quinta-feira, junho 22, 2006

Ações de terrorismo jornalístico

Fonte:www.observatoriodaimprensa.com.br

LEITURAS DA VEJA

Por Daniel Thame em 20/6/2006


A denúncia publicada na edição desta semana da revista Veja ("Terrorismo biológico", edição nº 1961, de 21/6/ 2006), dando conta de que petistas liderados por Geraldo Simões [presidente da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) ] teriam introduzido a vassoura-de-bruxa de forma intencional na lavoura cacaueira do Sul da Bahia, teve o efeito de uma hacatombe. Natural que seja assim. A chegada da vassoura-de-bruxa dizimou o que restava de uma lavoura já em decadência, empobreceu produtores e deixou um saldo de 200 mil desempregados.
A publicação da reportagem vem provocando reações diversas, da ira ao descrédito. Produtores se mobilizam para não pagar dívidas e exigem reparações por eventuais danos. Políticos adversários aproveitam para desgastar Geraldo Simões. O PT e a direção da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), diretamente atingidos pela denuncia, alegam que tudo não passa de fantasia, politicagem.
A verdade é que, seguindo uma prática que vem sendo regra desde que abriu mão do jornalismo para se transformar num veículo francamente anti-PT, a revista não se preocupou em obter provas, documentos que sustentassem aquilo que ela qualificou como "terrorismo biológico". Ao se basear no depoimento de uma só pessoa, igualmente desprovida de provas e provavelmente marcada pelo ressentimento, Veja praticou uma espécie de "terrorismo jornalístico".
O repórter da revista, que esteve diversas vezes na região, não levou em conta o quanto o tema vassoura-de-bruxa é delicado. Não se importou em acusar sem provas, mesmo tendo a dimensão do tamanho da dor de cabeça que imporia aos acusados, gente que, até prova em contrário, tem um histórico de serviços prestados à região.
Contra todas as evidências de que a denuncia não se sustentava, que os lapsos de memória do denunciante são freqüentes, o repórter da Veja comportou-se como um Nero que põe fogo na cidade, no caso, numa região inteira, e depois fica a admirar a obra, ciente de que os fins (atingir o PT) justificam os meios (dar tons de verdade a uma conspiração delirante).
Labaredas intensas
Apenas um exemplo de como é fácil distorcer a verdade. Como base para a denuncia, a revista cita uma reunião no restaurante Caçuá, em Itabuna, no distante ano de 1987, onde foi decidida a operação para disseminar a VB. A reunião, segundo o denunciante, teria contado com as presenças de Geraldo Simões, Wellington Duarte, Everaldo Anunciação, Elieser Correia, Jonas Nascimento e Josias Gomes. O detalhe é que Josias só chegou ao Sul da Bahia dois anos depois de tal reunião.
Providencialmente, Veja driblou a verdade (ou a mentira) omitindo o nome de Josias Gomes. Caso contrário, ficaria evidente que a reportagem é mais um exercício de suposições e afirmações em provas, típicos da Veja. Numa completa inversão de valores, os acusados lançados na fogueira inquisitória da revista é que tratem de provar sua inocência.
Tarefa inglória, ao menos nesse momento de labaredas intensas, em que sobram incendiários e escasseiam os bombeiros. Restabelecer a verdade é uma tarefa árdua, mas necessária. Nem que para isso tenham que ser acionados a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça. Uma caça às bruxas como a que se tenta impingir aos petistas pode ter conseqüências imprevisíveis. Ou previsíveis, a depender do ponto de vista.


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Essa conduta criminosa da Veja já ultrapassou e muito o limite da legalidade, liberdade de imprensa não é liberdade para ser criminoso. O texto acima é muito importante porque chama a atenção para a gravidade que esse assunto tem em toda aquela região, milhares de pessoas tiveram as suas vidas completamente alterada pela vassoura-de-bruxa, só um criminoso completamente irresponsável é capaz de colocar fogo dessa maneira numa questão como essa... am