sábado, junho 10, 2006

Elio Gaspari tem óóóóóóóóóódio de Alckmin! Há provas!

SOBRE: ELIO GASPARI, 7/6/2006, “Alckmin, candidato para quê? Para nada.”, Globo Online, em http://oglobo.globo.com/jornal/colunas/gaspari.asp
C/C para O Globo, pelo formulário que se encontra em
http://oglobo.globo.com/jornal/, "Fale com o jornal O Globo"

“Na noite preta como carvãoA gente falava de assombração!”[Ascenso Ferreira (Palmares, Pe., 1895-1965). A Mula do Padre]

Há um 'detalhe' que explica bem o óóóóóóóóóódio figadal que o jornalista Elio Gaspari e o Estadão têm de Alckmin. E deve ser ÓDIO TOTAL. Acho que FHC e Serra sabem disso. Só Alckmin não sabe [risos muitos]. Mas, afinal, o que é que Alckmin sabe, esse despirocado?! [risos]


Vamvê se me explico.

O Gaspari é a maior autoridade que há hoje, provavelmente no mundo (‘brazilianists’ incluídos), sobre o pensamento geopolítico do General Golbery do Couto e Silva. Golbery, por sua vez, ainda é lembrado nos EUA, nos think tanks estratégicos, pesquisa, estudo e a correspondente 'literatura' que têm importância e uso estratégico para a geopolítica norte-americana ATÉ HOJE. Esses saberes não saem de lá. Gaspari estudou-os, como se sabe, lá.

Uma das cabeças mais longevas desse tipo de 'academia imperial' montada para a Guerra Fria, é Samuel Huntington (nascido em 1927, que ainda dá aulas em Harvard, hoje; que escreve hoje na Foreign Affairs e coisa e tal, que FHC lê religiosamente e cita, tolamente, todos os dias); outra, é Henry Kissinger (nascido em 1923, que trabalha HOJE com Clinton, que trabalha HOJE com FHC). E há outras dessas 'cabeças', lá e cá. Todos foram formados na, da, com e para a Guerra Fria.

Dessa ‘elite’ ‘pensante’ duramente conservadora, só saem e chegam à academia que temos no Brasil, os 'brazilianists' de araque. Esses, são como espiões que todo mundo sabe que são espiões, com nome e endereço conhecidos, cujos ‘saberes’ não valem um réis de mel coado porque estão divulgados. Esses, são os ‘especialistas’ em Brasil que os jornalões brasileiros 'entrevistam' e repetem, como papagaios patéticos; e a USP tucano-pefelista-udenista ‘ensina’ a-pli-ca-da-mente-mente-mente.

Mas lá, nos think tanks, o projeto Golberysta continua pautado – dentre outros motivos porque, em quase 50 anos, não se produziu coisa mais bem feita, prô mesmo fim safado.
De fato – e dado que nada melhor apareceu nas academias periféricas, nos mesmos quase 50 anos, para o mesmo fim safado –, o pensamento Golberyista já parece estar sendo ‘atualizado’, hoje, quando o mundo todo está cada dia mais parecido com o mundo da Guerra Fria: saíram de cena os comunistas-que-comiam-criancinhas e entraram em cena os árabes-que-comem-criancinha e, no local, saíram de cena os ditos ‘intelectuais brasileiros’ e entraram em cena os ditos ‘metalúrgicos analfabetos’.


No ‘sul do mundo’, olhado pelos olhos dos imperialistas à moda Huntington e dos bocós da USP e do Estadão, FSP, revista NÃO-Veja e outros, saíram de cena os generais ‘democratas’ e entraram em cena os ‘populistas’. Tudo são palavras, e palavras apagam-se.
Assim, como sempre fizeram, todos os bocós antidemocráticos de diferentes latitudes, já apagaram do mundo a evidência de que, sejam quem forem, todos os presidentes latino-americanos e democráticos, que tanto assustam o Estadão, a revista NÃO-Veja, a Folha de S.Paulo, O Globo e o Augusto Nunes, no século 21, foram, sim, eleitos em eleições livres, democráticas, legítimas e perfeitas.


Mas, sim, foi Golbery quem construiu o mais complexo e abrangente projeto pensado ‘do sul para o norte mas a favor do norte’, para inserir o Brasil na 'ordem' da Grana Grana Transnacional pensada, exclusivamente, do ‘norte para o sul’ – desde imediatamente depois da II Guerra Mundial.

Golbery já tinha o seu projeto pronto (e escrito) em 1952. O ideário já estava constituído, de fato, antes do suicídio de Getúlio. A implantação a ferro e fogo foi adiada, sim, mas o projeto golberysta foi afinal implantado, a ferro e fogo, em 1964.

Foi Golbery quem construiu o projeto estratégico de longo prazo, na Escola Superior de Guerra, onde o General Meira Mattos estudou... e que deu no golpe de 1964.

Semana passada, o MESMO General Meira Mattos aparecia ainda na Folha de S.Paulo, com direito a meia página. E ontem, ontem meeeeeeeeeeeeesmo, ACM ainda zurrava idéias que o MESMO ACM já zurrou em 1963 e 64. Todos esses são filhotes da ditadura. E, cada um a seu modo, estão inscritos, ainda, no MESMO projeto Golberyista.
O fascínio que o projeto Golberyista ainda tem, hoje, para muitos ‘sociólogos’ e ‘economistas’ tucano-pefelistas-uspeanos’ é que se trata de um projeto de desenvolvimento; essa é a palavra-chave, que tudo encobre.


Mas o tal de 'desenvolvimento' à moda Golbery é, digamos, um tal de ‘desenvolvimento’, digamos, subalterno. É um ‘desenvolvimento’ que quer ser dependente e subalterno. Não é desenvolvimento, portanto, mas parece.

O mesmo fenômeno do ‘não é, mas parece’, está ativo também na "Teoria da Dependência", de FHC: parece que visa à independência, mas não visa; traduzida, dá no mesmíssimo 'desenvolvimento' subalterno de Golbery: são teorias complementares; são, portanto, teorias idênticas.

Não esqueçamos que, pelo projeto de Golbery, o Brasil só estaria salvo, e à caminho da "grandeza", se nós "construirmos os meios necessários para ancorar o Brasil ao desenvolvimento das nações desenvolvidas".

Essa frase está no livro que Golbery publicou em 1952, e que só existe, que eu saiba, na sessão de livros raros da Biblioteca da Escola Superior de Guerra. A mesma frase está também, igualzinha, nos livros de FHC, que juntam pó, hoje mesmo, em zilhões de prateleiras de livrarias em todo o Brasil, sem encontrar leitores interessados.

E são livros e teorias e idéias que já não interessam, mesmo, mais, a ninguém, no Brasil-2006: nem os livros de Golbery, nem a 'sociologia' tucana-pefelista-uspeana. Esses são os projetos, idéias e estratégias e ‘sociologias’ que o Brasil derrotou, nas urnas, quando elegemos o presidente Lula pela primeira vez. Elegemos o presidente, sim, mas não derrotamos completamente o projeto Golberyista – que sobreviveu; já capenga, sim; mas ainda não morto e enterrado.

O projeto golberysta continuou estertorando, mas continuou, com FHC. Se Collor não fosse perfeitamente doido, teria sido com ele. Não foi, porque Collor foi "uma coorte de desatinos" -- em avaliação perfeitamente golberyista e nada sociológica, enunciada por FHC, no famigerado “Discurso de despedida do Senado”, na véspera de FHC assumir a presidência pela primeira vez.
Com Collor rapidamente degolado... FHC, em pessoa, teve de assumir pessoalmente o projeto golberysta.


E assumiu, como pôde e soube. E lá ficou, FHC, por dez anos, escancarando todas as portas que pôde, para 'globalizar' o Brasil, à moda diabo-golberyista. E escancarou. E fez muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito, nessa direção. O resultado desse trabalho foi o que o ministro José Dirceu chamou, muito adequadamente, de "a herança maldita".

Verdade seja dita: Gaspari SEMPRE achou que FHC era muuuuuuuuuuuuuuuito pouco, pra tocar o projeto de Golbery (e Gaspari, é claro, tem, nisso, tooooooooooooda a razão).
Pior: antes de FHC, Sarney, Collor e Itamar tampouco haviam sido o 'melhor’, desde a tal de 'redemocratização'. FHC, já então, qdo. apareceu ("o sociólogo gabola!" [risos muitos], como o definiu com perfeição o ex-Jefferson) era a 'salvação possível', disponível, de 92 a 93 como ministro das Relações Exteriores; de 93 a 94 como ministro da Fazenda (governo Itamar Franco); e de 95-02, oito longos anos, afinal, como presidente. Bom nunca foi, se avaliado sob os rígidos critérios de eficácia política do General Golbery, e, portanto, de Elio Gaspari – mesmo que se saiba que, em Elio Gaspari, os critérios já estão degradados e são, completamente, de segunda mão.


OK. Tudo isso posto e reposto, o que é que Elio Gaspari vê, hoje, em 2006, no quadro político eleitoral HISTÓRICO real, às vésperas da eleição mais importante que jamais tivemos desde, com certeza, o golpe de 1964?

O que é que pode ver uma cabeça autoritária, incapaz de ler os movimentos históricos profundos, de fato, uma cabeça TOTALMENTE AUTORITÁRIA, casada com os ruralistas do Estadão e com os naaaaaaaaaaaaada da Folha de S.Paulo, e que ainda ache, em 2006, que o 'projeto Golbery' seria a salvação do Brasil?!

Mêo! O Elio Gaspari vê, nu e cru, o quanto e como o tal projeto do General Golbery, do chamado "O Bruxo", do "gênio", daquele deus fardado que Gaspari idolatra... não deixou de ser DEGRADADO, um dia sequer, ao longo, no mínimo, de 26 anos, e, no máximo, ao longo dos últimos 50 anos... entregue aos Geisels, Figueiredos, Sarneys, Collors, Itamares e FHCs...
Assim, afinal, em 2006, Elio Gaspari vê nu e cru -- porque não há como alguém 'treinado' pela (boa) argumentação golberyista não ver isso -- que o projeto do ‘divino bruxo’... está entregue, em 2006, à candidatura de um Alkcmin, de um picolé de jiló, está entregue a esse naaaaaaaaaaaaaaaaaaada, a este TOTAL ESTROPÍCIO, que será derrotado, sem sombra de dúvida por Lula, o metalúrgico, e pela segunda vez e, provavelmente, já no 1º turno!
Pior: Gaspari vê que esse Alckmin-nada derrotou, em casa, o ôôôôtro-lá, os FHC-Serra, os quais, portanto, já podem ser definidos como sub-Alckmins [risos]. Quer dizer: Elio Gaspari vê, só e sempre, no seu partido, incompetência sobre incompetência, fracasso sobre fracasso, erros sobre erros, falta de visão estratégica sobre falta de visão estratégica, erros sobre erros... e vãs gabolices, as mais tolas. Só isso. E quanto mais a direitona Golberyista olhe em volta, dia 7/6/2006, é só isso que a direitona Golberysta vê e verá.


É claro, portanto, que a reeleição de Lula, afinal, agora sim, AMEAÇA MESMO, definitivamente, às veras – e nas urnas, com zilhões de votos democráticos, com, inclusive o MEU VOTO DEMOCRÁTICO – a continuidade do projeto golberyista.
Choooooooooooooooooora, Golbery!


Vem daí, me parece, o tom de desalento do que Elio Gaspari escreve hoje. Parece sarcasmo e escárnio. Ao falar de mim e do MEU VOTO DEMOCRÁTICO, Gaspari ainda fala em “choldra”. É grosseria tola. É grosseria de classe, de aristocrata fanado e autista, que nem sabe jogar nem sabe perder. É sarcasmo e escárnio, sim, mas não é só isso: também é desânimo, amargura, desalento... de quem já sabe que perdeu o jogo.
50 anos de luta... e afinal vencemos!


Foram quase 50 anos de luta. Foi mais de uma geração que lutou contra o projeto Golberyista, no Brasil. Para muitos brasileiros, foi toda a nossa vida adulta, de luta diária contra o projeto Golberyista. Foi para mim. Foi para o ministro José Dirceu. Foi para tantos! Afinal, vencemos.
Houvesse à vista, hoje, uma única chance de impedir a redemocratização do Brasil – uma única chance objetiva de Gaspari+Estadão+UDR+Bornhausen+ACM impedirem a reeleição de Lula, uma que fosse, Elio Gaspari não estaria, hoje, tão desalentado. Mas como o entendo! Não é, mesmo, pro Gaspari ter ÓDIO do Alkcmin?!


“Para quê?” “Para nada.”

A pergunta-auto-resposta que Elio Gaspari reproduz hoje, de um poema de Ascenso Ferreira, parece ser um ato falho. Parece ser, sim, a pergunta-auto-resposta que Golbery lhe faz nas vesgas da morte, a ele, Elio Gaspari.

Digamos que Elio Gaspari, hoje, tenta 'socializar', para todos nós, o desânimo que sente, por ver o TOTAL FRACASSO do projeto Golberyista, que nem Gaspari, hoje, consegue não ver.
Ora essa! Gaspari que visse! Lula viu, com certeza, sem dúvida alguma, no mínimo, desde 1980. Eu-euzinha também estou vendo. Por isso, em 2006, Lula será reeleito, também com o meu voto democrático.


Acho que Golbery entenderia esse complexo processo da história do Brasil dos últimos 50 anos, se estivesse vivo (Golbery morreu em 1987, por sorte dele!).
É bem possível, até, que Golbery hoje, fizesse campanha para reeleger Lula, não se pode saber. Mas uma certeza existe, acima de toooooooooooooooooooda e qualquer dúvida: Golbery JAMAIS, hoje, sequer daria bom-dia a NENHUM ALCKMIN.

Isso, afinal, é o que está escrito, bem claro, nas entrelinhas da coluna de Elio Gaspari, publicada dia 7/6/2006, n'O Globo, RJ.

(Caia Fittipaldi, 10/6/2006)
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PARA NÃO ESQUECER: "Nós vamos ter um enfrentamento grave. Vocês se preparem." (Presidente Lula da Silva, do Brasil, maio de 2006).