quinta-feira, junho 22, 2006

Com medo da Lista de Furnas, PFL e PSDB atacam Thomaz Bastos

Lista de Furnas: http://caixadoistucanodefurnas.blogspot.com/

Parlamentares da oposição de direita, sobretudo PFL e PSDB, voltaram a ocupar as tribunas do Congresso Nacional para atacar o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Para o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), "esta atitude da oposição, além de demonstrar desespero, é retaliação à apuração republicana que a Polícia Federal está realizando em relação à lista de Furnas".


O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS) , criticou nesta quarta-feira (21) duramente o PFL e o PSDB por tentarem aprovar requerimento de convocação do ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos para explicar denúncia de que supostamente teria recebido recursos no exterior. A oposição sofreu uma derrota no plenário e não conseguiu aprovar o requerimento, que foi 238 deputados. Outros 113 votaram a favor."Esta atitude da oposição, além de demonstrar desespero, é retaliação à apuração republicana que a Polícia Federal está realizando em relação à lista de Furnas", disse o líder petista.


A chamada "lista de Furnas" é documento de cinco páginas que registra supostas contribuições de campanha, num esquema de caixa dois, a 156 políticos, principalmente do PSDB e do PFL, durante a disputa eleitoral de 2002. No total, eles teriam recebido R$ 40 milhões de fornecedores da estatal de energia.

A PF já confirmou a autenticidade da assinatura que aparece no documento, de Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas. Contudo, a PF informou que não tem como atestar, por enquanto, a veracidade do conteúdo da lista, mas continua investigando o caso. Os papéis citam empresas que teriam colaborado para abastecer um caixa dois paa campanhas tucanas e pefelistas.

Valerioduto

Além da "lista de Furnas", a Polícia Federal continua investigando o caixa dois da campanha do PSDB e PFL para o governo de Minas Gerais, em 1998. Um documento do tesoureiro da campanha, Cláudio Mourão, já teve sua autenticidade comprovada e mostra que o candidato tucano a governador, o hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB_MG) movimentou mais de R$ 100 milhões em sua campanha, montante não declarado à Justiça Eleitoral. Esta operação é tida como a origem do chamado valerioduto, do publicitário Marcos Valério.

Henrique Fontana foi cauteloso ao comentar a lista de Furnas, mas defendeu o aprofundamento das investigações, dado o conteúdo gravíssimo do documento. "Não digo, por enquanto, se o documento todo é verdadeiro ou não, por isso é necessária a investigação da Polícia Federal". O líder estranhou que o PSDB e o PFL não defendam a apuração do caso com o mesmo vigor com que agem para atacar o governo Lula.

Bastos: não sou político

O próprio ministro Thomaz Bastos respondeu à oposição. "A Polícia Federal está trabalhando como trabalhou nesses três anos, de forma impessoal e republicana. Eu não interfiro na Polícia Federal, eu não controlo. Faço questão de só dar um rumo à Polícia Federal", disse. Thomaz Bastos negou ainda ser político e disse que a proximidade do período eleitoral vai aumentar as disputas entre governistas e oposição. "Acredito que a guerra eleitoral vá se incendiar nesses próximos três meses, mas faz parte do jogo", afirmou.

Correia rebate nova bravata de senador tucano

Bem mais enfático na reação aos ataques oposicionistas foi o deputado estadual mineiro Rogério Correia (PT). Ele divulgou ontem uma carta aberta ao senador tucano Arthur Virgílio (AM), que voltou a fazer bravatas na tribuna do Senado e chegou a chantagear o ministro Márcio Thomaz Bastos.
Na noite de terça-feira, Virgílio subiu à tribuna para "exigir" que Bastos viesse a público, no prazo de 24 horas, para desmentir o laudo do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal que autenticou como verdadeira a assinatura de Dimas Toledo e que não houve montagem na "lista de Furnas".
O tucano disse que, se o ministro não fizesse isso, iria "ver o que é bom prá tosse".
Leia abaixo a íntegra da carta de Rogério Correia:

Carta aberta ao senador Arthur Virgílio

Vi com perplexidade o depoimento de V.Exa. na tribuna do Senado na noite de ontem. Mais uma vez utilizando-se de bravatas e agora numa atitude de chantagem explícita, o senhor desafia o Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a derrubar o laudo da Polícia Federal que atesta a autenticidade da “lista de Furnas” num prazo de 24 horas, caso contrário “ele vai ver o que é bom prá tosse”. Fica clara a tentativa do senador em tentar evitar a apuração das denúncias de caixa dois tucano nas eleições de 2002.

Desde o aparecimento das cópias da famosa lista, V,Exa. e vários outros tucanos de alta plumagem, tentam desqualificá-la, assim como tentaram fazer com a lista de Cláudio Mourão, que além de demonstrar o imenso caixa dois na campanha à reeleição do então governador Eduardo Azeredo, mostrou a utilização na mesma de recursos públicos oriundos de empresas estatais e o nascedouro do valerioduto. A tática foi a mesma utilizada agora: desqualificar o denuncinte, falar em falsificação e, quando da comprovação da autenticidade da assinatura e de que não houve montagem, tentar se passarem por vítimas de perseguição da Polícia Federal.

O senhor senador que ameaçou até bater no presidente, me processar, dar prazo de 24 horas para o ministro dizer que a lista é falsa, não mostra a mesma valentia contra o autor da lista. Se, como diz V.Exa. a lista é falsa, a responsabilidade é somente dele, afinal o laudo comprova ser verdadeira a sua assinatura e também não haver montagem. Porque então não processa o Sr. Dimas Toledo? Estaria o senador com medo da verdade?

A bravata e a chantagem de V.Exa., na tentativa de intimidar e sufocar a apuração, pode acabar sendo um tiro no pé. Que Furnas, através de Dimas Toledo, sempre foi utilizada como fonte de arrecadação para as campanhas tucanas, todos aqui em Minas já sabiam, embora até então não fosse ainda comprovado. Era um verdadeiro segredo de polichinelo. Resta agora à PF tornar público o laudo e avançar nas investigações. O ministro é um homem honrado e a Polícia Federal tem atuado com total isenção e liberdade. Nunca se apurou tantos crimes como agora, coisa impossível de acontecer em governos tucanos, que se especializaram em varrer a sujeira para debaixo do tapete...

Por fim, é bom se lembrar que Nilton Monteiro falou que além do original da “lista de Furnas”, já apresentado e periciado como verdadeiro, ele possui recibos assinados pelos beneficiados pelo esquema. E é bom não duvidar pois, foi através de suas denuncias, que se desbaratou o grande esquema de corrupção do então governador capixaba (também tucano) José Ignácio e se mostraram mentirosas as versões de Cláudio Mourão, Eduardo Azeredo e agora Dimas Toledo. A verdade virá à tona!

Rogério CorreiaDeputado estadual
2º vice-presidente da ALMG


From: André Lux