Folha de S. Paulo: um perfeito jornal para idiotas
De alguma forma, o caso lembra a ascensão do jornal sob o domínio da família Frias. Nesse caso, a estultice de raiz era proporcional ao gosto por dinheiro. E o diário logo se converteu em parceiro dos trogloditas microcéfalos que tomaram o poder no país.
Esses chiqueirinhos móveis, não raro, conduziam o cidadão numa derradeira viagem pela cidade. A empresa dos Frias foi fundamental para a Operação Bandeirantes (Oban). A Folha da Tarde (FT) funcionava como uma espécie de quartel de agentes de informação e delatores, cães de guarda treinados para prestar apoio tático de “inteligência” às operações do DOI-Codi.
A FT fazia-se de mais tonta ao anunciar a morte de cidadãos que os verdugos ainda não haviam assassinado. Obtusa por natureza, obtusa por conveniência.
Ópera bufa: o golpe de 2.005
O processo de redemocratização do país obrigou a Folha a reposicionar sua marca. Pintou a si própria de moderna e defensora das liberdades individuais. Sepulcro caiado.
A ascensão do operário Lula ao poder, todavia, devolveu a Folha a seu lugar político. Seus menestréis passaram a trabalhar diariamente para incompatibilizar o novo governo com a opinião pública. A ordem na redação: “expor ao máximo todas as fragilidades e eventuais deslizes do barbudo”.
Da oposição venenosa, a Folha migrou para o golpismo explícito. Em 2.005, seus menestréis participaram de todos os encontros da Operação Rio de Janeiro, destinada a derrubar o presidente da República. Numa falange midiática completada por Abril, Estadão e Globo, cumpriu à risca as determinações do comando-maior do golpe. Otávio Frias Filho designou seu próprio “cacho” para detonar uma das bombas do rito persecutório ao governo federal. A entrevista com o fantoche-chave da ópera bufa ecoou pelas mídias coligadas e paralisou o país.
Ao grande golpe de 2.005, em que o baronato midiático cerrou fileiras com a casta industrial-especulativa e os latifundiários cowboys, seguiram-se outros dois, menos planejados. Um deles envolveu o caso “dossiê”, dias antes da eleição presidencial de 2.006. O outro teve como mote a queda do avião da TAM, em Congonhas, no ano seguinte, e a articulação do movimento “Cansei”.
O quarto movimento, em vigor, envolve o processo de destruição da confiança do brasileiro. A proposta é manipular cada número e cada informação para que nossa economia pareça a um passo do abismo. Números negativos devem ser exagerados. Dados positivos devem ser ocultos no texto dúbio ou complexo, isto é, na névoa do alarmismo. O objetivo, atingido de certa forma, é afetar psicologicamente a sociedade, aterrorizando do grande investidor ao dono do pequeno negócio.
Obviamente, a idéia é enfraquecer Luiz Inácio e impedi-lo de fazer o sucessor, nem para isso seja necessário quebrar o Brasil. Ao mesmo tempo, a Folha de S. Paulo censura diariamente seus pauteiros e repórteres. Os escândalos que envolvem a administração catastrófica de José Serra são varridos para debaixo do tapete, como predicava o parabólico diplomata Rubens Ricúpero.
Playboy deprimido
As campanhas são lideradas, sobretudo, pelo playboy pseudo-nerd-deprimido Otávio Frias Filho, cujo ciúme doentio em relação a Lula renderia excelente caso a Freud. Numa solenidade na Fiesp, certa vez, um empresário já alegre de champagne disse a Otávio Frias que sua grande frustração era não ter um pai como o presidente da República. O barãozinho midiático corou e calou. Pode ser que, aí, tenha aquiescido. E isso explica o porquê de seu ódio pelo metalúrgico.
Otávio menor sofre porque cresceu atrás de barras, olhando ao longe as crianças que se aventuravam no mundo sobre bicicletas e patinetes. Sua história faz lembrar trecho de “No Hospício”, do atilado Rocha Pombo:
- A sua ansiedade como que borbota, espalha-se nos gestos, na profunda compunção do semblante, nos suspiros, na palidez cadavérica.
Para vingar-se dos futebolistas de rua, dos conquistadores de colégio e dos trepadores gabolas, Otávio menor decidiu que seu caminho seria aquele das idéias complexas, das estéticas inovadoras, do pensamento crítico pós-kantiano. Bem que tentou, esforçou-se, mas não logrou êxito. Faltou-lhe a substância da experiência vivida. Fracassado, o pequeno Otávio aderiu de uma vez por todas ao lado negro da força; e nessa viagem aos porões imundos da alma humana carrega consigo o jornal que herdou do pai.
Esse personagem triste, que muitas vezes inspira compaixão, dedicou-se por muito tempo a transformar seu diário particular numa mistura do almanaque do Biotônico Fontoura com a revista Recreio. Essa espetacular obra-prima da idiotia rendeu inúmeros infográficos sobre nada e legendas que repetiam apenas o que a imagem já mostrava. Essa precisão supostamente científica da Folha gerou pérolas como esta, impressa abaixo de uma foto de Edson Arantes do Nascimento em ação:
- Jogador de futebol Pelé chuta uma bola.
Um pobre Jesus enforcado
Logicamente, para levar adianta sua obra bizarra, Otávio menor conta com uma animada corte de parvos bajuladores e alienados arautos engraxates. É o caso do marido da Catarina Tucana, Clóvis Bornay Rossi, ancião obcecado por fantasias. É dele, por exemplo, a teoria de que o revólver que matou Jean Charles de Menezes tem as digitais de Lula. Ou da “médica” Eliane Apocalíptica Cantanhêde, aquela que tentou espalhar a febre amarela pelo Brasil. Ou do faxineiro Marcelo Caolho, serviçal de visão restrita que se contaminou a tentar limpar a mais recente obra fecal da Folha.
Ao inventar uma tal “ditabranda”, a Folha de S. Paulo apenas perseverou em sua missão maior: cultuar a estupidez e educar na sandice os idiotas do Brasil.
Afinal, quem leva a sério um jornal que passa três dias para descobrir a nacionalidade do músico Carlos Santana? Quem respeita um diário que troca ânus por vagina, escreve “hortografia” e sustenta que Jesus foi enforcado? Quem pode se fiar num veículo midiático que não sabe em que ano se iniciou a II Guerra Mundial, que fala de poços “cartesianos” e sustenta que a pneumonia é contraída pelo contato com filhotes de perdiz (perdigotos)?!
A Folha tem seguido rigorosamente a cartilha do jornalismo idiotizante, maximizando-o, tornando-o explícito, posto que, no campo da comunicação pública, “quanto mais idiota, melhor”. Por vezes, até emite sinais de constrangimento, mas logo se absolve e se espevita, pois não pode prescindir das luzes da ribalta. Como dizia Bertrand Russell, a estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista; a inteligência põe-se na retaguarda somente para ver.
Aos imbecis do Brasil, o jornal da Barão de Limeira ainda há de prestar incalculáveis serviços, pois a tontice se alimenta dos aplausos daqueles a cada dia mais tontos, mesmo que essa condição lhes escape à consciência. Afinal, Flaubert já advertia:
- A estupidez não está de um lado e o espírito do outro. É como o vício e a virtude; sagaz é quem os distingue.
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