primeira versão. Erro nosso! [NTs]
[2] Todos os trechos desse discurso macabro aqui citados foram extraídos da versão publicada pelo MRE, dia 2/1/2019 [NTs]
[3] De fato, no livro, o narrador diz que o camponês está [farto de ouvir] tanta máquina de necedades [tal máquina de imbecilidades]. Está em Don Quijote, cap. V, I (esp.) (NTs).
[4] A fala completa e correta em português é “Quem eu sou, sei eu; e sei que posso ser não só os que já disse, senão todos os doze Pares de França, e até todos os nove da Fama, pois acima de todas as façanhas que eles por junto fizeram e cada um por si, ainda sempre pairarão as minhas!” É conversa de doido. Que nosso ministro usa para exemplificar seus ‘saberes’. Oa quais, diz ele, aprendeu-os de Olavo de Carvalho. É quase inacreditável. Mas, sim, lá está, no discurso de posse do ministro de Bolsonaro, na página do MRE do Brasil, em 2019. [NTs]
[5] O autor norte-americano especialista em nacionalismo brasileiro não comenta a expressão com a qual Araújo concluiu o discurso de posse: Anauê Jaci [na página do MRE está grafado Anuê]. É a saudação dos integralistas nazi-fascistas de Plínio Salgado. Talvez tenha entendido que só isso vale um livro inteiro, se renasce hoje no Brasil, diretamente de 1932 [NTs].