terça-feira, abril 26, 2016

Cristina Fernández de Kirchner fala sobre os "golpes suaves"

RECUPERANDO DE 2015 >> Amigos da Lista Beatrice, não deixem de ver:
Cumbre de las Américas 2015: Cristina Fernández, discurso completo
https://www.youtube.com/watch?v=UYwoMO1KCxI
Professor Wanderley Guilherme dos Santos - "Depois de criado, o Estado liberal transforma-se no estado em que a hegemonia burguesa não é seriamente desafiada. Trata-se de um estado cuja intervenção em assuntos sociais e econômicos tem por fim garantir a operação do mercado como o mais importante mecanismo de extração e alocação de valores e bens."
Neste esforço para separar a realidade liberal do discurso liberal, o professor esclarece: "Estado liberal não é de modo algum um Estado não intervencionista. Muito pelo contrário, o Estado liberal está sempre intervindo, a fim de afastar qualquer obstáculo ao funcionamento 'natural' e 'automático' do mercado." http://grupobeatrice.blogspot.com.br/…/professor-wanderley-…

domingo, abril 24, 2016

Editorial: O Golpe Mais Feio do Mundo


by NINJA

Qualquer ser humano com discernimento e honestidade, que não tenha vendido a memória ao diabo, se lembra de como saímos das eleições: um país dividido, reconheciam todos. A elite, insatisfeita com a derrota nas urnas, nunca aceitou o resultado. E trabalhou dia após dia, você se lembra, para nos trazer até aqui onde estamos. Seus fins justificaram seus meios. Uma verdadeira barbárie de métodos.
No vale-tudo que todos vimos, foram capazes de colocar um rato na Presidência da Câmara e blindá-lo, construíram uma peça jurídica de araque, contrataram uma claque de "ativistas" nas redes sociais, puseram todo seu arsenal midiático a serviço de bombardear o país e derrubar a decisão que o povo havia tomado nas urnas. Eu estava aqui o tempo todo. Eu vi, você também viu.O golpe de 2016 é o golpe mais feio do mundo. Sim, ele é nosso, é a cara da elite daqui. Sem qualquer moral, sem coerência narrativa, sem nenhum requinte estético e aético, fora de qualquer ética. Não é a toa que João Roberto Marinho, o Todo Poderoso da Globo, foi tratado pelo The Guardian como um mero comentarista qualquer e teve seu 'direito de resposta' jogado no esgoto da rede como um reles mortal. Foi colocado em seu devido lugar pelos gringos. Que ano é hoje mesmo? Eu vejo um novo começo de era, embora eles não queiram.
Na Casa Grande, meus amigos, no Brasil do início do século XXI já não resta qualquer resquício de humanidade. São apenas ratos, quase todos muito confortáveis dentro de suas próprias contradições e no seu devir fascista. É por isso que já perderam o controle da narrativa. Porque é preciso ser rato para comungar com eles e negar a inteligência humana. Só mesmo a elitezinha inculta, anacrônica e autoritária daqui para não ter vergonha em avançar nesta farsa. Pior pra eles. Eles não vão durar. É da verdade que vai nascer o novo.
#‎aCasaGrandeVaiCair#‎oGolpeMaisFeioDoMundoÉNosso


Quem deu o golpe, e contra quem?


Jessé Souza
24/04/2016

O golpe foi contra a democracia como princípio de organização da vida social. Esse foi um golpe comandado pela ínfima elite do dinheiro que nos domina sem ruptura importante desde nosso passado escravocrata.
O ponto de inflexão da história recente do Brasil contra a herança escravocrata foi a revolução comandada por contraelites subordinadas que se uniram em 1930.
A visão pessoal de Getúlio Vargas transformou o que poderia ter sido um mero conflito interno de elites em disputa em uma possibilidade de reinvenção nacional.
O sonho era a transformação do Brasil em potência industrial com forte mercado interno e classe trabalhadora protegida, com capacidade de consumo. Nossa elite do dinheiro jamais sequer “compreendeu” esse sonho, posto que “afetivamente” nunca sentiu compromisso com os destinos do país.
Desde então o Brasil é palco de uma disputa entre esses dois projetos: o sonho de um país grande e pujante para a maioria; e a realidade de uma elite da rapina que quer drenar o trabalho de todos e saquear as riquezas do país para o bolso de meia dúzia.
A elite do dinheiro manda pelo simples fato de poder “comprar” todas as outras elites.
É essa elite, cujo símbolo maior é a bela avenida Paulista, que compra a elite intelectual de modo a construir, com o prestígio da ciência, a lorota da corrupção apenas do Estado, tornando invisível a corrupção legal e ilegal do mercado que ela domina; que compra a política via financiamento privado de eleições; e que compra a imprensa e as redes de TV, cujos próprios donos fazem parte da mesma elite da rapina.
De acordo com a conjuntura histórica, sempre que o Executivo está nas mãos do inimigo, imprensa e Congresso, comprados pelo dinheiro, se aliam a um quarto elemento que é o que suja as mãos de fato no golpe: as Forças Armadas antes, e o complexo jurídico-policial do Estado hoje em dia.
A história do Brasil desde 1930 é um movimento pendular entre esses dois polos. Getúlio caiu, como o desafeto histórico maior desta elite, por um conluio entre Congresso comprado, imprensa manipuladora e Forças Armadas que se imaginavam pairar acima dos conflitos sociais.
O suicídio do presidente adia em dez anos o golpe formal, que acontece em 1964 pela mesma articulação de interesses. O curioso, no entanto, é que dentro das Forças Armadas existia a mesma polarização que existia na sociedade.
INFRAESTRUTURA
O nacionalismo autoritário das Forças Armadas articula, por meio do 2º PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) do presidente Geisel, uma versão ambiciosa do sonho getulista: investimento maciço em infraestrutura e setores-chave da vanguarda tecnológica com a disseminação de universidades e centros de pesquisa em todo o país.
Ainda que o capital privado fosse muito bem-vindo, a condução do projeto de longo prazo era do Estado. Foi o bastante para que os jornais se lançassem em uma batalha ideológica contra a “república socialista do Brasil” e os empresários descobrissem, de uma hora para outra, sua inabalável “vocação democrática”.
O processo de redemocratização comandado pela elite do dinheiro tem tal pano de fundo. As Diretas-Já, na verdade, espelham a volta da rapina de curto prazo e uma nova derrota do sonho de um “Brasil grande”.
Aqui já poderia ter ocorrido a conscientização de que a rapina selvagem é o fio condutor, e que a forma autoritária ou democrática que ela assume é mera conveniência. Mas o processo de aprendizado foi abortado. O público ficou sem saber por que o golpe tinha ocorrido e, depois, por que ele havia sido criticado. Criou-se uma anistia do “esquecimento” no mesmo sentido da queima dos papéis da escravidão por Rui Barbosa: para que jamais saibamos quem somos e a quem obedecemos.
Com o governo FHC, essa elite da rapina de curto prazo se insere, enfim, não apenas no mercado mas também, com todas as mãos, no Estado e no Executivo.
A festa da privatização para o bolso da meia dúzia de sempre, da riqueza acumulada pela sociedade durante gerações, se deu a céu aberto. A maior eficiência dos serviços, prometida à sociedade e alardeada pela imprensa, sempre solícita e sócia de todo saque, se deixa esperar até hoje.
Como uma imprensa a serviço do saque e do dinheiro não pode fazer todo mundo de tolo durante todo o tempo, e como ainda existem sonhos que o dinheiro não pode comprar, o Executivo mudou de mãos em 2002.
O novo governo tentou o mesmo projeto desenvolvimentista anterior, de apoio à indústria e à inteligência nacional. Mas seu crime maior foi a ascensão dos setores populares via, antes de tudo, a valorização real do salário mínimo.
Os mais pobres passaram a ocupar espaços antes exclusivos às classes do privilégio.
Parte da classe média sofria profundo incômodo diante dessa nova proximidade em shopping centers e aeroportos, mas “pegava mal” expressar o descontentamento em público. Pior, a classe média temia que essa classe ascendente pudesse vir a disputar os seus privilégios e os seus empregos.
O discurso da “corrupção seletiva” manipulado pela mídia permite que se enfrente agora o medo mais mesquinho com um discurso moralizador e uma atitude de pretenso “campeão da moralidade”. O que antes se dizia a boca pequena entre amigos agora pode ser dito com a camisa do Brasil e empunhando a bandeira nacional. Está criada a “base popular”, produto da mídia servil à elite da rapina.
A luta contra os juros desencadeada pela presidente Dilma em 2012 reedita a eterna crença da esquerda nacionalista brasileira na existência de uma “boa burguesia”, ou seja, a fração industrial supostamente interessada em um projeto de longo prazo de fortalecimento do mercado interno.
Mas todas as frações da elite já mamam na mesma teta dos juros altos que permite transferir recursos de todas as classes para o bolso dos endinheirados de modo invisível, funcionando como uma “taxa” que encarece todos os preços e transfere parte de tudo o que é produzido para os rentistas - inclusive da classe média feita de tola pela imprensa comprada.
Quando em abril de 2013 as taxas de juros voltam a subir, a elite está armada e unida contra a presidente. As “jornadas de junho” daquele ano vêm bem a calhar e, por força de bem urdida campanha midiática, transformam protestos localizados em uma recém-formada coalizão entre a elite endinheirada e a classe média “campeã da moralidade e da decência” contra o projeto inclusivo e desenvolvimentista da esquerda.
Como os votos dos pobres recém-incluídos são mais numerosos, no entanto, perde-se a campanha de 2014. Mas a aliança entre endinheirados e moralistas de ocasião se mantém e se fortalece com um novo um novo aliado: o aparato jurídico-policial do Estado.
Construído pela Constituição de 1988 para funcionar como controle recíproco das atividades investigativas e jurisdicionais, todo esse aparato passa por mudanças expressivas desde então. Altos salários e demanda crescente por privilégios de todo tipo associados ao “sentimento de casta” que os concursos dirigidos aos filhos das classes do privilégio ensejam transformam esses aparelhos que tudo controlam, mas não são controlados por ninguém, em verdadeiros “partidos corporativos” lutando por interesses próprios dentro do aparelho de Estado.
A manipulação da “corrupção seletiva” pela imprensa é o discurso ideal para travestir, também aqui, os mais mesquinhos interesses corporativos em suposto “bem comum”. O troféu de “campeão da moralidade pública” passa a ser disputado por todas as corporações e se estabelece um conluio entre elas e a imprensa, que os vazamentos seletivos cuidadosamente orquestrados comprovam tão bem.
Esse é o elemento novo do velho golpe surrado de sempre. Ainda que o golpe tenha se dado no circo do Congresso em uma palhaçada denunciada por toda a imprensa internacional, sem o trabalho prévio dos justiceiros da “justiça seletiva” ele não teria acontecido.
O Estado policial a cargo da “casta jurídica” já está sendo testado há meses e deve assumir o papel de perseguir, com base na mesma “seletividade midiática”, o princípio: para os inimigos a lei, e para os amigos a “grande pizza”.
A “pizza” para os amigos já está em todos os jornais e acontece à luz do dia. O acirramento da criminalização da esquerda é o próximo passo. Esse é o maior perigo. Muita injustiça será cometida em nome da Justiça.
Mas existe também a oportunidade. Nem toda classe média é o aprendiz de fascista que transforma seu medo irracional em ódio contra os mais fracos, travestindo-o de “coragem cívica”.
Ainda que nossa classe média esteja longe de ser refletida e inteligente como ela se imagina, quem quer que tenha escapado do bombardeio diário de veneno midiático com dois neurônios intactos não deixará de estranhar o mundo que ajudou a criar: um mundo comandado por um sindicato de ladrões na política, uma justiça de “justiceiros” que os protege, uma elite de vampiros e uma sociedade condenada à miséria material e à pobreza espiritual. Esse golpe precisa ser compreendido por todos. Ele é o espelho do que nos tornamos.

JESSÉ SOUZA, 56, autor de A Tolice da Inteligência Brasileira (Leya), presidente do Ipea, é professor titular de ciência política da UFF e foi professor convidado na Universidade de Bremen.


quarta-feira, abril 20, 2016

O PT é o nosso melhor navio de guerra, mas... Precisamos criar um partido banda larga. Um partido 5G.



Estou como ativista diário na internet desde 2002, quando a Lista Beatrice começou a funcionar, ainda durante a campanha Lula presidente. Todas as 14 pessoas que começaram a lista entendiam que a questão da comunicação seria fundamental. O PT sempre negligenciou essa questão. Também achamos que marketeiro não deve dirigir campanha e a comunicação de um partido como o PT. Um partido como o PT tem que fazer o enfrentamento político com a Direita, só assim ele esclarece para a população a sua diferença conceitual e ideológica com os partidos de Direita. Justamente o contrário do que fazem os marketeiros. Mas isso é chover no molhado, toda a militância sabe disso. Então vamos para a grande questão: o que fazer? Não existe uma única resposta. Com o grande crescimento das listas, blogs, sites, coletivos e redes sociais... Sempre por fora do PT e sem ligação com a direção do partido. Estamos aprendendo que a descentralização e a articulação de talentos e competências funciona muito bem. Cada um deve fazer o que sabe e pode. Com a disponibilidade que tem. Se você consegue manter uma lista de 20 pessoas, faça isso. Se você consegue manter uma de 5.000, ótimo. Se você é um bom tradutor, ajude a traduzir textos e fazer contatos com o exterior. Se você desenha e sabe usar recursos gráficos digitais e fotografia, ajude com charges, GIFs, flyers ... Embeleze os nossos sites e blogs, a linguagem visual conta muito. Se você sabe lidar com documentos e arquivos, ajude a arquivar e tornar disponível o material que a gente produz. E por aí vai... Existem milhões de maneiras de fazer ativismo político e a criatividade está no DNA da esquerda. A luta é severa e a vida é curta, manda ver...
Tudo o que falei de comunicação para o partido, também serve para um governo de esquerda. Os governos do PT abusaram de errar nessa questão. Até a propaganda de TV e rádio seguiram o velho padrão burocrático dos governos anteriores. Uma propaganda de cima para baixo. Horizontalidade ZERO. Sem envolver a população afetada pelos programas sociais e de inclusão na cidadania. Esse modelo de comunicação na verdade denuncia um outro erro, o afastamento das bases sociais que sempre oxigenaram o partido.
No governo Lula, a forte presença comunicativa do presidente resolveu uma parte dos problemas de comunicação do governo e do partido. Lula é o cara também na comunicação e no enfrentamento com a Direita e o atraso.
Mas não pode ficar tudo na costa do presidente. Uma parte do PT gostou muito de ser governo no mal sentido. O partido ficou institucional e burocrático demais. A consequência foi o chamado afastamento das bases. Os vícios de comportamento pequeno burguês de uma grande parte das suas lideranças é gracioso em todo o funcionamento do PT.
As plenárias e ou reuniões intermináveis, com longas apresentações de mesas e tendências, o caudaloso desfile de egos, inviabiliza a chegada de novas gerações. Inviabiliza a discussão de questões fundamentais para além do mero enunciado de bandeiras de ordem e outros chavões que só servem para imobilizar o partido.
Mas não desista, mesmo com tantos problemas, o PT ainda é o nosso melhor navio de guerra. Ainda é a melhor ferramenta de luta que a classe trabalhadora brasileira criou. Não é por acaso que a Globo e a mídia da oligarquia batem tanto no PT e na República Sindicalista. Ninguém chuta cachorro morto.
O governo Haddad é um ótimo exemplo de experiência evolutiva dentro do PT. Está abrindo, mesmo em SP, canais de comunicação e ativismo com grupos e setores chaves para a consolidação da Democracia Brasileira.
A ligação com a CUT, o MST e outros setores dos movimentos sociais tem problemas mas continua forte e orgânica. Nenhum outro partido brasileiro tem uma relação tão forte com esses agentes sociais. O niilismo não é uma opção.
Temos um ótimo navio de guerra, mas ele precisa passar por atualizações na sua maquinaria e nos seus armamentos. O partido precisa estudar, criar lugares e eventos onde esse estudo possa acontecer de forma natural, real, efetiva e continuada.
Nós precisamos de um núcleo de estudos jurídicos, de advogados formados para esse tipo de enfrentamento pesado que tenta a todo momento a criminalização do PT e da esquerda. Precisamos colocar gente fora do padrão OAB/CONCURSOS, dentro do poder judiciário, a Direita faz isso de forma articulada desde os tempos de FHC.
Precisamos estudar a mídia da grana, a mídia que nunca vai ser justa e imparcial porque ela não existe para isso. Ela existe pra mandar bala na gente e espalhar a narrativa do mercado. Da GGS, a Grande Grana Sugadora. Os dementadores da vida real.
Precisamos ocupar as universidades públicas, formar professores e não concurseiros carreiristas. O MST já vem fazendo isso em alguns setores. Já existem veterinários do MST, agrônomos do MST, alfabetizadores do MST...
Precisamos estudar para construir uma máquina de comunicação criativa, rápida, ativista e articulada com a blogosfera progressista. Com as novas frentes de luta contra o capitalismo banda larga, o capitalismo turbinado de Wall Street. Precisamos estudar e entender essa última atualização do capitalismo. Como ela se desdobra no chão da fábrica, na propaganda, nos meios de comunicação, na economia sexual da sociedade, na medicina, na alimentação...
Precisamos estudar a internet, aprender a usar melhor. Não podemos permitir que o capitalismo colonize e faça a censura econômica da rede. Como já fizeram no mercado editorial de música, livros e cultura em geral. Isso é pra ontem.
Precisamos estudar com o MST, com a CUT, com a CTB, com o MTST, com o movimento LGBT, com a UNE, com os meninos que enfrentaram a máquina mortífera do Alckmin, com as Torcidas Organizadas, com os Movimentos da Periferia, com a Furacão 2000... O PT tem condições de possibilidade de agenciar todos esses enlaces, todas essas tramas. Mas é preciso sair da zona de conforto e criar um partido banda larga. Um partido 5G.

Adauto Melo

Ativista na Lista Beatrice

terça-feira, abril 19, 2016

A "MULTA-BOMBA" DE 7 BILHÕES



(Revista do Brasil) - Finalmente, depois de meses de pressão desumana, gestapiana, sobre o empresário Marcelo Odebrecht, o juiz Sérgio Moro levou-o a julgamento, condenando-o – baseado não em provas de sua participação direta, mas na suposição condicional de que um empresário que comanda uma holding com mais de 180 mil funcionários e que opera em mais de 20 países tem a obrigação de saber de tudo que ocorre nas dezenas de empresas que a compõem – a 19 anos e quatro meses de prisão.

Não satisfeito com a pena, e com a chantagem, que prossegue – já que o objetivo é quebrar a moral do réu – um dos poucos que não se dobraram à prepotência e ao arbítrio – com o aceno ao preso da possibilidade de “fazer delação premiada a qualquer momento”, os responsáveis pela Lava-Jato, na impossibilidade de provarem propinas e desvios, ou a existência de superfaturamento da ordem dos bilhões de reais alardeados aos quatro ventos desde o princípio da operação, pretendem impor ao grupo Odebrecht uma estratosférica multa “civil” que pode chegar a R$ 7 bilhões – mais de 12 vezes o lucro da empresa em 2014 – que, pela sua magnitude, se cobrada for, deverá levá-lo à falência, ou à paralisação destrutiva, leia-se sucateamento, de dezenas de obras e de projetos, a maior parte deles essenciais, estratégicos, para o futuro do Brasil nos próximos anos.

Com a imposição dessa multa, absolutamente desproporcional, da ordem de 30 vezes as quantias que a sentença afirma terem sido pagas em propina pela Odebrecht, por meio de subsidiárias situadas no exterior, a corruptos da Petrobras que já estão, paradoxalmente, soltos, o juiz Sérgio Moro – e seus colegas do Ministério Público de uma operação que deveria se chamar “Destrói a Jato” – prova que não lhe importam, em nefasto efeito cascata, nem as dezenas de milhares de empregos que ainda serão eliminados pelo grupo Odebrecht, no Brasil e no exterior, nem a quebra de milhares de acionistas e fornecedores do grupo, nem a paralisação das obras com que a empresa se encontra envolvida neste momento, nem o futuro, por exemplo, de projetos de extrema importância para a defesa nacional, como os submarinos convencionais e o submarino nuclear brasileiro que estão sendo fabricados pela Odebrecht em parceria com a DCNS francesa, ou o míssil ar-ar A-Darter, que está sendo construído por sua controlada Mectron, em conjunto com a Denel sul-africana, além de outros produtos como softwares seguros de comunicação estratégica, radares aéreos para os caças AMX e produtos espaciais.

Considerando-se que se trata de uma decisão meramente punitiva, ao fazer isso o juiz Moro age, no comando da Operação Lava Jato, como agiria o líder de uma tropa de sabotadores estrangeiros que colocasse, diretamente, com essa sanção – e uma tremenda carga de irresponsabilidade estratégica e social – centenas de quilos de explosivos plásticos no casco desses submarinos, ou nos laboratórios onde ficam os protótipos desse míssil, sem o qual ficarão inermes os 36 aviões caça Gripen NG-BR que estão sendo desenvolvidos pelo Brasil com a Saab sueca.

Que não tenha ele a ilusão de que essa sua sanha destrutiva esteja agradando às centenas de técnicos envolvidos com esses projetos, ou aos almirantes da Marinha e brigadeiros da Aeronáutica que, depois de esperar décadas pela aprovação desses programas, estão vendo-os sofrer a ameaça de serem destruídos técnica e financeiramente de um dia para o outro.

Como um inútil, estúpido, sacrifício, um absurdo e estéril tributo da Nação – chantageada e manipulada por uma parte antinacional da mídia, que não tem o menor compromisso com o futuro do país – a ser realizado no altar da vaidade de quem parece pretender colocar toda a República de joelhos, até que alguém assuma a responsabilidade de impor, com determinação, bom senso e respeito à Lei e à Constituição Federal, limites à sua atuação e à implacável, imparável, destruição, de alguns dos principais projetos e empresas nacionais.

Enquanto isso, para ridículo do país e divertimento de nossos concorrentes externos, nos congressos, nos governos, na área de inteligência, nas forças armadas de outros países, milhares de tupiniquins vibram, nos bares, na conversinha fiada do escritório, nos comentários que agridem e insultam a inteligência nas redes sociais, com a destruição de um dos principais grupos empresariais do Brasil, deleitando-se com a perda de negócios e empregos, e com a sabotagem e incompreensível inviabilização de algumas de nossas maiores obras de engenharia e de defesa, mergulhados em uma orgia de desinformação, hipocrisia, manipulação e mediocridade.

Mesmo que Marcelo Odebrecht venha a aceitar, eventualmente, fazer um acordo de delação premiada, nenhum jurista do mundo reconheceria, moralmente, a sua legitimidade.

Não se pode pressionar ninguém, a fazer acordos com a Justiça, para fazer afirmações que dependerão da produção de provas futuras. Assim como não se pode confundir o combate à corrupção – se houver corruptos que sejam julgados com amplo direito de defesa e encaminhados exemplarmente à cadeia, estamos cheios de gente com contas na Suíça solta e sem contas na Suíça atrás das grades – com a onipotente destruição do país e de milhares de empregos e bilhões de reais em investimentos.

A pergunta que não quer calar é a seguinte: se a situação fosse contrária, e um juiz norte-americano formado no Brasil e “treinado” por autoridades brasileiras, a quem propôs, por mais de uma vez, sua “cooperação”, estivesse processando um almirante envolvido com o programa nuclear norte-americano, e influindo no destino de todo um programa de submarinos, da construção de um novo submarino atômico, e do desenvolvimento de um míssil ar-ar para a US Air Force, a ponto de a empresa norte-americana responsável por ele ter de ser provavelmente vendida a estrangeiros, ele teria chegado, à posição em que chegou, em nosso país, o juiz Sérgio Moro?

Ou já não teria sido denunciado por pelo menos parte da imprensa dos Estados Unidos, e chamado à razão, em nome da segurança e dos interesses nacionais, por autoridades – especialmente as judiciais – dos Estados Unidos?

O único consolo que resta, nesta nação tomada pela loucura – lembramos por meio destas palavras, que quem sabe venham a ser transportadas, em bits, para o amanhã – é que, sob o olhar do tempo, que para todos passará, inexorável, a História, magistrada definitiva e atenciosa, criteriosa e implacável, vigia, registra e julga.

E cobrará caro no futuro.


domingo, abril 17, 2016

O que fazer depois de hoje?

Vou começar esse dia histórico, 17.04.2016, levantando algumas questões e fazendo uma proposta básica de algo que julgo fundamental.

Tudo isso que estamos vivendo nesses últimos dias, principalmente depois do dia 04.03.2016, o dia que o infame juiz Moro tentou sequestrar o presidente Lula para Curitiba, não é pouca coisa.
A sociedade civil brasileira se levantou contra um GOLPE DE ESTADO tramado e propagandeado 24h por dia pelas oligarquias brasileiras do rentismo, da mídia, da FIESP, do judiciário e de algumas instituições chaves do Estado Brasileiro.

Isso não é pouca coisa. E isso está provando que a Democracia Brasileira é muito mais forte e consciente que as democracias de um lado só dos chamados países centrais do capitalismo.
Democracias como a dos EUA, onde não existe uma real disputa de projeto político de poder pelo controle do estado. Lá o sistema e o status quo não são confrontados.

Aqui, apesar de alguns viverem martelando na cabeça da gente, PSDB e PT não são mesma coisa. DEM e PCdoB não são a mesma coisa. Representam projetos antagônicos de controle político do estado.

A prova mais que provada é o comportamento criminoso da mídia oligárquica que todos agora conseguem ver sem qualquer dificuldade.
A prova é essa mídia criminosa tentar matar a esquerda e sua principal liderança, o companheiro presidente Lula, desde sempre, sem conseguir.

Mas a grande questão que acho que devemos focar, é o que fazer com toda essa mobilização que conseguimos alavancar na sociedade civil brasileira para derrotar o impeachment hoje, lá na câmara dos deputados.

Não podemos perder esse momento para transformar o limão em limonada doce e gelada.
A presidenta Dilma ainda tem 2 anos e oito meses de mandato. Vamos transformar esse tempo numa grande oportunidade para cumprir uma agenda de propor e realizar uma assembleia constituinte extra congresso, com a coleta de milhões de assinaturas, para realizar quatro grandes reformas:

1.       Reforma Política
2.       Reforma Tributária
3.       Reforma do Judiciário
4.       Reforma da Lei dos meios de comunicação

Fazer uma reforma progressista desses quatro grandes ninhos de sabotagem do Brasil será uma vitória imensa para o avanço institucional da nossa democracia.
Será um rabo de arraia com o qual eles nunca contaram.
E será uma grande vitória do lado mais consciente e politizado da sociedade brasileira.

É isso.

Adauto Melo

Ativista da Lista Beatrice

segunda-feira, abril 11, 2016

Em vídeo, a defesa de Dilma por Cardozo na “Comissão do Cunha”

DIVULGAR MUITO, AGORA. 


POR  · 11/04/2016
cardozodefesa
Comentei antes o relatório de Jovair Arantes sobre a admissibilidade do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. Aqui, você pode ler o que argumentei, rapidamente.
Mas acho necessário publicar também boa parte do discurso de José Eduardo Cardozo, demolidor e. como disse, clara indicação de que haverá recurso judicial do relatório apresentado.
Veja, abaixo, trechos da defesa feita por Cardozo.

sábado, abril 09, 2016

Um texto fundamental de Mauro Santayanna - Leia Agora!




O céu era "de brigadeiro".
Mas para a maior parte da mídia passou em brancas nuvens a apresentação do novo cargueiro militar KC-390 da EMBRAER à Presidente da República, ao Ministro da Defesa, Aldo Rebelo, e ao Ministro da Aeronáutica, Nivaldo Luiz Rossato, após viagem de Gavião Peixoto à Capital Federal, nesta semana, na Base Aérea de Brasília.
E, no entanto, tratava-se apenas da maior aeronave já construída no Brasil, com capacidade de transporte de blindados, de brigadas de paraquedistas, de operar como avião-tanque para reabastecimento aéreo de caças, ou como unidade de salvamento, em um projeto que custou 7 bilhões de reais, em grande parte financiado pelo Governo Federal, que teve também participação minoritária de outros países, como Portugal, Argentina e a República Tcheca, destinada a substituir, no mercado internacional, nada menos que o Hércules C-130 norte-americano.
A mesma indiferença, para não dizer, desprezo, ou deliberada desinformação, ocorreu com o início do processo de geração da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, a terceira maior do mundo, com capacidade de 11.000 megawatts, na semana passada.
Ou com a hidrelétrica de Santo Antônio, situada no Rio Madeira, em Rondônia, a quarta maior do país, que colocou em operação sua 39ª turbina geradora há alguns dias.
Como sempre se dá com os grandes projetos erguidos nos últimos 13 anos neste país – e põe obra nisso – escolheu-se dar atenção, prioridade e divulgação preferencial a aspectos negativos, discutíveis e polêmicos como eventuais "estouros" de orçamento, atrasos ou suspeita de corrupção, do que às próprias obras.
Projetos que, depois de prontos, passarão a pertencer, inexoravelmente, ao patrimônio nacional e ao domínio do concreto, da realidade – e que, querendo ou não seus detratores – continuarão, agora e no futuro, beneficiando o país com mais empregos, mais energia, melhora no nível tecnológico de nossa indústria bélica e aeroespacial e da capacidade de defesa da Nação.
Bom mesmo, para essa gente, deve ter sido o governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso, que, segundo o Banco Mundial, conseguiu encolher o PIB e a renda per capita do Brasil em dólares nos oito anos em que permaneceu à frente do Palácio do Planalto, aumentou a carga tributária em vários pontos percentuais e duplicou a relação dívida líquida-PIB, além de deixar uma dívida de dezenas de bilhões de dólares o FMI, sendo obrigado a racionar energia por falta de investimentos na geração de eletricidade - além de deixar que desaparecessem empresas como a ENGESA, sem forjar um simples parafuso para as forças armadas.
Naquele tempo não se discutia a suspeita de irregularidades na construção de usinas, refinarias, plataformas de petróleo, gigantescos sistemas de irrigação e saneamento, ferrovias, tanques, submarinos – até mesmo atômicos - usinas nucleares, estádios, aviões, mísseis, porque não se fazia quase nada disso em nosso país, e, quando havia encomendas, poucas, eram para o exterior, e não para aqui dentro.
Aludia-se, sim – muito timidamente com relação ao que se faz hoje – à possibilidade da existência de irregularidades na compra da emenda da reeleição no Congresso; e na sabotagem, esquartejamento, destruição, por exemplo, de grandes empresas nacionais, algumas delas centenárias, a maioria estratégicas, para sua entrega, a preço de banana, para estrangeiros, com financiamento farto, subsidiado, do BNDES.
Lembrando George Orwell - em seu inesquecível e cada vez mais atual "1984" - o Ministério da Verdade, ou Miniver, em "novilíngua" - formado pela parte mais seletiva, parcial, ideologicamente engajada e entreguista da mídia brasileira - pode fazer o que quiser – um diário chegou a trocar a foto de Dilma na cabine do KC-390, por outra, menos "favorável", em pleno processo de impressão da tiragem do dia seguinte ao fato - que não se conseguirá derrubar obras como Belo Monte, Telles Pires, Santo Antônio, ou Jirau, ou o novo trecho da ferrovia norte-sul, que já leva soja de Anápolis ao Porto de Itaqui, no Maranhão, ou paralisar – com a desculpa de que vão dar ou deram prejuízo (prejuízo contábil, virtual, não interessa, afinal, dinheiro se necessário, como fazem os EUA, se fabrica), como se não bastassem o 1 trilhão e 500 bilhões de reais em reservas internacionais que o Brasil possui – a construção da Transposição do São Francisco ou a expansão da refinaria Abreu e Lima, que já está processando, em sua primeira fase, cerca de 100.000 barris de petróleo por dia.
As obras e as armas construídas, para o Brasil, como os fuzis de assalto IA-2, ou os radares SABER, ou o Sistema Astros 2020 – até mesmo porque as Forças Armadas não vão permitir que esses programas venham a ser destruídos e sucateados - vão ficar, por mais que muitos queiram que elas desapareçam em pleno ar, em uma nuvem de fumaça ou nunca venham a ser vistos em um livro de história.
Et latrare canes caravanis transit – ouviu, certa vez um romano, em um ponto qualquer da rota da seda, entre as dunas do deserto do Saara.
O calendário da pátria não se mede com o ponteiro fugaz das vaidades humanas.
O que importa para o Brasil é o que fica.
No futuro, o povo saberá datar essas conquistas - separando o joio do trigo - no tempo e nas circunstâncias.
Do Jornal do Brasil

quarta-feira, abril 06, 2016

Dancinha do vazamento limitado 'de curtição' do Panamá

5/4/2016, Pepe Escobar, Telesur (do Facebook)
Atenção mundo! Hora de pôr na cabeça o chapéu Panamá made in Ecuador e começar a agitar os quadris freneticamente, na dancinha do vazamento limitado de curtição.

E se você acredita na pureza de intenções do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, CIJI [ing. International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ)] no centro do vazamento, tenho aqui um chapéu Panamá made in Shenzhen, China (A Quem Interessar Possa: Nunca fui, e jamais serei, membro desse CIJI).

O CIJI, que tem sede em Washington, recebe dinheiro para sustentar-se e todos os seus "procedimentos organizacionais" de um Centro para a Integridade Pública [ing. Center for Public Integrity] – o nome, já é orwelliano – com sede no Excepcionalistão. Os fundos fluem principalmente da Ford Foundation, da Carnegie Endowment, do Fundo da Família Rockefeller, da Kellogg Foundation e da ONG "Sociedade Aberta" [ing. Open Society] de George Soros.

E há também sua organização parceira na Europa Oriental,
OCCRP, negócio ainda mais orwelliano, autodefinido como prestador de alguma espécie de serviço alternativo progressista de 'mídia'. E essa OCCRP é mantida com fundos de Soros e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional [ing. USAID].

E, por fim, há esse país de ficção que atende pelo nome de Panamá – vassalo certificado dos EUA. Absolutamente nada acontece no Panamá, com real substância, que não tenha luz verde do governo dos EUA. Ora, como me disse um advogado tributarista internacional, "é preciso ser perfeito idiota para enfiar dinheiro no Panamá. Não se dá descarga numa privada, lá, que os norte-americanos não saibam, em tempo real".

E assim se tem o cenário para o vazamento dos Panama Papers – uma massa gigantesca de 11,5 milhões de documentos supostamente vazados de dentro da peso-pesado da produção de empresas offshore Mossack Fonseca para o jornal de centro-esquerda, aliado da OTAN, Suddeutsche Zeitung de Munique, e dali distribuídos pelo CIJI para jornais parceiros na grande mídia-empresa.

Mesmo que a pistola fumegante ainda não tenha aparecido, pode-se supor que esse maior vazamento de documento de todos os tempos tenha sido 'obtido' pela – e quem mais seria? – inteligência norte-americana. Aí está o tipo de negócio que a Agência de Segurança Nacional dos EUA faz primorosamente. A ASN-EUA consegue invadir virtualmente qualquer banco de dados e/ou arquivos em qualquer lugar do mundo; vivem de roubar "segredos"; depois, seletivamente, destroem/fazem chantagem/protegem ativos dela mesma e/ou "inimigos", conforme os interesses do governo dos EUA.

Essa é a essência de um vazamento limitado que foi vendido à opinião pública como se fosse resultado de alguma investigação séria sobre corrupção. E é aí que a mídia-empresa ocidental entra em cena, para proteger todo e qualquer honcho dentre os 0.00000001% de ricos que tenha caído na rede; e para fritar alguns joões-ninguéns descartáveis.

O que se tem são mais de 300 repórteres vasculhando centenas de milhares de documentos/arquivos durante um interminável ano, sem – pasmem! – nenhum vazamento fora da hora. Tudo isso para que um punhado de veículos-empresas de mídia-empresas do establishment possa selecionar meticulosamente o que lhes pareça "notícia". Veículos da mídia alternativa ocidental teriam vasculhado o 'material' sem poupar ninguém; mas esses jamais chegaram sequer perto dos documentos.

O que já se sabe com certeza é que ninguém jamais conhecerá a extensão total do que vazou do 'Panamá'. Até o hoje já inigualavelmente patético Guardian admitiu publicamente que "muito do material vazado permanecerá privado". Ora, mas... Por quê? Porque há o risco de alguém – inadvertidamente e diretamente – expor alguém da gangue dos 0,00000001% de multibilionários e empresas ocidentais. Todos esses jogam o jogo do cassino das offshore (embora não necessariamente no Panamá).

Fato é que, reduzidos a um esqueleto descarnado, os Panama Papers deixam-se ver como operação de guerra-de-informação realizada pela Agência de Segurança Nacional dos EUA – mirada principalmente contra "inimigos" (tipo os países BRICS) e alguns joões-ninguéns descartáveis; 'operação psicológica' (op-psi) armada, que se faz passar por 'vazamento ativista' – saída diretamente do
manual de Guerra Híbrida.

Na boleia do
Caminhão Monstro

Há um "Quem é Quem" inteiro de ricos/poderosos alvejados diretamente nos Panama Papers, do – doido varrido – rei da Arábia Saudita, até o ex-patrão da Fiat/Ferrari Luca de Montezemolo; de Lionel Messi, até membros (não individualizados, assim, só no geral) do Partido Comunista Chinês e o cunhado do presidente Xi Jiping da China.

A crocância da mistura aumenta com os nomes de Alaa Mubarak, filho da deposta cobra egípcia; Ayad Allawi, o açougueiro de Fallujah e ex-primeiro-ministro da ocupação norte-americana; o primeiro-ministro do Paquistão Nawaz Sharif (protegé dos sauditas, com certeza também contava com assessoria offshore); e Dov Weisglass, o açougueiro de Gaza e ex-conselheiro de primeiros-ministros israelenses Ariel Sharon e Ehud Olmert (esse, já condenado por crime de corrupção). Todos esses, perfeitamente descartáveis.

Há na lista não só a bandidagem do Oriente Médio, mas também a cúpula da mais "respeitável" Europa – do primeiro-ministro da Islândia (já obrigado a renunciar) até o pai de David Cameron, Ian. E alguns 'indiciados' que até podem ser considerados amigos do Excepcionalistão e dos fundos abutres, como o presidente da Argentina Mauricio Macri e o peso-pesado do chocolate & presidente da Ucrânia Petro Poroshenko, que perdeu muitos fundos que estacionara nas Ilhas Virgem britânicas.

Como se poderia adivinhar, ênfase especial em países BRICS – daqueles misteriosos chineses a empresas indianas. No que tenha a ver com o Brasil, o que bem se pode receber como avanço: lá está na lista, fritado, o notório corrupto presidente da Câmara de Deputados Eduardo Cunha; as contas não declaradas que ele mantém na Suíça já haviam sido reveladas nos vazamentos do HSBC; agora apareceram outras, no vazamento do Panamá.

Resta ainda a ser explicado um sumarento ângulo do caso brasileiro: se o vazamento dos Panama Papers estaria conectado ao fato de Ramon Fonseca, proprietário de 50% da Mossack Fonseca, ter sido destituído da presidência do Partido Panameñista, mês passado, porque seu nome surgiu em investigações da "Operação Car Wash" – que visa quase exclusivamente o Partido dos Trabalhadores que governa o Brasil. Os Panama Papers são de fato um Caminhão Monstro, versão global da "Car Wash" anti-PT.

Lula, como se podia prever, não está na lista do Panamá – para desespero dos 'mudadores-de-regime' golpistas apoiados pelo Excepcionalistão, muitos dos quais (barões ladrões midiáticos, banqueiros, empresários) apareceram nos vazamentos do HSBC. O império midiático O Globo, Mudador-de-Regime-em-Chefe, tampouco aparece nos vazamentos do Panamá, embora não seja segredo que se beneficiam de muita algazarra offshore.

A Síria, como sempre, é condenada a ser alvo de todas as agressões. Muitos dos veículos da mídia-empresa ocidental entenderam simultaneamente que 'notícia' seria o "capanga de Assad" Rami Makhlouf, descrito nos telegramas diplomáticos dos EUA como "leva-e-traz da corrupção síria" e já posto sob sanções dos EUA desde fevereiro de 2008. Alvo muito conveniente. Mas o "leva-e-traz" havia sido protegido pelo HSBC.

A culpa é de Putin!

E assim se chega, finalmente, ao principal alvo do Caminhão Monstro (na "Operação Car Wash" no Brasil, os alvos sempre são Lula e a presidenta Rousseff). Assim se cobre o ângulo BRICS, numa virada dos sonhos: virtualmente todos os grandes veículos da mídia-empresa ocidental gritaram em manchete que Vladimir Putin teria $2 bilhões escondidos offshore.

Problema é que Putin não tinha. Putin foi condenado por proximidade, por causa de supostas ligações de dois seus "associados próximos", Arkady e Boris Rotenberg, com lavagem de dinheiro. Só que os três e-mails "incriminatórios" que há nos arquivos não incriminam nem os "associados próximos" nem Putin.

E há Sergey Roldugin, violoncelista, amigo de infância de Putin. Eis o boato que o Consórcio (...) Investigativos arranjou contra ele:

"Os arquivos mostram que Roldugin age por trás das cortinas numa rede clandestina operada por sócios de Putin que deu fuga a pelo menos $2 bilhões mediante bancos e companhias offshore. Nos documentos, Roldugin é listado como proprietário de firmas offshore que obtiveram pagamentos de outras firmas no valor de dezenas de milhões de dólares (...) É possível que Roldugin, que alegou publicamente não ser homem de negócios, não seja o verdadeiro beneficiários desses capitais ilícitos. A evidência dos arquivos sugere que Roldugin age como testa de ferro para uma rede de seguidores de Putin – e, talvez, para o próprio Putin."

Por que não escreveram "a prova nos arquivos sugere que Lionel Messi atua como testa de ferro para uma rede de amantes do futebol que tentam escapar do estupro que a Argentina sofre nas garras de fundos abutres dos EUA hoje representados lá pelo novo presidente e dono de contas clandestinas offshore Mauricio Macri"?

A parte mais entusiasmante é que
Moscou já sabia que estava sendo preparada contra o país e o governo uma grande ofensiva de Guerra Híbrida; o porta-voz de Putin falou sobre isso dias antes de os Panama Papers viralizarem.

Devolver aos EUA a velha grandeza

Contas bancárias em sedes offshore não são intrinsecamente ilegais. Mas muitas dessas contas envolvem dinheiro sujo ou, no mínimo, garantem para os muito ricos, eufemisticamente, "ambiente de baixos impostos".

Não é acaso que os Panama Papers exponham conexões com várias dúzias de empresas e indivíduos que já são nomes de destaque nas listas negras das sanções norte-americanas. Também isso mostra os Panama Papers ainda mais como vazamento limitado: realmente quentes seriam Cayman Papers ou Virgin Island Papers. Porque é aí que os ricos 'oficiais' põem o dinheiro deles (para nem falar de Luxemburgo). Para tornar tudo ainda mais risível, David Cameron acorda, repentinamente, e descobre a necessidade de proibir que territórios britânicos do além-mar – e dependências da Coroa – sejam usados pelos ricos para enfiar suas fortunas fugitivas do fisco.

Jamais acontecerá. O chamado sistema internacional de finanças/banking é um cassino enlouquecido. Nada de apenas 8%. Corretores de operam em Hong Kong me dizem que o mais plausível é que coisa como 50% da riqueza global esteja hoje guardado, sem na nada a incomode ou perturbe, em paraísos fiscais à prova de impostos. Se uma fração dessa quantidade estonteante de dinheiro gerasse impostos, governos de direita e esquerda pagariam o que devem, investiriam em infraestrutura, lançariam rodadas sobre rodadas de crescimento sustentável e estaria em andamento uma espiral produtiva.

É o que nos leva à cereja do bolo da corrupção: como é possível que absolutamente não haja nenhum norte-americano nesse vazamento limitado?! Claro que não há. Panamá é para perdedores. Óbvio demais. Dissoluto. Cru. Coisa de pobre. Ergo, esqueçam para sempre qualquer Cayman Papers.

Para estrangeiros que sabem das coisas, basta voltar a três meses passados, ao artigo de Andrew Penney, diretor-gerente de Rothschild & Co
, em Bloomberg , onde tudo está dito, com todas as letras: "o maior paraíso fiscal do planeta é hoje os EUA."

Assim o círculo afinal se aquadrada: Panamá foi o boi de piranha – dano colateral nesse vazamento limitado, de curtição, na "Operação Caminhão Monstro". Negócio quente é o paraíso fiscal lá mesmo, nos EUA, cortesia dos Rothschilds. Querem de volta a grandeza dos EUA? É só pegar: o maior valhacouto para sonegadores de todo o universo, com seguro para dinheiro sujo de todos os tipos, um Panamá monstro: o Excepcionalistão realizando seu destino. Agora, panacas, dancem.*****


terça-feira, abril 05, 2016

... não há a caracterização do possível “crime de responsabilidade” que daria findamento jurídico ao pedido: exige-se um “atentado à Constituição”, a tipificação do crime, o dolo e a personalização do ato.

A defesa de Dilma na Comissão do Impeachment, por José Eduardo Cardozo

cardozo
José Eduardo Cardozo, tantas vezes desastroso como administrador no Ministério da Justiça, hoje foi brilhante como advogado, diante da Comissão de Impeachment da Câmara dos Deputados.
Fez uma defesa quase que estritamente técnica, demonstrando cabalmente que é improcedente o pedido de impedimento da Presidenta Dilma Rouseff.
Primeiro, porque não há a caracterização do possível “crime de responsabilidade” que daria findamento jurídico ao pedido: exige-se um “atentado à Constituição”, a tipificação do crime, o dolo e a personalização do ato.
Depois, evidencia que foi um vingança pessoal de Eduardo Cunha, por não ter garantidos os votos do partido da Presidente para que não fosse aberto contra ele o processo na Comissão de Ética da Câmara. Só quando frustrado em seu desejo de impunidade, Cunha retaliou com a aceitação do processo de impeachment:
– O processo de impeachment não foi aberto pelo exercício normal da competência legal e constitucional de Sua Excelência, o Presidente da Câmara. Foi aberto como retaliação. Foi aberto como vingança. Foi aberto para fazer do processo de impeachment contrapoto à condição efetiva de cassação de seu mandato. 
Reproduzo, abaixo, em vídeo, a fala de Cardozo.

A participação do Ministro Marco Aurelio Mello no Roda Viva, que reproduzo abaixo, foi uma aula de serenidade que cabe a um juiz, diante de uma banca, em sua maioria, composta de linchadores.

Marco Aurélio Mello dá uma aula sobre ser juiz ao “linchadores” do Roda Viva. Assista

mellorodaviva
A participação do Ministro Marco Aurelio Mello no Roda Viva, que reproduzo abaixo, foi uma aula de serenidade que cabe a um juiz, diante de uma banca, em sua maioria, composta de linchadores.
Você verá, desde o início, como é arrogante o pensamento de jornalistas que não só se arrogam à posição de julgadores e de julgadores unilaterais, que sequer querem ouvir argumentos de ponderação.
Embora a selvageria de José Nêumane Pinto, uma alma decaída ao fascismo, mereça destaque, a maioria se comportava também de forma além do opinativo e vai à tentativa de imposição de ideias ao entrevistado.
A parte mais densa da argumentação do Ministro, a 1h22min do vídeo abaixo, diz respeito ao que já chamei aqui de “Feirão da Delação”, que se assemelha a um tipo de confissão ( contra terceiros) obtida mediate a tortura do prolongamento da prisão.
-“Não compreendo alguém ser enviado ao xilindró e mantido lá até haver delação premiada, algo errado está havendo. Não estou pressupondo que haja invencionice dos delatores, ou melhor dos colaboradores do Judiciário, o que não compreendo é que se prenda, invertendo o princípio constitucional, que se prenda para fragilizar o ser humano e ele vir a delatar. Sob minha ótica científica, isso está acontecendo”.
Assista, vale a pena para recuperar um pouco a crença na Justiça.

sexta-feira, abril 01, 2016

A vibrante democracia brasileira, atirada aos cachorros



"A rataria rateja em tempo integral"

Em breves 3 minutos, uma gangue de escroques – mais conhecidos pela competência na corrupção, que na administração – jogaram aos cachorros, literalmente, a jovem mas vibrante democracia brasileira.

Sem votos individuais – para que os traidores não fossem nominalmente identificados – o Partido do Movimento Democrático (sic) Brasileiro, PMDB, abandonou a coalizão que apoia a presidenta Dilma Rousseff, aumentando, em tese, as chances de que um processo – kafkeano – de impeachment contra Rousseff venha a ser aprovado em abril.

O PMDB é o maior partido do Brasil, com 69 dos 513 assentos com voto no Parlamento. No curto prazo, o partido estaria contribuindo para que um dos seus, o atual vice-presidente Michel Temer, 75 – advogado constitucionalista, com folha corrida de serviços não precisamente brilhantíssima – assuma a presidência até as próximas eleições em 2018, realizando a mudança de regime dos sonhos dos agentes da Guerra Híbrida no Brasil e seus vassalos e subalternos em geral.

A Constituição brasileira admite a figura do impeachment; mas no caso da presidenta Rousseff jamais se provou qualquer "crime de responsabilidade", exigência da lei para que o impeachment seja acolhido legalmente como possível. A alegada acusação – de que teria havido mau uso de dinheiro público e desvio fiscal – é, do começo ao fim, conversa fiada.[1]

E só piora. Esse processo de mudança de regime/golpe branco correrá paralelamente a um acordo imundíssimo construído para acobertar feitos criminosos do próprio presidente da Câmara de Deputados em Brasília, escroque conhecido, Eduardo Cunha, e impedir que seja destituído por crime de corrupção. Cunha "renunciaria" – sob o pretexto de que o 'novo governo' Temer precisaria articular uma nova maioria no Parlamento.

Tribunal de escroques

Essa nova fase da vasta crise político-econômica do Brasil privilegia a oposição de direita [e extrema-direita], insuflada pela gangue PMDBista, todos dedicados a criar a impressão de que já teriam a maioria qualificada de 2/3 (342 votos) necessária para levar as acusações contra Rousseff ao Senado.

Deve-se esperar massiva PSYOP (Operação Psicológica, no jargão da CIA), pela qual o combo doentio constituído de direita política/mídia-empresas dominantes/velha elite comprador operará para impor à maioria da população a ideia de que "já ganhamos". De fato, ainda não ganharam coisa alguma, porque os tais 342 votos essenciais para que se realize o cenário de mudança de regime/golpe branco absolutamente ainda não existem.

Alguns deputados e senadores do PMDB – diga-se a crédito deles – continuam a apoiar a presidenta Rousseff. E a Polícia Federal já mostrou que vários outros membros do PMDB estão diretamente envolvidos no escândalo massivo na Petrobrás, que está no coração da Operação Car Wash – entre os quais o próprio Temer.

Corrupto conhecido, Cunha, presidente da Câmara de Deputados, já teria de ter sido preso há muito tempo. Nesse caso exemplar de Guerra Híbrida Soft – sobre o qual já escrevi ["Guerra Híbrida no Brasil"], tudo foi armado para derrubar presidenta contra a qual não há nenhuma acusação de qualquer crime ou malfeito: presidenta mulher que não cometeu crime algum, "julgada" por uma gangue de escroques.

Supondo que algum governo Temer que brote do golpe branco/mudança de regime algum dia assuma, a plataforma política já anunciada, e na avaliação de insiders bem informados em Brasília, será a mesma que a atual oposição de direita apresentou às eleições presidenciais e foi fragorosamente derrotada nas eleições presidenciais.

Temer será, no máximo, tampão. Não lhe permitirão concorrer em 2018. Será 'persuadido' a formar equipe ministerial de notáveis direitistas. E nada fará para impedir que a investigação da Operação Car Wash seja dissolvida numa banheira cheia de ácido, porque, afinal, o projeto inicial jamais foi investigar notáveis de direita derrotados em eleições limpas e livres: só os candidatos eleitos do Partido dos Trabalhadores.

Não percam de vista a lata do lixo da história

Se a mudança de regime/golpe branco for bem-sucedido/a, a Operação Car Wash estará desmascarada e exposta, afinal, pelo que realmente é. Esse simulacro tropical das "Mãos Limpas" da Itália nos anos 1990s jamais visou a varrer a corrupção do sistema político brasileiro; qualquer um que se beneficie dela é corrupto até a medula e, pelo golpe, estará assinando seu 'atestado de corrupção'.

A Operação Car Wash foi concebida, isso sim, como incansável máquina de uma Neo-Inquisição, para operar sempre a favor das velhas elites comprador que já celebram o impeachment da presidenta Dilma, plus a sempre sonhada pelos mesmos destruição da aura de Lula, se conseguirem impedir que se candidate às eleições presidenciais de 2018.

Quanto a toda a ação com vistas ao impeachment de Rousseff, repousa integralmente sobre um muito duvidoso procedimento encaminhado por ex-deputado da oposição, o qual – adivinhem –é investigado por crime de corrupção.

Golpes militares são tão Pinochetescos! Nunca será suficiente chamar a atenção de todos para as evidências de que o que se vê acontecer hoje no Brasil é operação de Guerra Híbrida avançada, operação de golpe branco/mudança de regime organizada pelo/no Ministério Público Federal, na/pelas empresas de mídia (no Brasil, a indústria da mídia é monopólio de quatro famílias) e parte significativa do Congresso.

Todas as apostas estão ainda abertas. Os 'mudadores-de-regime' estão nervosos, porque, em situação extremamente fluida, em país paralisado e polarizado, sempre será muito difícil impedir que venham à tona até as mais danosas verdades sobre os golpistas; a rataria rateja em tempo integral; e mais de um mudador-de-regime pode ainda ser descartado como dano colateral não buscado.

E se, por alguma elaborada volta da roda do destino os senadores brasileiros decidirem que Rousseff não cometeu "crime de responsabilidade" – afinal, não há prova alguma de coisa alguma contra ela –, a presidenta voltará ao comando do país. E o 'governo' pressuposto dos 'mudadores-de-regime' será oficialmente despachado para uma fedida lata de lixo da História.*****


[1] Hoje, o próprio Miguel Reale Jr., que encaminhou o pedido de impeachment da presidenta, já modificou o próprio discurso e a causa petenti ("causa de pedir"): as chamadas 'pedaladas fiscais', sim, ok, acontecem sempre; mas "neste governo, seja em 2014, seja 2015, alcançaram valores extraordinários, por longo tempo". É tolice, repetida e promovida incansavelmente, viciosamente, pela Rede Globo. Ontem, o senador Lindemberg Faria desmascarou, no Plenário, a falcatura que há no discurso dos golpistas [NTs].