sexta-feira, dezembro 09, 2016

Voltando 131 anos no tempo. O GOLPE da plutocracia e a Lei do sexagenário

A Lei dos Sexagenários, também conhecida como Lei Sararaiva-Cotegipe, foi promulgada em 28 de setembro de 1885. Essa lei concedia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade. A lei beneficiou poucos escravos, pois eram raros os que atingiam esta idade, devido a vida sofrida que levavam.

terça-feira, dezembro 06, 2016

O livro "O caso Lula: a luta pela afirmação dos direitos fundamentais no Brasil" será lançado hoje


O livro "O caso Lula: a luta pela afirmação dos direitos fundamentais no Brasil" será lançado hoje, em São Paulo. Diversos nomes do Direito analisam e explicam como a operação Lava Jato estaria empregando táticas de lawfare (manipulação do sistema jurídico para perseguir um inimigo) contra o ex-presidente Lula. O lançamento será na Livraria Martins Fontes da Avenida Paulista, a partir das 19h.

O livro está em pré-venda: http://www.ciadoslivros.com.br/caso-lula-o-a-luta-pela-afirmacao-dos-direitos-fundamentais-no-brasil-745486-p627859

domingo, novembro 06, 2016

Conheça a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF)

ganhe quinze minutos e veja este comovente vídeo sobre a história da escola nacional florestan fernandes, do mst - a mesma que foi invadida esta semana, a tiros, pela polícia do governador geraldo alkmin.

ENFF - Uma Escola Em Construção from MST on Vimeo.

sábado, novembro 05, 2016

Em nota, MST pede por mais Reforma Agrária e pelo fim da criminalização do Movimento

O MST denuncia a “escalada da repressão contra a luta pela terra, onde predominam os interesses do agronegócio associado a violência do Estado de Exceção” após ação da Polícia Civil do PR nesta sexta.



Da Página do MST

Nesta sexta-feira (4), o MST amanheceu sobre os holofotes da criminalização. Uma ação truculenta da polícia, batizada de “Castra”, envolveu três estados, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, e teve como principal objetivo prender e criminalizar as lideranças dos Acampamentos Dom Tomás Balduíno e Herdeiros da Luta pela Terra, militantes assentados da região central do Paraná.

Em nota, o MST denuncia a “escalada da repressão contra a luta pela terra, onde predominam os interesses do agronegócio associado a violência do Estado de Exceção”.

“Lembramos que sempre atuamos de forma organizada e pacifica para que a Reforma Agrária avance. Reivindicamos que a terra cumpra a sua função social e que seja destinada para o assentamento das 10 mil famílias acampadas no Paraná”, afirma trecho da nota.

Em São Paulo, 10 viaturas da polícia civil invadiu a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, São Paulo. Dois militantes foram detidos nessa ação.

De acordo os relatos, os policiais chegaram por volta das 09h25, pularam o portão da Escola e a janela da recepção e entraram atirando em direção às pessoas que se encontravam na escola. Os estilhaços de balas recolhidos comprovam que nenhuma delas são de borracha e sim letais.

Já no Mato Grosso do Sul, 3 viaturas policiais, com placas do Paraná, entraram no Centro de Pesquisa e Capacitação Geraldo Garcia (CEPEGE), em Sidrolândia. A ação policial procurava por militantes do MST do Paraná que, supostamente, estariam naquele centro. Os policiais permaneceram no local até, aproximadamente, 9h da manhã quando foram embora sem ninguém preso. Durante a ação foi impedida a utilização de celulares.

A militância que estava no CEPEGE realizava trabalhos de limpeza e manutenção do espaço.

Confira nota na íntegra:

Mais Reforma Agrária e fim da criminalização do MST

Mais uma vez o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é vítima da criminalização por parte do aparato repressor do Estado Paranaense. A ação violenta batizada de “Castra” aconteceu na nessa sexta-feira (04/11/2016), no Paraná, em Quedas do Iguaçu; Francisco Beltrão e Laranjeiras do Sul; também em São Paulo e Mato Grosso do Sul.

O objetivo da operação é prender e criminalizar as lideranças dos Acampamentos Dom Tomás Balduíno e Herdeiros da Luta pela Terra, militantes assentados da região central do Paraná. Até o momento foram presos seis lideranças e estão a caça de outros trabalhadores, sob diversas acusações, inclusive organização criminosa.

Desde maio de 2014, aproximadamente 3 mil famílias acampadas, ocupam áreas griladas pela empresa Araupel. Essas áreas foram griladas e por isso declaradas pela Justiça Federal terras públicas, pertencentes à União que devem ser destinadas para a Reforma Agrária.

A empresa Araupel que se constitui em um poderoso império econômico e político, utilizando da grilagem de terras públicas, do uso constante da violência contra trabalhadores rurais e posseiros, muitas vezes atua em conluio com o aparato policial civil e militar, e tendo inclusive financiado campanhas políticas de autoridades públicas, tal como o chefe da Casa Civil do Governo Beto Richa, Valdir Rossoni.

Salientamos que essa ação faz parte da continuidade do processo histórico de perseguição e violência que o MST vem sofrendo em vários Estados e no Paraná. No dia 07 de abril de 2016, nas terras griladas pela Araupel, as famílias organizadas no Acampamento Dom Tomas Balduíno foram vítimas de uma emboscada realizada pela Policia Militar e por seguranças contratados pela Araupel. No ataque, onde foram disparados mais de 120 tiros, ocorreu a execução de Vilmar Bordim e Leomar Orback, e inúmeros feridos a bala. Nesse mesmo latifúndio em 1997 pistoleiros da Araupel assassinaram em outra embosca dois trabalhadores Sem Terra. Ambos os casos permanecem impunes.

Denunciamos a escalada da repressão contra a luta pela terra, onde predominam os interesses do agronegócio associado a violência do Estado de Exceção.

Lembramos que sempre atuamos de forma organizada e pacifica para que a Reforma Agrária avance. Reivindicamos que a terra cumpra a sua função social e que seja destinada para o assentamento das 10 mil famílias acampadas no Paraná.

Seguimos lutando pelos nossos direitos e nos somamos aos que lutam por educação, saúde, moradia, e mais direitos e mais democracia.

Lutar, construir Reforma Agrária Popular.

terça-feira, novembro 01, 2016

Fellini e o Brasil de 2016





Fellini: Infantilismo e Fascismo na Sociedade Italiana





“A melhor e
scola de
cinema é ver filmes”

Bernado Bertolucci
cineasta italiano 




Federico Fellini inovou ao aborda
r em seus filmes o movimento liderado por Benito Mussolini, destacando-o daquele capitaneadpor Adolf Hitler. Ao contrário de Roberto Rossellini e do neo-realismo em geral, Fellini nãotratou da guerra em si, da catástrofe. Em vários de seus filmes, insere elementos que mostram a profunda imbricação entre as noções fascistas e a visão de mundo italiana. Para Fellini, a relação entre facismo e cinema também está ligada ao caráter de espetáculo das aparições do primeiro. Mais uma das lições do regime italiano; embora o nazismo também tenha se destacado nesse particular, não podemos esquecer que o facismo precedeu seu correlato alemão em 10 anos.

“Em Os Palhaços (1970), o chefe da estação apela para um oficial fascista, a fim de calar a bagunça dos colegiais. Evidenciam-se, então, na análise de Fellini, tanto a raiz doméstica, quanto o objetivo pedagógico do fascismo, como instrumento de dominação, adequado a uma população infantilizada” (1). Em Roma de Fellini (Roma, 1971), o diretor insere uma locução num jornal cinematográfico, onde o fascismo é apresentado como algo autenticamente italiano. Em Amarcord (1973), há um entrelaçamento inovador de temas tradicionais do cinema italiano como o Fascismo, o amor e a família (2). Na opinião de Fellini, viver durante a vigência de um Estado repressor fez com que as pessoas não desenvolvessem sua individualidade, apenas defeitos patológicos. O Fascismo seria uma degenerescência a nível histórico de uma fase (a adolescência) do desenvolvimento individual. Ainda segundo o diretor, não podemos lutar contra essa infantilização facista se não a identificamos com nosso eu ignorante, miúdo e impulsivo. Os personagens de Amarcord são psicológico e emocionalmente fascistas: ignorantes, violentos, exibicionistas. Examinados individualmente, exibem apenas... 

“Manias, tiques inócuos: ainda assim, é o suficiente para os personagens se reunirem para uma ocasião como essa [a visita do federale], e lá, de excentricidades aparentemente inofensivas, suas manias adquirem um significado completamente diferente. A reunião de 21 de abril, assim como a passagem do Rex [o navio de Mussolini], a queima da grande fogueira no início [do filme], e assim por diante, são sempre ocasiões de total estupidez. O pretexto de estar junto é sempre um processo de nivelamento... É apenas o ritual que os mantêm juntos. Uma vez que nenhum personagem possui um senso real de responsabilidade individual, ou têm apenas belos sonhos, ninguém tem força para não tomar parte no ritual, permanecer em casa fora dele.”(...)”A província de Amarcord é aonde somos todos reconhecíveis, o diretor antes de tudo, na ignorância que nos confunde. Uma grande ignorância e uma grande confusão. Não que eu queira minimizar as causas econômicas e sociais do Fascismo. Eu apenas quero dizer que hoje o que ainda é mais interessante é a forma psicológica, emocional de ser um Fascista... É uma espécie de bloqueio, um desenvolvimento suspenso durante a fase da adolescência... A Itália, mentalmente, ainda é a mesma. Para dizer de outro modo, eu tenho a impressão de que Fascismo e adolescência continuam a ser, em certa medida, fases permanentes de nossas vidas: adolescência de nossas vidas individuais, Fascismo de nossa vida nacional” (3) 

Diferentemente de outros diretores italianos que trataram do Fascismo, Fellini adotou o ponto de vista cômico. Já foi observado que inicia seus filmes como testemunha de acusação e termina como testemunha de defesa, tratando o passado de forma nostálgica. O sucesso alcançado por Amarcord na Itália sugere uma identificação com essa forma de tratamento do tema. Os italianos identificaram a si próprios no único passado que eles e Fellini tiveram – a Itália de Mussolini era um país muito fechado para o mundo. “Por esse motivo, eram condenados a recordar esse passado com uma mistura de remorso e nostalgia, mas não conseguiam mudá-lo”. (4) 


Fellini definiu a visita do fascista (federale) como a sequência crucial em Amarcord. Ao contrário do que possa parecer aos que não conhecem os detalhes, a sátira não é
 apenas um exagero do estilo fascista personificado em Mussolini. Na verdade, Fellini se concentrou na figura do facista de carteirinha Achille Starace (1889-1945), o verdadeiro autor das coreografias de massa e comportamentos estapafúrdios que caracterizavam as aparições públicas dos líderes fascistas. A cena em que o federale corre pela cidade (e todos o seguem) era típica do comportamento oficial – acreditavam que isso evidenciava sua juventude, vitalidade e disciplina. Starace insistia em utilizar a saudação típica do antigo Império Romano. O passo de ganso germânico também era uma preferência, que ele identificava como o “passo Romano”. Ele frequentemente pulava sobre baionetas e cavalos para demonstrar sua força física e nunca andava a cavalo, sempre trotava (5). Quem já viu cenas de documentários sobre a Segunda Guerra Mundial deve ter reparado uma ou duas cenas onde Mussolini aparece sem camisa, com uma pá na mão cavando buracos; às vezes uma picareta – enquanto Hitler está sempre debaixo de um uniforme.

Segundo Fellini, o Fascismo era capaz de pegar pessoas perfeitamente normais na juventude e fazê-las se comportar de forma imprevisível e perigosa. Ele sempre se refere a “um estado regressivo adolescente”, não apenas em relação ao comportamento das massas, mas também em relação à repressão sexual. O Fascismo só tolerava o sexo no casamento ou com prostitutas – os bordéis eram regulados pelo Estado. Masturbação e homossexualismo não eram tolerados. A culpa acompanha o sexo na vida de Amarcord. Gradisca (imagem no início do artigo), o objeto de desejo de todos os homens da cidade, deixa clara a conexão entre uma moral sexual reprimida e o Regime Fascista, quando vai ao êxtase com a simples visão do federale desfilando aos trotes através da multidão. A vadia Volpina (imagem abaixo, à direita), a ninfomaníaca dacidade, vive solta pelas ruas. Fácil demais para os homens, talvez por isso a desprezem. No fim, talvez ela seja a única personagem que é de todos e de ninguém. 

Fellini mostra, em Roma de Fellini e Amarcord, como o fascismo, substituindo os pais na tarefa doméstica de criação dos filhos, impõe um adestramento das crianças. Decorrente dessa situação é a própria infantilização dos adultos. O Nazismo parece ter aprendido a lição, não esqueçamos da Juventude Hitlerista. No Nazismo, produziam-se filmes com o intuito específico de desqualificar a autoridade paterna e materna, indicando o Partido como o melhor educador e Hitler como único pai. Nas palavras de Fellini, “ainda hoje, o que mais me interessa é a maneira psicológica, emotiva de ser fascista: uma forma de bloqueio, algo como ficar preso à adolescência…” (6).


“Sobre os laços recíprocos do fascismo e da cultura italiana, diz Fellini: ‘O facismo fe
z parte de minha paisagem, desde cedo. Com todas as demais imposições, o pai, a mãe e o padre, que era também o hierarca [autoridade eclesiástica]. Por outro lado, naquela província romanhola [a região onde Fellini nasceu], um pouco estúpida e obscura, quem poderia imaginar que se pudesse viver de outro modo? (…) Não havia como imaginar que Nenni estivesse no exílio, e Gramsci, na prisão. Em cima da cátedra [a cadeira do mestre] estava essa espécie de espantalho, com a caçarola na cabeça [Mussolini de capacete]; do outro lado, o Rei, com um penacho de plumas, no meio, o Papa, e abaixo, pequeno, pequeno, o crucifixo. Esta era toda a realidade. Política e metafísica”. (7)

Leia também: 


Notas: 

1. MARTINS, Luiz Renato. Conflito e Interpretação em Fellini. São Paulo: Edusp, 1993. P. 71.
2. Idem, p. 68.
3. BONDANELLA, Peter. The Films of Federico Fellini. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. P. 128.
4. Idem, p. 130.
5. Ibidem.
6. MARTINS, Luiz Renato Op. Cit., p. 71, n.39.
7. Ibidem, p. 70, n.38. 

sexta-feira, outubro 14, 2016

As convicções e o fascismo

, por Mauro Santayana

por Mauro Santayana
Em seu site
(Revista do Brasil) - Os países, como as pessoas, precisam tomar cuidado com as suas convicções.
Convicções arraigadas, quando não nascem da informação, da razão, do conhecimento, costumam ser fruto do ódio, do preconceito e da ignorância.
Não é por acaso que entre as características do fascismo, a mais marcante está em colocar, furiosamente, a convicção acima da razão.
Foi por ter a forte convicção de que os judeus, os comunistas, os ciganos, os homossexuais, eram espécimes de diferentes raças sub-humanas, que os nazistas fizeram coisas extremamente "razoáveis", como guardar centenas, milhares de pênis e cérebros arrancados dos corpos de prisioneiros em vidros de formol, esquartejar pessoas para fazer sabão, adubar repolhos com cinzas de crematório, ou recortar e curtir pedaços de pele humana para colecionar tatuagens e fazer móveis e abajours, em um processo que começou justamente nos tribunais, com a gestação da jurisprudência racista e assassina das Leis de Nuremberg.
De tanta mentira, distorção,  hipocrisia, servidas - ou melhor, impostas, cotidianamente  - à população, nos últimos quatro anos, o Brasil tem se transformado, paulatinamente, em um país em que a realidade está sendo substituída por fantásticos  paradigmas, que são absorvidos e disseminados como as mais sagradas verdades, e adquirem rapidamente a condição de inabalável convicção na cabeça e nos corações de quem os adota, a priori, emocionalmente, sem checar, minimamente, sua veracidade ou sustentação.
Senão, vejamos:
Muitíssimas pessoas, no Brasil de hoje, têm convicção de que o PT quebrou o país.
Assim como têm convicção de que o Governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso foi um tremendo sucesso do ponto de vista econômico, certo?
Errado.
Os números oficiais do Banco Mundial provam que o PIB  e a Renda per Capita em dólares recuaram no Governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso, com relação ao de Itamar Franco (de 534 para 504 bilhões e de 3.426 para 2.810 dólares), e aumentaram mais de 300% no governo do PT, de 504 bilhões para 2.4 trilhões de dólares, e de 2.810 para 11.208 dólares, entre 2002 e 2014; com o salário mínimo subindo também mais de 300% em moeda norte-americana nesse período, de  88 para 308 dólares no ano passado, com um dólar nominal mais ou menos equivalente, que chegou a 4,00 reais tanto em 2002 como em 2015.
A queda atual da economia é um ponto fora de curva que irá se recuperar, mais cedo do que tarde, se não forem adotadas medidas recessivas, que mandem, mais uma vez, a vaca para o brejo. 
A maioria das pessoas - incluídos ministros do atual governo, que exageram os problemas,  para vender a sua "competência" e seus projetos, muitos deles ligados, direta e indiretamente à iniciativa privada - têm convicção que o Brasil está endividado até o pescoço, certo?
Errado.
Nona economia do mundo em 2016 - éramos a décima-quarta em 2002 - o Brasil ocupa, apenas, o quadragésimo lugar entre os países mais endividados do planeta.
Temos uma Dívida Pública Bruta com relação ao PIB (66%) mais baixa que a que tinhamos em 2002 (80%); e menor que a dos EUA (104%), Zona do Euro (Europa) (90%), Japão (220%), Alemanha (71.20%),  Inglaterra (89.20%), França (96,10%), Itália (132.70%), Canadá (91.50%).
Além de possuirmos mais reservas internacionais (370 bilhões de dólares) que qualquer uma dessas nações e de não estar devendo - somos credores do FMI - um centavo para o Fundo Monetário Internacional.
E, mesmo assim, ninguém fica fazendo, nesses países que citamos, o mesmo carnaval - verdadeiro massacre - que se faz aqui, com relação à questão da dívida pública.
Uma grande pilantragem midiática que ajuda a justificar, entre outras coisas, o absurdo teto de despesas públicas proposto pelo atual governo - que não existe em nenhum país desenvolvido e irá engessar e tolher o desenvolvimento nacional nos próximos 20 anos -   os juros pornográficos        que a nação paga, a cada 12  meses, aos bancos, e a privatização e entrega de empresas estatais brasileiras a países estrangeiros.
Muitas pessoas também aparentam ter desenvolvido a convicção, no Brasil de hoje, de que o PT é um partido que é contra as Forças Armadas, bolivariano e comunista, certo?
Errado.
O PT sempre trabalhou com o tripé capital estatal, capital privado nacional e capital estrangeiro,  e apoiou - a ponto de estar sendo execrado por isso - as maiores empresas privadas do país, e não apenas as de controle brasileiro - expandindo para elas o crédito subsidiado do BNDES, aumentando a oferta de crédito na economia, melhorando a situação do varejo e da indústria, fomentando a indústria automobilística, triplicando a produção e as vendas de caminhões, automóveis e equipamentos agrícolas, com linhas especiais de financiamento, e fortalecendo o agronegócio injetando bilhões de reais no Plano Safra, duplicando, praticamente, a colheita de grãos depois que chegou ao poder, sem atrapalhar o mercado financeiro, que teve forte expansão após 2002.
E, na área bélica, prestigiou o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, lançando e bancando, por meio da adoção da Estratégia Nacional de Defesa, o maior programa de rearmamento das Forças Armadas na história brasileira.
Nem nos governos militares ousou-se investir, ao mesmo tempo, em tantos projetos estratégicos como se fez nos últimos anos, como é o caso do programa de construção de 36 caças-bombardeiros com a Suécia.
Ou o do submarino atômico - além de outros quatro, convencionais - como se está fazendo  em Itaguaí, no Rio de Janeiro, com parceria francesa.
Ou o da construção de mais de mil blindados multipropósito Guarani, em um único contrato, com a IVECO, com design e projeto de engenheiros do Exército Brasileiro.
Ou o do maior avião já construído no Brasil, o KC-390 da EMBRAER, produzido para substituir os Hércules C-130 norte-americanos, capaz de realizar missões também múltiplas, como o transporte de paraquedistas e blindados e o reabastecimento de outras aeronaves em voo.
Para não falar da família de radares SABER, dos novos mísseis da AVIBRAS, do programa Astros 2020, da nova família de rifles de assalto IA-2 da IMBEL, capaz de disparar 600 tiros por minuto, e de outros projetos como o do míssil ar-ar A-Darter desenvolvido por uma subsidiária da Odebrecht, com a Denel, sul-africana.
Da mesma forma, muitíssimas pessoas têm convicção,  nos dias de hoje, que o PT é o partido mais corrupto do Brasil, certo?
Errado.
Em ranking publicado pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral em 2012 - que, estranhamente, parou de publicar rankings anuais por partido depois disso - o PT aparece apenas em nono lugar, em uma lista encabeçada pelo DEM.
Na lista de 50 políticos investigados na Lava Jato que estão com processos no STF, cuja maioria pertence ao PP, só 6 nomes são do PT, e do total de 252 candidatos impugnados por serem ficha-suja nas eleições de 2014, por exemplo, apenas 20 são do Partido dos Trabalhadores.
Dados que não mudam em nada o fato de que o discurso anticorrupção, no Brasil de hoje, só existe na proporção que ocorre, porque pertence e serve, como bandeira, desde o início - na tradição golpista da UDN - à direita e à extrema direita em nosso país.
A esquerda, que costuma cair com facilidade nessa esparrela moral dos imorais, principalmente quando pretende utilizá-la, como seus adversários o fazem, como arma política, precisa tratar de outros temas, sem deixar - prudentemente - de colocar suas barbas de molho.
Como, por exemplo, o futuro do projeto nacional-desenvolvimentista brasileiro, com foco, principalmente, nas áreas social, científica, da educação, da indústria bélica, naval e de petróleo e de infraestrutura.
Ou a defesa da Democracia, do Estado de Direito e da Soberania Nacional, em tempos de risco - quase certeza, a depender do avanço da imbecilidade vigente -  de inserção subalterna do país em um processo de globalização que não deixará outras opções, a não ser o fortalecimento ou a capitulação. 
Tudo isso, no contexto do urgente estabelecimento de uma aliança que permita manter a estabilidade da República e evitar a vitória da Antipolítica com a ascensão do fascismo - em aliança com partidos conservadores tradicionais - à presidência da República em 2018.
É nesse país ridículo, mal informado, rasteiramente manipulado, por segmentos da mídia mendazes e deturpadores, que alguns procuradores do Ministério Público Federal vieram a público, há alguns dias, para dizer que tem "convicção" de que o ex-presidente Lula é o Chefe Supremo, o "Capo di tutti capi"   da corrupção nacional, neste Brasil "casto" e "ilibado", nunca dantes atingido - como diziam no Caso do "Mensalão", estão lembrados? - por semelhante tsunami antiético.
Que ele, que nunca teve contas no exterior, como, digamos, Eduardo Cunha ou Maluf, teria recebido "virtualmente", para o padrão de consumo de nossa impoluta elite, acostumada a apartamentos em Paris, Miami e Higienópolis, um modesto apartamento de 215 metros quadrados, de cooperativa - no qual nunca dormiu e do qual não sem tem notícia de escritura em seu nome.
Além de um sitiozinho mambembe, até mesmo para o gosto de nossa pseudo classe média paneleira, que também não está em seu nome.
E de uma ajuda para a guarda de seus documentos presidenciais - de inestimável valor histórico, por abarcarem oito anos de história nacional - tudo isso apresentado como a parte do leão, do "Pai", do "Comandante", de um suposto esquema de propina que o mesmo MPF afirma - ainda sem provas cabais - ter movimentado a extraordinária soma de 42 bilhões de reais em desvios da Petrobras (antes eram 6 bilhões, segundo "impecável" "auditoria" da "competentíssima", jamais multada, "honestíssima", "imparcialíssima", consultoria norte-americana Price Watherhouse).
Cinismo por cinismo, poderíamos dizer que, na hipótese, difícil de provar, que tivesse recebido os alegados 3.7 milhões em propina pelos quais foi acusado, em um negócio de mais de 40 bilhões, Lula seria o mais "ingênuo" senão um dos mais "modestos", políticos brasileiros, considerando-se a quantidade de empregos, negócios, projetos, obras, programas, que ajudou a proporcionar à economia nacional nos anos em que esteve à frente da Presidência da República.
E o PT, que teria pedido apenas miseráveis 5 milhões de reais para pagar contas atrasadas devidas a publicitários, em um  contrato de aproximadamente 1 bilhão de dólares para a construção de duas plataformas de petróleo pela empresa do Senhor Eike Batista - um sujeito que resolveu depor "espontaneamente", depois de ter recebido bilhões do BNDES, durante anos, em apoio às suas empresas falidas - teria sido, diante das franciscanas proporções da solicitação, de uma tacanhice digna de fazer corar outras legendas e personagens do espectro político nacional.
Ora, nos poupem.
Ninguém está aqui para santificar o Partido dos Trabalhadores ou o Sr Luís Inácio Lula da Silva, que, se tiver cometido algum crime, deve purgá-lo - respeitada sua condição de réu primário - na mesma proporção de seus erros.
O que nos indigna e nos tira do sério, trabalhando na área em que trabalhamos, é a desfaçatez, a caradurice, a hipocrisia institucionalizada, com que estão tratando a verdade,  a maior vítima desse atual "surto" de "convicções" brasileiro. 
Não nos venham com estórias da Carochinha  e mirabolantes apresentações que vão ridicularizar, pelo exagero, ausência de lógica, de proporcionalidade, razoabilidade e verossimilhança - como já mostram as matérias e editoriais dos jornais estrangeiros - o Ministério Público e o Judiciário brasileiros junto à opinião pública internacional.
Correndo o risco, seus "convictos" acusadores, de verem o tiro sair pela culatra, transformando Lula em uma espécie de símbolo, ou de herói, se for impedido de concorrer à presidência da República.
Ou em um mártir - caso alguma coisa ocorra a ele, eventualmente, na prisão - para boa parte do planeta.

quinta-feira, outubro 13, 2016

CRIANÇA FELIZ E COMBATIVA. SEGURA ESSA VICE GOLPISTA...

Mídia Ninja RN adicionou um novo vídeo.
"Agora imagina você, pobre, que não tem direito a estudar Filosofia e Sociologia, nem Artes, passar no Enem. Você não passa. Sabe quem passa? Quem tem dinheiro para pagar. Sabe por que eles têm medo de estudante que vai para a rua? Porque o governo quer máquinas. Máquinas programadas para obedecer a eles".
Maria Deusdédite da Silva Neta, aluna do 3°ano do curso de eletrotécnica do IFRN - Campus João Câmara, representante do Grêmio Estudantil Francisca Alves -GEFA
O VÍDEO É IMPERDÍVEL:
https://www.facebook.com/midianinjaRN/videos/1172598969452662/

terça-feira, outubro 04, 2016

É a Globo estúpido!

A tragédia brasileira. 
Um bico de Luz, 
a máquina de costura 
e a TV ligada na Globo. 


O Império contra-ataca




Há uma década, governos de esquerda, desafiando Washington e as corporações globais, assumiram o poder no Brasil, Argentina, Paraguai, Venezuela, Uruguai, Bolívia e Equador. Parecia que a maré estivesse virando, na América Latina. A interferência por Washington e a exploração por corporações internacionais, talvez afinal pudessem ser derrotadas. Governos latino-americanos, com governantes carismáticos como Hugo Chávez na Venezuela, Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, Evo Morales na Bolívia e Rafael Correa no Equador, tiveram enormes vitórias eleitorais. Instituíram reformas socialistas que beneficiaram os mais pobres e a classe trabalhadora. Recusaram-se ao papel de fantoches dos EUA. Assumiram o controle dos recursos de suas próprias nações e do próprio destino. Foram a primeira revolta bem-sucedida contra o
neoliberalismo e a dominação pelas grandes empresas e bancos. Foi uma revolta que muitos norte-americanos sempre esperaram ver acontecer também aqui nos EUA.

Mas os movimentos e governos na América Latina tornaram-se presas das obscuras forças do imperialismo norte-americano e da ira e do poder dos empresários. Os truques que tantas vezes Washington e seus aliados empresários e banqueiros usaram estavam de volta – propaganda negra, manipulação dos veículos comunicação, na chamada "mídia"; suborno e corrupção de agentes do estado e políticos, generais, polícia, líderes sindicais e jornalistas; os golpes de Estado dentro dos Parlamentos nacionais; o estrangulamento econômico; o enxovalhamento de reputações de líderes democraticamente eleitos; a criminalização da esquerda; e o uso de esquadrões da morte para silenciar e fazer sumir os que lutassem em defesa dos mais fracos. É o mesmo velho jogo, o mesmo jogo sujo.

O presidente Correa, que ganhou o ódio eterno de Washington por ter garantido asilo político a
Julian Assange já há quatro anos, e por ter fechado a base aérea-militar de Manta em 2009, alertou recentemente que está em marcha uma nova versão da Operação Condor, na América Latina.

Operação Condor, que existiu nos anos 1970s e ’80s, é causa de torturas, assassinatos e do sumiço de milhares de organizadores sociais, líderes comunitários, estudantes, ativistas, políticos, diplomatas, líderes religiosos, jornalistas e artistas. Os chefes de inteligência de regimes da direita na Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Uruguai e, depois, no Brasil, supervisionavam campanhas de terror. Recebiam fundos dos EUA e apoio logístico e treinamento da CIA. Liberdade de imprensa, de organização, todas as formas do protesto pela via artística e de oposição política foram proibidas. Num esforço coordenado, esses regimes destroçaram, com brutalidade, todos os movimentos de esquerda em toda a América Latina. Só na Argentina, houve 30 mil desaparecidos.

A América Latina parece a caminho de ser novamente lançada num período de controle ditatorial e de exploração nua e crua pelas empresas em geral e pelos bancos em especial. Os governos de Equador, Bolívia e Venezuela, que está á beira do colapso, têm tido de enfrentar sucessivas tentativas de golpes de direita e enfrentam sabotagem econômica.

No Brasil, o Senado depôs por impeachment sem crime e sem prova alguma de qualquer malfeito, a presidenta democraticamente eleita Dilma Rousseff.

Na Argentina, o novo presidente, Mauricio Macri, de direita, posto no poder pelos grandes hedge funds norte-americanos, imediatamente pagou seus benfeitores sob a forma de $4,65 bilhões entregues a quatro hedge funds, inclusive o Elliott Management, presidido pelo bilionário Paul Singer. O
pagamento aos hedge funds que haviam comprado a dívida argentina por centavos de dólar, significou ganho, para a empresa de Singer, de 2,4 bilhões, quantia 10-15 vezes maior que o investimento original. Antes disso, o governo de Cristina Fernández de Kirchner havia resistido, inclusive em tribunais internacionais, contra pagar o que os hedge funds, que ela chamava de "fundos abutres", reclamavam.

Entrevistei o ministro Guillaume Long, de Relações Exteriores e Mobilidade Humana do Equador, semana passada, para meu programa "On Contact".

Long, que é doutor pelo Institute for the Study of the Americas da Universidade de Londres, sugeriu à ONU que crie uma agência reguladora global de impostos. Disse que uma agência desse tipo poderia forçar corporações sonegadoras de impostos – que o FMI estima que custem aos países desenvolvidos mais de $200 bilhões ao ano, de impostos não pagos –, a pagarem aos países pelos recursos naturais que extraem e pelas perdas nacionais resultantes de negócios, quase sempre secretos, entre as grandes empresas e bancos. Também requereu à ONU a abolição completa dos chamados "paraísos fiscais", que há em vários países.

Há muito tempo se sabe que as políticas econômicas neoliberais dos anos 1980s e ’90s foram profundamente destrutivas na América Latina. Até controles econômicos muito débeis foram abandonados em nome do 'livre comércio' e da desregulação. Corporações internacionais e bancos receberam licença para operar livremente. "Essa desregulação, em ambiente já desregulado" resultou em anarquia, disse o ministro Long. "Os poderosos praticamente já não tinham qualquer controle ou quaisquer contrapesos que moderassem os seus poderes."

"O neoliberalismo é ruim, em praticamente todos os contextos", disse Long, quando conversamos em New York. "Foi ruim na Europa, tem sido ruim em outras partes do mundo. Desmantelou o Estado de Bem-estar. No contexto no qual já há estado fraco, onde as instituições não são consolidadas, onde há acentuados remanescentes feudais, como na América Latina, onde você realmente não tem contrato social forte com as instituições, com a modernidade, o neoliberalismo só faz esfacelar qualquer tipo de pacto social que haja. Sempre significa mais pobreza, mais desigualdade, enormes ondas de instabilidade."

Os países viram os serviços básicos, muitos já insuficientes e inadequados, reduzidos ou eliminados em nome de uma suposta 'austeridade'. As elites acumularam fortunas, ao tempo em que praticamente todos em volta mergulharam na miséria econômica. A paisagem política e econômica tornou-se instável. O Equador teve sete presidentes entre 1996 e 2006, ano em que Correa foi eleito. Em 1999, sofreu massiva crise bancária. Em desespero, Correa trocou a moeda nacional, que passou a ser o dólar norte-americano. O caos no Equador repetia-se na Bolívia e na Argentina. Em 1998, a Argentina entrou em depressão, que fez a economia encolher 28%. Mais de 50% dos argentinos foram empurrados para a miséria.

"A América Latina", disse Long, "chegou ao fundo do poço".

E foi desse fracasso generalizado do neoliberalismo, que a esquerda reagrupou-se e chegou ao poder.

"Os povos se relocalizaram, retomaram o pé da própria história, depois daquela crise avassaladora" – Long analisa. – "E decidiram reconstruir as próprias sociedades e combater contra o intervencionismo estrangeiro. Digo, mesmo, lutar contra o imperialismo. Ainda hoje, a principal questão é a desigualdade. A América Latina talvez não seja o continente mais pobre do mundo. Mas com certeza é o continente mais desigual em todo o mundo."

"O Equador produz petróleo" – continua o ministro Long. – "Produzimos 530 mil barris/dia. Recebíamos 20% a título de royalties, das multinacionais que extraem o petróleo. Hoje é o contrário. Pagamos uma taxa às multinacionais, pela extração, mas o petróleo é nosso. Tivemos de renegociar todos os nossos contratos de petróleo em 2008 e 2009. Algumas multinacionais recusaram-se a aceitar as novas regras, e deixaram o país. Nesses casos, nossa empresa estatal de petróleo entrou e ocupou os poços. Mas a maioria das multinacionais aceitaram. Pensaram "OK, podemos aceitar. Ainda assim é negócio lucrativo". Quero dizer, hoje as coisas são muito diferentes. Pagamos empresas privadas para extrair o petróleo, mas o petróleo é nosso. Nós o negociamos."

Long admitiu que houve graves revezes, mas insistiu que a esquerda não está quebrada.

"Depende de como você afere o sucesso" – disse o ministro. – "Se você o mede em termos de longevidade, e do tempo ao longo do qual esses governos permaneceram no poder – no caso do Equador, ainda estamos no poder e, claro, vamos vencer as eleições de fevereiro de 2017 –, nesse caso é coisa de, na Venezuela, mais ou menos 17 anos [que o governo de esquerda permanece no poder]; no Equador, agora, dez anos; na Argentina e no Brasil, são [ou foram] 13 anos."

"Uma das críticas que se fazem à esquerda é que são bem-intencionados, gente boa, com boas ideias, mas não os ponham no governo, porque o país explode," – disse Long. – "Mas no Equador tivemos crescimento realmente pujante, de 5 a 10% ao ano. Tivemos muitos excelentes indicadores econômicos. Diversificamos nossa economia. Mudamos, de importar, como antes, 80% de energia, para sermos hoje exportadores líquidos de eletricidade. Fizemos uma grande reforma na educação, na educação superior. Muitas coisas que são economicamente bem-sucedidas. A ortodoxia econômica neoliberal não colheu sucesso algum na década passada."

Long concedeu que seu governo, sim, fez inimigos poderosíssimos, não só por ter garantido asilo político a Assange em sua embaixada em Londres, mas também porque processou a Chevron Texaco, tentando que pagassem pelo dano massivo que a empresa provocou na Amazônia equatorial, quando a empresa perfurava ali, do início anos 1960 até que se retirou, em 1992. Deixou para trás cerca de 1.000 poços de dejetos tóxicos. Os vazamentos, no total, equivaliam a 85 vezes o vazamento provocado pela British Petroleum no Golfo do México, e a 18 vezes o vazamento do
Exxon Valdez. Um tribunal equatoriano ordenou que a Chevron Texaco pagasse $18,2 bilhões pelos danos, quantia posteriormente reduzida a $9,5 bilhões. Mas a petroleira recusou-se a pagar. O Equador recorreu a tribunais internacionais, para tentar arrancar deles o dinheiro.

Long disse que a diferença entre os vazamentos massivos em outras partes do mundo e o que houve no Equador é que, no Equador, não houve acidente. "[Os vazamentos no Equador] foram deliberados, um meio para tentarem cortar custos. Estavam lá no meio da Amazônia... Normalmente, o que se faz é extrair o petróleo e usam-se aquelas membranas de proteção, para impedir que o óleo se infiltre no solo. Não usaram as tais membranas. O petróleo chegou aos sistemas de água.
E poluiu todo o sistema do rio Amazonas. Criaram um gigantesco problema sanitário e de saúde pública. Detectou-se aumento no número de casos de câncer."

Long diz que evidentemente o seu governo sabia que a empresa Chevron Texaco tinha [e tem] "muito poder de lobbying nos EUA, em Wall Street, em Washington."

"Há muita coisa que não vemos" – disse ele da campanha para desestabilizar seu governo e outros governos de esquerda. "Benefícios que poderíamos colher, investimentos que não vêm, porque tivemos ação soberana, de preservar nossa soberania. No caso de [o Equador fechar a base aérea militar dos EUA em] Manta, gostamos de pensar que o governo dos EUA compreendeu, e tudo bem. Mas foi movimento pensado e definitivo. Dissemos 'acabou'. Inscrevemos em nossa Constituição, na nova Constituição, de 2008. Foi momento muito vibrante de nossa história. Criamos novas regras do jogo. A Constituição do Equador, hoje, é das mais progressistas do mundo. Declaramos os direitos da natureza. A nossa é a única constituição que declara os direitos da natureza, não apenas os direitos do homem. O território do Equador foi declarado livre de bases militares estrangeiras. Não havia outro modo: era isso ou isso. Mas há consequências para todas e quaisquer ações."

Uma dessas consequências foi uma tentativa abortada de golpe, em setembro de 2010, por membros da Polícia Nacional Equatoriana. Foi contida por força militar. Long acusou muitas das ONGs ocidentais que operam no Equador e em toda a região, de serem conduítes de dinheiro para os partidos de direita. Oficiais militares e da Polícia há muito tempo estão na folha de pagamento da CIA em toda a América Latina. Em 2008, o presidente Correa demitiu seu ministro da Defesa, o chefe da inteligência do Exército, vários comandantes do Exército e da Força Aérea e chefes do Estado-maior, sob a acusação de que os sistemas de inteligência do Equador estavam "completamente infiltrados e subjugados pela CIA."

"Há uma conspiração internacional em andamento agora, nesse momento, contra alguns governos progressistas" – disse o ministro Long. "Houve uns poucos revezes eleitorais na Argentina, e a Venezuela está em situação difícil. A mídia dá a tudo um tom especial, mas, sim, não há dúvidas de que a Venezuela enfrenta problemas graves. Há uma tentativa em curso para tirar o máximo possível da queda dos preços de algumas commodities, para criar caos social e derrubar governos. Já vimos um golpe parlamentar no Brasil. [A presidenta Rousseff] foi eleita com 54 milhões de votos. O Partido dos Trabalhadores, no Brasil [esteve] no poder durante 13 anos. O único modo que [a direita brasileira] tinha para tirar do governo os eleitos, era o golpe. Pelo voto universal não conseguiriam eleger-se."

Long disse que até com os revezes políticos que a direita sofreu, será difícil para os golpistas reinstituir políticas estritamente neoliberais.

"Há um campo político forte, disputado ainda pela direita tradicional e uma esquerda radical" – diz ele. – "Há uma esquerda radical que já provou que sabe reduzir a pobreza e a reduz, que sabe fazer e pode reduzir a desigualdade, que pode comandar a economia. Já há novos quadros com experiência de governo, ministros e pessoas que realmente assumiram responsabilidades de governar com a esquerda. Não há dúvidas de que, mais cedo ou mais tarde esses governos progressistas estarão novamente no poder."

Os Leviatãs empresariais e as agências imperialistas que trabalham a serviço deles estão novamente tentando reformatar a América Latina, para fazer do continente um paraíso para a exploração comercial empresarial. É a eterna história da luta do fraco contra o forte, do pobre contra o rico, do sem poder contra o poderoso, e dos que querem a própria autonomia, contra as forças do imperialismo.

"Não há limites nessa luta até a morte" – disse
Ernesto "Che" Guevara. "Não podemos ser indiferentes ao que acontece em qualquer canto do mundo, porque a vitória de qualquer país contra o imperialismo é vitória nossa; assim como a derrota de qualquer país, nessa mesma luta, é derrota de todos."*****