quinta-feira, maio 11, 2006

Para Tarso Genro, país retomou "normalidade política"

Paulo de Tarso Lyra
11/05/2006

O ministro da Coordenação Política, Tarso Genro, está convicto de que a crise política acabou. Em discurso na abertura da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, realizada na manhã de ontem no Planalto, Genro afirmou que o país vive um período maior de estabilidade, que coincide com a aproximação do momento eleitoral. "A superação de uma série de percalços que ocorreram neste período, que vão desde a aprovação do orçamento até a uma nova posição da OAB a respeito do impedimento, tendem a consolidar as relações políticas no país e permitir um diálogo de alto nível", afirmou o ministro. Esse refluxo da crise, na opinião de Genro, também pode ser medido pela "reabertura do diálogo com a oposição e pelo reatamento nas relações do governo com sua base política".

O ministro voltou a elogiar a decisão do Conselho da OAB, que arquivou na última segunda o pedido de impeachment de Lula. "Foi uma posição madura, séria, que fez jus à sua trajetória de responsabilidade institucional". Para o ministro da coordenação política, esse cenário positivo é fundamental em um ano eleitoral. "É natural que se acendam algumas paixões, mas essas paixões têm que ser canalizadas pela ação política dos partidos e dos dirigentes. É isso que está sendo feito", disse Genro. Essa regra vale também para as Comissões Parlamentares de Inquérito - a CPI dos Bingos ainda está em funcionamento. "Essa normalização política não pressupõe que as CPIs não funcionem, que não convoquem pessoas, que não tomem suas providências", citou o ministro.

Essa normalidade política não é abalada nem mesmo diante da entrevista concedida pelo ex-secretário geral do PT, Silvio Pereira, que depôs ontem na CPI dos Bingos. Para o ministro da coordenação, Silvio Pereira é uma questão do Congresso e da bancada petista. "O depoimento de Silvio Pereira não interessa ao governo até porque ele deixou muito claro que o governo restringiu qualquer tentativa de envolvimento, não permitiu que as negociações saíssem", defendeu o ministro.

Genro só demonstrou impaciência diante do questionamento sobre a participação do presidente Lula no esquema de corrupção. Na entrevista concedida ao "O Globo", o ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, declarou que Lula, ao lado de José Dirceu, Aloizio Mercadante e José Genoino, comandavam o PT. "Tem algum inocente no país que achava que o presidente Lula não tinha influência no partido? Sempre teve, tanto que é nosso presidente. Agora, nada ele tem a ver, o próprio Silvio Pereira disse, com os fatos mencionados". O ministro petista lembrou que Lula é o presidente de honra do PT e que foi isso, evidentemente, que Silvinho quis dizer na entrevista. "Essa pergunta (sobre a influência de Lula no PT) é sempre feita de maneira descontextualizada". Para o ministro, a imprensa está ansiosa para criar um fato político negativo para o governo.

"Essa pergunta não tem racionalidade. Vocês às vezes parecem que estão um pouco chateados porque não conseguem envolver o presidente. Mas o presidente não está nem um pouco preocupado", assegurou Genro.