Do Informes
O líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), criticou ontem o PFL e o PSDB por tentarem aprovar requerimento de convocação do ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos para explicar denúncia de que supostamente teria recebido recursos no exterior. "Esta atitude da oposição, além de demonstrar desespero, é retaliação à apuração republicana que a Polícia Federal está realizando em relação à lista de Furnas", disse o líder.
A chamada "lista de Furnas" é um documento de cinco páginas que registra supostas contribuições de campanha, num esquema de caixa dois, a 156 políticos, principalmente do PSDB e do PFL, durante a disputa eleitoral de 2002. Eles teriam recebido R$ 40 milhões de fornecedores da estatal de energia.
A PF já confirmou a autenticidade da assinatura que aparece no documento, de Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas. Contudo, a PF informou que não tem como atestar, por enquanto, a veracidade do conteúdo da lista, mas continua investigando o caso. Os papéis citam empresas que teriam colaborado para abastecer um caixa dois para campanhas tucanas e pefelistas.
Valerioduto - Além da "lista de Furnas", a Polícia Federal continua investigando o caixa dois da campanha do PSDB e PFL para o governo de Minas Gerais, em 1998. Um documento do tesoureiro da campanha Cláudio Mourão já teve a autenticidade comprovada e mostra que o candidato tucano a governador, o hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) movimentou mais de R$ 100 milhões em sua campanha, montante não declarado à Justiça Eleitoral. A operação é tida como a origem do chamado valerioduto, do publicitário Marcos Valério de Souza.
Henrique Fontana foi cauteloso ao comentar a lista de Furnas, mas defendeu o aprofundamento das investigações, dado o conteúdo gravíssimo do documento. "Não digo, por enquanto, se o documento todo é verdadeiro ou não. Por isso, é necessária a investigação da Polícia Federal". O líder estranhou que o PSDB e o PFL não defendam a apuração do caso com o mesmo vigor com que agem para atacar o governo Lula.
Quanto à iniciativa da oposição de questionar, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as viagens que o presidente Lula poderá fazer durante a campanha eleitoral, o líder petista declarou que a atitude é outro ato de desespero em razão do favoristimo de Lula apontado pelas pesquisas eleitorais. "Num primeiro momento, numa atitude golpista, a oposição PFL/PSDB tentou o impeachment do presidente da República. Agora, aparentemente, quer que ele não seja candidato", comentou Fontana.
Reeleição - O líder lembrou que foi a oposição quem "inventou" a reeleição no país e as regras para participação em campanhas de quem for candidato à reeleição. O líder é contrário ao instituto da reeleição, mas entende que o tema deve ser tratado posteriormente pelas forças políticas do país, pois, no momento, qualquer tentativa nesse sentido seria para prejudicar a eventual candidatura Lula para um segundo mandato.
Fontana censurou o líder da Minoria, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), por criticar a intenção de Lula de inspecionar obras durante a eventual campanha eleitoral à reeleição. O líder petista disse que Aleluia quer agora incluir uma nova variável no processo eleitoral, mas desconheceu quando a mesma prática foi realizada durante a campanha de reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1998. "O líder da Minoria deveria criticar o candidato a vice-presidente na chapa de Alckmin, o senador José Jorge, por suas declarações desastrosas".
Alyda
Lista de Furnas: http://caixadoistucanodefurnas.blogspot.com/
O Informante