terça-feira, agosto 31, 2010

Grande Grana Global mata milhares no Paquistão

Você está entrando no Diário Gauche__O blog com vista para o mar do século 21__Política com pitadas de música, cinema, literatura, arte e o que estiver vivo e se mexer.

FOTO-LEGENDA _Famintos do Paquistão, atingidos pelas inundações, lutam por embalagens de alimentos distribuídos desde um helicóptero do exército em Lal Pir, Paquistão, dias atrás.
Como escreveu semana passada na CounterPunch, o intelectual paquistanês Tariq Ali: "Um desastre de proporções bíblicas: as enchentes provocadas por pesadas chuvas de monções durante o mês passado, já afetaram mais de 17,2 milhões de pessoas e mataram mais de 1.500, segundo os órgãos paquistaneses que trabalham no que deveria ser o atendimento aos flagelados. Esse ano, as chuvas não pararam, razão pela qual as enchentes alcançaram as proporções que se vêem. [...] Os desastres provocados pelo homem – a guerra no Afeganistão, que respinga também no Paquistão – não bastaram. Agora, o país enfrenta também desastres naturais. Seria difícil para praticamente qualquer governo, mas, no Paquistão, o governo está virtualmente paralisado".
E prossegue Tariq Ali: "Ao longo dos últimos 60 anos, a elite paquistanesa jamais conseguiu construir qualquer infraestrutura social para os paquistaneses. É um dos defeitos estruturais profundos que afeta duramente a maioria da população. Hoje, os líderes paquistaneses seguem cegamente os ditames neoliberais do FMI, como único meio de manter o fluxo de empréstimos para o país. Se para pouco servem nos bons tempos, esses empréstimos são absolutamente inúteis quando o país enfrenta a mais terrível crise humanitária das últimas décadas". [...]

Foto de Ali Arif/AP
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http://www.counterpunch.org/ali08272010.html

Um desastre de proporções bíblicas: as enchentes provocadas por pesadas chuvas de monções durante o mês passado, já afetaram mais de 17,2 milhões de pessoas e mataram mais de 1.500, segundo os órgãos paquistaneses que trabalham no que deveria ser o atendimento aos flagelados. Esse ano, as chuvas não pararam, razão pela qual as enchentes alcançaram as proporções que se veem. Quase 2.000 mortos e mais de 20 milhões de desabrigados. Os desastres provocados pelo homem – a guerra no Afeganistão, que respinga também no Paquistão – não bastaram. Agora, o país enfrenta também desastres naturais. Seria difícil para praticamente qualquer governo, mas, no Paquistão, o governo está virtualmente paralisado.
Ao longo dos últimos 60 anos, a elite paquistanesa jamais conseguiu construir qualquer infraestrutura social para os paquistaneses. É defeito estrutural profundo que afeta duramente a maioria da população. Hoje, os líderes paquistaneses seguem cegamente os ditames neoliberais do FMI, como único meio de manter o fluxo de empréstimos para o país. Se para pouco servem nos bons tempos, esses empréstimos são absolutamente inúteis quando o país enfrenta a mais terrível crise humanitária das últimas décadas.
A resposta do ocidente foi contida. Nem se pode dizer que tenha sido generosa, o que provocou pânico em Islamabad e levou jornalistas pró-EUA no país a dizer que, se não chegasse ajuda imediata, os terroristas tomariam conta do país. É completo nonsense. O Exército Paquistanês controla tudo. Grupos religiosos e outros reúnem doações em dinheiro e ajudam alguns desabrigados. Tudo normal.
Desde o 11/9, uma onda sinistra de islamofobia cresce na Europa e em partes dos EUA. Recente pesquisa de opinião na Grã-Bretanha “multicultural” revelou que, perguntados sobre o primeiro pensamento que lhes ocorria ao ouvir a palavra “Islã”, mais de 50% dos entrevistados responderam “terrorista”. E não é diferente na França, Alemanha, Holanda e Dinamarca.
Esse modo de tratar o Islã como o “outro” eterno, tem a ver com as guerras no Iraque e no Afeganistão, mas é atitude tão errada quanto o antissemitismo que desencadeou preconceitos e genocídio na primeira metade do século 20. Um milhão de iraquianos morreram desde que o Iraque foi ocupado: quem liga? Civis afegãos morrem todos os dias: a culpa é deles. Paquistaneses afogam-se nas enchentes. Indiferença.  Por isso, com certeza, a resposta de solidariedade ao Paquistão foi tão limitada.

Zardari junta-se ao Clube dos Sapatados, com Bush
Outra das razões é doméstica. Muitos cidadãos de origem paquistanesa com os quais falei nas últimas semanas relutam em mandar dinheiro, porque temem que tudo acabe nos grandes bolsos dos corruptos que governam o Paquistão. Logo que as enchentes começaram, o presidente partiu para a Europa. Tinha de vistoriar propriedades; seu filho tinha de ser coroado futuro líder do Paquistão em Birmingham, Inglaterra.
“Milhares de mortos. O presidente tira férias”. A televisão europeia mostrava imagens de um país que se afogava, e o presidente estava a caminho, para férias em seu castelo do século 16 no interior da França. A coroação em Birmingham foi adiada. Foi demais, até para os legalistas. Zardari pronunciou um discurso impressionante, e um ancião da Caxemira, enfurecido pela quantidade de palavras sem qualquer conexão com a realidade, levantou-se e jogou um de seus sapatos contra o presidente-empresário, chamando-o de “corrupto e ladrão”. Zardari abandonou o recinto, furioso. O maior jornal do Paquistão escreveu em manchete: “Zardari junta-se ao Clube dos Sapatados, com Bush”.
Alguns manifestantes ergueram sapatos contra cartazes de Zardari, outros levavam cartazes em que se lia “Milhares de mortos. O presidente tira férias” e “Os Zardaris passeiam pela Inglaterra, enquanto o Paquistão morre afogado?” Nada disso ajuda a recolher dinheiro para ajudar os flagelados.
A televisão europeia mostrava imagens de um Paquistão que tentava sobreviver à crise dos seus mais pobres, enquanto um helicóptero da Força Aérea francesa transportava o homem mais rico do Paquistão para sua mais extravagante propriedade, um castelo francês do século 16, Manoir de la Reine Blanche, com seus cinco acres de parques, lagos e florestas. Construído originalmente para a viúva do rei Philippe VI, é hoje propriedade do ‘herdeiro’ de milhares de paquistaneses mortos. Como é possível que tenha comprado um castelo na França? No Paquistão, todos sabem: com o suborno que lhe pagam empresas que investem no Paquistão.
No Paquistão, o grupo Jang, maior império de mídia do país, foi instruído pelo governo a não divulgar, pela rede GeoTV, imagens do incidente da sapatada. O grupo ignorou as instruções e, além das imagens, entrevistou o homem que atirara o sapato.
Não conseguiram dominar o YouTube. Mas os homens de Zardari tiraram do ar a rede GeoTV e outra rede, ARY, na região de Karachi e em partes de Sind. E centenas de jiyalas de Zardari – do partido de Zardari – reuniram-se à frente da sucursal da rede em Karachi, jogando pedras e sapatos. Reagiam contra a decisão do canal Geo de noticiar o incidente da sapatada.
Jornais do grupo Jang ardem, em chamas, por toda a cidade de Karachi. Não se vê nem sinal da polícia. Reação do grupo: os canais de televisão passaram a exibir clips de discursos de Benazir Bhutto defendendo a liberdade de expressão. As enchentes continuam... 

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segunda-feira, agosto 30, 2010

pilantragem eleitoreira

ESPN - FOLHA: Como usar o futebol para a prática da pilantragem eleitoreira

Mauro Carrara
 
 
O golpe sujo começou com o blogueiro Juca Kfouri, do UOL, ainda no sábado, 28 de Agosto.
 
Segundo ele, a empreiteira Odebrecht "deu" um estádio ao Corinthians para bajular o presidente Lula.
 
O jornalista do UOL-FOLHA e da ESPN, no entanto, não conseguiu provar que se tratava de um presente, muito menos de uma negociata, como tentou insinuar.
 
A suposição eleitoreira, no entanto, logo converteu-se em "fato" para boa parte da imprensa esportiva.
 
Uma ironia, posto que se acolhe na corporação dos jornalistas esportivos brasileiros numeroso grupo de paus-mandados de políticos, cartolas e, principalmente, de empresários de atletas.
 
A peça golpista que abre esta semana foi produzida pelo jornalista carioca Mauro Cezar Pereira, ex-O Globo, ex-Placar (Abril), atual comentarista da ESPN e da Rádio Eldorado (Estadão).
 
A acusação está luminosamente impressa em seu blog da ESPN, filial da empresa norte-americana do mesmo nome, desde 1996 uma subsidiária da Disney.
 
O título é "PEDIDO DE LULA A EMPREITEIRA POR ESTÁDIO DO CORINTHIANS É VERGONHA".
 
Implicitamente, o autor do texto ainda chama o presidente da República de ladrão ao concluir sua mensagem com a pergunta: "ou você é adepto do rouba mas faz?"
 
Novamente, o leitor buscou qualquer prova (uminha que fosse) de que o presidente tenha sugerido, solicitado ou exigido esse favor dos empreiteiros.
 
E nada há. Apenas, o velho jornalismo de pilantragem e difamação praticado pela imprensa monopolista brasileira.
 
Mauro Cezar Pereira cita outro blogueiro, o jornalista Guilherme Barros, para afirmar que a Odebrecht receberá financiamento do BNDES e isenção fiscal.
 
Nem Pereira nem Barros, no entanto, apresentam qualquer documento sobre o acordo. Nada!
 
Tampouco oferecem as necessárias "aspas" de qualquer autoridade federal, executivo da construtora ou dirigente do clube paulistano.
 
A fonte de ambos parece ser uma matéria da Folha de S. Paulo, confusa, mal apurada e mal escrita, da lavra de Evandro Spinelli, datada de 29 de agosto. 
 
Mesmo ali, não há qualquer prova da citada "vergonha", menos ainda se exibe qualquer evidência de que o dinheiro público financiará a obra.
 
Aliás, os próprios próceres do PSDB, que ergueram trombetas para anunciar o acordo, asseguram que o estádio será erguido com recursos privados.
 
Mauro Cezar Pereira pratica, portanto, o velho jornalismo de "achismos maliciosos", calcado nos embustes de outros "achistas inveterados".
 
Como boa parte de seus colegas, Mauro Cezar é preguiçoso.
 
Não usou seu telefone ou seu computador para tentar, por conta própria, obter alguma prova de sua acusação.
 
O objetivo é sempre o mesmo: atribuir a Lula a culpa por qualquer evento, real ou fantasioso, que possa servir ao processo seletivo de pulverização de reputações.
 
Mauro Cezar busca apenas instigar, intrigar e incitar ódios.
 
"Vergonha", portanto, os brasileiros deveriam ter das gangues de escribas de aluguel que se encastelaram nas redações dos principais veículos de comunicação.
 
Pessoas de valor e princípio, bons de texto e apuração, estão hoje relegados a assessorias de imprensa ou sobrevivem de freelas para revistas especializadas.
 
Enquanto isso, há empregos aos montes para Spinellis, Pereiras e Barros.
 
É o tipo de gente que agrada a Ali Kamel e a Eurípedes Alcântara, os mestres-gurus do jornalismo de encomenda.
 
Hoje, mais um se mostrou nu, deselegante, com a mão indecentemente no bolso.
 
E cresceu a galeria dos personagens da pilantragem imprensaleira.
 
Pena que não exista no PT, tão tímido e preguiçoso, alguém que faça a defesa do presidente e acione a Justiça para enquadrar esse tipo de deformador da informação.
 

LEIA ABAIXO A ACUSAÇÃO DE MAURO CÉZAR PEREIRA AO PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
 
 
"PEDIDO DE LULA A EMPREITEIRA POR ESTÁDIO DO CORINTHIANS É VERGONHA"
 

Está no blog do jornalista Guilherme Barros: "A construção do estádio do Corinthians pela Odebrecht contará com financiamento do BNDES e isenção fiscal(...). O presidente Lula, que também é corintiano, foi o principal articulador do projeto do estádio do time" — clique aqui e leia. Já a Folha de S. Paulo publicou que "Lula sugeriu à empreiteira Odebrecht a construção do estádio para o clube" — clique aqui para ler.

A Odebrecht é um gigante que atua em diversas áreas — engenharia e construção, óleo e gás, química e petroquímica, etc — e se espalha pelo mundo. E desenvolve muitas das grandes obras feitas para o governo brasileiro. Isso bastaria para que Lula jamais fizesse qualquer tipo de pedido à companhia. A Agência Estado informou que os R$ 300 milhões para a construção seriam pagos pela empresa, que em troca exploraria o nome da "arena", o chamado naming rights. Retorno garantido? Não é bem assim.

Ricardo Araujo relata no site da revista Exame — clique aqui — que nos Estados Unidos o time de futebol americano do Dallas Cowboys levantou sua arena por US$ 1,3 bilhão e negociava um contrato que bancaria cerca de 33% da obra. Veio a crise e o tal patrocinador não apareceu. Já o estádio New Meadowlands, em Nova Jersey, onde Mano Menezes estreou à frente da seleção, torrou US$ 1,7 bilhão de dois times. Giants e Jets se depararam com surpreendente dificuldade para vender o naming rights. Isso na região de Nova York!!!

Diante desse cenário, quais seria a motivação da Odebrecht para enterrar seu rico dinheirinho no estádio do Corinthians? Caridade? Paixão pelo Timão? Ou um pedido do presidente que vai eleger sua sucessora pesa um pouco? É... amigo. E tem mais. A Fonte Nova foi implodida e o novo está orçado em R$ 591 milhões. Ele será tocado pela... Odebrecht! O que explicaria o estádio baiano, pago pelo governo, custar o dobro(!) da "casa" corintiana, bancada pela empreiteira? Difícil entender, não?

Se as licitações de estádios da Copa tivessem uma tabela de "classificação", a Odebrecht lideraria com R$ 2,769 bilhões, quase dez vezes o custo estimado para o campo do Corinthians. Aliás, o portal Copa 2014 publicou ranking da revista “O Empreiteiro”, e a Andrade Gutierrez aparece abaixo, com R$ 1,9 bilhão. Ela, a Odebrecht e a Delta farão juntas a reforma do Maracanã, a mais cara da Copa: R$ 705,6 milhões que podem virar (já avisaram) R$ 880 milhões.

Na Fonte Nova a parceria da Odebrecht é com a OAS, podendo alcançar R$ 1,6 bilhão na reconstrução, acrescenta o site. Há, ainda, participação da companhia na construção do estádio pernambucano da Copa, a Arena Capibaribe, no Grande Recife. Segundo a revista “O Empreiteiro”, as 100 maiores construtoras do Brasil faturaram R$ 54,4 bilhões em 2009. O setor cresceu 15,3%. Crise para as empreiteiras? Jamais, ainda por cima com a farra da Copa.

E você, acha legítimo o presidente da república fazer esse tipo de pedido? Por favor, não vamos jogar o nível lá embaixo alegando que é correto porque outros clubes teria levantado seus estádios com ajuda governamental e existem exemplos absurdos como o Engenhão. O que é errado é errado e erros do passado não podem chancelar novos absurdos. Ou você é adepto do "rouba, mas faz"?

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domingo, agosto 29, 2010

jornalismo troglodita

Eleição e Futebol: o Golpe Baixo de Juca Kfouri

Mauro Carrara

Neste sábado, 28 de Agosto, o jornalista Juca Kfouri ofereceu aos brasileiros mais um perfeito exemplo do jornalismo rasteiro e irresponsável que marca esta eleição.

É o jornalismo troglodita, acusatório, denuncista que tem definido o papel da Folha de S. Paulo, do Estadão, de Veja e das Organizações Globo no processo sucessório federal.
Com todas as letras, o tarimbado profissional, afirma:
"O Corinthians ganhará um estádio porque a Odebrecht quer agradar o presidente que fará sua sucessão com os pés nas costas".
Os bons leitores buscaram no texto a referência a algum documento, depoimento ou gravação que provasse a gravíssima acusação.
Não havia.
Na verdade, o blogueiro parece escrever somente o que lhe vem na telha.
Será irresponsável ao divulgar tal notícia sem provas?
Terá sido vencido pela preguiça e, por isso, nem se empenhou em apurar o boato?
Ou será apenas criativo? Será mais um adepto do jornalismo de invenção?
Imediatamente, no entanto, o blog empilhou centenas e centenas de comentários indignados de torcedores de todos os times.
Acusam Lula de praticar a corrupção, de roubar os cofres públicos e de ter um "esquema com as empreiteiras".
Na verdade, Juca Kfouri nem mesmo teve o zelo de discutir o acordo em negociação entre o clube, a CBF e a Odebrecht.
Pelo que se sabe, trata-se de um excelente negócio para a construtora.
Com Lula ou sem Lula, certamente haveria interesse na construção da arena que abrirá a Copa do Mundo.
Vale lembrar que os gastos diretos com a Copa (impacto sobre a demanda final) serão de R$ 28,60 bilhões, segundo a FGV.
E o impacto sobre a produção nacional de bens e serviços devem chegar a R$ 112,79 bilhões.
A construção civil, sozinha, gerará R$ 8,14 bilhões a mais no período.
São evidências claras das oportunidades geradas no setor e dos montantes investidos nos projetos.
Explicam, por exemplo, por que a empresa Traffic criou uma divisão chamada Traffic Arenas, somente para lidar com esse segmento de negócios.
Não há no texto qualquer referência à exploração de naming rights ou aos ganhos das lojas do shopping que funcionará no estádio.
Tampouco se faz referência à possibilidade do loteamento seletivo dos camarotes e cadeiras cativas.
Ou seja, não há investigação, estudo ou apuração dos fatos, obrigações de quem exerce a profissão.
O jornalismo de cadeira giratória, pois, se faz hoje de interesse político e construção de ficções acusatórias.
Caberia ao presidente Lula questionar o jornalista.
E a Odebrecht também teria todo o direito de contestar, na Justiça, a peça que mancha sua reputação.
Mas logo a corporação dos escribas se levantaria indignada, afirmando ser este um atentado contra a liberdade de expressão.
Tontos são os que ainda leem e acreditam nesses agentes do retrocesso.
Mais um gol contra de uma oposição perdida, em desespero.


Leia abaixo o texto acusatório de Juca Kfouri
Você já sabia

O Corinthians ganhará um estádio porque a Odebrecht quer agradar o presidente que fará sua sucessão com os pés nas costas.
O estádio será palco da abertura da  Copa-2014 porque assim quer a CBF que não é maluca a ponto de relegar São Paulo ao ostracismo.
Tudo como você já  sabia.
Que o Morumbi dançaria a partir do momento em que o São Paulo não votou em quem o Imperador Ricardo I, e Único, queria.
Pirituba, Guarulhos, Itaquera, PQP, qualquer lugar, menos o Morumbi.
Coisa que os tucanos trataram de tornar pública antes que o presidente da República anunciasse solenemente ao ser homenageado no Parque São Jorge, no dia 31, véspera do centenário corintiano.
Porque se a eleição federal já está decidida, a estadual ainda está em disputa.

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Entenda como e por que Serra afundaria o Brasil na crise mundial



enviado por Alyda

sábado, agosto 28, 2010

DESLIGUE

Serra na garupa do Jornal Nacional, mas...


O povo já aprendeu que o que é bom para o JN é péssimo para o Brasil

Lula diz que ministro foi demitido da Globo por não dizer o que queriam

por Luiz Carlos Azenha
Ao anunciar a presença do ministro da Secretaria de Comunicação, Franklin Martins, no comício do qual participou esta noite em Recife, Pernambuco, o presidente Lula afirmou que o Franklin “foi demitido da Globo em 2006″ por dizer uma coisa, quando se esperava que dissesse outra. O presidente não entrou em detalhes.
Durante seu discurso no comício de Dilma Rousseff, Lula também atacou, sem citar o nome, o senador Marco Maciel, candidato à reeleição, dizendo que apesar de sua longa carreira política ele não levou nada para Pernambuco. Ficou implícita a comparação com os investimentos federais que Lula fez em Pernambuco.
Durante o discurso, Lula fez um alerta aos presentes, lembrando que é muito importante que os partidos políticos advirtam os eleitores que, em 3 de outubro, será necessário levar um documento com foto, além do título de eleitor, para poder votar.
Não se sabe se Lula assistiu à edição do Jornal Nacional da noite de sexta-feira, onde esteve presente a fórmula que Ali Kamel já utilizou em 2006: transformar o tempo dedicado à campanha de cada candidato em repercussão dos escândalos de preferência da oposição. Kamel, por enquanto, poupou Marina Silva de “repercutir” a pauta preferida dele, Kamel.
Mas, quando falou, Serra disse: “É uma história de carochinha, né? É uma maluquice total essa declaração [da Receita Federal, de que não houve política no vazamento de informações de contribuintes]. Toda minha vida foi ficha limpa e não adianta usar de baixaria para querer me desgastar em véspera de eleição. Foi uma armadilha que tentaram armar contra mim, só que eles tem um problema contra mim, é que sou ficha limpa”.
Em sua entrevista ao JN, José Serra não explicou qual é a necessidade que uma candidata que tem larga vantagem nas pesquisas tem de usar um dossiê para desgastá-lo.
Vamos esperar a capa da Veja e a repercussão da capa da Veja (ou da reportagem nas páginas internas) no Jornal Nacional deste sábado, para ver se Kamel vai usar a mesma formuleta que aplicou em 2006 para tentar levar a eleição ao segundo turno. Ou não.
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/lula-diz-que-franklin-foi-demitido-da-globo-por-dizer-o-que-nao-queriam.html

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Globo repete no JN manipulação de 1989 no debate Lula x Collor e o esconde-esconde das Diretas Já

O Jornal Nacional da TV Globo é obrigado pela legislação eleitoral a dar o mesmo tempo no noticiário aos principais candidatos.

No quadro "o dia dos candidatos", se o JN dá, por exemplo, 1 minuto para cada candidato, tem escolhido "os melhores momentos de Serra" (se é que isso é possível), e escondido os melhores momentos de Dilma.

Essa foi a mesma estratégia usada pela Globo em 1989, quando editou "os melhores momentos" do debate Lula x Collor em 1989. A Globo escolheu os melhores momentos de Collor, e os piores de Lula, não refletindo a verdade do que foi o debate.

Agora está fazendo o mesmo no JN, de forma mais dissimulada, porque é só cerca de 1 minuto por dia.

Ontem, na sexta-feira, colocou os dois candidatos falando sobre a sigilo fiscal de tucanos amigos de Serra, envolvidos em escândalos de corrupção (é claro que o JN não falou dos escândalos, e sim apresentou Serra como "vítima", e colocou Dilma respondendo sobre o mesmo assunto, e ela até se saiu bem, mas a questão é a pauta).

Por que não editar pergunta sobre o resultado das pesquisas, por exemplo? Dilma estaria respondendo satisfeita, mas que não há lugar para salto alto. E Serra com cara amarrada, dizendo não comentar pesquisas.

Uma edição honesta do telejornal poderia colocar Serra falando sobre o suposto "dossiê" que ninguém viu (a pauta de Serra), e Dilma falando das pesquisas (uma pauta razoável para Dilma).

Outra coisa inexplicável é o JN não mostrar os grandes comícios de Dilma. São comícios populares, muitos com mais de 20 mil pessoas, que é notícia em qualquer lugar do mundo. Mas o JN esconde, igual escondeu os comícios das "Diretas Já". Quem assiste ao telejornal da Globo não sabe que eles acontecendo no Brasil, em várias capitais.

Com tudo isso, as intenções de voto em Dilma, só aumentam, e as de Serra só caem.

http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2010/08/globo-repete-no-jn-manipulacao-de-1989.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+blogspot%2FEemp+%28Os+Amigos+do+Presidente+Lula%29

São Paulo é o maior produtor de semi-analfabetos do país

A fábrica paulista de fracassados

agosto 28, 2010 
O ser humano tem duas habilidades natas fundamentais: aprender e ensinar. Aprendemos e ensinamos o tempo todo, durante toda a vida. Muitos decidem aprofundar esta prática quando descobrem que é uma vocação – e tornam-se professores. E não há outra razão em seguir este caminho que não seja o amor ao ofício. Jamais se viu um professor enriquecer através de sua profissão.
Qualquer um de nós, se puxar da memória, vai se lembrar de seus professores – especialmente daqueles que o acompanharam durante o processo de alfabetização. E mesmo que os tenhamos odiado em algum momento – por uma nota baixa recebida ou pela repetência que nos impuseram – guardamos um carinho especial por eles. Foram um pouco nossos pais e nossas mães naqueles tempos.
Dá pra imaginar nossos antigos professores apanhando da polícia? Ou recebendo um salário tão miserável que, para terem uma vida digna e condições de sustentar suas famílias, fossem obrigados a trabalhar 16 horas por dia, se alimentando mal, dormindo pouco e quase não tendo convívio com suas próprias famílias? E como se não bastasse, sentindo-se humilhados pela sociedade e impotentes diante da delinquência e do baixo aproveitamento de seus alunos?
É claro que me refiro aqui ao retrato do ensino público em São Paulo. Ao contrário das fantasiosas imagens veiculadas na TV pelo governo paulista, não há dois professores em sala de aula. Não há alegria nem entusiasmo por parte dos alunos. Não há professores sorridentes, bem dispostos e orgulhosos de seu nobre ofício. Muito menos alunos bem formados nas escolas públicas conquistando vagas no ensino superior.
Direto ao ponto: salvo raríssimas exceções, não há ensino algum nas salas de aula das escolas públicas de São Paulo. Os jovens de famílias humildes chegam ao segundo grau semi-analfabetos e incapazes de, sequer, resolver um simples exercício de aritmética. A maioria desiste e muitos se aproximam perigosamente das drogas e da marginalidade.
Os assaltantes, assassinos, sequestradores, traficantes, viciados, prostitutas e moradores de rua da São Paulo de amanhã, são os alunos de suas escolas públicas de hoje. Pode-se afirmar que, sob o sistema de ensino público do PSDB – que coloca o estado como campeão nacional do pior aproveitamento escolar – São Paulo é o maior produtor de semi-analfabetos do país.
Enquanto as elites paulistas vivem numa ilha cercada de bairros pobres e seus filhos recebem educação em escolas particulares, os governos demo-tucanos reservam o desprezo absoluto à educação pública. (Como acontece, aliás, em relação a TODOS os serviços públicos de São Paulo). Salas de aula superlotadas, instalações deterioradas, falta de material, merendas infectadas por coliformes fecais, salários de fome, falta de segurança, professores reféns da violência, alunos drogados…
Para amenizar o problema de superlotação, no lugar de investimentos, o governo do PSDB instituiu, desde 1996, um mecanismo excludente que chamou de Sistema de Progressão Continuada. Justificam o “moderno sistema” com uma baboseira psicopedagógica que nem vale a pena comentar. Na prática, a Progressão Continuada, ancorada à decadência da rede educacional paulista, não passa de um incentivo à vagabundagem que garante ao aluno passar de ano sem aprender nada e “liberar” a vaga.
É sabido que o baixo aproveitamento no ensino fundamental afetará o aluno no restante dos estudos e por toda sua vida. Porque existem fases para cada grau do aprendizado. O aluno não pode voltar para o início esperando recuperar-se da má formação fundamental. Não terá a mesma janela mental depois de adulto.
O PSDB não tem justificativas. Estão há 4 mandatos governando o estado e nada melhora. E a educação paulista é um lixo incontestável. Quantos mandatos mais precisarão para resolver os problemas nesta área que muito mais que recursos, exige vontade? Possuem o maior orçamento da união e sangram verbas astronômicas com uma obra faraônica, o Rodoanel, que há mais de uma década cultuam como um monumento sagrado ao desenvolvimento.
A propaganda televisiva, a blindagem aos governos do PSDB pela mídia paulista e a demonização do governo federal, reduzem as eleições estaduais a um jogo de cartas marcadas onde se revezam os mesmos políticos e mantêm-se o governo sob controle permanente do PSDB. O cidadão paulista que, do alto de sua arrogância, se considera superior e mantenedor do resto do país porque aprendeu a se autodenominar “locomotiva”, é, na verdade o grande ludibriado e também sofre na pele as consequências da exclusão social – mesmo pertencendo à “margem” das elites. Pois a enorme legião de fracassados produzidos no ensino público de São Paulo, faz da classe média sua principal vítima. Se não, de onde surgem os bandidos que atacam a população da classe média, praticando latrocínios, sequestros relâmpago, estelionatos etc e batendo recordes anuais de violência? Do nordeste? Claro que não. São prata da casa do PSDB mesmo.
Não existe saída: enquanto não houver consciência de que a exclusão imposta à maioria da população paulista pelas elites e seus governos voltará em forma de violência, o estado estará andando em círculos e potencializando seu caos. De nada adiantam grades, alarmes, guarda-costas, blindagem ou pitbuls. Eles estão lá, os excluídos, proibidos de sua cidadania e não há como ignorá-los.
Serra, Alckmin, Kassab, Maluf… são faces da mesma moeda. Suas políticas sociais são fotografias. Seu discurso, o medo e a ficção. São políticos profissionais, mercenários pragmáticos, montados em projetos pessoais de ascensão nas escadarias do poder, sem nenhum compromisso com o São Paulo e seu povo.

Serra faz discurso-gorila dos golpistas de 1964

Serra, desesperado, agora incorporou o velho padre Peyton



E faz discurso-gorila dos golpistas de 1964

José Serra (PSDB) parece que desistiu da vitória. Resignado, trata agora de segurar suas bases nos bolsões da direita brasileira, na mídia conservadora e junto aos militares "sinceros, porém radicais", como dizia o ex-ditador Ernesto Geisel.

Falando a militares da reserva e reformados, em palestra no Clube da Aeronáutica, no Rio de Janeiro, o candidato tucano José Serra comparou o governo Lula ao de João Goulart, deposto no golpe de 1964, referindo-se a “uma república sindicalista”. A informação é do portal Último Segundo/Ig.

“Em 64, não sei se os senhores já estavam nas Forças Armadas, mas uma grande motivação da derrubada de Jango era a ideia, equivocada, de uma ‘república sindicalista’. Não tinha menor possibilidade, tal a fraqueza (do governo). Mas eles (PT) fizeram agora uma república sindicalista. Não pelo socialismo, estatismo, mas para curtir”, afirmou ao grupo de cerca de 200 associados dos clubes militares.

Serra era presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) à época e discursou no comício da Central do Brasil, em 13 de março de 64, considerado um momento-chave para o golpe.
De acordo com Serra, o governo petista tem característica de “ocupação militar”, pelo loteamento de cargos na administração pública. “Quase a totalidade da administração pública está tomada, na prefeitura de São Paulo também era assim. O PT tem características, sem ironias, de ocupação militar. É um Exército que tem que ser acomodado. Tudo é hierarquizado, loteado”, disse.

Em tema caro aos militares, que rendeu polêmica ao atual governo, Serra afirmou ser contrário à retomada da discussão sobre a “Lei da Anistia”. “Eles reabriram a questão da anistia, que ao meu ver é um equívoco. Uma coisa é o conhecimento do que aconteceu... A lei pegaria a gente dos dois lados”.
Perguntado sobre por que não citava o sucesso do Plano Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal, privatizações bem sucedidas na gestão tucana de Fernando Henrique Cardoso, antecessor de Lula, e porque FHC não participava mais ativamente de sua campanha, Serra afirmou que esses temas “não comovem a população”.

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Patrick Peyton foi um padre católico irlandês, de extrema direita, fundador da "Cruzada do Rosário em Família", movimento autorizado pela Igreja Católica que visava unir as famílias em torno da oração. Conhecido como "o padre de Hollywood", pelo gosto por holofotes e multidões, e muito dinheiro.

Sua vinda ao Brasil foi decidida no final de 1962, em Washington. Hoje já se sabe que padre Peyton (imagem ao lado) foi bancado pela Agência Central de Inteligência (CIA) do serviço secreto. A operação clandestina mais importante para derrubar João Goulart foi intermediada por um multimilionário devoto do catolicismo, J. Peter Grace. Não era apenas uma questão de fé. Grace tinha interesses econômicos na América do Sul em transporte, açúcar e mineração. As informações foram pescadas do Wikipédia.
 
 
http://diariogauche.blogspot.com/2010/08/serra-desesperado-agora-incorporou-o.html

Lula e o coração dos brasileiros

O dia que o Recife parou

sábado, 28 de agosto de 2010


Ah! vim de um comício de Lula e Dilma que nunca tinha visto nada igual. Tinha pra mais de 20 mil pessoas.Um mar de gente*.
By:* O Terror do Nordeste

Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)

sexta-feira, agosto 27, 2010

Campanha fedorenta


PT abre novas ações judiciais contra Serra

26.08.2010

O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, anunciou nesta quinta-feira (26) que o partido vai processar judicialmente o candidato tucano José Serra, diante das novas acusações feitas por ele à campanha da candidata Dilma Rousseff a respeito da quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB.
"O PT vai representar mais uma vez contra José Serra por injúria e difamação, que aliás é recorrente ao candidato do PSDB fazer acusações infundadas contra o partido e a campanha da companheira Dilma Rousseff", afirmou Dutra durante entrevista coletiva realizada na sede nacional do partido, em Brasília. O secretário-geral nacional do PT, José Eduardo Cardozo também esteve presente à coletiva.
Dutra reiterou que o PT não tem nada a temer nesse episódio e classificou como um factóide engendrado pela oposição atribuir ao PT e à campanha de Dilma a elaboração de dossiês com base em quebra de sigilo fiscal. Ele lembrou também que a direção do PT foi quem solicitou da Polícia Federal a apuração do caso, pois o partido é o maior interessado em descobrir e punir os verdadeiros culpados pelo crime praticado.
José Eduardo Cardozo informou que o PT tomará três medidas com relação aos novos fatos com relação ao caso. Será movida uma ação criminal por injúria e difamação e uma ação civil por danos morais contra o candidato José Serra e também será feita uma solicitação formal à Polícia Federal para que apure as novas denúncias com relação à quebra de sigilo de outras pessoas ligadas ao PSDB.
Segundo ele, o PT quer saber quem passou essas informações que são consideradas sigilosas, e qual o propósito dos responsáveis pelo vazamento das mesmas para a imprensa.

Fonte: site do PT.

REPOUSE EM PAZ


Por José Luís Fiori
Foi no dia 5 de fevereiro de 1998 que o ex-primeiro-ministro inglês, Tony Blair, anunciou, em Washington, junto com o presidente Bill Clinton, a decisão de convocar uma reunião internacional para discutir e atualizar a social-democracia, criando um movimento que foi chamado de "terceira via" ou “governança progressiva”. Naquele momento, brilhava a estrela do novo líder inglês, que recém havia sido empossado e conseguiu reunir, sucessivamente, em Florença, Washington e Londres, Bill Clinton, Lionel Jospin, Gerhard Schröder, Massimo D´Alema, Fernando H. Cardoso, Ricardo Lagos, entre outros governantes e intelectuais ligados de uma forma ou outra à social-democracia européia, ou ao partido democrata norte-americano.
O projeto comum era construir um novo programa que adequasse a velha social-democracia às novas idéias e políticas neoliberais, hegemônicas nas últimas décadas do século XX. O resultado foi uma geléia ideológica, com propostas extremamente vagas e imprecisas, que mal encobriam o seu núcleo duro voltado para a abertura, desregulação e desestatização das economias nacionais, e para um "prologement vaguement social de la révolution thatcheriste", como caracterizou na época, a revista francesa, Nouvelle Observateur.
Goste-se ou não, as idéias e os partidos socialistas e social-democratas deram uma contribuição decisiva à história do século XX, em particular à criação do “estado do bem-estar social”, depois da II Guerra Mundial. Mas na década de 80, a social-democracia perdeu fôlego político, e acabou perdendo a sua própria identidade ideológica, asfixiada pela grande “restauração” liberal conservadora, de Margerth Thatcher e Ronald Reagan. Isto aconteceu na Espanha, de Felipe Gonzalez, na França, de François Mitterand, na Itália, de Bettino Craxi, e também na Grécia, de Andreas Papandreu. Nos anos 90, entretanto, este movimento adquiriu outra densidade e importância, com a vitória democrata, de Bill Clinton, nos EUA, e do trabalhismo de Tony Blair, na Inglaterra.
Na América Latina, a história foi um pouco diferente, porque as novas políticas neoliberais apareceram – nos anos 80 - associadas à renegociação da dívida externa do continente, como se fossem apenas um problema de política econômica. E foi só no Chile e no Brasil, que a proposta da “terceira via” teve uma repercussão importante, durante a década de 90. No caso do Chile, com a formação da aliança entre socialistas e democrata-cristãos, e, em particular, durante o governo de Ricardo Lagos (1990-1996), que aderiu pessoalmente ao projeto liderado pelos anglo-saxões. E, no caso do Brasil, com a formação do Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), e com a participação ativa do presidente Fernando H. Cardoso (1995-2002), na formulação das idéias e nas reuniões do movimento, ao lado de Tony Blair e Bill Clinton.
A “terceira via” teve uma vida muito curta. Talvez, por causa da superficialidade e artificialidade das suas idéias, talvez, porque seus líderes mais importantes acabaram sendo derrotadas nas urnas, ou passaram para a história como grandes fracassos ou blefes político-ideológicos. Como no caso do iniciador do movimento, o ex-primeiro-ministro Tony Blair, que foi afastado da liderança trabalhista em 2007, e se transformou no inimigo numero um da imprensa e da maioria da opinião publica inglesa, sob acusação de ter mentido para justificar a entrada do seu país na Guerra do Iraque, além de ter acobertado casos de tortura, por parte de suas tropas.
Tony Blair foi substituído por Gordon Brown, outro ideólogo da “terceira via” que acabou sofrendo uma das derrotas eleitorais mais arrasadoras da história do trabalhismo inglês. Bill Clinton também não conseguiu fazer seu sucessor, e passou para a história, como símbolo do expansionismo imperial americano, da década de 1990, a despeito de sua retórica “globalista” e democrática. Os demais participantes europeus do movimento também tiveram finais inglórios, como foi o caso de Lionel Jospin, Massimo D´Alema e Gerhard Schröder, e hoje ninguém mais fala ou lembra, na Europa ou nos Estados Unidos, do projeto da “terceira via”. Mas este factóide anglo-americano teve uma sobrevida, e só será enterrado definitivamente, em 2010, na América Latina. Primeiro, no Chile, depois da derrota eleitoral da “Concertacion” de Ricardo Lagos. E depois, no Brasil, com a provável derrota do partido social-democrata, de Fernando H. Cardoso, nas eleições presidências deste ano. Nos dois casos, o que mais chama a atenção não é a derrota em si mesma, é a anorexia ideológica dos dois últimos herdeiros da “terceira via”. Não se trata de incompetência pessoal, nem de um problema de imagem, se trata do colapso final de um projeto político-ideológico eclético e anódino que acabou de maneira inglória: o projeto do neoliberalismo social-democrata. Que repouse em paz !

Internet para todos

26/08/2010

Telebras anuncia as 100 cidades que terão internet rápida ainda em 2010

Lisiane Wandscheer
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente da Telebras, Rogério Santana, anunciou hoje (26), no encerramento do Fórum Brasil Conectado, a relação das cem cidades que terão acesso à internet rápida até o final de 2010. No total, nesta primeira fase, serão atingidas mais de 14 milhões de pessoas.
O valor cobrado pelo uso da internet rápida será de R$ 35 ao mes, com a possibilidade de haver redução (se houver redução de impostos). A velocidade mínima disponível será de 512 kbps. Segundo Rogério Santana a previsão para 2011 é de que mais 1.063 cidades serão atendidas e até o final de 2014 o processo será concluído em todo o país.

Entre os critérios para a definição das cidades estão a existência de redes de fibra ótica, a proximidade de até 50 km com os POPs (pontos de presença), municípios com menor densidade de banda larga e com menor Indice de Desenvolvimento Humano (IDH), áreas urbanas pobres e densamente povoadas, além de áreas rurais e regiões remotas.
São as seguintes as 100 primeiras cidades (mostradas por estado, em ordem alfabética) que serão cobertas pelo Plano Nacional de Banda Larga (PNBL):

Alagoas: Arapiraca, Messias, Palmeira dos Índios, Joaquim Gomes, Pilar e Rio Largo;
Bahia: Feira de Santana, Itabuna, Camaçari, Governador Mangabeira, Eunápolis, Governador Lomanto, Muritiba e Presidente Tancredo Neves;
Ceará: Sobral, São Gonçalo do Amarante, Quixadá, Barreira, Maranguape e Russas;
Espírito Santo: Cariacica, Domingos Martins, Conceição da Barra, Piúma, São Mateus, Vila Velha e Itapemirim;
Goiás: Anápolis, Aparecida de Goiânia, Trindade, Águas Lindas de Goiás, Alexânia
e Itumbiara;
Maranhão: Imperatriz, Paço do Lumiar, Presidente Dutra, Porto Franco, Grajaú e Barra do Corda;
Minas Gerais: Barbacena, Juiz de Fora, Conselheiro Lafaiete, Ibirité, Sabará, Uberaba, Ribeirão das Neves e Santa Luzia;
Paraíba: Campina Grande, Campo de Santana, Araruna, Riachão, Dona Inês, Bananeiras e Duas Estradas;
Pernambuco: Carpina, Tracunhaém, Nazaré da Mata, Paudalho, Limoeiro e Aliança;
Piauí: Piripiri, Campo Maior, José de Freitas, Piracuruca, Batalha e São João da Fronteira;
Rio de Janeiro: Angra dos Reis, Nova Iguaçú, São Gonçalo, Piraí, Mesquita, Rio das Flores,
Duque de Caxias e Casimiro de Abreu;
Rio Grande do Norte: Santa Cruz, Nova Cruz, Passa e Fica, Parnamirim, Lagoa d''Anta, Extremoz e Açu;
Sergipe: Nossa Senhora da Glória, Barra dos Coqueiros, Laranjeiras, Japaratuba, São Cristóvão e Carira;
São Paulo: Campinas, Guarulhos, Pedreira, Serrana, Conchal, Embu e São Carlos;
Tocantins: Gurupi, Araguaina, Guaraí, Paraíso do Tocantins, Wanderlândia e Porto Nacional.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/home;jsessionid=78E870B66BEF48EF8E9FACE54A9A6B15?p_p_id=56&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_56_groupId=19523&_56_articleId=1029007


Militantes

quarta-feira, agosto 25, 2010

Lula e a elite vira-lata




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Posted: 24 Aug 2010 02:51 PM PDT



A reportagem “Ao lado do presidente, Franklin critica a mídia”, publicada nesta terça-feira pelo jornal Folha de S. Paulo, deformou o que o ministro-chefe da Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, disse ontem na cerimônia de estréia do canal TVT, a TV dos Trabalhadores.
Segundo o jornal, “Franklin disse que o canal [TVT] ajudará a internet a quebrar o poder dos ‘aquários’, jargão que identifica a chefia dos grandes veículos nacionais”. O ministro disse algo bem diferente.
[Na Era do Aquário] Você tem um núcleo ativo de produção de informação e uma massa passiva de consumidores de informação: o Olimpo e, lá embaixo, o resto. Essa Era do Aquário está acabando, felizmente. E nós estamos entrando no jornalismo da Era da Rede, onde, graças à internet, graças à digitalização, o aquário não fica mais tão isolado. Sai uma notícia e essa notícia pode ser discutida, debatida, verificada, consolidada. Pode também ser negada. Ou seja, não temos mais um centro ativo produtor de informações e uma massa passiva de consumidores de informação. Nós temos hoje em dia os consumidores de informação também sendo ativos, também sendo produtores de informação. Isso eu chamo uma revolução, nós estamos só começando, incomoda muito, incomoda muita gente que estava acostumada a ficar no Olimpo, mas isso é inevitável, está acontecendo no mundo todo, está acontecendo no Brasil e isso é muito bom. É muito bom para nós jornalistas que podemos fazer um jornalismo melhor. Mas é muito bom para a população que pode ter acesso a um jornalismo melhor e pode contribuir com um jornalismo melhor.
O ministro foi além. Disse que o desafio de se inventar e achar seu espaço nessa nova era da comunicação vale inclusive para a TVT:
Eu acho que a TVT tem o desafio de estar nascendo nesse momento de transformação e de transição. Isso quer dizer que ela tem que olhar para a frente. Não achar também que são os dirigentes sindicais, os dirigentes que sabem tudo. Também não. É se abrir para a rede, se abrir para o que vem de fora, se abrir para o novo, porque é possível fazer melhor do que se faz. Eu acho que esse é o grande desafio de vocês.
Mas a Folha preferiu inventar o que o ministro não disse a noticiar o que ele disse. Na nova era do jornalismo, em que a informação incorreta se desnuda quase instantaneamente, espera-se que os veículos admitam seus erros e retifiquem-se, para não ver sua credibilidade afetada.
Para ler a transcrição do discurso do ministro, clique aqui.

Posted: 24 Aug 2010 01:05 PM PDT



Às vésperas de receber o presidente Lula, o Palácio do Planalto foi aberto nesta terça-feira (24/8) para reunião do chefe de Gabinete Pessoal da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e da ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, com integrantes do Movimento de População de Rua. O Blog do Planalto conversou com Anita Gomes dos Santos, coordenadora do Movimento Nacional de População em Situação de Rua, que no dia 23 de dezembro de 2009, durante comemoração do Natal no Sindicato dos Bancários de São Paulo, fez um discurso emocionado quando destacou o fato do presidente Lula receber os cidadãos mais humildes no Palácio do Planalto.
Dona Anita deu entrevista do parlatório do Palácio, quando se emocionou mais uma vez. Ela explicou que estava na companhia de outras lideranças para agradecer o governo pela edição de decreto que instituiu política nacional para a população em situação de rua (número 7053, de 23 de dezembro de 2009). Com a voz firme, Anita sugeriu que outros governantes sigam o exemplo do presidente Lula.
Abraçada ao presidente Lula, Anita foi só alegria na festa de Natal dos catadores de material reciclável em São Paulo (foto: Ricardo Stuckert/PR)
Abraçada ao presidente Lula, Anita foi só alegria na festa de Natal dos catadores de material reciclável em São Paulo (foto: Ricardo Stuckert/PR)
Ele continua vendo o povo mais humilde sem esquecer as raízes. Isso mexe muito com a gente. Uma pessoa que vê a gente como ser humano. Viemos aqui agradecer pelo decreto que ele assinou no ano pasado. Agora, queremos que esse decreto realmente comece a funcionar nos estados brasileiros, nos municípios. O presidente nos recebe. Mas, nas nossas cidades nem os prefeitos nos recebem. Que a gente possa estar discutindo politicamente. Nós estamos ali não porque queremos. Somos seres humanos e precisamos que as políticas públicas funcionem e que os Direitos Humanos não fiquem somente no papel. Que se tornem realidade. Não pedimos privilégios, mas que os nossos direitos sejam respeitados.

terça-feira, agosto 24, 2010

TVT no AR

Posted: 23 Aug 2010 06:37 PM PDT
Presidente Lula assiste a imagens do tempo em que era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC durante inauguração da TV dos Trabalhadores, em São Bernardo do Campo (SP). Foto: Domingos Tadeu/PR
Depois de acalentar por 30 anos o sonho de ter uma emisora própria, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SP) enfim vê sua TV no ar – a TV dos Trabalhadores (TVT) foi inaugurada nesta segunda-feira (23/8) em São Bernardo do Campo (SP), com a presença do presidente Lula e primeira-dama, ministros e prefeitos da região. Mas a grande luta começa agora, advertiu Lula: convencer o público a assistir a programação.
“Agora é que começa a prova dos nove, é que temos que provar que valeu à pena a gente brigar por 23 anos para ter uma TV”, disse o presidente, lembrando que mais do que competência para conseguir o canal, os trabalhadores terão agora que mostrar competência para produzir informação relevante que interesse à sociedade como um todo e não apenas a uma pequena parcela dela. “É uma TV para os trabalhadores e também para o povo brasileiro.”
Lula defendeu uma maior participação de sindicatos e movimentos sociais na exploração de concessões públicas de TVs no País, tendo suas próprias emissoras, porque essas concessões são “bens de todos os brasileiros, que devem ser distribuídos de modo a contemplar todos os setores de nossa sociedade”, disse.
Concessões que devem ser exploradas, sim, pelas empresas comerciais, mas também pelas empresas públicas e por entidades da sociedade civil organizada. É isso que reza a nossa Constituição. E é isso que está presente em nossas leis. É com a multiplicidade de vozes, afinal, que se executa o canto da democracia plena. E nesta sinfonia não pode – nunca – faltar a voz dos trabalhadores. A inauguração desta emissora gerida pelos trabalhadores dá novo vigor a algo que é sagrado para todos nós: a liberdade de imprensa.
Ouça aqui a íntegra do discurso do presidente:
O presidente lembrou que a imprensa brasileira tem hoje plena liberdade de publicar e veicular, “sem qualquer tipo de ingerência por parte do governo”, e que essa conquista é também da sociedade. Observou ainda que os brasileiros estão cada vez mais conscientes, sabendo distinguir a informação da distorção de fatos – “o que é bom ou mau jornalismo”, frisou. Isso aconteceu, disse Lula, porque a nossa democracia está madura e também porque as fontes de informação são mais acessíveis e plurais.
Com a Internet, milhões de brasileiros passaram a ter a capacidade não só de acessar novos conteúdos, mas também a de se expressar para toda a sociedade. Setores que antes não se viam representados nos meios de comunicação começaram a ter vez e voz. E muitos que antes não podiam ser ouvidos se tornaram importantes personagens da comunicação, emitindo os mais variados pontos de vista e opiniões. Estou certo de que esta pluralidade crescerá ainda mais no futuro, e de que com ela crescerá também nossa democracia. E a estréia da TV dos Trabalhadores é certamente um dos episódios importantes e simbólicos da história recente da nossa República.
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A Folha não sabe mais o que fazer para ajudar Serra


Equívocos em matéria da Folha sobre os pedágios em rodovias federais

Enviada em 23 de agosto de 2010imprimir - enviar para um amigo
Matéria da Folha de São Paulo de hoje, com o título “Artifício infla desconto de pedágio em estradas federais”, faz uma grande confusão sobre o assunto, não informando adequadamente os seus leitores. Alguns me pediram para escrever sobre a matéria, o que faço agora.
1. A matéria traz o subtítulo “TCU aponta que governo Lula usou em licitações dados subestimados de tráfego” e diz o seguinte “Os documentos (examinados pelo TCU) atribuem às estradas um volume de veículos menor do que o real, ao incluir estatísticas de tráfego de três anos antes.”
Quando da apresentação da proposta de modelagem da ANTT, o TCU e, em seguida, o Ministério da Fazenda exigiram que a TIR (Taxa Interna de Retorno) do plano de negócios da concessionária fosse reduzida de 18% (como estava no Edital do governo Fernando Henrique, devido ao cenário do negócio e da SELIC) para 12,88% e 8,95%, respectivamente. O REIDI (clique aqui) fez com que diminuisse esse valor.
O empresariado afirmou que, com essa TIR tão reduzida, dificilmente haveria concorrentes no leilão. Na realidade, houve 30 empresas concorrentes e a taxa de retorno se mostrou até um pouco excessiva, pois o deságio médio foi de 46,39%.  (clique aqui para ler matéria da época, no site NTC&Logística)
Com a redução da TIR em quase 4 pontos percentuais, em relação ao que propunha o TCU, qualquer defasagem no cálculo do tráfego futuro tornou-se irrelevante.
Aliás, o estudo de tráfego do poder concedente só serve para estimar as intervenções necessárias que deverão constar do Edital da concessão, quanto a restauração e aumento de capacidade, para chegar ao valor-teto da tarifa.
Para a licitação, o que vale mesmo são os estudos de tráfego dos proponentes, que gerarão seus planos de negócios para o empreendimento.
Com essa significativa redução da TIR, qualquer erro de tráfego afeta quase nada.
2. Outro erro grave da matéria, que leva à confusão do leitor, é passar a idéia que maior volume de tráfego significa apenas mais receita para a concessionária.
O crescimento acelerado da economia gera um também considerável aumento do número de carretas em circulação nas rodovias concedidas.
Qualquer projetista junior sabe que o que desgasta mesmo a estrutura do pavimento é a quantidade de eixos-padrão de caminhão. Assim, quanto mais cresce a economia, mais caminhões pesados circulam nas rodovias. Com isso, maior o desgaste e, consequentemente, maior o gasto com a recuperação da rodovia.
Além disso, quanto maior o número de carretas e automóveis, menor o nível de serviço da rodovia, com a redução de velocidade operacional, chegando a situações de congestionamento em alguns horários do dia.
Nesse contratos dos sete lotes, há a previsão de “gatilho”, que funciona mais ou menos assim: assim que começa a cair o nível de serviço, obras de aumento de capacidade (terceiras-faixas, duplicação, novas intereseções e viadutos) têm que ser iniciados. Porque é exigida da concessionária a manutenção de níveis de serviço internacionalmente definidos.
Assim, o dinheiro que entra pela receita sai proporcionalmente pela porta da despesa.
Ao contrário do que quer faze crer a matéria da Folha, quanto maior o volume de tráfego, maior a despesa.
A conclusão a que pretende fazer chegar a matéria de que o governo Lula capitalizou politicamente com as baixas tarifas de pedágio, através do “artifício” de subestimar o volume de tráfego não se sustenta técnica e economicamente.
José Augusto Valente - Diretor Técnico do T1

Leia mais no Portal T1 - Logística e Transportes:  
http://agenciat1.com.br



Jornalismo de encomenda não engana mais ninguém


Retrato de um país que pode parar (será mesmo?)

Reproduzimos abaixo matéria de ontem do Estadão, com a qual discordamos na quase totalidade dos ítens referentes a logística e transportes.
Nosso diagnóstico é de que a logística brasileira, através da infraestrutura disponível (que ainda pode e deve melhorar), deu e continua dando suporte ao elevado crescimento da economia brasileira, em especial ao comércio exterior. A menos que alguém acredite que um país continental como o Brasil possa crescer como vem ocorrendo, com uma infraestrutura “no bagaço”. O T1 acredita no contrário.
Assim, é falso emitir juízo de “apagão logístico” quando a economia cresce em ritmo semi-chinês.
Além disso, como se pode fazer um prognóstico de que o país pode parar quando há investimentos significativos nas infraestruturas de todos os modais de transportes?
Sem contar as medidas institucionais do PAC, como o Reporto e o REIDI, que permitem à iniciativa privada que opera os portos públicos a rápida modernização dos equipamentos de movimentação de cargas, especialmente os contêineres.

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A seguir, a matéria do Estadão, apenas com a parte referente a logística e transportes. Após a crítica a cada modal, acrescentarei comentários que julgar pertinentes

O tão falado apagão logístico virou realidade e gargalos na infraestrutura põem em risco a competitividade do País
Renée Pereira - O Estado de S.Paulo
No início deste mês, a fila de navios à espera de autorização para atracar no Porto de Santos, maior da América Latina, bateu novo recorde: o congestionamento chegou a 119 navios parados, enquanto em dias normais esse número não passa de 10. No transporte aéreo, o Aeroporto de Guarulhos, o maior do Brasil, teve de fazer mutirão para liberar cargas que estavam ao relento por falta de áreas para armazenagem. Cenas como essas revelam que o alerta feito por inúmeros especialistas, vistos pelo governo como catastrofistas, não era mero achismo. O apagão logístico virou realidade no Brasil e será um dos maiores desafios para o próximo governo.
No ano passado, por causa da crise financeira mundial, os gargalos foram amenizados. Mas bastou o País reagir e crescer acima da média para os problemas voltarem com força. Na área de transporte, falta tudo. As estradas continuam em péssima qualidade, especialmente as que atendem o agronegócio, concentrado no Centro-Oeste. O mais lógico seria escoar a safra pelos portos da Região Norte. Mas grande parte dos grãos exportados sai pelos portos do Sul e do Sudeste, depois de percorrer milhares de quilômetros de estradas.
O caminho para atingir os terminais do Norte é precário, cheio de obstáculos, como é o caso da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém. Mas, hoje, mesmo que houvesse rodovias adequadas para escoar a produção pelo Norte, os portos da região não têm capacidade para atender toda a demanda, afirma o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais, Sérgio Teixeira Mendes. O resultado é que quase toda a safra vai para Santos e Paranaguá.
Apesar dos investimentos em andamento, os dois portos vivem em constante colapso. Nas últimas semanas, Santos virou um estacionamento de navios que não conseguiam atracar. Mais uma vez a culpa é de São Pedro e do aumento das exportações de açúcar. O porto não tem infraestrutura para embarcar o produto quando chove. Resultado: tudo para.
A degradação da infraestrutura do Brasil não se limita à parte logística. Um dos setores mais atrasados é o de saneamento básico. O País ainda registra números alarmantes de excluídos dos serviços públicos, considerados essenciais para o bem-estar da população. Apesar dos programas de universalização criados pelo governo, milhares de brasileiros ainda não sabem o que é ter luz e água - seja tratada ou não - dentro de casa. Telefone e coleta de esgoto são serviços que nem passam pela cabeça de muitas famílias.
O setor de energia, depois do racionamento de 2001, parece estar entrando nos eixos. Mas a tarifa cobrada do consumidor ainda é uma das maiores do mundo, alerta o diretor da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Carlos Cavalcanti.
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1-Portos
Responsáveis por 95% do comércio exterior brasileiro, os portos viraram o grande entrave ao crescimento do País. Todo ano a história se repete: basta começar a safra de grãos para os problemas virem à tona, como as gigantescas filas de caminhões nas rodovias e de navios no mar. A situação é decorrente dos longos anos sem investimentos, que condenaram alguns terminais à estagnação e decadência.
Algumas ações tentam recuperar a capacidade dos portos, como o Programa Nacional de Dragagem (PND), mas o resultado ainda é limitado. O objetivo é atacar uma das principais deficiências dos terminais: a baixa profundidade dos canais para receber grandes embarcações. Com as novas gerações de navios, muitos portos já saíram da rota dos armadores.
O resultado foi a maior concentração de escalas no Sul e Sudeste, onde o sistema portuário já está saturado. Em Santos e Paranaguá, os maiores do País, os acessos terrestres são o maior obstáculo. Mas há também carência na infraestrutura de alguns terminais, que não conseguem operar em períodos de chuva, por exemplo.
Apesar de algumas iniciativas, a velocidade de investimentos não tem sido compatível com a demanda. A solução do problema exige atuação mais firme.
Comentários do T1:
Não é verdade que todo ano ocorrem gigantescas filas de caminhão. Isso ocorreu em 2003, quando da quebra da produção de soja nos EUA e agora por causa da sobre-demanda de açúcar brasileiro, devido às insuficiências dos demais países produtores. É um absurdo querer que portos sejam estruturados para atender situações excepcionais que talvez nunca mais se repitam. As matérias publicadas neste T1 mostram, ao contrário, que os principais terminais de granéis sólidos vêm batendo recordes atrás de recordes, mostrando que houve investimento e não há nenhuma estagnação e dacadência.
Esses recordes sucessivos mostram que a velocidade dos investimentos tem sido compatível com a demanda. A matéria “esqueceu” de mencionar que o Porto do Itaqui/MA irá se transformar, em até três anos, em um importante centro logístico para exportação de grãos da região Centro-Oeste. Dois movimentos reforçam essa perspectiva: o único terminal que hoje escoa soja pelo porto maranhense, operado pela Vale, deve ser licitado no começo de 2011. Existe a expectativa de que na mesma época possam começar as obras do novo projeto do Tegram. Os dois projetos teriam, juntos, em uma primeira fase, capacidade de movimentar cerca de 8 milhões de toneladas de soja por ano.
Conclusão: no presente a situação é confortável - exceto a movimentação anormal de açúcar - e, no futuro, além de Itaqui teremos o porto de Santarém/PA, que será alimentado pela BR-163, que está sendo pavimentada (PAC), e pela Hidrovia Teles Pires-Tapajós.
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2- Ferrovias
O renascimento da ferrovia no Brasil está diretamente ligado ao avanço do agronegócio e do setor mineral. Seu alcance, no entanto, ainda é muito limitado. A malha nacional tem apenas 28 mil quilômetros (km) de extensão e ainda não consegue atender áreas que se transformaram em grande produtoras de grãos, como Mato Grosso.
Mas a ferrovia brasileira não é apenas pequena. Ela também é muito mal aproveitada. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), apenas 10% das ferrovias (3 mil km) estão plenamente ocupadas. Outros 7 mil km estão sendo usados abaixo da capacidade e 18 mil km são subutilizados.
Além de pequena, ela atinge poucos setores da economia. Até o ano passado, apenas dez produtos, quase todos granéis para exportação, somavam 91% de tudo que era transportado. Só o carregamento de minério de ferro representou 74,37% da movimentação das ferrovias.
Para completar a lista de problemas, alguns gargalos reduzem a eficiência do transporte, pois diminuem a velocidade do trem. Um deles é a invasão da faixa de domínio, como a construção de casas à beira dos trilhos. No total, são 372 pontos, sendo 183 invasões de moradias. Outro problema são as passagens de nível (cruzamento de carros, por exemplo), que somam 12 mil em todo o País.
Comentários do T1:
É fato que atualmente a malha ferroviária nacional não dá conta das necessidades de movimentação de granéis como a soja.
Entretanto, a matéria peca ao dizer que o Brasil pode parar, por desconsiderar as inúmeras obras de expansão da malha ferroviária, exatamente para resolver esse problema. Exemplos: Norte-Sul, Nova Transnordestina, Oeste-Leste (Bahia) e a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste, que irá, num primeiro momento, até Vilhena/RO, e mais à frente, até Porto Velho/RO. Lembrar que hoje, pelos terminais de grãos em Porto Velho, já são escoadas mais de três milhões de toneladas de soja. O problema é que ainda são transportadas por caminhões, do Mato Grosso até lá.
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3- Rodovias
A matriz brasileira de transporte é quase toda baseada em rodovias. Hoje 60% de toda carga movimentada no País é transportada por caminhões. Teoricamente, isso implicaria ter uma malha rodoviária boa para atender à demanda, cada vez mais crescente. Mas essa não é uma realidade no Brasil, que tem apenas 11% da malha nacional pavimentada.
Hoje há estradas de terra batida que fazem parte de importantes corredores de exportação. É o caso, por exemplo, da BR-163, entre Cuiabá e Santarém. Embora pareça mais uma trilha, a rodovia é caminho para o transporte de soja exportada pelos portos do Norte. Parte da estrada está em obras. A previsão para o término é 2012.
Até o ano passado, 69% das estradas pavimentadas no Brasil eram classificadas como ruins, péssimas ou regulares, segundo a Pesquisa Rodoviária 2009, da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Apenas 13,5% das estradas foram considerados ótimos e 17,5%, bons.
De acordo com o estudo, a má qualidade das estradas provoca aumento médio de 28% no custo do transporte rodoviário de carga. Só em relação ao consumo de combustível, o aumento do custo de transporte pode chegar a 5%, comparado aos veículos que trafegam em rodovias com excelente pavimentação, como as de São Paulo.
Comentários do T1:
Sobre rodovias impera a total desinformação, provocada pela leitura equivocada da Pesquisa Rodoviária da CNT. Temos escrito seguidamente sobre isso e vocês poderão encontrar esses textos nos links ao final desta matéria.
Fundamentalmente, a própria pesquisa da CNT 2009 mostra, nas páginas 30 e seguintes do Relatório Gerencial, que 93% dos 90 mil quilômetros de rodovias pesquisadas não apresentam buraco! Mais de 70% estão com a sinalização em boas condições.
Então, em relação às críticas às condições da malha rodoviária brasileira, não há o que fazer senão jogá-las no lixo e ficar com o que diz a Pesquisa da CNT, em seu Relatório Gerencial.
.4. Aeroportos
O setor aéreo foi o último a integrar a lista de gargalos da infraestrutura nacional. No caso do transporte de passageiros, o aumento da demanda evidenciou a falta de planejamento do setor, que a exemplo das outras áreas da infraestrutura também padeceu durante décadas sem investimentos adequados.
Nos últimos anos, viajar de avião virou um teste de paciência para os passageiros, que nunca sabem se chegarão ao seu destino na data prevista. Se nada for feito com urgência, a tendência é piorar ainda mais. De acordo com estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o transporte aéreo de passageiros no Brasil deve triplicar nos próximos 20 anos.
No setor de carga, a situação não é muito diferente. Com o aumento no volume de importações (superior a 40%), os terminais entraram em colapso. Os problemas são iguais aos dos portos: faltam áreas de armazenagem, instalações (câmaras refrigeradas) para produtos especiais e mão de obra suficiente para liberar as mercadorias dentro de padrões internacionais.
Sem áreas suficientes, as cargas são armazenadas ao relento, no pátio, ao lado dos aviões. Ao ficarem expostas ao sol ou à chuva, muitas mercadorias são danificadas, o que complica ainda mais o processo de retirada do produto da área alfandegária.
Em alguns casos, os terminais demoram mais para liberar a mercadoria do que o tempo que ela gastou para sair do país de origem e chegar ao Brasil. O problema também tem afetado o embarque de produtos exportados.
Comentários do T1:
É fato que o aumento significativo da importação - que é um problema conjuntural, já que não foi e não será sempre assim - levou a ineficiências dos terminais de carga aeroportuários.
Mais uma vez, a matéria peca ao dizer que o Brasil vai parar e não cita as obras de aumento da capacidade aeroportuária, via PAC. Da forma como está escrita a matéria parece que nada está sendo feito.
Lembrar que a Infraero está instalando módulos operacionais nos aeroportos que aumentarão a capacidade dos mesmos. Além disso, está em discussão no governo duas possibilidades: abrir o capital da Infraero ou lançar editais de licitação para concessão da operação aeroportuária, de parte ou de todos os aeroportos e terminais de cargas.
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Clique nos links abaixo para ler nossas opiniões fundamentadas: sobre o papel da logística no crescimento da economia brasileira, publicadas neste T1 e na descontrução da crítica realizada, de forma sistemática, pela imprensa brasileira:

PIB cresce 9%. Logística dá suporte

Equívocos em matéria da Folha sobre os pedágios em rodovias federais

As confusões em relação ao PAC

Serra não sabe sobre as rodovias federais e a CIDE

Impressionante: todos falam, mas ninguém leu a pesquisa rodoviária da CNT!

Ainda sobre a confusão da fila de navios em Santos. Açúcar

O que significa “investimentos aquém do necessário”?

A (suspeita) campanha sistemática contra os portos brasileiros

A verdade sobre a exportação de açúcar e a falsa “crise” no porto de Santos

Análise sobre a matéria da Época sobre Rodovias

Análise crítica sobre o Comunicado do IPEA no. 52 – Rodovias Brasileiras (Parte 1)

Análise crítica sobre o Comunicado 52 do IPEA – Rodovias (Final)

As confusões em relação ao balanço do PAC


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