domingo, maio 14, 2006

Polícia acusa Alckmin

Eduardo Guimarães

Como de costume, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin tentará transferir para o governo Lula sua responsabilidade em relação aos ataques de criminosos a policiais militares que vêm ocorrendo no Estado, como fez recentemente quando debitou na conta do governo federal o descalabro da Febem. A atrapalhar a retórica irresponsável de Alckmin, no entanto, perfilam-se declarações de entidades representativas dos policiais civis e militares e de policiais como o major Sergio Olímpio Gomes, diretor da Associação dos Oficiais da Polícia Militar, do presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM, Wilson Moraes, e a do delegado André Di Rissio, presidente da associação dos delegados. Eles atribuem os ataques à incapacidade do governo do Estado de São Paulo de gerir os sistemas de segurança pública e penitenciária. Entre as várias acusações de policiais ao governo paulista estão a de que as promessas de instalação de bloqueadores de celulares nas cadeias e a colocação de vidros blindados nas bases comunitárias e nos carros policiais não foram cumpridas e de que a entrega de viaturas e as formaturas de policiais em praça pública não passam de ações "de fachada".
Diante desse quadro assombroso, fica difícil entender o tal "choque de gestão" que Alckmin afirma que implementará no país se se eleger presidente. Como pode alguém que fracassou tão miseravelmente no governo de São Paulo querer agora governar o Brasil?

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Falta Democracia...

Quem é que pode enfiar na cabeça de um tucano ou de um PFL da vida que essa questão de segurança pública não é só e tão somente uma questão de mais repressão e mais truculência. Se fosse assim, São Paulo deveria ser um paraíso, pois tem a polícia mais truculenta do Brasil. Recriação das polícias estaduais, inteligência com um programa nacional de investimentos e requalificação total dessa estrutura policial que o Brasil herdou da ditadura. Radicalização da democracia e da participação popular na formulação e gestão de programas sociais e de cidadania nas periferias dos grandes centros urbanos do país. Escolas para a cidadania, super-oferta de amplos programas de ensino médio e capacitação profissional, reformulação de currículos e metodologias com ampla participação democrática e popular.

É uma questão muita complexa na qual a própria esquerda também está vendida. Não é coisa pra doutor, pra especialistas e coisas do tipo. É uma tarefa que só pode ser encarada por uma sociedade organizada, ativamente posicionada e bem-vinda pela estrutura do estado brasileiro. O estado entra com o seu poder de regulamentar e a sociedade com o poder e a competência de definir prioridades e de participar ativamente da gestão dos programas e das ações. Ou é isso, ou não tem jeito...

Adauto Melo