segunda-feira, março 30, 2009

Mais um mito tucano que se vai...

Estudo do Ipea desmente inchaço na máquina pública

Letícia Nobre - Correio Braziliense

Uma pesquisa sobre emprego público, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), chegou a uma conclusão surpreendente: a máquina pública brasileira não está inchada. Comparada à de países desenvolvidos e com os da América Latina, a proporção de servidores públicos na faixa da população economicamente ativa é uma das menores (10,7%), segundo dados computados em 2005.

Em países como Dinamarca e Suécia, mais de 30% dos ocupados estão trabalhando para o estado. Em outros que têm o setor privado como alicerce, caso dos Estados Unidos, o percentual é de 14,8%, também usando dados de 2005. O pesquisador Fernando Augusto de Mattos, observa que a adoção do Estado de Bem-Estar Social por vários países europeus no período pós-Segunda Guerra Mundial fez com que o setor público passasse a ter um peso significativo na promoção do emprego e da qualidade de vida da população. A necessidade de políticas sociais universalistas fez a participação dos empregos públicos crescer mais nos países desenvolvidos do que nos subdesenvolvidos.

Na América Latina, onde a realidade social se assemelha à nacional, o Brasil está em 8º lugar de acordo com dados de 2006 da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). Na Argentina, essa relação é de 16,2%; no Paraguai, 13,4%, e no Panamá, primeiro colocado da lista, 17,8%. O processo de democratização recente também pesa na estrutura, comenta o pesquisador. O levantamento leva em consideração todos os trabalhadores empregados pelo Estado em um sentido mais amplo, incluindo administração direta, indireta e estatais de todo tipo.

Diferenças

Os índices dos emergentes — países que também guardam alguma semelhança com o Brasil —, como Índia (68,1%) e África do Sul (34,3%), ficam muito acima do nível nacional. Há um grave problema de formalização de empregos nesses países, comenta Mattos. Na Índia, por exemplo, o alto percentual está relacionado com o elevado contingente de forças militares e de segurança interna. Além da informalidade, o país carrega um baixo grau de desenvolvimento industrial em contraste com a ocupação agrícola.

O economista do Dieese Tiago Oliveira explica que o estudo questiona o discurso de que o Brasil tem um estado inchado, que surgiu nos anos 90. “A idéia de um país pesado e ineficiente caiu sobre o serviço público e se perpetua até hoje.” Porém, observa Oliveira, “ao mesmo tempo em que as pessoas dizem isso, vão aos postos de saúde e esperam por horas, por falta de médicos ou veem os filhos voltarem mais cedo para casa por falta de professores”.

O pesquisador do Ipea Fernando Mattos afirma que o resultado da pesquisa mostra a necessidade de ampliação do acesso da população aos serviços públicos e, por consequência, da ampliação do quadro de pessoas que realizam esses serviços.

Qualificação

Apesar de os números desmistificarem o discurso da máquina inchada, nenhum dos especialistas descarta que há desequilíbrio entre áreas administrativas: algumas têm excessiva carência. Há um déficit grande nas áreas de saúde, educação, mas também nas de auditores fiscais e previdenciários ou mesmo na fiscalização das fronteiras”, alerta Tiago Oliveira. A qualidade, que não foi alvo da pesquisa do Ipea, é lembrada. “Não se pode esquecer que o bom serviço prestado à população depende da qualificação dos servidores”, pondera Mattos.

Servidor da Universidade de Brasília há 32 anos, Cosmo Balbino é contrário à ideia de inchaço do setor público. Para ele, o baixo índice brasileiro diante dos registrados em muitos países não é um indicador ruim. “O Estado sofre de uma carência de médicos e professores. Desde que haja qualificação profissional, não há necessidade de muitos empregados”, avalia. “Com a terceirização do serviço público, há perda de qualidade profissional porque não há critérios rígidos para contratação.”

Balbino entende que o processo de adequação tecnológica dos cargos públicos, incluindo a UnB, resultou numa menor carência de trabalhadores. “A tecnologia acabou com muitos empregos.” Dessa forma, ele sugere uma alternativa para solucionar a falta de vagas de trabalho. “Hoje em dia, há condições de se ter bons salários com poucas pessoas”, avalia.

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domingo, março 29, 2009

FILHA DE CUPIM...







Filha de FHC ganha R$ 7 mil em cargo sem concurso

Luciana Cardoso, filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tem cargo de confiança (sem concurso) no Senado desde 2003. Ela é secretaria parlamentar do 1º secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), e ganha R$ 7,6 mil.
Luciana foi secretária particular do pai nos dois mandatos, de 1995 a 2003. Ela não foi localizada pelo JT. Heráclito se recusou a comentar o assunto.

"POR ACASO, SOU FILHA DO MEU PAI"

Atualizado e Publicado em 27 de março de 2009 às 22:48

“O Senado é uma bagunça”

por
 Mônica Bérgamo
da Folha de S.Paulo


Funcionária do Senado para cuidar “dos arquivos” do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), Luciana Cardoso, filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, diz que prefere trabalhar em casa já que o Senado “é uma bagunça”. A coluna telefonou por três dias para o gabinete, mas não a encontrou. Na última tentativa, anteontem, a ligação foi transferida para a casa de Luciana, que ocupa o cargo de secretária parlamentar. Abaixo, um resumo da conversa:
FOLHA - Quais são suas atribuições no Senado?
LUCIANA CARDOSO - Eu cuido de umas coisas pessoais do senador. Coisas de campanha, organizar tudo para ele.

FOLHA - Em 2006, você estava organizando os arquivos dele.
LUCIANA - É, então, faz parte dessas coisas. Esse projeto não termina nunca. Enquanto uma pessoa dessa é política, é política. O arquivo é inacabável. É um serviço que eternamente continuará, a não ser que eu saia de lá.
FOLHA - Recebeu horas extras em janeiro, durante o recesso?
LUCIANA - Não sei te dizer se eu recebi em janeiro, se não recebi em janeiro. Normalmente, quando o gabinete recebe, eu recebo. Acho que o gabinete recebeu. Se o senador mandar, devolvo [o dinheiro]. Quem manda pra mim é o senador.

FOLHA - E qual é o seu salário?LUCIANA - Salário de secretária parlamentar, amor! Descobre aí. Sou uma pessoa como todo mundo. Por acaso, sou filha do meu pai, não é? Talvez só tenha o sobrenome errado.

FOLHA - Cumpre horário?
LUCIANA - Trabalho mais em casa, na casa do senador. Como faço coisas particulares e aquele Senado é uma bagunça e o gabinete é mínimo, eu vou lá de vez em quando. Você já entrou no gabinete do senador? Cabe não, meu filho! É um trem mínimo e a bagunça, eterna. Trabalham lá milhões de pessoas. Mas se o senador ligar agora e falar “vem aqui”, eu vou lá.
FOLHA - E o que ele te pediu nesta semana?
LUCIANA - “Cê” não acha que eu vou te contar o que eu tô fazendo pro senador! Pensa bem, que eu não nasci ontem! Preste bem atenção: se eu estou te dizendo que são coisas particulares, que eu nem faço lá porque não é pra ficar na boca de todo mundo, eu vou te contar?

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/por-acaso-sou-filha-do-meu-pai/

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Filha de FHC tem cargo, mas não vai ao Senado

publicada em sábado, 28/03/2009 às 02:22 e atualizado em sábado, 28/03/2009 às 12:16


A notícia está no Portal do "Estadão": o combativo senador Heráclito Fortes - do Democratas - não quer comentar o caso envolvendo a filha de FHC.

Luciana Cardoso ocupa um cargo no gabinete de Heráclito, mas não costuma aparecer no Congresso. Vejam só...

FHC é - de fato - mestre em esconder os filhos. Luiz Carlos Azenha publicou a reportagem da revista "Caros Amigos", contando a história do filho misterioso do ex-presidente. História que a chamada "grande mídia" sempre escondeu.http://www.viomundo.com.br/buraco-negro/o-filho-de-fhc-com-a-reporter-da-globo/

Mas, dessa vez , a verdade apareceu

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Por Rodrigo Vianna
Em 28/03/2009 - 00:52:56

FHC em “O Globo. FHC no “Roda-Viva”. FHC na “Globo News”. O ex-presidente voltou com tudo nas últimas semanas. Ele está em campanha aberta. E há, evidentemente, um esforço concentrado da “mídia amiga” para melhorar a imagem do ex-presidente. Em 2010, ninguém - no campo demo-tucano - vai conseguir fazer campanha sem mostrar (um pouquinho que seja) o sorriso pretensioso de FHC. Por isso, o jeito é "trabalhar" a imagem dele, tirando o rótulo de privatista e elitista - que grudou feito cola. A imprensa está aí pra ajudar.

Leia mais »

http://www.rodrigovianna.com.br/

 

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Cupim Henrique Cardoso
Em boca fechada não entra mosca. Muito menos cupim. Fernando Henrique Cardoso podia ter ficado quieto no seu canto, mas quis tirar uma lasquinha na campanha de denúncias contra o Senado, e quebrou a cara.
Você recorda que FHC, numa entrevista recente, cheio de moral, disse que Senado não representa mais nada e está sendo comido por cupins, que é como ele chamou os funcionários fantasmas.
A primeira parte da sentença é um exagero de viés autoritário. Mas que há cupins no Senado, ninguém pode negar.
O problema com o ex-presidente é que, abrindo a boca, fez com que um dos cupins mais roliços fosse identificado com nome e sobrenome: Luciana Cardoso.

          
Leia mais aqui: 

http://www.walter-rodrigues.jor.br/default.asp 

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quinta-feira, março 26, 2009

Como deixar a Rede Globo com raiva...




Pacote Habitacional está sendo anunciado
Stephen Kanit - 24 Março 2009

Um importante pacote habitacional será anunciado esta semana, que deverá gerar milhares de empregos. Só  que a boa notícia provavelmente deverá receber uma enxurrada de críticas, porque ela cria muitos inimigos e fere muitos interesses...

Será noticiado como sendo eleitoreiro, como mais uma benesse governamental, um pacote entregue para a Ministra Dilma se fortalecer.

Mas vamos aos verdadeiros fatos:

Uma ano atrás, um grupo de jovens administradores do setor de construção entregou um estudo para a Dilma, mostrando 30 entraves burocráticos, a maioria governamentais, que oneravam o custo da construção.

Como, por exemplo, os trâmites burocráticos entre a entrega do imóvel, o habite-se e o financiamento  permitindo o construtor receber seu pagamento.

"Para uma casa de 40 m2 que podemos construir em 30 dias, precisamos esperar entre 3 até 5 meses de burocracia até virmos a cor do dinheiro, obrigando-nos a ter um capital de giro 3 a 5 vezes maior do que o necessário".

Se a burocracia pudesse ser resolvida, construtores sem capital de giro usariam o próprio crédito de 30 dias fornecido por Gerdau (vigas) e Votorantim (cimento), por exemplo. Isso permitiria a milhares de engenheiros de produção e administradores sem capital a ingressarem no ramo. A velha guarda obviamente não vai gostar.

"Nós queremos ganhar no volume, não no lucro unitário". Com burocracia, o "business model" antigo era ganhar muito sobre poucas unidades vendidas. Agora, será o contrário. Por outro lado, a construtora que não for bem administrada, por administradores e engenheiros de produção, não conseguirá sobreviver com essas novas margens de lucro apertadas.

Quando a Ministra Dilma percebeu que nenhum dos 30 itens envolvia subsídios ou juros baixos, típicas demandas dos mais velhos da Fiesp, ela se encantou com o grupo e botou a máquina estatal a funcionar, bem no estilo dela, sem dó nem piedade.

Portanto, o plano não é exatamente eleitoreiro, porque veio do setor de construção, e existe um enorme déficit habitacional.  Nem é propriamente da Dilma, embora o mérito dela foi fazer a máquina funcionar. O que não é pouco.


Não há subsídio para o setor de construção; haverá redução de impostos, talvez algum subsidio nos seguros e nos juros. O que há é aumento de produtividade, redução dos absurdos custos, todos vencendo "na entrega das chaves", como emolumentos, taxa de financiamento e custos cartoriais.

Um dos entraves foi o enorme custo de seguro de vida, que chegava a 25% da prestação. Foi resolvido.

Vai provocar inveja e críticas por parte dos cartórios, das cias de seguro e dos despachantes, que saem prejudicados.

Este deve ser um dos primeiros planos ADMINISTRATIVOS, bolado por administradores, com preocupação em corte de custos e eficiência. Pela primeira vez no Brasil, vamos gerar emprego sem "incentivos fiscais", somente com mais eficiência de todas as partes e menos impostos.

Coloca os empresários da FIESP na berlinda e coloca esta nova geração de administradores em evidência. Parabéns, pessoal! Este é o preço da inovação e da quebra de paradigmas. Mas mostra o que esta nova geração de administradores tem a oferecer.

Dinheiro o governo tem. Lembre-se do ganho de 172 bilhões do Banco Central, que já foi repassado para o Tesouro Nacional.

"O que conquistou a DILMA é que não incluímos um pedido de subsídio ou favor nestes 30 itens, e quando ela percebeu isso, viramos parceiros confiáveis, e vamos sim revolucionar o Brasil. É o que ela sempre quis." 
 

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quarta-feira, março 25, 2009

O PAC E A OPOSIÇÃO


















"Quando era para preparar o prato na cozinha eu servia, agora não querem mais deixar eu sentar à mesa? É preconceito".

 

Dilma sobre a pretensão do PSDB/PFL de impedir a ministra de participar das inaugurações das obras do PAC.

Mas não eram os tucanos que falavam que o PAC não existia???

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terça-feira, março 24, 2009

Grande mídia no esquema tucano


CASO DANIEL DANTAS


O silêncio dos jornais

 

Por Luciano Martins Costa em 24/3/2009

Comentário para o programa radiofônico do OI, 24/3/2009

 

A Folha de S.Paulo e o Globo ignoraram a notícia, mas o Estado de S.Paulo publica na edição de terça-feira (24/3), com destaque, que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região impôs ontem uma importante derrota à estratégia de defesa do banqueiro Daniel Dantas.

 

O controlador do banco Opportunity queria trancar a ação penal nascida da acusação de corrupção ativa, por tentativa de subornar um delegado federal para ser excluído da chamada Operação Satiagraha.

 

A decisão é fundamental para o prosseguimento das ações judiciais contra Dantas. Por essa razão, os leitores da Folha e do Globo ficarão menos informados sobre o assunto do que os leitores do Estadão.

 

A defesa de Daniel Dantas queria que a Justiça Federal considerasse irregular a parceria feita entre a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência – Abin – durante as investigações. Se a Justiça acatasse essa tese, o processo poderia ser abortado, mas os magistrados votaram por unanimidade considerando que a ação conjunta entre a Abin e a Polícia Federal não tem nada de errado.

 

Muito barulho

 

Fica, portanto, sobre a mesa, uma questão incômoda para ser respondida pela imprensa. A quem mais, a não ser ao próprio Daniel Dantas, interessaria toda a campanha feita principalmente pelos jornais O Globo e Folha de S.Paulo e pela revista Veja, no sentido de criminalizar as ações da Polícia Federal junto com a Abin?

 

Fica evidente, até mesmo para o leitor mais distraído com a paisagem, que parte da imprensa brasileira tem dedicado os últimos meses mais energia e espaço à tentativa de desqualificar os investigadores do que a investigar o acusado.

 

Foi tão desproporcional a concessão de espaço para supostas revelações sobre desmandos atribuídos ao delegado Protógenes Queiroz e ao juiz responsável pelo caso Satiagraha, Fausto de Sanctis, que algum leitor poderia supor que o delegado e o juiz é que eram os principais acusados.

 

O fato de parte da imprensa omitir na terça-feira (24) de seus leitores que a Justiça Federal considera normal a parceria entre a Polícia Federal e a Abin chega a soprar na brasa da teoria conspiratória segundo a qual o banqueiro contaria com a solidariedade de algumas redações.

 

Será que foi apenas um "furo" do Estadão? Os outros jornais não têm acesso à agenda da Justiça Federal?

 

Depois de todo barulho a respeito das ações conjuntas entre as duas instituições, o silêncio da Folha e do Globo chega a ensurdecer.

 

A disputa pelos leitores

 

O caso Satiagraha deflagrou uma guerra nos bastidores da imprensa, que só pode ser acompanhada pela internet.

 

Desde o já clássico confronto entre a revista Veja e o jornalista Luis Nassif, até os vazamentos e contra-vazamentos de supostas revelações da Polícia Federal, o escândalo envolvendo o banqueiro Daniel Dantas dá uma idéia de outra disputa que marca este começo de século: a disputa entre a imprensa tradicional, de papel, e a nova imprensa, que trafega pelos meios eletrônicos, pela atenção e o tempo dos leitores.

 

A internet está completando sua segunda década. A configuração gráfica da comunicação entre computadores, inaugurada com o navegador Mosaic, em 1994, cresceu, se espalhou pelo mundo e se miniaturizou, conquistando espaço também nas telinhas dos telefones celulares. O jornalismo infiltrou-se pelos novos meios, e agora o leitor, antigo receptáculo passivo de informações, é também agente e observador da imprensa.


http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=530IMQ007#

 

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TRAMBIQUE TÓXICO

Interessante os nomes que esses caras inventam pra essas coisas.
Ativos Tóxicos é ótimo, Obama vai limpar a merda que os caras fizeram.
O governo americano vai virar receptador de furto com o dinheiro dos americanos.
E hoje a Miriam Leitão vai explicar como a coisa toda é complexa e genial.
Os masters of the universe salvaram o mundo de novo... 
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EUA lançam plano para ativos tóxicos de até US$ 1 tri
 
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira os detalhes de um plano de compra de ativos tóxicos de bancos que pode movimentar até US$ 1 trilhão.

O projeto, batizado de "Programa de Parceria de Investimento Público-Privado", visa estimular investidores a adquirir os ativos, retirando-os do balanço dos bancos.

Os ativos tóxicos têm sido onerosos às instituições financeiras americanas e vêm impedindo-as de promoverem empréstimos a clientes.

O plano vai oferecer subsídios na forma de empréstimos a juros baixos para investidores privados para incentivá-los a comprar hipotecas de mutuários em vias de inadimplência.

O Departamento do Tesouro americano irá investir no programa uma quantia inicial de entre US$ 75 bilhões e US$ 100 bilhões - cifra já aprovada pelo Congresso - e anunciou que o setor privado também fará investimentos.

De acordo com o Tesouro, esse investimento inicial irá fornecer o "poder de compra" de até US$ 500 bilhões em ativos tóxicos, com potencial para chegar a US$ 1 trilhão. 

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Competência tucana


Por motivação eleitoreira Serra pode deixar São Paulo fora do programa federal da Casa própria

 

O programa de habitação a ser lançado pelo governo federal para construir em dois anos 1 milhão de casas e apartamentos a baixo custo poderá ser boicoteado pelo governo de São Paulo, por motivos exclusivamente eleitoreiros. É o que aparece em matéria do jornal VALOR de hoje.

Uma das chaves do programa é a desoneração, assim como o financiamento a juros baixos. O governo federal, por exemplo, reduzirá os tributos federais (agrupados na sigla RET) de 7% para 0,5 ou 1%. A mesma política de desoneração visa a reduzir o custo do financiamento e do seguro praticado pelos bancos federais.

Os tributos estaduais e municipais também pesam negativamente no programa, que constitui um poderoso instrumento de incentivo ao setor da construção, empregador de mão de obra numerosa. A maioria absoluta dos governadores concordaria, segundo o jornal VALOR,  em reduzir o ICMS para habitação, mas não o governador José Serra que procura argumentos para não aderir ao programa, sem sofrer desgaste político com a sua mesquinha decisão.

Segundo o jornal VALOR:

“Em um país com um déficit de 8 milhões de residências, oferecer casas a preços módicos à população de baixa renda é certeza de retorno eleitoral. Poucos bens no país são tão cobiçados quanto a casa própria, principalmente junto às populações periféricas das grandes metrópoles, foco principal do programa. “Cerca de um terço da população brasileira tem como principal aspiração a casa própria”, afirma o cientista político e consultor de campanhas tucanas, Antônio Prado. “Não importa se o governo diz que vai construir um milhão e só entrega 500 mil, o capital político de um programa como esse é enorme”, diz.

O alívio tributário por parte dos Estados - e também dos municípios - é ponto fundamental para que o governo consiga conceder subsídios relevantes, principalmente para a parcela da população que ganha de zero a três salários mínimos, o principal alvo do programa habitacional. A estimativa das empresas do setor é de que os tributos estaduais e municipais representem cerca de 8% do custo total de uma casa popular.”

O governador Serra, segundo o VALOR, não está disposto a abrir mão do ICMS estadual para evitar que o governo federal tenha exito em levar a frente o programa habitacional.

Quem pagará as consequências se persistir está atitude negativa do governador? A população de São Paulo.

O artigo do jornal VALOR informa que Serra vai utilizar diversos tipos de argumentos para tentar evitar o desgaste de não apoiar o programa federal de habitação. Ele evitará afirmar sua oposição frontalmente, mas não deixará que o mesmo possa contribuir para reduzir o déficit habitacional em São Paulo pois na cabeça dele, o crédito ficaria com o governo Lula.

Segundo o jornal VALOR:

“O governador de São Paulo, José Serra (PSDB) está decidido a não fazer nenhuma redução no ICMS de produtos ligados à construção, como espera Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil e coordenadora do programa federal de habitação popular que deve ser lançado esta semana. Serra tem evitado afirmar publicamente que é contra as concessões tributárias previstas no projeto, mas já deixou claro aos seus secretários ligados às áreas econômica e habitacional que não cederá aos pedidos do Planalto. O governador paulista deve ser um dos poucos a não apoiar financeiramente o alardeado plano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de construir um milhão de casas até 2010 e, por isso, quer evitar ao máximo que sua decisão ganhe conotação política em um momento de pré-campanha.”

Para esconder sua mesquinha motivação política, o governador Serra vai investir com tudo em publicidade de programas habitacionais estaduais, tentando passar a ideia que o Estado está fazendo sua parte. Mas como diz o lide do artigo do VALOR: “Governador está decidido a não fazer as concessões tributárias que o programa federal de habitação exige”.

Segundo o jornal, a não adesão ao programa federal de 1 milhão de casas por parte do Estado de São Paulo, ira encarecer os custos do programa federal “exigindo desembolsos maiores da União ou do mutuário”.

E depois disto, o Serra fará de novo aquela campanha, “Serra é do bem”?

Luis Favre

http://blogdofavre.ig.com.br/2009/03/por-motivacao-eleitoreira-serra-pode-deixar-sao-paulo-fora-do-programa-federal-de-casa-propria/

segunda-feira, março 23, 2009

Alguns órgãos de comunicação pretendem ser o comitê central da oposição

Entrevista | Marco Aurélio Garcia
 
 
Ao contrário do que sugere a imagem de carrancudo e briguento, Marco Aurélio Garcia é um sujeito ironicamente simpático. Instalado no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos metros do gabinete do presidente Lula, o assessor especial da Presidência da República tem colecionado críticas e desafetos por suas ideias e práticas ligadas à política externa brasileira. Em seis anos de governo, acostumou-se a reagir com vigor de acadêmico e audácia de político sem papas na língua, daí a fama, resultante de um meio termo entre a inabilidade política e o inconformismo com o que chama de homogeneidade da imprensa – "alguns órgãos pretendem ser o comitê central da oposição", diz ele. Nesta entrevista, concedida na quinta-feira, numa sala espantosamente sem livros (ele, como o presidente, está de mudança devido à reforma do Palácio do Planalto), põe o dedo em riste em direção à imprensa, à oposição e aos críticos. Empolga-se nos elogios a Lula ("irrepetível", derrama-se) e à ministra-candidata Dilma Rousseff. Diz: "Não esperem um Lula de saias. São estilos bem diferentes. Ela fará um governo melhor".
 
Muitos avaliaram positivamente o encontro do presidente Lula com Barack Obama. Alguns citaram o papel do brasileiro como fiador da aproximação dos EUA com a América Latina. Mas houve quem dissesse que os resultados não foram práticos. Entre as duas análises, onde o senhor fica?
 
O presidente Lula não esteve lá como representante da América Latina. O Brasil não tem esse mandato e, caso ele se apresentasse dessa forma, estaria usurpando um direito internacional. Evidentemente Lula tem o sentimento muito forte da realidade latino-americana. Agora mesmo, com a perspectiva da reunião do G-20, tem consultado muitos presidentes. Mas seria impertinente e arrogante, da parte do Brasil, arvorar-se de uma condição de líder da região. Não é essa a preocupação. É evidente que a reunião com Obama tratou de temas latino-americanos. Eu diria que se centrou em três grandes assuntos. Um deles, a crise, foi o tema dominante no Salão Oval. Depois, no tête-à-tête que os dois tiveram, Lula falou um pouco sobre a situação brasileira, Obama falou sobre a situação americana e ambos examinaram questões mais gerais que afetam o mundo inteiro. Houve, também, uma discussão sobre temas latino-americanos.
 
E sobre a América Latina, o que o presidente falou especificamente para Obama?
 
O fundamental colocado pelo presidente Lula é que houve um grande progresso na América Latina. Um progresso de natureza democrática. Uma preocupação grande de enfrentar de forma positiva as questões econômicas e sociais. Foi explicado o crescimento que a região tem tido nos últimos anos e que os EUA deveriam procurar relacionar-se com essa América Latina de uma forma distinta de outros momentos históricos. Usou explicitamente estas palavras: "não-ingerência" e "cooperação". Nesse cenário mais amplo foi que apareceu o problema de Cuba. Temos dito que Cuba é vista pelos países da região de forma diferenciada. Os EUA têm interesses econômicos em Cuba. E Cuba, vendo-se livre do bloqueio, poderá explorar uma série de potencialidades que têm mas que hoje são de difícil materialização.
 
A mudança com Cuba seria a principal alteração de rota dos EUA com um governo Obama frente à América Latina?
 
Não. Em primeiro lugar vêm os grandes temas econômicos. O mundo está fortemente pendente das mudanças que vão ser feitas na área econômica. Isso aí é indiscutível, porque da reanimação da economia norte-americana dependerá muito a reanimação de várias economias do continente. No caso brasileiro, claro, gostaríamos que os EUA estivessem melhor para suportar mais, ter mais fluxo de investimentos, ter mais crédito no mercado. Já estão começando a melhorar um pouquinho. Acho que os EUA têm complexas equações econômicas para resolver.
 
Uma dessas equações complexas é o comércio. Há uma grande expectativa de passarmos a um ambiente menos protecionista e de maior cooperação. O governo tem que expectativa em relação a isso?
 
O governo brasileiro investiu fortemente, até o ano passado, na conclusão da Rodada de Doha (de liberalização do comércio). Estivemos próximos, mas havia alguns empecilhos. Aí a coisa foi para trás. Há opiniões de que a Rodada não resolve os problemas, que hoje é muito difícil de se completar, porque as situações recessivas são situações que suscitam o protecionismo. Os EUA têm medidas protecionistas em matéria de subsídios de agricultura, barreiras ao etanol, coisas desse tipo. São discussões que terão de ser feitas no decorrer do tempo.
 
E quais são as outras questões importantes a que o senhor se referiu?
 
Há outras questões internacionais cruciais para os EUA: o Oriente Médio, aí incluindo Iraque, Palestina e Irã. Há também o Afeganistão, o problema das relações com a Rússia, com a China, com a Europa. Enfim, não é à toa que eles têm 15 mil diplomatas – nós temos aqui menos de 1.500 (risos).
 
Os norte-americanos veem na região dois tipos de governos de esquerda. Um lado mais radical, envolvendo Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa. Outro mais moderado, com o presidente Lula à frente. E Lula seria um mediador da aproximação entre EUA e essa esquerda radical. Haverá uma distensão maior nesse relacionamento?
 
Há tantas esquerdas quantas unidades nacionais existirem. Isso é muito fácil de mostrar, é só não ter preguiça e analisar as situações históricas. Por que o fenômeno Chávez ocorre? Ocorre depois de uma crise de 20 anos no sistema político e econômico venezuelano. É interessante observar que, já nos anos 50 e 60, Celso Furtado criticava o modelo econômico venezuelano. Esse modelo foi o suporte material em torno do qual se assentou aquele sistema bipartidário e que levou a uma desagregação nos anos 90, cujo resultado final foi a eleição de Chávez. A Bolívia é outro caso. As pessoas falam da instabilidade boliviana. Nos quatro primeiros anos do governo Lula, estive 12 ou 13 vezes na Bolívia e encontrei quatro presidentes diferentes. Isso é que é instabilidade. O Equador teve oito presidentes em 10 anos. São situações completamente diferentes. No Uruguai há uma experiência mais próxima da brasileira. A Frente Ampla tem algo a ver com o PT porque lá, pelo menos, eles se institucionalizaram. E a nossa experiência é também original porque é tardia. Tínhamos uma esquerda muito frágil até os anos 80. Num determinado momento tivemos o Partido Comunista, que depois se descompôs. Tivemos os grupos armados, que foram massacrados e deixaram muita coisa além de uma herança moral e política. O PT é um fenômeno tardio. É bobagem querermos estabelecer parâmetros.
 
Mas as comparações são inevitáveis. Há diferenças na ação de governo e nos discursos.
 
A radicalidade maior ou menor está ligada a circunstâncias históricas. Às vezes são situações mais radicais, não é o discurso que é radical. Talvez, com outro tipo de discurso, aquele projeto não pudesse prosperar. Qual foi a sabedoria do presidente Lula? Sem ser um grande teórico, entendeu diferenças e procurou estabelecer com os países boa relação. E disse: "Olha, por cima das nossas diferenças, que talvez sejam grandes, existe um objetivo a ser atingido, que é o objetivo da integração".
 
E no Brasil, há politização na análise da política externa brasileira? Há uma ideologização?
 
Claro. Credita-se um componente ideológico como se as opiniões sobre esse componente ideológico não fossem elas também profundamente ideológicas. O fato de eu ser ligado a um partido político não me libera para procurar impor uma ideologia particular à minha conduta no aparelho do Estado. Não é o fato de o ministro Celso Lafer (ministro das Relações Exterior de FHC) ser filiado ao PSDB que vai me obrigar a dizer que o Brasil teve uma diplomacia tucana no governo anterior. O que estamos procurando é defender o interesse nacional e determinados princípios gerais da política. Um dos princípios que introduzimos com muita força foi perseguir com grande insistência a integração da região. Nós achamos que o destino do Brasil está muito vinculado ao destino da região. Temos um problema complicado, que é uma região ainda pobre e muito desigual. Esses problemas têm de ser enfrentados.
 
O senhor acha que há uma má vontade da imprensa em relação à política externa, ao senhor e ao governo?
 
Não gosto muito de falar sobre a imprensa. Embora eu tenha opiniões bem formadas. A imprensa pode falar mal de você, mas você não pode falar mal da imprensa. A imprensa não quer ser somente um quarto poder, ela quer ser o primeiro. Há duas coisas aí. Ouço rádio, leio oito jornais por dia e vejo bastante televisão. Tem muita gente que desinforma. A pessoa pode desinformar por duas razões. Ou ela não está informada, então é de certa maneira inocente. Ou pode querer desinformar porque está informada, mas não quer informar bem. Acho que existem os dois casos. Existe outra parte da imprensa que hoje se arvora uma função político-partidária. Isso não é um fenômeno novo. Esse fenômeno já foi detectado, em 1851, na França, por um analista ilustre da vida francesa naquela época, que atribuía a determinados órgãos de imprensa, um deles em particular, uma função partidária (risos).
 
Victor Hugo dizia que os jornalistas eram os espadachins da reputação alheia.
 
– Pois é. Mas aqui, mais do que isso, alguns órgãos de comunicação pretendem ser o comitê central da oposição. E, como todo bom comitê central, no velho estilo comunista, tem que ter também um departamento de imprensa e propaganda.
 
Domingo, 22 de Março de 2009

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sábado, março 21, 2009

ENTREVISTA JOSÉ DIRCEU ( Bahia Notícias )

ENTREVISTA DA SEMANA

JOSÉ DIRCEU

Ex-deputado federal por São Paulo e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu esteve ontem (dia 19) em Salvador para um encontro com o presidente da Assembléia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo (PSDB), militantes do PT e com o governador Jaques Wagner (PT). Veio rever os amigos e fazer política. Encontrou um tempo na agenda para receber o Bahia Notícias e conceder esta entrevista exclusiva no hotel em que ficou hospedado, quando falou da luta para provar sua inocência no Supremo Tribunal Federal (STF), onde é acusado de liderar um esquema de corrupção que ficou conhecido como mensalão, e da sucessão em 2010. Inelegível até 2015, já que foi cassado pela Câmara em dezembro de 2005 por quebra de decoro, Dirceu, que lutou contra a ditadura e é um dos fundadores do PT, prepara o seu retorno completo à vida política.

Fotos: Max Haack

"Houve em 2006 uma pressão grande para que eu iniciasse um movimento pela anistia. Mas tomei a decisão de só voltar a pleitear a anistia depois que o Supremo me julgasse"

Bahia Notícias- Qual o objetivo de mais uma visita a Salvador?
José Dirceu –
Rever os amigos (risos).

BN – E fazer política?
JC –
Olha, todos os anos eu faço isso. Só que agora tem uma repercussão maior porque estão querendo antecipar a sucessão de 2010. Estive aqui em Salvador em 2007 e em 2008 para fazer palestras, participar de debates, visitar os amigos, como o governador e o prefeito, com quem estive várias vezes, assim como rever meu amigo Josias Gomes (ex-deputado federal do PT e atual superintendente da Assembleia Legislativa da Bahia). Desta vez vim almoçar com o presidente da Assembleia, Marcelo Nilo (PSDB). É verdade que faço contatos políticos, mas não em nome da direção do PT. Continuo querendo ajudar o presidente Lula e o PT e procurando me defender das acusações que pesam contra mim, expor minhas razões e meu clamor para que o Supremo Tribunal Federal (STF) me julgue o mais rápido possível. Já fui absolvido em primeira instância, em CPI, em outros inquéritos. Estou pendente desse julgamento do Supremo para pedir a minha anistia à Câmara. Assim vou poder voltar plenamente à vida política do país. Hoje eu tenho direitos políticos, posso votar, participar de cargo público. Estou apenas inelegível.

BN – Essas viagens pelo país já são uma preparação para retornar à vida pública como eleito?
JD -
É, sempre é. Eu nunca deixei a atividade política. Eu simplesmente não fui mais membro da direção do PT, até porque já fui sete anos presidente do partido, cinco anos secretario geral, fui 20 anos da direção. Acho que já dei minha contribuição. E o momento é de renovar, de uma nova geração assumir a direção do PT, como vem acontecendo em vários estados. E também, evidentemente, percorro o país para participar do debate político, como faço também no meu blog diariamente, e ajudar a militância política do PT na disputa, enfrentando a oposição, pois isso faz parte da democracia.

BN – Pensa em voltar para a Câmara Federal se conseguir a anistia?
JD -
Não tenho hoje uma decisão do que faria no caso da absolvição pelo Supremo, que tenho certeza que conquistarei, e da anistia, que depende da Câmara e do Senado. Claro que espero também conquistá-la.

BN – O senhor chegou a iniciar um movimento de coletar assinaturas pelo país para lutar pela anistia no Congresso.
JD -
Houve em 2006 uma pressão grande para que eu iniciasse um movimento pela anistia. Mas tomei a decisão de só voltar a pleitear a anistia e a direção do PT, se fosse o caso, depois que o Supremo me julgasse. A não ser que o julgamento fique, como às vezes dão a entender, para 2015 ou 2017. Como tudo indica que o julgamento será concluído entre 2010 e 2011, vou aguardar. Eu não faço nada para obstruir o Supremo. Pelo contrário. Eu nem pedi o foro privilegiado. Eu já fui julgado na primeira instância em dois processos e já estaria julgado também no processo do Supremo. O Supremo que decidiu estender o foro a quem não tinha, e não entendi essa decisão.

BN – Mas o senhor indiciou testemunhas fora do país, o que pode atrasar o julgamento.
JD -
É, eu indiquei duas (testemunhas) fora do país, o que foi apresentado muitas vezes como obstrução, o que é um absurdo. Pois se apresentaram eles como prova contra mim tenho de chamá-los para testemunhar.

BN – Quem são as duas testemunhas?
JD –
Miguel Horta, que é um importante empresário português (da Portugal Telecom), e o ex-ministro de Obras de Portugal, Antonio Mexia.

BN – No Brasil, quem são os políticos arrolados como testemunha do senhor?
JD –
Ah, não lembro. Tem vários porque foram citados também. Quando você indica uma testemunha, está indicando para fazer contraprova. Você indica porque ou o Ministério Público ou em algum depoimento alguém atribuiu a você uma conduta ilícita apoiando-se num terceiro. Ora, tenho de chamar essa terceira prova. Se o terceiro diz que não é fato, que não é verdade, a acusação perde, pois só tem prova testemunhal, não tem material. O problema é que fizeram falsas acusações, e tenho de me defender. Aliás, não existe nenhum problema das duas testemunhas de fora do prestarem depoimento, porque Portugal está aqui do lado. Se não me engano, deve ter uns seis vôos da TAP por dia de Portugal. E eu é que arco com a passagem. Além disso, não é preciso fazer tradução dos documentos, a não ser que a língua em Portugal mudou, porque vieram com essa conversa de que iam gastar R$ 19 milhões por causa das traduções.

BN – Quais os argumentos da defesa do senhor?
JD -
Eu não tive participação nem direta ou indireta, muito menos fui mentor intelectual ou chefe de nada que aconteceu. E isso está comprovando. Quando o Supremo aceitou a denúncia, deixou claro que isso não era culpabilidade e que o Ministério Público ia ter que provar. Estou fazendo essa luta para provar minha inocência, mas quem tem que provar que sou culpado é o Ministério Público, que fez a denúncia ao Supremo. E muitos dos que me acusaram já se retrataram em juízo. Veja o caso Celso Daniel (ex-prefeito petistas de Santo André assassinado em janeiro de 2002), que paguei mico durante dois anos com a imprensa dando manchete de primeira pagina. Quando processei o irmão de Celso Daniel (João Francisco Daniel, que acusou Dirceu de receber recursos recolhidos em Santo André para o PT através de um esquema de propinas cobradas de empresas de ônibus), ele se retratou em juízo e isso nunca saiu na imprensa com o mesmo destaque. No caso dos dois processos em Brasília, um por improbidade administrativa e outro por enriquecimento ilícito, eles foram arquivados. O outro que acusava meu filho de práticas ilegais era tão absurdo que não só foi arquivado como o foi com uma critica do juiz à acusação do Ministério Público Federal. Tomei aquele momento de tantas denúncias infundadas contra mim como um momento de luta política. 

BN – O senhor acha que foi perseguido, como aconteceu na época da ditadura militar?
JD –
Nesse caso não se trata de perseguição, mas de luta política. Queriam me tirar do governo.

BN – O Ministério Público também?
JD –
Não, o Ministério Público faz o papel dele. Eu digo o seguinte. A campanha toda, a existência de um mensalão, a acusação de Roberto Jefferson (ex-deputado e presidente do PTB, que acusou Dirceu de ser chefe do mensalão e também acabou cassado) e o uso que foi feito disso foi para desestabilizar o governo, para derrotar o presidente Lula ou para fazer o impeachment dele. Não conseguiram derrotar o presidente, que foi reeleito, e nem tentaram fazer o impeachment. No caso do PT, que tentaram atingir também, o PT foi o partido mais votado em 2006 e será em 2010 de novo, porque nós temos uma história. No meu caso, tenho uma história de 40 anos de vida política.

BN - Mas o governo não tinha maioria? Parte do governo também queria derrubar o governo?
JD –
O governo tinha e tem maioria mas não para matérias dessa natureza, de cunho político, programático e ideológico. O governo tem maioria para votar o programa mínimo para o país. Mas quando se trata de questões como essa, da luta contra o PT, o governo só teve maioria para impedir qualquer movimento direto contra o presidente. Além disso, houve a crença equivocada que me cassando o movimento contra o governo e contra o PT iria cessar. Também houve a divisão interna do PT. Um setor minoritário do PT se aproveitou das denúncias contra o PT para tentar fazer disputa política e tentar tomar de assalto a direção do partido, coisa que não aconteceu. Infelizmente, tragicamente, uma vilania que vai ficar registrada na história do PT e da esquerda brasileira, quando setores minoritários do PT se aproveitarem dessa crise para tentar nos expulsar do PT, não nos defenderam, não defenderam o partido ou o governo. Aliás, foi aqui em Salvador que o presidente falou isso no aniversário do PT, há dois anos. Ele disse que naquele momento, muitos no PT e no governo não defenderam o governo. Disse isso na minha frente e fiquei surpreso.

BN – Então a crise que levou à cassação do senhor em 2005 não passou de uma articulação macabra para atingir a cúpula majoritária do PT e o governo? Foi uma crise política inventada?
JD -
  Não, não digo isso. Houve erros políticos, e estamos pagando por eles. Vamos responder por eles na Justiça, que é questão do caixa dois no Brasil, mas não mensalão. Não houve mensalão.

BN – O senhor se arrepende de não ter renunciado para preservar a totalidade dos direitos políticos?
JD –
Não, de jeito nenhum. Tinha que me defender, que defender o presidente, o governo e o PT. Cumpri meu papel. Se eu renunciasse, não teria a autoridade política que tenho hoje. Estou acostumado com lutas desde a época da ditadura militar.

BN – Está calejado?
JD –
Não tanto, a idade pesa, mas... (risos)

BN – Por falar em idade, no último dia 17 o senhor completou 63 anos com uma festa em Brasília na qual compareceram figuras importantes do governo Lula, como a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e o vice-presidente José Alencar. Isso mostra que o senhor ainda tem prestígio no governo?
JD –
Mostra que essas pessoas são meus amigos, meus companheiros, que tem afeto por mim, amizade por mim e não necessariamente concordam comigo, com as minhas propostas, minhas posições, mas sabem que sou honesto, reconhecem meu papel na vida política brasileira, na construção do PT, na eleição do presidente, e querem que eu seja absolvido pelo Supremo e volte plenamente para a atividade política.

BN – São amigos que ouvem seus conselhos?
JD –
Não sou procurado para dar conselhos com freqüência por eles. Veja bem. Muitos me perguntam se eu vejo o presidente regularmente. Isso não acontece porque não sou mais ministro, deputado ou presidente do PT. Sou amigo do presidente e militante do PT. Lógico que sou um militante do PT que tem liderança. Não é porque tem oposição a mim no país que não tenho apoio no país. Eu teria sido eleito deputado e talvez o mais votado do PT em São Paulo, em 2006. Mas não participo mais do centro de decisão nem do PT nem do governo. Minha influência política se dá é viajando país, através do meu blog, debatendo, discutindo o país. Quando sou convidado pelo PT ou pelo governo de reuniões eu participo, se pedem minha opinião eu dou, mas no governo isso não acontece.

BN – O senhor participa das reuniões da direção do PT?
JD –
Não. Participo mais hoje das reuniões da minha corrente, a “Construindo um novo Brasil”. Não voltei mais para as reuniões da direção do PT porque não sou membro do diretório nacional. Visito estados, participo de debates com militantes, sou bem recebido pelo PT, como aconteceu agora numa visita que fiz ao Rio Grande do Sul. Mas são reuniões informais. No fundo são gestos de solidariedade, e não porque exerço influência.

BN – O PT tem sido bem comandado, em sua avaliação?
JD –
Está sendo bem dirigido. O PT viveu um momento muito difícil, uma campanha insana para destrocá-lo durante três anos. E Berzoini (Ricardo Berzoini, presidente nacional do PT) foi eleito no auge da crise com uma expressiva votação, que foi uma resposta da militância. Depois, ele foi reeleito em 2007 e faz bem seu papel, tanto que o partido ajudou a reeleger o presidente e teve um excelente resultado eleitoral em 2006 e 2008. Lógico que agora teremos eleição de direção no final do ano. Em novembro, vamos renovar a direção do PT por um processo direto. E vai ser um processo importante, porque vamos eleger a direção que vai fazer a campanha de 2010.

BN – O que o senhor acha da volta de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT expulso do partido na época do escândalo do mensalão, ao partido?
JD -
Eu votei contra a expulsão dele, porque foi um julgamento antecipado que fizeram dele. No mínimo, o PT deveria ter esperado a decisão da Justiça. Ele tem direito de pleitear essa volta pela história dele no PT, no movimento sindical, na vida política do país e jamais fez qualquer coisa em benefício próprio. Ele pretende ser candidato a deputado federal por Goiás, estado dele, aonde tem atuado politicamente.

BN – Quando o senhor estava no governo, era considerado um ministro linha dura. Se estivesse hoje ainda como ministro da Casa Civil, as negociações com o PMDB, que todo dia cobra mais espaço no governo e conquistou o comando das duas Casas do Congresso Nacional, seriam mais duras?
JD –
Sou um precursor da defesa da integração do PMDB como um todo no governo. Aliás, o governador Jaques Wagner é um dos responsáveis por esse fato, quando, de 2006 para 2007, o PMDB veio para o governo como um todo.

BN – Todo não, já que existe uma parte do partido que se coloca como oposição a Lula, inclusive em São Paulo.
JD –
Isso é natural. Às vezes o PT participa de um governo e uma parte do PT faz oposição, como já aconteceu aqui na Bahia. Veja bem. Hoje mesmo escrevi no meu blog isso. É importante que o PMDB deixe de ter uma relação com o governo na base de nomeações, de ocupação de cargos, de disputa por espaço no governo, que todos os partidos no mundo ocupam, e de defender reivindicações de recursos para seus governadores - qualquer outra ação já pertence a outro campo, pois estou falando do campo político - e passe a ter presença política no governo, na formulação da política do governo. Como agora acabou de reivindicar...

BN – E toda semana reivindica alguma coisa...
JD –
Faz parte. O PT também reivindica. Quando o PSDB e o PFL estavam no governo, o PMDB também reivindicava do governo Fernando Henrique Cardoso. 

BN – Hoje o PMDB tem sido alvo de denúncias de corrupção feitas por membros do próprio partido. Além disso, enfrenta problemas políticos no Congresso, principalmente no Senado...
JD –
Acho que o importante é se fazer uma reforma administrativa tanto na Câmara quanto no Senado nesse momento. E agora é a hora de fazer a reforma política. O Parlamento está em crise, está com a imagem desgastada. Há uma campanha contra também, porque há o interesse em desgastar o PMDB porque o PMDB está apoiando o presidente. Veja bem. Quando o PMDB participava do governo FHC, porque não havia uma campanha contra o PMDB? É a leitura que precisamos fazer. Porque agora no governo do presidente Lula? Porque querem fazer tudo para o PMDB não apoiar o presidente em 2010 e a candidata dele.

BN – Foi essa a intenção do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)?
JD -
O senador é peemedebista, e esta disputando o PMDB, inclusive o nome dele foi inventado para ser vice do José Serra (governador tucano de São Paulo), provável candidato (à Presidência) do PSDB. Isso já diz tudo. Ele tem o direito de fazer as denúncias dele, o PMDB já disse a ele para especificar e fazer uma acusação concreta que o PMDB responde.

BN – O senhor acha o PMDB confiável?
JD –
Veja bem. Um partido às vezes sai por divergência do governo, insatisfeito com o espaço e até com a impopularidade de um governo. Isso é natural. O PT não saiu do governo aqui do prefeito João Henrique (PMDB) e lançou candidato? Isso é natural.

BN – Aqui o PT saiu praticamente na véspera do período eleitoral. O senhor não acha que se o PMDB for sair, por exemplo, do governo Wagner tem que fazer isso com um pouco mais de antecedência?
JD -
Acho improvável que o faça. Nenhum partido gosta de sair de governo, só o PT. É um caso raro na história, um DNA só nosso.

BN – Agora o PMDB está pleiteando em Brasília lugar permanente no grupo de coordenação do governo Lula, que define a pauta política e econômica do país. É mais uma reivindicação do partido. É uma reivindicação justa?
JD –
São dois espaços diferentes. Existe o Conselho Político do governo, que o PMDB tem lugar e participam os presidentes dos partidos aliados e líderes. E tem a coordenação, que tem outro caráter. Dela participam a equipe econômica, o chefe da Casa Civil, o ministro de Relações Institucionais, da Comunicação, da Fazenda, do Planejamento, do Banco Central e o ministro que comanda a área sobre a qual uma reunião de coordenação irá acontecer. Ou seja, o PMDB pode participar, se o assunto for, por exemplo, na área da Integração Nacional, do ministro Geddel Vieira Lima. Mas como o PMDB não tem ninguém na articulação política do governo e não faz parte da equipe econômica, então não participa sempre. A rigor, a participação permanente do PMDB mudaria o caráter da coordenação, que é assim em vários países do mundo. Mas pela importância do PMDB, que tem sete governadores, o maior número de prefeitos e grandes bancadas no Congresso, o pleito é positivo, na medida em que o partido quer participar das decisões. Se isso ajudar o PMDB a formar uma direção no PMDB, um núcleo nacional, uma liderança nacional, acho isso muito importante. Porque se o PMDB se fortalecer como partido melhora a política brasileira também.

BN – Se o senhor fosse fazer uma aposta, apostaria que o PMDB estará nacionalmente com o PT em 2010?
JD –
Acredito que sim. Depende de nós também, das alianças regionais e do acordo político. Mas a tendência do PMDB é continuar com o PT e apoiar a candidata do PT, do presidente Lula.

BN – O ministro Geddel ensaia uma candidatura do governo da Bahia em 2010. Isso pode atrapalhar as articulações nacionais entre PT e PMDB?
JD -
Depende, porque é legítimo que um deputado federal, uma liderança como o Geddel Vieira queira ser senador ou governador. Isso é problema do PMDB decidir se vai lançar. Nós não temos medo não. Achar que temos medo, que não temos força política para disputar e ganhar em 2010 é erro. Mas o ideal é manter a aliança. Defendo o apoio a reeleição de Wagner com Geddel como candidato ao Senado, com uma aliança nacional com um palanque forte aqui na Bahia. Mas se for necessário ter dois palanques, enfrentar o ministro Geddel, enfrentar Paulo Souto, o PSDB, DEM, o PMDB vamos enfrentar e vamos ganhar porque temos força política, temos base social eleitoral na Bahia para isso. Agora se o ministro rompe com o governador ou vice-versa, se ele vai ficar no governo Lula como ministro isso depende do presidente e do PMDB. Pode ser que continue. Pode ser que não.

BN – Então, na sua opinião, é possível duas candidaturas da base do presidente Lula na Bahia?
JD –
Pode acontecer isso em muitos estados, como já aconteceu várias vezes. Em Minas isso pode acontecer em 2010. Lógico que na Bahia não é o ideal, pela importância que tem o estado. Trabalho dia e noite para a manutenção da aliança e do entendimento entre o governador e o ministro, mas quero deixar claro que nós não temos medo não. Podem pensar que estamos tremendo nas pernas, e é bom não pensar isso. Pois já mostramos que temos militância forte.

BN – Tem lideranças no PMDB baiano que costumam dizer que o ministro Geddel não teria uma vaga garantida pelo PT na disputa ao Senado, o que acabaria atrapalhando um entendimento com o governador...
JD –
Não é verdade. A vaga do ministro está garantida. Agora se o PT vai ter candidato ou apoiar o nome de outro partido para a outra vaga, isso tem de se discutir. É preciso analisar o que é melhor para reeleger Wagner governador e Geddel senador: ter o candidato do PMDB e do PT ou do PMDB e de outro partido da base aliada. Pois, do ponto de vista nacional, temos aliados na Bahia que são tão importantes como o PMDB, a exemplo do PSB, que é forte, por exemplo, em Pernambuco.


"Oposição é sempre oposição. É a mesma coisa. O problema é que eles estão sem bandeira, sem projeto, sem proposta para o pais"

BN – Mas os peemedebistas lembram que o PT é um partido cheio de tendências e que pode haver disputa pelo Senado, o que não garantiria esse cenário que o senhor está falando...
JD -
Tem razão. Pode haver disputa sim. O PT, como todos os partidos, como o PCdoB, também tem disputa interna. O PMDB falar que o PT é um partido cheio de tendências é para rir. Isso é natural, faz parte da democracia dos partidos. Mas o esforço que vamos fazer é para que o PT faça aquilo que é melhor para reeleger o governador e manter o PMDB na aliança.

BN – O senhor durante muito tempo fez oposição ao governo federal, nos governos do PSDB, por exemplo. A oposição que é feita hoje ao presidente Lula no Congresso é menos dura do que a que o PT fazia no passado? Por isso o presidente navega num mar de grande popularidade?
JD –
Oposição é sempre oposição. É a mesma coisa. O problema é que eles estão sem bandeira, sem projeto, sem proposta para o pais. Por exemplo, veio a crise e eles nem apresentaram nos estados onde governam propostas para combater a crise e ficaram perplexos. O presidente preparou o país e deu respostas imediatas para a crise, usando dinheiro das reservas, baixando impostos, atendendo setores específicos, viabilizando crédito para o exportador e empresas brasileiras que rolaram dívida no exterior, baixando a taxa Selic - que vai baixar, espero, mais 1,5% - mantendo os investimentos do PAC. Falta bandeira à oposição.

BN – Mas a oposição teve uma grande vitória recentemente com a derrubada da CPMF no Congresso.
JD –
Sim, mas CPMF que agora vai nos faltar.

BN – Mas antes o governo vinha batendo recordes de arrecadação e ninguém poderia adivinhar que a crise viria...
JD –
Mas já temos experiência suficiente para saber que a atividade econômica é incerta, insegura e imprevisível.

BN – O presidente errou ao dizer que a crise não passava de uma marola?
JD –
Pode não ter sido a expressão correta, mas se você comparar a crise no Brasil com a crise em outros países do mundo, como o Japão, os países do leste europeu e do báltico, por exemplo, você nota que ela foi bem menor aqui. A crise nos EUA, na Espanha, no Reino Unido é muito mais forte que na América Latina e no Brasil. Como nossa economia é menos aberta, como temos um mercado interno forte, uma economia em crescimento, reservas, sistema bancário sólido, vamos ser menos afetados. E isso apesar da oposição ter, em algum momento, torcido pela crise. Hoje a oposição está mais no muro da lamentação do que no da solução para o país.

BN – Governos populistas e de esquerda como os da Venezuela e da Bolívia ameaçam a democracia na América Latina?
JD –
Não, pelo contrário. Não tem nada mais democrático do que aconteceu com esses países.

BN – Mas na Venezuela Hugo Chávez ameaçou até prender adversários políticos em nome da nacionalização dos aeroportos e portos. Isso é democracia? Reeleição indefinida é democracia?
JD –
A questão dos aeroportos e dos portos foi uma decisão legítima do Congresso venezuelano. E a oposição vai participar das eleições legislativas ano que vem e pode assumir até a maioria do Congresso. Claro que não concordo com a reeleição definitiva. Aqui no Brasil não concordamos com o terceiro mandato do presidente Lula, apesar de ser uma tese legítima e constitucional. Mas o referendo que deu a Chávez a possibilidade de continuar se reelegendo foi democrático e correto. Chávez foi o presidente que mais se submeteu às urnas sem ter os instrumentos econômicos e a mídia ao seu lado. Qualquer programa de culinária, e eu vi isso quando estive lá, passa a tarde dando pau no governo. Como pode uma coisa dessas? Isso é liberdade de imprensa? Enfim, tem coisas na Venezuela que são um caso a parte. Mas porque foi importante para a democracia essas vitórias da esquerda na América Latina? Primeiro porque elas resgataram os recursos naturais para os países. Esses países perderam o controle dos recursos naturais, que foram explorados e nada voltava para o país de origem. Hoje se investe mais em saúde, educação, infraestrutura, desenvolvimento tecnológico, combate à pobreza. Na Bolívia e no Equador, seus presidentes se submeteram a plebiscitos e foram eleitos vencendo os jornais, as TVs, que faziam oposição. É mais do que democracia. E na Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Nicarágua há democracia hoje. Nada que acontece nesses países é comparável, por exemplo, com o controle da máquina pública e privada que o carlismo exerceu durante anos aqui na Bahia.

BN – Se o senhor fosse hoje ainda ministro da Casa Civil, seria o candidato natural à sucessão do presidente Lula em 2010?
JD –
Talvez sim, talvez não. Primeiro eu precisaria ter o apoio do presidente. Segundo precisaria ter voto. O PT e o presidente tem voto, mas o candidato também tem que ter. A ministra Dilma pode não ter voto, mas não tem rejeição. Evidentemente que talvez eu estivesse entre os três ou quatro petistas que poderiam pleitear a sucessão. Nunca me passou pela cabeça isso pois eu estava mais preocupado com o governo e com a reeleição de Lula em 2006. Mas evidentemente que eu teria direito, credenciais e o PT me reconheceria.

BN – A ministra Dilma é hoje o melhor nome no PT para disputar a sucessão?
JD –
Dos nomes que o PT tem hoje acredito que sim.

BN – Se o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), estivesse no PMDB e ao lado do presidente Lula, ele seria um bom nome?
JD –
Não seria porque o PT e o presidente Lula acreditam que o caminho é reeleger um petista na Presidência. Isso pela força do presidente, do peso político do PT e o sucesso deste governo. Mas quem governa Minas Gerais sempre pode pleitear a Presidência da República.

 

 


"Muitos me perguntam se eu vejo o presidente regularmente. Isso não acontece porque não sou mais ministro, deputado ou presidente do PT"


http://www.bahianoticias.com.br/noticias/entrevistas/2009/03/20/84,jose-dirceu.html


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