terça-feira, fevereiro 28, 2006

O alfaiate da ‘Folha’

Muito do que passa por “análise” na imprensa brasileira não é mais que preconceito, executado por uma espécie de alfaiate maluco: primeiro faz o terno, depois quer recortar o freguês para enfiá-lo no modelo. Quem mora em São Luís do Maranhão sabe muito bem como é.
Mas nosso exemplo é da Folha de S.Paulo. Um dia desses Fernando Henrique Cardoso disse numa entrevista à Isto É que Lula tinha largado a classe média e agora só governava pensando em seduzir os pobres com paternalismo. Estes, deseducados e desinformados, nada sabendo de mensalão e assuntos afins, seriam os únicos responsáveis pela recuperação do presidente.
A Folha foi atrás, tentando provar “no campo” a teoria fernandista. O resultado saiu sob o chapéu “análise” na edição de ontem (26). Diz o seguinte, em resumo:
"Em 20 dias de fevereiro, Lula quase dobrou sua votação entre os mais ricos. .... O que explica a recuperação de Lula é o voto de quem recebe Bolsa-Família e/ou pertence a famílias em que a renda não passa de R$ 1.500, do Nordeste, do Centro-Oeste e do Norte. Do início de fevereiro para a semana que passou, a votação de Lula entre os mais "ricos" subiu de 16% para 31% no cenário em que disputa a reeleição com José Serra e Anthony Garotinho. Mas "ricos", no universo brasileiro, espelhado pelo Datafolha, são os eleitores das famílias com renda maior que R$ 3.000. Isto é, na maioria, integrantes da muito pequena classe média brasileira. Contribuem com cerca de apenas 1,5 ponto dos 39% que Lula tem contra o tucano e o peemedebista. Quando se divide o eleitorado entre beneficiários de Bolsa-Família (e seus parentes) e não-beneficiários (e que não conhecem beneficiados), constata-se que 70% dos votos que Lula colocou a mais na sua urna desde outubro de 2005 vieram do "eleitor Bolsa-Família". Se considerados em conjunto o programa social e as grandes regiões, observa-se que os votos agregados por Lula vieram em 40% dos casos do ‘eleitor Bolsa-Família’ do Nordeste.”
Essa pérola saiu com o chapéu ‘Análise’ e o título, vejam só, “Rendas e preços influenciam o eleitor mais do que a corrupção”, que dispensa comentários. Mas não esta única pergunta: por que o eleitor consciente motivado pelo tema corrupção deveria aborrecer-se somente com o PT, e não com o PSDB e o PFL também?
Agora examinemos o “terno” da Folha. Lula cresceu quase o dobro, 100%, entre os “mais ricos”. Também cresceu muito entre os eleitores bolsa-família. Para não atrapalhar a análise, o analista não nos diz quanto, mas pode estar certo de que aí não chegou a 70%. Logo, cresceu menos que entre os eleitores “mais ricos”, pouco importando se estes ganham R$ 3 mil ou R$ 30 mil. Importa que ganham mais que os pobres e não recebem bolsa-família.
Tampouco tem importância para a caracterização do perfil do “novo” eleitorado de Lula se os “mais ricos” são muitos ou poucos. Os bolsa-família são 70% dos novos eleitores porque há muitíssimo mais pobres do que ricos ou remediados no Brasil. E 40% são nordestinos porque há mais pobres no Nordeste do que nas outras regiões e porque Lula nunca deixou de ser o primeiro na região.
Como ficamos, então? Ficamos que Lula cresceu entre pobres e “ricos”, mais nos segundos que nos primeiros. Como os pobres são muito mais numerosos, porém, são eles a parcela decisiva. E por que voltaram para Lula?
É muito provável que a expansão do bolsa-família tenha influído bastante, porém isso só poderia ser apontado como causa única ou determinante se não houvesse recuperação do candidato entre os que não recebem a bolsa. Estando provado que entre os não-bolsistas o crescimento é ainda maior, pramode que o alfaiate maluco quer recortar o eleitorado de modo a caber na teoria fernandista?
Ora, de quê. Por amor ao preconceito de que os ricos ou “mais ricos” votam baseado em convicções, idéias, conceitos, razão. Mas os mais pobres, parece dizer o alfaiate, estes só tem barriga.


Escrito por WALTER RODRIGUES
No Blog do WR

Ford da Argentina é alvo de ação por abusos na ditadura

Oficialmente, 10 mil morreram durante a ditadura militar

Ex-funcionários de uma fábrica da Ford na Argentina estão processando a companhia pelo que dizem ter sido abusos sérios cometidos durante a última ditadura militar no país, entre 1976 e 1983.
Eles dizem que os gerentes locais conspiraram com as forças de segurança para levar membros do sindicato dos trabalhadores para um centro de detenção dentro da fábrica, onde eles teriam sido torturados.
A Ford no passado já havia negado a ocorrência de torturas em suas instalações.
Diversas empresas multinacionais foram citadas no relatório da Comissão da Verdade, preparado após o fim da ditadura. O documento relatava seqüestros de sindicalistas.
Investigações
A ação civil contra a Ford Motor Company e a Ford Argentina também pede investigações sobre quatro ex-executivos da empresa e um oficial militar aposentado.
Os antigos sindicalistas argumentam que os diretores da Ford planejaram e executaram um plano preciso para se livrar violentamente dos ativistas do sindicato na fábrica a 40 km ao norte de Buenos Aires.
“Alguns de nós fomos seqüestrados pelos militares dentro da fábrica e levados para um centro de detenção clandestino e improvisado perto do centro esportivo da fábrica”, diz Pedro Troiani, um dos responsáveis pela ação.
“Lá éramos encapuzados, golpeados, forçados a enfrentar falsos pelotões de fuzilamento e torturados. Alguns de nós recebíamos choques elétricos.”
Outro ex-funcionário diz que aqueles que eram seqüestrados eram transportados em veículos fornecidos pela empresa.
Compensação
Os ex-funcionários buscam uma compensação financeira não determinada e um pedido público de desculpas. Eles também querem que a Ford construa um memorial dentro da fábrica.
A empresa até agora tem se recusado a comentar sobre o caso. Mas, no passado, a Ford negou categoricamente que qualquer abuso tenha ocorrido dentro de suas fábricas.
Várias empresas estrangeiras já foram acusadas de ter contribuído para os abusos aos direitos humanos na Argentina no final dos anos 1970.
Oficialmente, cerca de 10 mil pessoas foram mortas entre 1976 e 1983, no período que ficou conhecido como “Guerra Suja”. Porém grupos de defesa dos direitos humanos dizem que o número de mortos durante a ditadura pode chegar a 30 mil.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2006/02/060224_fordargentinarw.shtml
Sobre: FHC presidente

NÃO CONCORDO.

FHC não é candidato do PSDB-PFL porque as pesquisas mostram (e HÁ ANOS!) que ele é rejeitado por todos, em todas as classes, de todos os sexos, em todas as faixas etárias, em todos os níveis de renda. Na cabeça autista de FHC a rejeição ao nome dele 'explica-se' porque ele (FHC) seria 'erudito' demais, e os brasileiros burros não votam em eruditos. FHC está TOTALMENTE acabado. Morreu. Caput.

Tampouco é verdade que seja "fácil" resolver o dilema dos tucanos, entre Serra e Alkmin: é dificílimo (e eu faço votos de que seja TOTALMENTE IMPOSSÍVEL [risos]).

A divisão entre Serra e Alckmin, entre os tucanos, é seríssima, profundíssima e importantíssima: os tucanos estão TOTALMENTE rachados.

Bem feitas as contas, Alckmin é TOTALMENTE fascista; é um cara desses. do pior tipo de político que o Brasil já produziu -- daquela direita rançosa, fascistona, tipo Bornhausen, Agripino Maia e essa gentalha.

Serra é diferente. Serra é arapongueiro, atua como gangster (com compra e venda de dossiêrs, com escutas telefônicas totalmente arapongadas, com chantagens e tudo, e é capaz de jogar MUITO DURO, nos bastidores), mas não é um completo fascista: ele é um tucanão clássico, da elite, desses professô-dotô que acham que eles fariam praticamente a mesma coisa que o governo Lula está fazendo, só que fariam "bem feito", porque são "competentes", porque são economistas, sociólogos etc.

Serra, de fato, não é essencialmente diferente de muitos caras do PT, no plano político. Serra, pode-se dizer, é praticamente um petista-de-elite, à moda, por exemplo, dos Cristóvam Buarque: é um cara da elite brasileira letrada; lido, metido a cultíssimo. Alguns desses 'caíram' no PT, como poderiam ter caído no PMDB ou no PSDB.

Serra, por exemplo, NÃO É completamente pró-privataria total nua e crua (FHC e Alckmin SÃO, sim, totalmente privatistas). Dentro da direitona que está fechada com Alckmin, que não confia em Serra e que não quer nem ouvir falar em FHC, Serra é visto como "muito estatizante" [tenho provas!]. E por aí vai.

Sugiro que FHC seja tratado pelo que ele é: um ator útil para a propaganda da direitona mais entreguista, que servirá tb para a propaganda de Serra, se Serra for candidato. (Mas isso NÃO ESTÁ DECIDIDO; a briga, hoje, entre os tucanos, é TOTALMENTE de foice.).

Acho que é perda de tempo e de energia, a gente insistir em pensar que FHC seja "um intelectual" a ser considerado, seja para o que for: FHC já não existe, felizmente, como possibilidade eleitoral.
8-) Caia
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Carta enviada à Folha e ao Estado: A carta abaixo foi enviada à Folha e ao Estado. No entanto, nenhum deles a publicou. O motivo deve ter sido porque os dois jornais não querem Fernando Henrique Cardoso como candidato. É, talvez, a única explicação. JASSON Data 21/02/06 16:21 De jasson.de Para forum Assunto FHC PRESIDENTESenhor Redator: É fácil acabar com o dilema Serra X Akckmin, que está trazendo dores de cabeça ao PSDB. Deve-se lançar a candidatura de Fernando Henrique Cardoso à presidência da República. Ao invés de sair de cena, FHC entrará em cena! Só assim a paz voltará ao ninho tucano, além de proporcionar o debate entre o atual presidente e o ex-presidente. JASSON DE OLIVEIRA ANDRADE (Mogi Guaçu-SP).
Sobre: Quem matou a escola pública?

Taí um tema que nós TEMOS de começar a estudar urgentemente -- dentre outros motivos porque o Brasil ainda não tem projeto propriamente 'pedagógico' de educação pública. (No Brasil, aliás, só o MST tem projeto de educação pública, socialista e democrática. E, na América Latina, só Cuba.)

Concordo COMPLETAMENTE com Eduardo Guimarães, sobre o golpe de 1964 ter sido praticamente dirigido contra os projetos que tínhamos, então, em andamento, para construirmos aqui uma escola pública democratizante, de conscientização política, socialista, e de inclusão social, como meio necessário e imprescindível para construirmos uma sociedade mais justa. Esse projeto ainda não estava sequer completamente pensado, em 1964: ele estava sendo pensado, naquele momento; foi morto, portanto, no berço.

Isso explica que, hoje, NEM A UNIVERSIDADE BRASILEIRA tenha, ainda, sequer 'um rascunho' do que seja um projeto pedagógico de escola pública democrática e de democratização: tudo o que tínhamos foi apagado, também, da e na universidade brasileira.

O programa das quotas -- que é excelente e tem de ser defendido -- não é, ainda, um projeto político-pedagógico.

O programa das quotas visa, apenas, a reabrir as portas da universidade a TODA a sociedade brasileira, com atenção aos mais pobres, que, durante 40 anos, ficaram COMPLETAMENTE excluídos da educação pensada exclusivamente para as elites brasileiras.

Reabertas as portas da universidade, então, será a hora de CONSTRUIRMOS, praticamente do zero, a universidade que teremos de ter, mas ainda não temos.

Esse é um problema extremamente complexo, porque só dois atores sociais são competentes para PENSAR uma universidade democrática:

(1) a própria universidade, se ela já estiver democratizada; ou
(2) onde a universidade não seja democrática e, portanto, seja incapaz de PENSAR e construir uma universidade mais democrática, só o Estado democrático tem poderes e competências para CONSTRUIR uma universidade democrática.

O Brasil está nesse ponto e nesse impasse, hoje: nossa universidade não é democrática (e continua em processo de privatizamento, pelos interesses dos capitais privados); portanto, nossa universidade brasileira, toda ela, é completamente incompetente para pensar a universidade democrática que o Brasil terá de ter; e nós apenas estamos recomeçando a redemocratizar o Estado, mas ainda não formamos, sequer, os primeiros especialistas competentes para propor um projeto de universidade democrática: até agora só conseguimos (e a duras penas) COMEÇAR a nos movimentar nessa direção.

O primeiro passo desse projeto é o programa de quotas. Mas o programa de quotas, até agora, apenas conseguiu começar desimpedir o caminho, para os mais pobres, que estão começando a poder chegar... ONDE? À universidade elitista e desdemocratizatória que temos.

Se ficarmos só nisso, teremos andado bem pouco -- e nada garante que tenhamos andado para a frente.

Só como lembrete, pra acrescentar a esse excelente artigo do Eduardo Guimarães, lembro umas coisinhas que me ocorrem;

-- a escola pública dos anos 40, 50 e 60, no Brasil, era 'cria' direta do projeto de desenvolvimento nacional de Getúlio Vargas. (Sobre isso, valeria a pena estudarmos um coisa que foi simplesmente apagada -- pior: foi distorcida completamente -- da história do Brasil, a saber, a influência civilizatória que tiveram, no Brasil, as idéias positivistas, que aqui tiveram um desenvolvimento específico, justamente a partir de Getúlio);

-- em 1962, 1963 e 1964 estavam em andamento, no Brasil, pelo menos dois importantes modelos de escola pública (pensada do primário à universidade):

(1) o de Anísio Teixeira (para a escola primária); e
(2) o de Darcy Ribeiro para a Universidade do Brasil, a ser implantado a partir da Universidade de Brasília.

Anísio Teixeira foi um dos primeiros cassados pelo golpe de 1964; dado que não tinha nenhum outro tipo de militância política, conclui-se que ele foi cassado exclusivamente por suas idéias -- e planos e projetos, muitos já em implantação naquele momento -- para praticamente construir toda uma educação pública democrática (ou, pelo menos, civilizatória) no Brasil.

Tudo isso, é claro, no plano da educação pensada como política pública.

No plano propriamente pedagógico, o golpe de 1964 matou também tudo o que havia de mais adiantado, no mundo, em matéria de educação popular, quando acabou com o projeto de Paulo Freire.

Tudo isso tem de ser recuperado e estudado. Nossa luta está só no começo. Mas pode-se começar, sim, pelo programa de quotas.

8-) Caia
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segunda-feira, fevereiro 27, 2006

OMBUDSMAN da Bolha de São Paulo, A criação da polêmica - MARCELO BERABAE, na terça-feira, publicou um artigo do editor da "Ilustrada", Marcos Augusto Gonçalves, que provocou a maior enxurrada de cartas de leitores da semana.O artigo -"Bono acredita em duendes progressistas do 3º mundo"- chamava a estrela do U2 de "chato", por personificar a "chatice da correção política", e "equivocado", por ter emprestado "seu prestígio a Lula". Era uma provocação, e a linha jornalística da cobertura acompanhava o tom. O título da "Ilustrada" foi "Showmício".O jornal publicou o artigo com destaque. Na quarta-feira, deu o mesmo realce na Primeira Página a uma réplica da editora do "Folhateen", Sylvia Colombo, "Demagogia não tira mérito do U2". E editou, no "Painel do Leitor", quatro cartas que resumiam a ira dos fãs. A crítica de Marcos Augusto foi considerada "tola e infantil", "absurda" e anti-PT. O ator Sérgio Mamberti, um dos secretários do Ministério da Cultura, chegou a comparar o editor a Jean-Marie Le Pen, líder da extrema direita francesa.O "Painel do Leitor" havia recebido até sexta-feira cerca de 80 mensagens sobre os shows. Apenas duas concordavam com os comentários de Marcos Augusto. Ou seja, quase uma unanimidade.Marcos Augusto foi editor da "Ilustrada" nos idos de 80 e dirigiu várias editorias até reassumir o caderno, em janeiro. Recebi dele um comentário sobre a repercussão do artigo que remete para o projeto editorial da Folha para a área de cultura."A "Ilustrada" exerceu em certos momentos um papel questionador e polêmico que pretendo reavivar. Creio que o caderno não deveria tratar apenas da agenda e refletir expectativas previsíveis. Reiterar o senso comum do meio cultural é uma tentação. Fica todo mundo de bem, numa espécie de "acordão" tácito que mantém recalcados temas incômodos. O artigo era uma provocação bem-humorada, criticando o gritante marketing político do cantor e os clichês politicamente corretos que se transformaram numa espécie de etiqueta do bom-mocismo contemporâneo. Não é, aliás, uma crítica nova. As reações foram fortes porque mexi com a idolatria, o fundamentalismo juvenil dos fãs. E porque eu mencionei o fato de Bono, de maneira acrítica e oportunista, ter corrido ao Palácio para posar ao lado de um presidente cujo partido, lamentavelmente, está envolvido em casos de corrupção. É uma tradição da Folha ser pluralista e crítica (An rã). E, quanto a isso, é bom lembrar que a "Ilustrada" publicou no dia seguinte, com amplo destaque, uma réplica ao meu texto, escrita pela editora do "Folhateen'".Fica claro, portanto, que o novo editor da "Ilustrada" está empenhado em recuperar o espaço das discussões culturais, uma marca do caderno que se perdeu com o tempo e o envelhecimento do jornal. O "Manual da Redação" estimula a polêmica. "Elas devem estar presentes em artigos e críticas e se refletir em reportagens e entrevistas."É um caminho. Vai dar certo? Dependerá da sensibilidade do jornal para captar a confusão que está no ar e para dar um tratamento jornalístico menos superficial, que escape da armadilha da polêmica pela polêmica.

Comentário: Só se levanta polêmica com Lula e com o PT. Queria ver a “Ilustrada” levantar polêmicas culturais com as gestões de José Erra e de Geraldo Ai-de-Mim.
From:
jotaamorim


Conta outra, Folha de S.Paulo, que essa, de "provocar polêmica" NÃO COLOU! [risos muitos].

Eu sempre TREMO quando jornais e jornalistas vêm com esse conversê de "provocar polêmica": esse é o caminho mais curto para qualquer jornalista doido pôr-se a escrever qualquer besteira que lhe dê na telha dele ou do patrão dele.

Em 99% dos casos, esse negócio de "inventar polêmica", em jornal de partido, como a Folha de S.Paulo, só aparece quando o candidato do jornal está por baixo, despencado nas pesquisas, ou com o nome exposto em escândalos de Dimasdutos.

Dessa vez, aconteceu exatamente isso, outra vez: as pesquisas mostraram o naufrágio dos candidatos tucanos... e o 'jornalista' aí apareceu aí, imediatamente, com esse conversê de "inventar polêmica".

Além do mais, ninguém precisa "inventar polêmica" pra conseguir espinafrar o MEU VOTO DEMOCRÁTICO: a página 2 da Folha de S.Paulo já espinafra todos os dias O MEU VOTO DEMOCRÁTICO, sem precisar fingir que inventa nenhuma polêmica, e o faz, simplesmente, escrevendo todos os dias a mesma coisa que o tal 'editor' da Ilustrada. Até a Danuza escreve todos os dias a mesma coisa [risos muitos].

Quando jornais ou jornalistas começam a escrever o que lhes dê na telha -- sob o pretexto de que estariam "provocando polêmica", a única coisa garantida é que a telha do jornal ou do jornalista está sendo pressuposta mais 'importante' do que a MINHA telha.

Nesses casos, recomenda-se o imediato empastelamento democrático do jornal e do jornalista porque, nesse caso, tá na cara: algum jornal ou algum jornalista está delirando que suas opiniões ou desejos sejam mais importantes do que as opiniões ou os desejos do leitor.

Onde jornais e jornalistas delirem que são mais importantes do que o leitor, está aí o stalinismo -- e não muda nada que seja stalinismo de direita ou stalinismo de esquerda.

Onde o leitor de jornais seja também ELEITOR, o jornal e o jornalista democráticos têm de tomar TODO O CUIDADO para não impor "polêmicas" à sociedade, porque não há polêmica inventada que seja 'neutra'.

Sempre que aparece jornal com esse conversê de "quero provocar polêmica", a gente pode apostar que algum jornal ou algum jornalista está interessado em dirigir a discussão social; pode-se portanto apagar a parte da "polêmica", na intenção do jornal e do jornalista e negritar a parte da provocação mais salafrária.

Jornal não existe para "provocar polêmica": jornal existe para ajudar a sociedade a discutir as polêmicas que a sociedade esteja vivendo e precise discutir.

De qualquer modo, há um negócio muuuuuuuuuuuuuuuuuuuito engraçado, nesse conversê de "quero provocar polêmica": esses caras que inventam de "provocar polêmica" sempre começam por ESPINAFRAR o MEU VOTO DEMOCRÁTICO. Não é engraçadinho?! Baita coincidência, né?! [risos muitos]

8-) Caia Fittipaldi
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Quem não entendeu nada foi o editor da Ilustrada. É só questão de tempo para ele começar a dizer que o holocausto não existiu, que não houve tortura praticada pela ditadura no Brasil, que os Estados Unidos são o país da liberdade e da democracia. Foi assim no início da implantação do nazismo na Alemanha, começou aos poucos e deu no que todos sabem. Na verdade ele é o cabeça-de-ponte para a introdução do pensamento de direita e fascista na Folha, o que já vem ocorrendo há muitos anos de forma dissimulada.
É isso.

LULA É MUITOS
LULABIS

Evaristo

Ele gosta mesmo de polêmica??? Rampa anti-mendigo, FEBEM, PM-SP, PM-PA, Chacina do Castelinho, Eldorado de Carajás...
Quais os sinais que esses governos do PSDB estão passando para a sociedade brasileira??? Civilização ou Barbárie???

Melhor acreditar em Duende progressista do 3º mundo do que em Tucano positivista lombrosiano no século 21.

Adauto Melo
No blog do WR

Mostre quanto vale

Atenção, Castelo, Jackson, João Alberto, Lobão, Roseana, Sarney, Tadeu, Vidigal e senhores deputados de todos os partidos, alianças, facções e frentes.
Há mais de um mês foi lançada na Câmara dos Deputados uma frente parlamentar pela anulação da venda, efetivada em 1997, da estatal Cia. Vale do Rio Doce A frete acompanha a revisão do processo, determinada pela Justiça Federal.
Entre outras irregularidades, verifica-se que a Vale foi entregue por cerca de R$ 3 bilhões, mas valeria, segundo um estudo da consultora Economática, US$ 40 bilhões (mais de R$ 80 bilhões). Outro aspecto polêmico é que o Bradesco participou da avaliação e, algum tempo depois da privatização, acabou se tornando dono da empresa.
Uma CPI instala-se em março na Câmara para investigar a gigantesca transação. Qual dos políticos maranhenses apóia o movimento pela recuperação da Vale?

http://walter.rodrigues.zip.net/
Escrito por WALTER RODRIGUES às 13h23

Quem está matando os cortadores de cana? (1)
Este relato pode ser lido como uma obra de ficção policial, mas é o retrato de uma tragédia de carne e osso que está em curso: cortadores de cana estão morrendo de exaustão nas usinas de São Paulo. Em pleno século 21, no estado mais desenvolvido do Brasil, tombam vítimas do mesmo mal que três séculos atrás matava os seus ancestrais escravizados nos engenhos de cana do Recôncavo Baiano, descritos por Antonil.* É o que relata, em detalhes, o professor Francisco Alves,** da Universidade Federal de São Carlos, na denúncia que serve de base a esta série.
A ocorrência macabra gerou um pedido de CPI na Assembléia Legislativa paulista, por iniciativa da deputada Ana Martins (PCdoB), ela própria, na infância, uma trabalhadora do campo. A base de apoio ao governador Geraldo Alckmin na Assembéia impede a instalação da CPI, como vem fazendo com outras 66 no segundo mandato do pretendente tucano à Presidência da República (clique aqui para ver a série de Rodrigo de Carvalho a respeito).
Timba, 47, morreu de trabalhar, por R$ 38,20
Uma morte específica gerou a iniciativa de Ana Martins. Em outubro passado, José Mário Alves Gomes, conhecido como Timba, 47 anos, morreu depois de uma jornada em que cortara 410 metros de cana, ou 25 toneladas, na usina Santa Helena, do Grupo Cosan, em Rio das Pedras, a 155 km da capital paulista.
Timba foi contratado na base de R$ 0,08 (oito centavos) por metro cortado. Ele iria receber, ao fim do dia, exatos R$ 32,80.
Segundo a Pastoral do Migrante, entre as safras 2004/2005 e 2005/2006 (de maio a outubro) morreram dez cortadores de cana na Região Canavieira de São Paulo. Tinham idades entre 24 e 50 anos. Todos eram migrantes, vindos do Norte de Minas, Bahia, Maranhão, Piauí. As causa mortis em seus atestados de óbitos são vagas; apontam morte por parada cardíaca. O pedido de CPI aponta cerca de 20 mortes, só em 2005. E Francisco Alves, que estuda a questão há 20 anos, estima que as mortes contabilizadas "são uma amostra insignificante do total que deve morrer clandestinamente".
O sistema de trabalho na cana
O exame das condições de trabalho das vítimas joga mais luz sobre essas causas.
O corte da cana se dá em um retângulo, com 8,5 metros de largura, equivalendo a 5 "ruas" (linhas em que é plantada a cana) e um comprimento que varia conforme a produtividade do trabalhador. Este retângulo é chamado eito; a distância medida ao final do dia indica o ganho diário do trabalhador. Os metros lineares de cana, multiplicados pelo valor da cana pesada na usina, dão o valor da diária a receber.
Estima-se que 6 toneladas de cana (considerando uma cana de primeiro corte, de crescimento ereto) correspondem a um comprimento de 200 metros. O trabalhador, além de cortar a cana contida neste retângulo de, deve cortar também as pontas e transportar
No Centro-Sul o utensílio de trabalho do cortador de cana é o podão, espécie de machete de ponta chata, pesando cerca de meio quilo, que o próprio trabalhador mantém afiado como uma navalha, graças à lima que leva para o eito. A vestimenta precisa cobrí-lo por inteiro, apesar do calor, numa armadura para escapar das folhas de cana que cortam como facas. Inclui botina com biqueira de aço, perneiras de couro até o joelho, calças de brim, camisa de manga comprida com mangote de brim, luvas de raspa de couro, lenço no rosto e pescoço e chapéu ou boné. Hoje, pode incluir óculos protetores.
No princípio de cada jornada, o supervisor da turma designa o eito do cortador e este e inicia o trabalho: começa a cortar pela linha central, onde será depositada a cana, em seguida corta as duas linhas laterais à central, sem deixar linhas sem cortar ("deixar telefone").
áéPerda de gua em média de 8 litros/dia
Em sua rotina de trabalho, o cortador abraça um feixe, de cinco e dez canas, curva-se e corta. Os cortes são bem rente ao chão (uma vantagem do corte manual sobre a colheitadeira), pois é no pé da cana que se concentra a sacarose; mas não podem atingir a raiz para não prejudicar a rebrota. Se a cana estiver "deitada" ou "acamada", exigirá mais cortes. A seguir, o trabalhador corta o "palmito" – a parte de cima das canas, onde estão as folhas verdes, que são jogadas ao solo. Por fim, transporta o feixe para a linha do meio (3ª linha) que dista 3 metros das extremidades do eito. Depois começa tudo de novo. Um bom cortador de cana é como um corredor fundista: não depende tanto da massa muscular, mas da resistência, em uma atividade repetitiva e exaustiva, a céu aberto, sob o sol, às vezes aguentando fuligem, poeira e fumaça, por um período que varia entre 8 a 12 horas.
O dispêndio de energia do trabalhador, sob o sol, com esta vestimenta, leva a suar abundantemente, perder muita água (em média, 8 litros/dia) e sais minerais. Isso produz desidratação e câibras frequentes. As câibras começam em geral nas mãos e pés, avançam pelas pernas e chegam no tórax, o que provoca fortes dores e convulsões, dando a impressão de que um ataque epiléptico. Para conter as câibras e a desidratação, algumas usinas ministram aos trabalhadores soro fisiológico, e até suplementos energéticos.

Leia amanhã, na parte final deste artigo, como e por que a produtividade do trabalho do cortador de cana, usando o mesmo podão, quadruplicou em duas gerações.* O livro do padre Antonil, é "Culturae opulências do Brasil por suas drogas e minas" (1711); foi confiscadopela Coroa portuguesa, que viu nele a revelação de segredos dosistema produtivo dos engenhos.

** Professor adjunto do Departamento de Engenharia de Produção da UFSCar
Fonte: http://www.vermelho.org.br/diario/2006/0226/www.pastoraldomigrante.org.br

Quem está matando os cortadores de cana? (2)
Na primeira parte deste artigo,vimos como o cortador de cana em São Paulo trabalha, e como morre de trabalhar. Examinemos agora como e por que a produtividade do seu trabalho, usando o mesmo podão, quadruplicou em duas gerações.
A remuneração deste trabalhador é por quantidade de cana cortada no dia, portanto um pagamento por produção. Constitui forma de salário já denunciada por Adam Smith no século 18 e por Karl Marx no século 19, pois o trabalhador tem o seu ganho atrelado à força de trabalho despendida. E tanto Adam Smith quanto Marx denunciavam este tipo de pagamento, chamando-o de perverso e desumano, ao examinar situações em que o trabalhador controlava o seu processo de trabalho e tinha, ao final do dia, pleno conhecimento do valor que tinham ganho. No corte de cana é pior: os trabalhador sabe quantos metros de cana cortou, mas não o seu valor, que depende do peso da cana cortada.
O sistema que provocou a greve de Leme
As usinas pesam a cana e atribuem um valor ao metro, através da relação entre peso da cana, valor da cana e metros que foram cortados. Tudo isto é feito nas usinas, onde ficam as balanças, longe do controle do trabalhador. Portanto, entre os tecelões dos séculos 18 e 19 e os canavieiros dos séculos 20 e 21, a enorme distância é o não controle do trabalhador sobre o seu salário.O trabalhador termina sua jornada sem saber o quanto ganhou. Mesmo cortando muitos metros, pode ter um ganho pequeno, a depender da conversão feita pelo departamento técnico da usina.
Este sistema alimenta incontáveis desavenças entre trabalhadores e usineiros. Em 1986 elas levaram à greve de Leme, que se alastrou para outras cidades e regiões canavieiras de São Paulo. Dois anos antes, a greve de Guariba, pioneira de uma onda grevista dos assalariados rurais de São Paulo, conseguiu barrar a tentativa de introduzir um sistema de corte em sete ruas.Na greve de 1986 os canavieiros exigiam o pagamento por metro e não por tonelada. A reivindicação era simples: cada metro de cana cortada, dependendo do tipo, teria um preço definido no acordo coletivo de trabalho. Os trabalhadores, ao final do dia receberiam um recibo ("pirulito"), onde constaria a quantidade de metros cortados e o valor do metro de cana naquele eito. A reivindicação foi atendida e consta até hoje nos acordos, mas até hoje só aplicada parcialmente.Os usineiros contra-argumentam que é impossível adotar o pagamento por metro, pois a tonelada é a unidade utilizada em todas as etapas do processo produtivo. Essa argumentação esconde o essencial: se os trabalhadores ficassem sabendo quanto iriram ganhar, as usinas perderiam seu principal meio de pressão para aumentar a produtividade.
Produtividade quadruplicou
O processo de trabalho nos canaviais paulistas passou por mudanças significativas desde a década de 80. Então, o setor sucro-alcooleiro vivia o período áureo deplena vigência do Proálcool, que incentivava a produção de álcool hidratado e anidro em destilarias autônomas. Em 1985, 96% da frota de automóveis usava unicamente o novo combustível. O Proálcool foi o maior programa público mundial de produção de combustível alternativo. A mecanização ainda não chegara ao corte da cana.O Proálcool elevou o número de empregos no setor. Elevou a produtividade, de 50 toneladas de cana por hectare para mais de 80, entre as décadas de 50 e 80. Elevou também a produtividade do trabalho, medida em toneladas de cana cortadas por dia e por trabalhador. Na década de 60 esta era, em média, de 3 toneladas/dia; na década de 80 passou para 6 toneladas.
No final da década de 90, a produtividade deu novo salto. O assalariado precisa cortar no mínimo 10 toneladas para se manter empregado. A média agora é de 12 toneladas/homem/dia, o dobro dos anos 80, o quádruplo dos anos 50, usando sempre o mesmo podão.Um trabalhador que corta 12 toneladas de cana no dia percorre um talhão de 400 metros, o que totaliza um retângulo 3.400 m2. Como ele desfecha cerca de 50 golpes de podão por feixe de cana, totaliza 366.300 golpes no dia, e 36.360 flexões de perna. Caminha 8.800 metros pelo eito, em 800 trajetos, levando nas mãos cerca de15 kg, por uma distância de 1,5 a 3 metros, até completar as 12 toneladas.
José Mário Alves Gomes, no dia em que morreu, carregou 25 toneladas nos braços. E deve ter vibrado algo em torno de 763 mil golpes de podão.
Os fatores da superprodutividade
A elevação da produtividade dos cortadores de cana se deve a um conjunto de fatores:

Aumentou a quantidade de trabalhadores disponíveis para o corte de cana. Estes passaram a concorrer com as colheitadeiras mecânicas, cada uma fazendo o trabalho de 80 a 120 homens. Em 2005 já superavam um terço da cana cortada, roubando 250 mil postos de trabalho. Passaram a concorrer também com os que perderam seu emprego em outros segmentos, durante as décadas perdidas pós-1980. E, ainda, com os ex-camponeses expulsos pela xpansão da fronteira do agrobusiness, por exemplo no sul do Piauí e na pré-amazônia maranhense.

Com isso, os departamentos de recursos humanos das usinas de São Paulopassaram a fazer uma seleção mais apurada de trabalhadores. Agora escolhem mais jovens, reduzem a contratação de mulheres e dão preferência aos que vêm de regiões distantes, como o Norte de Minas (com destaque para o Vale do Jequitinhonha), Sul da Bahia, Maranhão e Piauí.

As usinas também passaram a recorrer à contratação para um período de experiência. Os trabalhadores que não conseguem atingir a nova exigência, de 10 toneladas/dia, são demitidos antes de completarem três meses de contrato.

Mais recentemente, a prosperidade das usinas e destilarias também pressiona no sentido de aumentar a carga de trabalho do cortador. No ano passado o Brasil exportou 17,8 milhões de toneladas dee açúcar e 2,7 bilhões de litros de etanol; os preços são os mais altos desde 1980; nos próximnos 10 anos, estes números se elevarão, respectivamente, 34,8% e 215%. E o aumento da frota "flex" (carros que podem consumir tanto gasolina como álcool) elevou em 26,2% o consumo interno de etanol, cujo preço sobe sem parar. Tudo isso faz os usineiros pressionarem por mais produtividade.
O eficaz chicote do século 21
Isso explica por que morrem os cortadores de cana em São Paulo; e, de certa maneira, quem os mata. E os estudiosos do tema avaliam que as mortes por excesso de trabalho vão continuar enquanto o setor sucro-alcooleiro mantiver o assalariamento por produção.
Há quase cinco séculos o Brasil é o maior e mais produtivo plantador de cana de açúcar do mundo (com breves intervalos em que foi suplantado, pelo Haiti, no século 18, e por Cuba, no século 20). Somos responsáveis portanto por uma grande parte do que existe de doce neste planeta. Com o petróleo tendo aparentemente iniciado sua curva descendente de produção, o biocombustível encontra possibilidades ainda insuspeitadas de expansão, como fonte de energia mais limpa e renovável. O agrobusiness sucro-alcooleiro emprega tratores e máquinas agrícolas de última geração, agricultura de precisão, controlada por geoprocessamento via satélite. E tudo isso é muito bom.
Ao mesmo tempo, é sempre bom lembrar que no pé deste sistema estão os Josés Mário Alves Gomes, a morrer de trabalhar. Tal como morriam, há 300 anos, os trabalhadores escravizados que Antonil conheceu nos engenhos da Bahia.
Em seu livro de 1711, Antonil reproduz um dito da época: "Para o escravo são necessários três letras P a saber, Pau, Pão e Pano". E lamenta que o P mais "abundante" é "o castigo, com instrumentos de muito rigor".
Nos canaviais de hoje, já não se usa o pau ou o relho de couro. Achou-se outro açoite muito mais eficaz: aquele que levou José Mário Alves Gomes a cortar cana até morrer, na esperança de ganhar R$ 38,20.* O livro do padre Antonil, é "Culturae opulências do Brasil por suas drogas e minas" (1711); foi confiscado pela Coroa portuguesa, que viu nele a revelação de segredos do sistema produtivo dos engenhos.

** Com base no estudo deFrancisco Alves professor a djunto do Departamento deEngenharia de Produção da UFSCarFonte: http://www.vermelho.org.br/diario/2006/0227/www.pastoraldomigrante.org.br
Clique aqui para ver a primeira parte deste artigo
http://www.vermelho.org.br/diario/2006/0227/0227_cortacana.asp
Respeito com o Bolsa Família
O artigo do Clóvis Rossi do dia 26/02 é desrespeitoso com o melhor programa de distribuição de renda que o Brasil já teve (de amplo acesso) que é o Bolsa Família. As pessoas inscritas neste programa não merecem o que escreveu o sr. Rossi, de que o benefício se constitui em esmola. Não é esmola sr. Rossi é um direito que todo brasileiro pobre tem. É um programa amplo que beneficia justamente os mais necessitados. Quanto a sua bronca com os juros, desde 1996 eu venho escrevendo contra os juros (tenho até artigo publicado). Os juros no Brasil é fruto do desgoverno da octaéride fernandista. A tendência dos juros no Brasil é de queda para os próximos anos. É lógico que o sr. vai me chamar de descerebrado, mas qualquer imbecil que tenha pelo menos 2 neurônios, sabe que o governo Lula pegou esse país falido. Qualquer escorregão poderia significar a ingovernabilidade tão cantada pelo tucanos, que fizeram tanta besteira no país, que achavam que o navio furado como estava navegaria só 6 meses, antes de uma queda do governo eleito por 53 milhões de votos (QUE EXIJO QUE O SR. RESPEITE) e avolta dos indefectáveis tucanos ao governo para continuar a pilhagem de antes. Antes de escrever baboseiras como caracterizar o benefício do Bolsa Família como esmola, use um dos seus neurônios e leia um pouco. Sugiro, Programas de Garantia de Renda Mínima:Inserção Social ou Utopia?, publicado no ano 2000, pela EDUC (Editora da PUC-SP) e de minha autoria, ou o do nosso querido senador Eduardo Matarazzo Suplicy, Renda de Cidadania, a Saída é pela Porta, da Cortez Editora e Fundação Perseu Abramo. Talvez o seu nervosismo é pelo fato do presidente LULA estar subindo de forma consistente nas pesquisas eleitorais, apesar de colunistas como o sr. e da mídia no geral. E outra, eu não faço para do grupo de desinformados não, pois ao contrário de FHC, eu acredito que desinformado é quem vota no PSDB. O povo brasileiro felizmente está MUITO BEM informado e tem MEMÓRIA.
É isso.

Evaristo Almeida - Carapicuíba - São Paulo
Enviado ao Clóvis Rossi, ao ombudsman da Folha e ao painel do leitor (não será publicado)
ENTREVISTA DA 2ª - DILMA ROUSSEFF (por Valdo Cruz, diretor-executivo da sucursal de Brasília), em Folha de S.Paulo, 27/2/2006, na edição impressa e na Internet, em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2702200621.htm
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Chefe da Casa Civil refuta que medidas recém-adotadas pelo governo tenham objetivos eleitorais. Dilma diz que oposição tem "visão elitista" da população
Chefe da Casa Civil, responsável pelo gerenciamento do governo Lula, a ministra Dilma Rousseff disse à Folha que a oposição tem uma "visão elitista" da população brasileira ao comentar o resultado das últimas pesquisas que indicam recuperação da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na opinião dela, tucanos e pefelistas subestimaram a reação do eleitorado às medidas que o governo Lula vem tomando e à atitude do presidente diante da crise do "mensalão". "Há uma visão elitista de quem supõe que temos um conjunto de habitantes pobres que não entende o que está sendo falado."
Dilma rebate ainda as críticas da oposição às últimas medidas do governo, como o aumento do salário mínimo para R$ 350 e o lançamento do pacote habitacional. "Não são eleitoreiras."
Substituta do ministro José Dirceu, que teve seu mandato de deputado cassado pelo Congresso, Dilma afirma que até agora "não houve prova" do "mensalão" e que o PT deve reconhecer os erros que cometeu, mas não pode reduzir a eleição a "uma via-crúcis", "uma autoflagelação".
Crítica da política de superávits elevados, que reduzem os investimentos do governo, a ministra diz que um segundo governo petista deve manter a estabilidade, mas priorizar o desenvolvimento. Dilma recebeu a Folha na quarta-feira passada, antes da divulgação do resultado do PIB de 2005.
Folha - Neste início de ano, o governo Lula lançou uma série de medidas, como aumento do salário mínimo para R$ 350 e pacote habitacional, tachadas de eleitoreiras pela oposição. O governo resolveu adotar medidas para reeleger o presidente?
Dilma Rousseff - Olha, uma vez você me perguntou, no ano passado, por que o governo estava parado. E eu disse que nunca esteve parado. É isso. Não são medidas eleitoreiras. O que é uma iniciativa eleitoreira? É aquela de curto prazo, inconseqüente, que não foi planejada. Essas não são. O governo planejou o Bolsa-Família, uma política de recuperação do salário mínimo, o pacote habitacional, a ampliação da farmácia popular.
Folha - Mas o ritmo das medidas não acelerou? O governo não está gastando mais neste ano, de eleição, do que em outros?
Dilma - Quando assumimos o governo, estávamos diante de uma crise fiscal e cambial. Nós fomos recuperando as margens de manobra, aumentando a nossa capacidade de investimento. Foi isso que aconteceu.
Folha - Mas algumas medidas não têm esse caráter eleitoral, sendo lançadas apenas agora? A oposição vai insistir nas críticas ao governo.
Dilma - Eu te diria o seguinte: eu não sei se vão. Sabe por quê? A população brasileira tem acesso à comunicação, TV, rádio, internet, as pessoas escutam, falam e chegam a conclusões. Vai chegar uma hora em que reverterá contra a oposição essa crítica de tentar tachar uma porção de coisas fundamentais para o país com o crivo de eleitoreiro. Afinal, foi eleitoreiro pagar o Fundo Monetário Internacional e aumentar o grau de liberdade do país de gestão de sua questão externa? Foi eleitoreiro diminuir o Imposto de Renda dos investidores estrangeiros que aplicam em títulos para alongar o perfil da dívida e diminuir a taxa de juros?
Folha - As pesquisas divulgadas nos últimos dias, mostrando recuperação do presidente, podem estar sinalizando isso ou trata-se apenas do que a oposição vem repetindo, de que seria reflexo da superexposição do presidente?
Dilma - Eu acho que há uma visão um tanto quanto elitista de quem supõe que nós temos um conjunto indiferenciado de habitantes brasileiros pobres que não entende o que está sendo falado. Aliás, essa foi a versão do período de ditadura militar -"o povo vota mal, não entende o que acontece". Acho que é um rescaldo disso, de uma certa visão bastante elitista a respeito da população brasileira. Tem hora em que até ela pode cometer erros, como qualquer um de nós comete, sejam os mais intelectualizados.
A gente tem de perceber que atualmente é muito complicado ter aquela versão de que a opinião pública é algo inerme sendo formado por um agente ativo externo a ela. Acho que a gente tem de repensar o que é a opinião pública em um universo de comunicação de massa.
Folha - A sra. acha que a oposição subestimou isso?
Dilma - Acho que ela subestima isso. Tem uma visão elitista do povo brasileiro. O povo só acredita naquilo que tiver fundamento. Você não engana o povo -estou falando dessa grande multidão de brasileiros que ganha até dez salários mínimos. Não acho que eles são manipuláveis, no sentido de que é possível passar para esse povo uma versão do que não estiver acontecendo.
Veja, você acha que tentar colocar energia elétrica em toda a zona rural brasileira é uma questão populista de manipulação? Não. Quem recebe a luz elétrica sabe perfeitamente que ela vai melhorar sua vida numa pequena propriedade lá no interiorzão do Brasil. Quem chegar lá e disser "olha, isso aí está sendo feito para te manipular" vai bater de frente com a realidade.
Folha - Na campanha, a oposição vai explorar também a questão ética para atacar o PT. Como o partido vai enfrentar esse debate?
Dilma - Nós achamos que os erros que forem feitos têm de ser assumidos como erros. O que a população tem condição de discernir é que esse governo, ao ser confrontado com processos incorretos, com suspeitas, teve uma atitude no sentido de tentar impedir que isso continuasse. Nós jamais fomos coniventes quando tivemos conhecimento. E eu acho que isso a população percebeu.
Folha - Agora, na reta final das investigações do "mensalão", a sra. poderia dizer com convicção que não houve desvio de dinheiro público?
Dilma - O que eu posso falar, e falo com convicção, é que não houve prova. Nós, como toda a população brasileira, os deputados, estamos querendo que se prove. Acho que a conclusão das CPIs vai permitir definir qual é o nível de prova que existe no Brasil quanto a certos processos. Em todos os processos nos quais houve denúncia contra o governo, a Polícia Federal foi envolvida, o próprio governo tomou providência. Até hoje, até onde nós enxergamos, nós não constatamos a existência de "mensalão". Aguardamos os resultados da CPI e as provas que ela vai gerar.
Folha - Voltando à questão da campanha, a sra. defende que o PT reconheça publicamente, em seus programas eleitorais, que errou?
Dilma - O PT já está se posicionando em vários momentos a esse respeito. Acho que deve reconhecer todos os erros durante a campanha eleitoral, sempre que solicitado. Agora, você não pode reduzir a campanha eleitoral do PT a simplesmente uma via-crúcis, não é isso. Não é uma autoflagelação do partido. É algo muito mais construtivo no sentido de se comprometer com práticas que sejam preventivas e não pura e simplesmente se chicotear por equívocos. O PT tem de pensar a questão da ética não só numa dimensão exclusiva do que foi de falha, mas muito mais numa visão de como não deixar repetir, de aperfeiçoamento do país.
Folha - Como o governo deve se apresentar durante a campanha eleitoral deste ano? A oposição pretende atacar o PT pelo lado da ética?
Dilma - A nossa linha, eu estou falando no plano do PT, é muito mais no sentido de apresentar os resultados dos nossos quatro anos de governo. Eu acredito que a linha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deveria ser apresentar os resultados dos oito anos de governo, que parece que a população não o avalia muito bem. Eu estou falando pelos resultados das pesquisas, não tem nenhuma avaliação subjetiva da minha parte.
Agora, nós vamos ter o firme compromisso de fundamentalmente governar o país até o último dia de governo. Nós não vamos parar, não paramos em situações muito adversas, não vamos parar durante a eleição, nós vamos governar até o final e achamos que a melhor propaganda, ou seja, a melhor propaganda do PT é a gente entregar as obras e as realizações do governo.
Folha - Durante a eleição, o presidente deverá ser muito questionado sobre se sabia ou não do esquema de caixa dois do PT...
Dilma - O presidente já esclareceu em várias entrevistas coletivas qual é a posição dele a respeito disso. Ele de fato não sabia, e, quando soube, tomou todas as providências cabíveis. Sobre o que ele soube, sobre o que o governo soube, sobre tudo que provaram para nós, nós tomamos todas as providências cabíveis. Nós usamos de todos os mecanismos, nós abrimos todos os inquéritos possíveis, nós investigamos, inclusive em alguns casos até nos antecipamos nas investigações. O que o presidente demonstra de forma pública é o absoluto compromisso com a apuração, doa a quem doer. Isso eu acho que a população reconhece.
Agora, se alguém quer se utilizar desse fato... Olha, esse negócio de não saber começa lá no FonteCindam [quando o Banco Central, no governo FHC, foi acusado de ajudar bancos em dificuldades]. Lá alegaram que não sabiam também. Então, eles têm o benefício da dúvida.
Folha - O que deve mudar no programa de um eventual segundo mandato do governo Lula?
Dilma - O presidente, como você sabe, ainda não tomou uma decisão a respeito da sua candidatura. Eu, obviamente, acho que, se ele decidir ser candidato, o povo dará a ele o direito de um segundo mandato. Mas o presidente, como você sabe, e ele insiste nisso sistematicamente, só irá decidir em junho.
Folha - Na hipótese de ele decidir...
Dilma - Eu não faço hipótese sobre questões que envolvam o presidente da República. O que eu posso falar é que um segundo governo do PT tem de manter a estabilidade econômica, obtida com muito sacrifício, mas terá necessariamente de priorizar o desenvolvimento, fazer o país crescer, gerar empregos, distribuir renda. Essa é a prioridade.

O que esperar de uma imprensa que trai e sabota o seu próprio país???
Lá e aqui o compromisso deles é com a barbárie. A radicalização da democracia, é a única forma de conter a barbárie.
Adauto


From: Walter Rodrigues

É um escândalo que a imprensa dos EUA parece mais escandalizada com isso que a do Brasil. É um escândalo que nossa imprensa fale em 'prisão', 'centro de detenção', 'base militar' etc, quando o nome consagrado é 'campo de concentração'. Que vem a ser justamente uma prisão onde ninguém foi julgado, nem tem direito a nada.

Quanto a saber qual a pior, está na cara que sempre será aquele com menos visibilidade. Logo, o do Afeganistão. Lá os EUA fazem coisas que não ousariam no Iraque, como transportar prisioneiros em contêineres e bombardear uma prisão rebelada.
walter rodrigues


Prisão afegã do Pentágono é pior do que Guantânamo

Existe no mundo uma prisão pior do que a de Guantânamo, em Cuba, onde o Pentágono mantém há mais de quatro anos meio milhar de prisioneiros de guerra ilegais? Sim. Segundo o jornal esamericano The New York Times, é a prisão de Bagram, mantida também pelos EUA, a 60 km de Cabul, no Afeganistão ocupado.
"Enquanto fervilha o debate internacional sobre o futuro do centro americano de detenção em Guantânamo, os militares (dos EUA) expandiram discretamente uma outra prisão, menos visível, no Afeganistão, onde mantêm cerca de 500 presumidos terroristas, em condições ainda mais preárias, indefinidamente e sem culpa formada", escreve o diário novaiorquino.
"Qualquer um vai dizer que é pior"
O jornal cita um funcionário do Pentágono que visitou o lugar. Indagado sobre qual das duas prisões ee a pior, ele afirma: "Qualquer um que tenha visto Bagram vai lhe dizer que é pior".
Bagram era tida como um lugar de triagem, para suspeitos detidos pelas forças americanas no Afeganistão. Mas se desenvolveu ao longo dos anos, até se tornar uma prisão onde não há lugar para o direito. Ali, cerca de 500 suspeitos de "terrorismo", afegãos na sua maioria, enfrentam condições piores que as de Guantânamo.
The New York Times dedicou a capoa de sua edição de domingo a essa situação quase desconhecida. O jornal lembra que os prisioneiros de Bagram, ao contrário dos de Guantânamo, não podem contestar as circunstâncias de sua prisão perante tribunais americanos. E não têm acesso a nenhum advogado. Não podem sequer saber de que são acusados.
Fotos, nem a distância
"Enquanto Guantânamo oferece visitas, cuidadosamente monitoradas, de parlamentares e jornalistas, Bagram operou em rigoroso segredo desde que foi aberta, em 2002. Proíbe visitas externas, exceto as da Cruz Vermelha Internacional, e recusa-se a divulgar os nomes dos que ali estão. A prisão não pode ser fotografada, nem a distância", descreve o NYT.
O jornal cita militares que, sob a condição de permanecerem no anonimato, descrevem um lugar sinistro. Os presos permanecem em celas, acorrentados às dúzias. Dormem no chão, sobre colchonetes de espuma. Até um ano atrás, tinham de fazer suas necessidades em recipientes de plástico. E raramente viam a luz do dia exceto para breves visitas a um pequeno pátio.
No Pentágono, ninguém quer falar
Depois de 2003, algumas reformas na oficina mecânica transformada em prisão permitiram uma melhora da situação sanitária. E o número de maus-tratos reportados por organizações de defesa dos direitos humanos recuou. Mas em 2002 dois presos foram torturados até a morte em Bagram, conforme o diário francês Libération de 21 de maio passado.
Em contrapartida, o número de prisioneiros em Bagram voltou a inchar depois que os americanos, acuados por críticas, decidiram suspender novos internamentos em Guantânamo. E a prisão afegã está longe de possuir os recursos de um presídio de verdade.
Foi feito um acordo entre o Pentágono e o governo de Cabul visando transferir a maioria dos prisioneiros para uma prisão afegã, em construção. Os ocupantes americanos só manteriam em Bagram os estrangeiros, cerca de 40, na maioria paquistaneses e árabes.
O jornal diz que o chefe do Pentágano para locais de detenção, Charles Stimson, não quis ser entrevistado sobre Bagram. E o mesmo fizeram os oficiais do Comando Central dos EUA, que operam muitas das operações militares no Afeganistão.
Com NYT e agências
http://www.vermelho.org.br/diario/2006/0227/0227_bagram.asp
Sobre VINICIUS TORRES FREIRE, “Bolsa-Família, o Real de Lula?”, 26/2/2006, na Folha de S.Paulo, p.2, na edição impressa, e na Internet, em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2702200604.htm
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Vinicius Torres Freire é jabuti no toco
Há quem diga que a imprensa é necessária à democracia, até mesmo quando não seja imprensa democrática. O argumento é forçado, sim, é praticamente um argumento de desespero, sim, mas, sim, pode haver aí alguma verdade.
Por exemplo: no Brasil do presidente Lula, a imprensa brasileira sempre foi antigovernista, desde o momento em que os votos foram dados por apurados e soube-se que o presidente Lula estava eleito.
É novidade, isso, no Brasil, porque nunca houve imprensa antigovernista, no Brasil, em 500 anos; não, com certeza, durante mais que alguns meses. Quando houve alguma imprensa antigovernista, no Brasil, imediatamente depois houve um golpe e, em seguida, outra vez, a imprensa, sossegadamente (mas, bastante, cô rabinho entre as pernas), voltou a ser governista. E assim ficou, por décadas. Até que o presidente Lula foi eleito, e pronto: toda a empresa-empresa, no Brasil, entrou em surto de antigovernismo obsessivo.
O jabuti tá no toco
É quando se vê que, sim, a imprensa brasileira, a partir de 2002, e, agora, totalmente antigovernista, tem dado a mó bandeira de que é jabuti e tá no toco; se jabuti não sobe em toco, mas está lá, empoleirado no toco... é sinal de que alguém o pôs lá.
E assim, exatamente por tantos estarem vendo que (1) a imprensa-empresa brasileira é, hoje, jabuti no toco; e (2) que o toco está balançando furiosamente, agitado por bem-vindos ventos democráticos, pode-se dizer que, sim, até a imprensa antidemocrática que está ativa no Brasil-2006 está sendo útil à democracia no Brasil. E, isso, apesar de, todos os dias, a Folha de S.Paulo espinafrar completamente o MEU VOTO DEMOCRÁTICO.
Bom... pode-se dizer que essa imprensa antidemocrática que se vê em ação no Brasil é ‘útil’ à democracia, mas, no máximo, como febre. A febre só é ‘útil’ se for decifrada e imediatamente depois, debelada. Se a deixarmos livre, leve e soltinha, entregue aos seus critérios de febre, a febre depaupera o corpo e pode até matar; e a imprensa antidemocrática depaupera muito mais rapidamente o corpo social e também mata qualquer democracia.
Decifrar o jornalismo de colunagem de propaganda antidemocrática
Por isso – porque é importante decifrar a imprensa totalmente antigovernista que está ativa, hoje, no Brasil –, a análise detida do que escrevem, por exemplo, os principais jornalistas-colunistas da Folha de S.Paulo, virou uma mina a ser explorada com pinça, atentamente, para desentocarmos os detalhes, literalmente, ‘substantivos’, do que pensam esses colunistas de jornalismo de colunagem antidemocrática que assinam, hoje, o jornalismo antidemocrático que se faz no Brasil.
Do jornalismo de colunagem
A colunagem jornalística existe para que se disseminem para toda a sociedade, opiniões que, à parte serem opiniões completamente pessoais, aparecem como ‘avalizadas’ pelo fato de a pessoa personalizadíssima que as assina ser dita ‘um jornalista’.
A colunagem nos é vendida como algum tipo jamais bem explicado de ‘opinião especializada’. Em quê essa colunistas de colunagem seriam ‘especialistas’, nunca se sabe nem ninguém explica.
Seja especializada seja totalmente idée-faite, não há dúvida que a opinião de colunistas de colunagem é sempre opinião suuuuuuuuuuuuuuper pessoal, de um sujeito que é gente como a gente (e muitas vezes é gente muito pior do que a gente!). Se não for avalizada por ‘jornalista’, a mesma opinião que é pura idéia pessoal e, portanto, é sempre idéia-feita, aparecerá ‘avalizada’, então, pelo fato de aparecer publicada em jornal. Nesse caso, virá ‘avalizada’ por zilhões de outras idéias-feitas sobre o que seja a tal imprensa.
O problema é que a tal imprensa, no mundo da imprensa-empresa, é um negócio tão complicado, mas tããããão complicado, que até já houve gente (‘jornalistas’, é claro! [risos]) que se viu obrigada a ‘explicar’ que até quando a imprensa é ruim... ela é boa.
Da ‘objetividade’ e da dita ‘fidelidade ao fato’
A objetividade não é traço típico do jornalismo de colunagem. De fato, bem examinadas as coisas, não se entende, sequer, de onde alguém poderia ter tirado a idéia fraquíssima de que alguma coisa construída na e pela linguagem poderia ser ‘objetiva’.
Nada que dependa da linguagem é ‘objetivo’; tudo, na linguagem é subjetivo e muda conforme mude a ‘voz que fala’ ou, claro, conforme mude a ‘voz que escreva’. Tudo na linguagem depende do interesse de quem fala.
Contudo – e sabe-se lá por que tanta gente ainda crê nesse conversê fiado de haver alguma ‘objetividade’ em algum jornalismo –, o caso é que muita gente ainda engole esse conversê fiadíssimo, sem questioná-lo.
De minha parte, nem perderei tempo com questionar essa idéia-fraca e já digo logo (e assino): é total besteira alguém acreditar em alguma objetividade em alguma opinião publicada. Se não houver nenhum interesse em disputa, nenhum ser humano dá-se ao trabalho, sequer, de abrir a boca; imagine se alguém se dará ao trabalho de escrever colunagens assinadas, com os riscos brabíssimos que todas as falas sociais-públicas necessariamente implicam (e implicam sempre).
Se é verdade que há interesse e desejo até nos infográficos e nos quadrinhos, no horóscopo e na cotação do dólar búlgaro... muito mais verdade é, é claro, que há interesse e desejo no jornalismo de colunagem, em que a opinião pessoal de alguém é TÃO pessoal que aparece, até, assinada, com nome, endereço e CPF. Quer dizer: a opinião publicada no jornalismo de colunagem é opinião TOTALMENTE PESSOAL, na qual nem as maiúsculas ou as vírgulas são ‘objetivas’.
Pode-se dizer, com a máxima objetividade possível, que toda e qualquer opinião publicada é pura manifestação do desejo e do interesse de quem a escreva e publique. Isso continua a ser argumento perfeitamente válido, mesmo que alguém ainda creia na mentira segundo a qual algum jornal algum dia ouviu “os dois lados”.
Os eventos do mundo têm infinitos lados. Ouvir dois lados, num oceano de opiniões divergentes, pode ser exatamente ouvir dois lados... do mesmo lado, que diferem, por exemplo, apenas nos advérbios, mas concordam completamente nos verbos e nos substantivos+adjetivos – que são o que conta, mesmo, em matéria de objetividades.
Costumo dizer, didaticamente – e meus alunos logo entendem tudo –, que, para EU ter certeza de que alguma Folha de S.Paulo ouviu, mesmo, dois lados argumentalmente divergentes meeeeeeeeeeeesmo, eu teria de LER, na Folha de S.Paulo, pelo menos uma linha, que fosse, uma única, que fosse, da qual eu pudesse dizer: “Taí. Esse é o MEU lado.”
Dado que isso jamais aconteceu, nos últimos quase 4 anos, nos hectares de matéria publicada que eu leio na Folha de S.Paulo, todos os dias, tá provado: por mais que a Folha de S.Paulo minta que ouve ‘os dois lados’, não tenho dúvida alguma de que o MEU lado jamais foi ouvido.
O ponto fraco do meu argumento
Esse negócio de eu ensinar aos meus alunos que “a Folha de S.Paulo pratica jornalismo de desdemocratização do Brasil, ‘porque’ nunca ouve o MEU lado” é o ponto fraco do meu argumento. OK. Eu sei que é.
Afinal de contas, é perfeitamente racional e razoável pressupor que eu-euzinho, não tenha NENHUMA importância. É perfeitamente racional e razoável pressupor que eu-euzinho não valho nada, que sou um zero à esquerda, verdadeiro nada, absoluto nada, abaixo de nada, perfeito e acabado zé-ninguém ou maria-nada.
Isso é totalmente verdade e é facilmente demonstrável à moda da lógica de desdemocratização da Folha de S.Paulo: se eu-euzinho fosse alguma coisa-que-preste, é claro que a Folha de S.Paulo me consultaria, é claro, pra saber o que eu penso; se a Folha de S.Paulo não ME consulta... está ‘provado’: eu-euzinho sou na-da.
O ponto forte do meu argumento
Nada é assim ‘objetivo’, em nenhuma colunagem; nem na minha colunagem, aqui.
Porque a verdade verdadeira é que eu-euzinho sou, nada, sim, se eu for pessoalmente considerada, digamos, censitariamente. Mas eu-euzinha passarei imediatamente a ser muitos, zilhões, passarei a ser legião (“Lula é muitos!”), se eu-euzinha for considerada, não censitariamente, mas democraticamente; não como pessoa física, mas como ELEITOR.
Bom... modéstia à parte: a partir da eleição do presidente Lula, eu passei a ser o eleitor que elegeu o presidente da República do Brasil!
Fiquei, portanto, suuuuuuuuuuuuuuuper importante, importantíssima, a mais importante pessoa da República, rainha-musa de todas as baterias, mais necessária, na discussão social, hoje, no Brasil, do que alguma entidade que tivesse a boca da Luciana Piovani, os olhos da Irene Papas, a voz da Vanessa Redgrave e os miolos e a paixão de Darcy Ribeiro e por aí vai, só itens importantes recolhidos de gente importantíssima (embora nem todos por razões igualmente importantes, do ponto de vista da democracia).
Tudo que eu escreva aqui será sempre pouco para criar uma figura que equivalha à importância do ELEITOR que tenha eleito o presidente da República em eleições democráticas, legais e perfeitas, cuja opinião a Folha de S.Paulo teria de ouvir, se fizesse jornalismo democrático. Mas a Folha de S.Paulo jamais ME ouviu.
Só hoje, na p. 2 da Folha de S.Paulo
(1) Vinícius Torres Freire chama de “caraminguás sociais” os programas socias do governo Lula (em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2702200604.htm).
Se se consideram os caraminguás que Vinícius Torres Freire recebe pra escrever isso, considerados os riscos a que se expõe, o coitado, bem se pode dizer que problema maior, no Brasil, hoje, são, isso sim, os “caraminguás privados” que ele receba para desdemocratizar tão ativamente a discussão social, no Brasil.
À parte o substantivo “caraminguás” ter sido safadamente escolhido (e muito subjetivamente escolhido, é claro! [risos])... que imprensa-empresa, afinal, pagaria muito pela vergonha histórica à qual se expõe todo o jornalismo que acolhe, sem espinafrá-lo, esse tipo de colunagem barata?! (Pensem nisso!)
(2) Por falar em “barato”, no sentido de “reles”, de “vagabundésimo”, Fernando Rodrigues – e na mesma Folha de S.Paulo, denuncia “só populismo barato para garantir a reeleição”, nos mesmos programas sociais que, 10cm acima, noutro capítulo da mesma colunagem safada, foram chamados de “caraminguás sociais” (em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2702200605.htm).
É mais um jabuti no toco!
É mais um jabuti no toco, porque Fernando Rodrigues não está criticando os populismos dos Serras-Alckmins-Bornhausen-ACM-Agripinos-FHC... esses, sim, populismos EXTRA baratos (no plano OBJETIVO e no sentido de “reles”, “muito reles”) mas suuuuuuuuuuuuuuuuuper carésimos (no plano bem OBJETIVO do caixa-2 da tucanaria, OBJETIVAMENTE omitido na colunagem de Fernando Rodrigues). E, pra piorar os mesmos populismos tucanos safadíssimos não garantem NENHUMA eleição [risos, muitos].
Objetividade-zero, no que tenha a ver com democracia e com o MEU VOTO DEMOCRÁTICO, portanto, nas duas colunas de colunagem dessa 2ª feira de carnaval, no Brasil, em 2006.
A luta por buscar objetividade cada dia maior e democracia cada dia melhor: só isso faz imprensa realmente necessária
É onde se vê que, no Brasil, as coisas vão aos poucos ficando claras para muuuuuuuuuuuuuuuuuitos brasileiros.
Até quem nunca viu nada – como eu-euzinha-nós-aqui, que vivo dos programas sociais do governo Lula – já posso ver facilmente, muita coisa.
E, brincando, brincando, estamos já fazemos cá a nossa colunagenzinha de democratização [risos muitos]. Viva a Internet! Lula é muitos!
A hora, portanto, é de sacudir o toco
Nenhum jornalista dessa suja colunagem que a Folha de S.Paulo insiste em oferecer aos seus leitores passará incólume por esses anos de suas vidas profissionais, durante os quais malharam todos os dias, incansavelmente, a democracia brasileira, os votos democráticos de 62 milhões de brasileiros e o MEU VOTO DEMOCRÁTICO.
Que malharam, malharam e continuam a malhar. Pouca diferença faz que o tenham feito sabendo o que fizeram e fazem, ou que o façam sem nada ver, sem nada saber, sem entender nada, como jabuti zonzo que é posto em cima do toco e, lá posto, fica condenado a ter de equilibrar-se, pra não cair, por exemplo, no desemprego... É hora, portanto, tá na cara, de sacudir o toco.
[assina] Caia Fittipaldi (dos Lingüistas Brasileiros para a Democracia/ Universidade Nômade / Campanha “Nenhum Brasileiro sem Resposta-na-ponta-da-língua, pra Responder à Folha de S.Paulo / Tricoteiras Unidas / Mães do Planalto / Gaviões da Fiel / Vai-Vai / Mangueira) [para vários destinatários, campanhistas e outros]____________________________________________
Brasil presta ajuda humanitária à Bolívia

Por motivo das recentes enchentes que atingiram mais de 13.000 famílias na Bolívia e por determinação do Presidente Lula, o Brasil enviou no dia 24 de fevereiro, 14 toneladas de alimentos em ajuda humanitária àquele país. As cestas básicas são suficientes para alimentar 1.000 famílias durante três semanas e foram cedidas pela Defesa Civil brasileira. A carga está sendo transportada pela Força Aérea Brasileira. A aeronave da FAB deverá aterrissar no aeroporto de El Trompillo em Santa Cruz de la Sierra, onde a carga será recebida por representantes do Governo boliviano e do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), que, sob a égide da ONU, está auxiliando o Governo boliviano na recepção e distribuição da ajuda humanitária internacional.

From: jotaamorim
Adauto: A carta abaixo foi enviada à Folha e ao Estado. No entanto, nenhum deles a publicou. O motivo deve ter sido porque os dois jornais não querem Fernando Henrique Cardoso como candidato. É, talvez, a única explicação. JASSON

Data 21/02/06 16:21
De jasson.de
Para forum Assunto
FHC PRESIDENTE

Senhor Redator: É fácil acabar com o dilema Serra X Akckmin, que está trazendo dores de cabeça ao PSDB. Deve-se lançar a candidatura de Fernando Henrique Cardoso à presidência da República. Ao invés de sair de cena, FHC entrará em cena! Só assim a paz voltará ao ninho tucano, além de proporcionar o debate entre o atual presidente e o ex-presidente.

JASSON DE OLIVEIRA ANDRADE (Mogi Guaçu-SP).
Dirceu decide recorrer ao STF para reaver mandato

Está decidido: o deputado cassado José Dirceu (PT-SP) vai protocolar no STF, até o próximo dia 15 de março, um recurso para tentar reaver o mandato. O advogado José Luiz Oliveira Lima já aprontou o texto da ação. Ele está em férias nos EUA. Retorna nos próximos dias para dar os últimos retoques na peça antes de levá-la ao Supremo.

Dirceu, que passa o Carnaval em Cuba, já deu o sinal verde para o advogado. Conforme foi noticiado aqui, o recurso vem sendo estudado desde o início de dezembro. Dirceu autorizara Oliveira Lima a consultar juristas de renome acerca das chances de êxito do novo recurso. Estava, porém, em dúvida quanto à conveniência da iniciativa.

Na entrevista que dera no dia seguinte à cassação, Dirceu dissera que não recorreria mais ao Judiciário. Mudou de idéia. Está agora convencido de que tem chances de anular a sua cassação. No texto do recurso, o advogado Oliveira Lima faz um histórico do julgamento de seu cliente na Câmara.

Em determinado trecho, ele lembra que, ao autorizar a Câmara a dar seqüência ao julgamento de Dirceu, o STF ordenou que fosse retirado do processo contra o então deputado um dos depoimentos que haviam sido colhidos pelo Conselho de Ética: o da presidente do Banco Rural Kátia Rabelo.

Lembra ainda que o relator do processo contra Dirceu, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), teve de refazer o seu relatório. E afirma que o novo texto deveria ter sido publicado no Diário do Congresso. Na opinião de Oliveira Lima, a direção da Câmara deveria ter concedido duas sessões para que a defesa preparasse a sustentação oral que faria no plenário.

Porém, nada disso foi feito. O julgamento no plenário da Câmara ocorreu no mesmo dia da decisão do Supremo. Oliveira Lima recordará no recurso que, em sinal de protesto, se recusou a fazer a defesa de seu cliente da tribuna. Só Dirceu discursou. Alegará que houve cerceamento do direito de defesa.

Oliveira Lima sustentará também na ação que a representação que deu origem ao processo contra Dirceu, formulada pelo PTB, acusava-o de ser o mentor de um esquema de compra de votos de parlamentares que, em troca, votariam projetos de interesse do governo. Segundo o advogado, o relatório que motivou a cassação contém acusações diferentes daquelas formuladas pelo PTB. Em linguagem jurídica, não haveria “nexo causal” entre a petição inicial do partido do acusador Roberto Jefferson (PTB-RJ) e o relatório de Júlio Delgado. Algo que seria vedado pelo Código de Processo Civil;

O advogado anota ainda no recurso que, no processo que motivou a cassação de Roberto Jefferson, o relator Jairo Carneiro (PFL-BA) sustentou que o ex-deputado não conseguira provar a existência do mensalão. No relatório de Júlio Delgado, ao contrário, sustentou-se que o mensalão existiu. Para Oliveira Lima, os pareceres de Carneiro e Delgado, aprovados pelo mesmo Conselho de Ética da Câmara, se anulam.

Oliveira Lima mencionará, por último, a absolvição pelo Conselho de Ética, em 9 de fevereiro, do deputado Pedro Henry (PP-PE). A exemplo de Dirceu, dirá o advogado, pesavam contra Henry apenas as acusações feitas por Roberto Jefferson. O arquivamento do caso de Henry seria uma evidência de que Dirceu foi mandado à guilhotina injustamente, sem provas.

http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/index.html
Quem matou a escola pública?

Eduardo Guimarães

O título faz uma pergunta que pretende responder. Pergunta, com grande propriedade, "Quem matou a escola pública?", porque dizer que ela foi assassinada é um dos poucos consensos neste país.

Ela era saudável. Sua excelência era reconhecida por todos. Do mais rico ao mais pobre, todos desfrutavam da possibilidade de estudar "de graça" em escolas sustentadas pelos impostos de todos e abertas ao ingresso de todos, em que pese que a escassez de vagas que vigia no ensino público naquele tempo fosse uma outra forma de barrar os mais pobres, pois conchavos entre as classes mais abastadas e os políticos distribuíam vagas primeiro entre os privilegiados, deixando as que sobrassem para uma fila de empobrecidos que foi aumentando.

Em 1964 foi desfechado um golpe de Estado no Brasil a pedido dos estratos superiores da pirâmide social. O mundo estava sendo invadido por idéias de igualdade de oportunidades para todos. Da Europa oriental vinha um movimento que propunha o fim das desigualdades de renda e de oportunidades e o fim da propriedade privada. Era preciso levantar "muros" entre a burguesia e o proletariado, e um desses "muros" foi erigido para combater a pregação do socialismo de que os pobres precisavam estudar. A procura pelo ensino público gratuito aumentava muito.

A partir da tomada do poder pelos militares em 1964, apesar de o Brasil ter conhecido um período de prosperidade artificial - desencadeado pelo endividamento externo - que o fazia crescer - bem como a arrecadação de impostos - a taxas que não se via em nenhuma parte do mundo - o que fez com que chamassem aquele processo de "milagre brasileiro" -, a escola pública foi morrendo à mingua, apesar de que parecia estar sendo democratizada através da ampliação de vagas. Os militares aumentaram as vagas, mas não aumentaram os recursos para escola pública na mesma proporção. E não foi por falta de dinheiro que fizeram isso.

O resultado foi logo sentido. No fim da década de 1970, pouco mais de dez anos depois da tomada do poder pelos militares, apesar dos anos dourados de prosperidade econômica que este país vivera já se via greves de professores do ensino público como nunca haviam ocorrido.

Em minha opinião, a simples leitura da história recente deste país revela um processo deliberado de destruição de sua escola pública. Os militares, que foram sustentados tanto no golpe de Estado como em sua permanência no poder por elites que queriam barrar qualquer possibilidade de distribuição de renda em resistência ao socialismo e em consonância com uma guerra fria desencadeada para combatê-lo, criaram a fórmula de os ricos pagarem pelos estudos de seus filhos em escolas onde de fato aprenderiam para depois serem ressarcidos num processo de seleção injusto criado para beneficiar os que tivessem formação minimamente adequada.

Qualquer análise que se faça hoje da composição étnico-social das melhores universidades do país - que são todas públicas - revelará que seus alunos são primordialmente brancos e oriundos das camadas mais ricas da população. Há casos extremos como o da Universidade de São Paulo (USP), onde a elitização só faz aumentar apesar de já abranger pelo menos uns 3/4 do corpo discente.

Quem matou a escola pública? Se você responder que foram os militares, enganou-se. O verdadeiro assassino são as elites que apoiaram o golpe militar de 1964 para que ele as defendesse de políticas de distribuição, não de renda, mas de oportunidades, o que tornou o Brasil o país de virtual maior concentração de renda do mundo.

Um projeto para um novo Brasil que aos poucos vai se libertando da dependência e externa em que foi atirado pelos governos neoliberais de Fernando Collor de Mello e de Fernando Henrique Cardoso será o de restabelecer um ensino público médio e fundamental de qualidade a fim de que todos possam desfrutar da benesse de o Estado oferecer estudo superior gratuito e de alta qualidade. Porém, é claro que um programa de resgate da escola pública demoraria, na melhor das hipóteses, pelo menos uma década para surtir efeito se fosse implementado desde já. Nesse intervalo, então, será preciso que as classes desfavorecidas recebam alguma compensação das elites pelas décadas em que uma foi prejudicada pela outra.

Cotas nas universidades públicas são uma medida de justiça para com as classes sociais prejudicadas pelo assassinato deliberado da escola pública brasileira, cometido pela ditadura militar para pagar o apoio que os golpistas receberam das elites. As cotas, portanto, devem vigorar por pelo menos uma década depois que for comprovada a melhora efetiva do ensino público médio e fundamental. Essa é a pena a ser paga por quem matou a escola pública. Uma pena até branda diante de crime tão monstruoso.

Escrito por Eduardo Guimarães às 14h22
Alyda
Só os peixes mortos seguem o curso do rio.
O Informante

sábado, fevereiro 25, 2006


Carta O Berro.

Fonte:www.agenciacartamaior.com.br

QUESTÃO DE ORDEM

Privatização da Vale do Rio Doce: insânia ou negociata

Em 23 de fevereiro de 1997, o geólogo Francisco da Costa, ex-superintendente de Pesquisas da Vale, publicou, no Diário do Pará, artigo que explicava por que os lucros da empresa cresceriam nos anos futuros. Seus argumentos desmontam a velha ladainha dos neoliberais de que a Vale só é lucrativa hoje pois foi privatizada.
Mauro Santayana
BRASÍLIA – Talvez devêssemos dar razão a Galileu, que desconfiava do muito saber. “Molta saggézza” – disse o grande físico do Renascimento – “molte volte vuol dire molta follia”. A inteligência pode enrolar-se em si mesma e se transformar em insânia. É assim que podemos entender que homens tão bem informados, conhecedores de História, excelentes calculistas, tenham causado tantos e irreparáveis danos ao povo brasileiro com a privatização dos bens nacionais. Ou acreditamos na aporia de Galileu, ou somos forçados a admitir que eles foram movidos por desprezíveis interesses pessoais, ou, pior ainda, com o ânimo da traição.Quando o Sr. José Serra, então ministro de Planejamento do governo passado, bateu o martelo, confirmando a privatização da Cia. Vale do Rio Doce, a explicação foi surpreendente. Começavam com a Vale, a propósito, porque era o símbolo mais destacado da presença do Estado na economia nacional. Não faltaram advertências contra o ato, que revelava “molta follia”. O ex-presidente José Sarney enviou carta ao então chefe de Governo, advertindo-o das conseqüências econômicas e políticas daquele passo. Disse mesmo Sarney que a privatização da Vale seria muito mais grave do que a também pretendida privatização da Petrobras. A Vale do Rio Doce foi construída com imensos sacrifícios do povo, depois de vigorosa resistência, dos mineiros e do presidente Vargas, contra a Itabira Iron, de Percival Farquhar. Obtivemos os empréstimos do Eximbank para a exploração das minas do Cauê e para indenizar os acionistas ingleses da Itabira Iron, mediante os Acordos de Washington, de 1942, que nos exigiram, de contrapartida, a cessão das bases do Nordeste para as operações das forças norte-americanas e o envio de tropas brasileiras para a guerra na Europa. Ali perdemos vidas valiosas, entre elas as dos bravos pilotos do Esquadrão de Caça, dizimados em centenas de missões quase suicidas. Não investimos na Vale somente os recursos do Erário; investimos em sangue, investimos em coragem, investimos na dignidade do patriotismo.A questão da Vale ainda não está definitivamente resolvida. A privatização da empresa foi logo contestada nos tribunais e – como tantos outros crimes de lesa-populi e lesa-patria, cometidos nos últimos anos – algum dia os responsáveis, se a morte não os salvar antes, terão que prestar contas à Justiça.O edital de privatização da Vale, o primeiro do Plano Nacional de Desestatização - foi divulgado em janeiro de 1997. No dia 23 de fevereiro do mesmo ano, o geólogo Francisco F.A. da Costa, ex-superintendente de Pesquisas da Vale e ex-presidente da Docegeo (primeira grande empresa de exploração mineral do Brasi), publicou, no Diário do Pará, artigo que explica por que a empresa foi escolhida como a primeira do Plano Nacional de Desestatização. Disse ele:“A lucratividade da Vale aumentará muito no futuro próximo, devido a dois fatores: liquidação da dívida de Carajás e abertura de grandes e lucrativas minas de ouro. Este aumento de lucratividade, resultado de décadas de administração competente sob regime estatal, será mentirosamente atribuído à privatização. Economistas bisonhos louvarão as virtudes da privatização e apresentarão a Vale como exemplo. A economia deixou de ser uma ciência séria e se transformou em uma numerologia enganadora, a serviço dos interesses dominantes”.Estava nisso a chave: a Vale era a empresa que iria dar excelentes resultados logo no ano seguinte, para justificar a cantiga de que “tão logo foi privatizada, a Vale passou a dar grandes lucros”. Ela iria ter os mesmos (ou até melhores) resultados empresariais, se fosse mantida como empresa estatal. E teria dado muito mais benefícios diretos para o povo brasileiro, além dos lucros obtidos nas operações. A Vale mantinha grandes projetos sociais em todo o Brasil, aplicando neles parcelas de seus resultados. Esses projetos foram reduzidos sensivelmente pela empresa, que hoje atua nesse setor como qualquer outra empresa privada.Antes que se realizasse o leilão das ações, de propriedade da União, o ato foi contestado por várias ações populares impetradas na Justiça. O governo conseguiu que todas fossem encaminhadas para um juiz de primeira instância, de Belém do Pará, que negava as liminares, em nome de vago “interesse público”. Na época, com sua conhecida e irônica arrogância, o presidente da República disse, em entrevista à televisão, que, no Brasil, “quem move ação popular é maluco, histérico ou carnavalesco”. Com isso, sua excelência desmerecia o principal instrumento constitucional da cidadania contra os usurpadores de seus direitos.O leilão foi realizado no dia 6 de maio de 1997, sub-judice. No dia 2, o ministro Demócrito Reinaldo, tão gritante era o absurdo, não se conteve na conhecida discrição dos magistrados, disse à Folha de S. Paulo na oportunidade do julgamento do conflito de competência de que foi relator, junto ao STJ:“Esse leilão poderá até ser feito e uma ação dessa ser julgada contrária ao leilão. É até perigoso com um mundo de ações dessas se fazer o leilão. Ninguém pode saber quais serão as conseqüências. Eu não vou julgar o mérito, vou dizer qual é o juiz competente para julgar. As ações vão ter a tramitação regular. Isto é, daqui a quatro, cinco anos”. Já se passaram oito. Mas, conforme súmula 473 (ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial), não houve ainda o ato jurídico perfeito.Os argumentos contra a privatização foram, e continuam sendo, singelos. O primeiro deles diz respeito ao edital de licitação, que omitia informações importantes quanto ao potencial econômico da empresa – fornecidas, evidentemente, a alguns privilegiados. Houve clara má-fé dos avaliadores, que subestimaram brutalmente o valor da empresa. Sendo viciado o edital, tornou-se viciado, em conseqüência, o leilão. E houve mais: empresas que haviam participado da avaliação, em que tudo indica negociata, tornaram-se depois associadas na composição acionária da empresa privatizada. INDISPONIBILIDADE DOS LUCROSO advogado Eloá dos Santos Cruz entrou com recente Providência Cautelar, junto à desembargadora Selene Maria de Almeida - no processo em que a 5ª. Turma do TRJ da 1ª Região determinou o reexame da alienação das ações da Vale, de propriedade do Tesouro - solicitando que sejam retidos, em depósito judicial, na Caixa Econômica Federal, todos dividendos relativos ao capital dos controladores da empresa, ressalvados os direitos dos demais acionistas, até o julgamento final do mérito que, tendo em vista o sistema judiciário brasileiro, poderá demorar ainda muitos anos. Mas o objetivo final de todas as ações populares em trâmite judicial é a nulidade plena da venda da empresa.Os neoliberais sempre argumentam com os excepcionais lucros obtidos pela Vale – mas, conforme confirmam todos os que a conhecem bem, eles não são resultados destes últimos oito anos, e sim dos 55 anos precedentes, em que esteve sob controle da União. Como apontou a desembargadora-relatora, “dada a diversidade dos aspectos a serem enfrentados, é possível que uma equipe multidisciplinar se faça necessária para elaboração do laudo. É relevante, insisto, que os fatos controvertidos no que concerne a avaliação sejam investigados e os valores mensurados, de forma a permitir ao juízo “a quo” e, depois, ao juízo colegiado a emissão de um pronunciamento sobre o mérito, no que tange ao preço da CVRD. O Brasil espera por isso. A Companhia Vale do Rio Doce investiu, nos 16 anos que antecederam a sua privatização, US$ 16 milhões em infra-estrutura, creches, escolas, hospitais, rodovias, distritos industriais e recuperação do patrimônio histórico. Tudo isso deve acabar com a privatização, pois a nova empresa só cumprirá com os projetos já aprovados. Os brasileiros têm o direito de saber se a avaliação foi correta, e se não foi, a diferença deve ser paga pelos réus nesta ação popular. Num país em que milhares de crianças à noite dormem com fome, não pode o seu patrimônio ser alienado em negócios escandalosos e desastrados”.Outra violação da lei, nesse leilão, foi o da transferência de milhões de hectares à propriedade dos acionistas estrangeiros da empresa, mediante a venda no Exterior dos títulos da Vale, quando a legislação impede a alienação de mais de dois mil hectares a alienígenas (e que alienígenas!) sem a anuência das Forças Armadas e do Senado da República. A GRANDE BOMBADe acordo com a lei, a União, citada como ré nos processos correntes, poderá tornar-se co-autora. Tendo a privatização ocorrida no governo passado, o atual governo tem todo o direito de, na representação do interesse nacional, intervir no feito, a fim de recuperar os ativos mal alienados. Nesse caso, o governo poderia somar-se aos cidadãos, processando as pessoas físicas e jurídicas responsáveis pela desastrosa privatização. Conforme a petição do advogado Eloá dos Santos Cruz (excluindo-se a União), são as seguintes pessoas e empresas que se mancomunaram na alienação do controle acionário da Vale do Rio Doce:Fernando Henrique Cardoso; BNDES; Luis Carlos Mendonça de Barros; José Pio Borges; Thereza Cristina Nogueira de Aquino; Paulo Libergotti; Projeta, Consultoria Financeira S/C Ltda.; Merril Lynch, Pierce, Fenner & Smith Incorporated; NM Rothschild & Sons Limited; Bradesco S/A; KPMG Peat, Marwick Consultores; Banco Graphus S.A.; Engevix Engenharia SC Ltda.; Benjamin Steinbruch, Mário Teixeira; Cia. Siderúrgica Nacional; Cia. Vale do Rio Doce.Enfim, não cabe o argumento do “fato consumado”. Conforme o velho axioma, “que pereça o mundo, mas se faça justiça”. E não há direito adquirido contra o patrimônio público.

*Mauro Santayana, jornalista, escreve semanalmente para a Carta Maior.
É colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.


Do blogue do Walter Rodrigues

'Veja' à beira de um ataque de nervos


Sabe com quem está falando?

Ainda não pude ler o livro de Leonardo Attuch sobre A CPI que abalou o Brasil, investigação dos bastidores da chamada "crise do mensalão" e do governo Lula. Algum mérito deve ter, tanto assim que está na lista dos "mais vendidos" de Veja, categoria não-ficção. Epa! Está, não, estava. Veja acaba de anunciar que se enganou, porque foi enganada pela Editora Siciliano, que lhe informou ter vendido 452 exemplares quando na realidade eram apenas 84 (diferença de 368 exemplares).
A Siciliana retratou-se depois que Veja, numa atitude excepcional, decidiu auditar os números fornecidos pela livraria exclusivamente sobre aquele livro. E como é que desconfiou do "engano", como alega a Siciliano, ou da "fraude", – como prefere entender a revista?
Aí é que a porca torce o rabo ou que a revista retorce os fatos.
Pois parece que tudo começou quando Veja fez o que já devíamos ter feito: leu o livro. E lá pelas páginas tantas encontrou uma cabeluda referência de que Delúbio Soares, o maldito, o execrado gerente do caixa 2 do PT, teve um encontro secreto com ninguém menos que Roberto Civita, o poderoso e insuspeitável diretor de Veja. Para tratar... de que mesmo?
Civita achou a informação tão desagradável e ofensiva que não somente conseguiu banir Attuch da lista dos mais vendidos com a anuência da Siciliano, como desterrou-o da própria categoria não-ficção. Sem dar o mínimo esclarecimento aos leitores sobre por que o céu trovejava, mandou escrever que Attuch não passa de um falsário, um quadrilheiro que deve satisfações à polícia, uma pena de aluguel, o "mais vendido" de todos os jornalistas vendidos que possa haver no país, e, para arrematar, um ficcionista que conseguiu enganar a própria Veja ao ter seu livro relacionado na revista como não-ficção.
Diga-se a bem da verdade que Attuch, ex-repórter de Veja (outra informação omitida na catilinária), já foi anteriormente acusado de picaretagem pela revista. Mesmo assim fica evidente que o único pecado mortal do livro foi ter mexido com quem não devia.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006



LULA em Parnaíba - Piauí



23/02/2006 - Aumenta a preferência pelo PT, diz Datafolha

A notícia não virou manchete e tampouco se encontra no site do Instituto Datafolha. Mas uma pequena nota na seção Painel, da Folha de São Paulo desta quinta-feira (23), anuncia o partido como o mais popular entre os eleitores, com crescimento no índice de preferência:
"A pesquisa Datafolha não trouxe boa notícia apenas para Lula. O PT recuperou quatro pontos no quesito qual é o partido de sua preferência. Tem agora 19% das menções, à frente das demais siglas e no mesmo patamar de julho passado." A nota não informa a porcentagem obtida por outros partidos.

Onde andam esses números?????

From: jotaamorim


E & P - Rapidinhas

a) O grupo Folha de São Paulo, de rabo preso com os tucanos e que prestam um desserviço ao Brasil, ataca de novo. No sítio do UOL de hoje está bem destacado a queda do nível de emprego e de renda. O que não está na chamada é que para o mês de janeiro este fato é normal, pois aquelas pessoas que estavam em empregos temporários para atender as festas do final de ano, perdem o emprego em janeiro. É uma sazonalidade, que não deve ser analisada de forma isolada e sim dentro de um contexto. E dentro do contexto o governo Lula dá de goleada ao desgoverno apoiado pelos Frias, pois temos média mensal de mais de 100.000 empregos formais, contra pouco menos de 8.000 dos tucanos.

b) Ampliou e piorou - O governo Serra é um fiasco nem carnaval sabe organizar direito. A cidade amanheceu um pandemônio em função dos carros alegóricos das escolas de samba que por falta de planejamento do "gerente" Serra, não chegaram no horário ao sambródromo e ampliaram o caos no já caótico trânsito paulita.

c) O fim de um jornal - Que a Folha de São Paulo estava guinando para a direita, já há alguns anos é fato notório, mas agora a direitização do jornal fica bem evidente com os artigos que o editor da Ilustrada tem feito no jornal. Mais parece ter feito o curso da Universidade de Navarra.

d) Até os serristas sabem - Em tom de desabafo os apoiadores do Serra disseram que a mídia construiu o mito da eficiência para Geraldo Alckmin, blindando-o de qualquer crítica. Eles disseram que o governador não tem projetos próprios, simplesmente continuando a obra do Mário Covas. Também disseram que o Alckmin atrasou as obras do metrô e do Rodoanel e não sabe como gastar os R$ 5 bilhões que tem no orçamento. Demorou mas a verdade veio à tona. Falta elucidar que tipo de acordo o Geraldo Alkcmin tem com a imprensa para que ela seja tão condescendente com um governo tão inoperante.

É isso.

Evaristo

LULA É MUITOS
LULABIS

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

ECONOMIA & POLÍTICA - LIII 22/02/2006
From: evaristoalmeida

a) Porque uma boa parcela do empresariado não apóia Lula
Na matéria do jornal Valor Econômico publicado em 20/02/2006 deixa nas entrelinhas o porque do empresariado no geral não apoiar Lula. O fato está na clareza de que o governo Lula não vai fazer a reforma trabalhista, continuar a previdenciária, não vai dar autonomia ao Banco Central nem realizar privatizações. Os empresários brasileiros vivem reclamando da necessidade da reforma trabalhista, que segundo eles poderia aumentar o número de empregos e reduzir a informalidade. O básico da reforma é aumentar a flexibilidade na admissão de funcionários por parte das empresas. Isso implica em redução de custos, como os 40% de multa sobre o FGTS, quando o funcionário é demitido sem justa causa. Eles também querem que o 13º salário possa ser extinto ou pago em várias parcelas ao longo do ano seguinte, além da extinção do pagamento do 1/3 das férias, licença maternidade e paternidade e redução do poder dos sindicatos na negociação salarial, prevalecendo à negociação empresa a empresa, o que enfraquece os trabalhadores. Essa lei chegou a ir ao Congresso Nacional no desgoverno do FHC, mas o governo Lula mandou retirá-la. Ela simboliza a revogação da Lei Áurea e não acrescenta nada aos trabalhadores a não ser perda da renda real e da participação dos salários na riqueza nacional. Na Argentina houve a flexibilização das leis trabalhistas e houve aumento do desemprego. O que cria emprego formal é o crescimento econômico puxado pela melhoria de renda da população. Ao retirar o 13º salário a massa salarial não cresce no final do ano, como conseqüência há diminuição do consumo e do nível de emprego. A proposta dos empresários brasileiros visa apenas aumentar o lucro das empresas e diminuir o nível salarial dos trabalhadores. E o PSDB encampou a reforma trabalhista como parte da sua agenda de reformas. Só que eles não falam para o povo do que se trata essa reforma. Vão falar superficialmente, pois a população não aprova essa reforma e só através do engodo para os tucanos ganharem voto defendendo tal barbaridade. A continuação da reforma previdenciária visa dificultar a aposentadoria dos trabalhadores, sendo que FHC em palestra deixou claro que eles pretendem colocar os 65 anos como idade mínima para a aposentadoria. Na concepção dos empresários e dos tucanos, o governo gasta muito com a previdência social, principalmente no pagamento de aposentadorias. Dessa forma eles querem acabar com um dos principais programas de redução da pobreza que existe no Brasil e que beneficia a população mais pobre e os pequenos municípios, principalmente os localizados no Nordeste. De novo, ao invés de priorizar a redução dos juros, que beneficiam os mais ricos, o PSDB, junto com os empresários querem tungar os mais pobres. A autonomia do Banco Central é vista como essencial principalmente pelos bancos. A idéia é que um banco central autônomo possa fazer políticas monetárias mais exeqüíveis e consistentes. Na verdade a autonomia do banco central fortaleceria o setor financeiro que de uma vez por todas estaria livre de qualquer ingerência do controle social exercido pela sociedade. A Argentina deu autonomia ao banco central e isso não evitou a catástrofe que se abateu sobre sua economia, pelo contrário, o banco central com sua política conservadora ajudou que ela acontecesse e houve muita dificuldade para demover o presidente por causa de corrupção. O mesmo acontece na Itália em que o presidente do banco central, vinculado ao Opus Dei, segundo os jornais italianos, é acusado de corrupção, tem mandato vitalício e não pode ser desalojado da direção do banco. Falar em autonomia, quer dizer prender o banco central ao controle dos mais ricos. A política monetária tem de ser deliberada pelo presidente da República que ganha do povo o direito de exercê-la. Um punhado de tecnocratas, que desconhecem as demandas do povo e agem em interesse de grandes bancos e financeiras não estão acima do bem e do mal para saber o que é bom para a nação. Não há nenhuma evidência empírica de que num banco central autônomo a política monetária vá ser mais eficiente. O sistema financeiro também está descontente porque a tendência da queda da taxa de juros é eminente e o sistema fatura muito em cima disso. Dessa forma eles vão ter de se contentar em ter um lucro menor. Não custa lembrar que no governo do PSDB a taxa de juro básica da economia chegou a 45% ao e o juro real chegou a superar mais de 20% ao ano. E justamente a autonomia do banco central constará do programa tucano, daí os amores desses empresários por esse partido. E por fim as privatizações. Os tucanos em 8 anos repassaram aos empresários 75% do patrimônio público que levou décadas para ser construído. Foi uma verdadeira festa, 50% das ações da Vale do Rio Doce foi vendida por R$ 3 bilhões e a empresa hoje vale no mercado mais de R$ 100 bilhões. Não há paralelo na história econômica mundial. O sistema elétrico foi desmontado com a promessa de que as tarifas seriam menores. O que diminuiu foram os empregos de qualidade que essas empresas tinham, pois quem ficou com elas demitiu em massa os funcionários e contratou terceirizados, precarizando ainda mais o mercado de trabalho brasileiro. Esta é uma das causas da queda do poder aquisitivo da classe média, que tinha no serviço nas empresas estatais o baluarte da sua posição social. E o resultado prático foi desastroso, pois além da tarifa de energia elétrica ter subido muito mais do que a inflação, o serviço ter piorado, ainda houve o apagão, que custou ao país 1,5% de crescimento do PIB, ou seja, a sociedade brasileira perdeu R$ 30 bilhões, fora o custo extra para os consumidores que tiveram que arcar com o seguro apagão. Se tal incompetência fosse forjada por um governo de esquerda teria caído, pois a mídia não perdoaria e faria uma campanha sistemática para desestabilizá-lo. Mas o dotô FHC pôde terminar o seu mandato de forma tranqüila e cúmplice da imprensa. Também no processo chamado por Aloysio Biondi de privataria, não esqueçamos das fitas da privatização do sistema Telebrás em que o próprio FHC foi flagrado num esquema corrupto para ajudar o Dantas, dono do Oppotunity, para ficar com uma das empresas de telefonia. É lógico que o FHC deveria ter sido escorraçado, como uma ratazana prenhe, mas com o beneplácito dos endinheirados está ai até hoje pregando ética. As privatizações servem para deixar o grande empresário mais rico e o povo mais pobre. A chamada 2ª geração de reformas do programa tucano, engloba a privatização do Banco do Brasil, da Nossa Caixa, de Furnas, da Petrobras e redução do poder de financiamento do BNDES. O objetivo é a redução do poder regulatório do estado brasileiro deixando –o submisso aos ditames do capital privado, e todos sabem qual a sanha dele. Essas empresas constituem hoje a espinha dorsal da economia brasileira, seja na oferta de serviços e créditos ou bens como o petróleo, cuja cadeia produtiva é muito ampla e vai da fabricação de tubos até de superpetroleiros como os 46 que a Transpetro vai construir no Brasil. O desenvolvimento do Brasil como nação soberana passa pelo controle estatal dessas empresas e suas políticas de desenvolvimento econômico e social. Outra coisa que desagrada aos empresários é a fiscalização rigorosa que o governo Lula está fazendo. Os balanços estão cada vez mais apresentado lucros altos, pelo medo deles da fiscalização da Receita Federal, tendo que pagar mais impostos. “Empresários” têm sido pegos praticando contrabando como na Daslu. E todos já sabem que o PSDB é no mínimo leniente com essas práticas. Não custa lembrar que o governador tucano Alckmin foi à inauguração da loja, e que inclusive emprega duas parentas dele. A Polícia Federal está enquadrando 18 bancos, entre os quais o Bradesco, Itaú, Unibanco, Banco do Brasil, Citibank, HSBC, Bankboston, entre outros, que entre 1997 e 2003 se envolveram com uma rede internacional de doleiros para beneficiar clientes. A movimentações podem chegar a US$ 8 bilhões. Outra grande dor de cabeça do empresariado nacional, principalmente o escravocrata é a fiscalização do Ministério do Trabalho, que tem obrigado as empresas a assinar a carteira dos funcionários e atacado às fazendas que empregam trabalho escravo. Não custa lembrar que se fosse um governo tucano nenhuma dessas ações teria sido efetivada deixando o povo à própria sorte. Esses são alguns dos motivos pelos quais os empresários gostam tanto dos tucanos e não apoiarão o governo Lula. Simplesmente o presidente Lula quer uma sociedade civilizada no Brasil, coisa que hoje não existe e os empresários querem continuar e aprofundar a barbárie na sociedade brasileira, tirando o lombo do trabalhador e o esfolando para aumentar os lucros. Isso sintetiza bem a luta de classes. O velho Marx deve estar rindo na tumba.

Secos & Molhados
Rebelião pra chuchu – Rebeliões agitam o sistema penitenciário no estado de São Paulo, governado há mais de 11 anos pelo PSDB e tendo o inoperante Alckmin como governador do estado. Os tucanos não conseguiram implantar nesse período uma política consistente que considerasse recuperar o preso. Enquanto isso com a cumplicidade da mídia o desaparecido governador só pensa em fazer campanha pelo país afora. Nenhum colunista da imprensa se manifestou sobre o assunto.

Ruim pra chuchu - A Escola Estadual Soldado Eder, localizada na zona leste da cidade de São Paulo, está caindo aos pedaços. Além do prédio apresentar condições precárias os alunos são obrigados a fazer rodízio. Cada turma tem aula em dias alternados nas poucas salas que restam em condições de uso. E o “gerente” Geraldo Alckmin anda pelo país afora em campanha política. Cadê os colunistas da Folha?

CPI pra chuchu – São 67 pedidos de CPIs protocolados na Assembléia legislativa de São Paulo para averiguar irregularidades acontecidas no governo do “gerente” Geraldo Alckmin. Até agora nada, o governador barrou todas. CPI só para investigar os outros.

Licença para matar - Se a interpretação do direito dominante no tribunal de Nuremberg (aquele que julgou os crimes nazistas) fosse o mesmo do Tribunal de Justiça de São Paulo, nenhum criminoso nazista seria punido, pois todos alegariam que cumpriam ordens.

Eleitoreiro pra chuchu – Após 11 anos no governo, só agora o “gerente” Alckmin deu um kit de material escolar para os alunos da rede pública estadual. Em ano de eleição vale tudo.

Tucanaram a OAB – Foi o tempo que a Ordem dos Advogados do Brasil era uma instituição democrática. Se for levado em conta a atuação do seu presidente Roberto Busato, a instituição virou um instrumento político dos tucanos.

Tucanaram a Cultura – Os comentários do Alexandre machado no Jornal da Cultura, coincidentemente são todos favoráveis aos tucanos e o apresentador Heródoto Barbeiro dá sempre um sorrisinho de puta velha para ficar no emprego.


Contraponto

FHC disse que política é conversa. Pela conversa dele só se for fiada.

Boas Novas

Lucro recorde do BNDES – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social teve lucro de R$ 3,2 bilhões em 2005. É o maior lucro registrado na história do banco que tem prestado bons serviços ao Brasil.

Lucro recorde da Petrobras – A Petrobras registrou lucro de R$ 23,7 bilhões em 2005. O resultado é 40% acima do lucro registrado em 2004 e é o maior lucro líquido já registrado na história da empresa. Isso demonstra bem o compromisso de eficiência e gerência do governo Lula, que tem administrado as empresas públicas com o maior zelo. E também prova que o fato de ser uma empresa estatal não a priva de ser competitiva.

Banco do Brasil tem lucro recorde de R$ 4,1 bilhões. É o maior lucro da história do banco, que teve inédito retorno sobre patrimônio líquido de R$ 26,8%.

Lucro recorde da Caixa Econômica Federal – A caixa apresentou em 2005 o maior lucro da sua história, R$ 2,073 bilhões.

Show de bola – O governo Lula é brilhante também na gestão das empresas estatais. Afinal essas empresas são patrimônio de TODOS os brasileiros. No governo passado a ordem era torná-las ineficiente para convencer a sociedade da necessidade de privatizá-las. Quem não se lembra dos constantes acidentes envolvendo a Petrobras, que mais pareciam sabotagens. O drama maior da empresa foi quando a maior plataforma de petróleo do mundo a P – 36 afundou, causando perdas de vidas humanas e econômicas para o país. Atualmente a Petrobras é orgulho para todos os brasileiros com a anunciada auto-suficiência na produção de petróleo, os investimentos recordes e a empresa está ser tornando uma gigante mundial, com negócios em todos os continentes do planeta. Quando se gerencia com competência, patriotismo e ética TUDO muda e evolui.



O mapa que vai mudar a história do Brasil

Localidades de implantação de nova universidade federal e extensão de campus, feita pelo governo Lula. Todas elas são localizadas no interior do país ou na periferia das capitais.




Frases

“Nós, ao terminar o ano de 2006, vamos estar construindo um quinto de tudo o que foi feito de curso universitário em toda a história de cursos universitários neste país”.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


“É um sonho estar aqui, porque Lula luta não só contra a pobreza no Brasil, mas também contra a pobreza no mundo, como na África. Estou muito animado com isso”.
Bono Voz, líder do u2.


“Obrigado presidente Lula”.
Bono Vox, no encerramento de show no Morumbi.


“...Dizer que a lista é falsa só porque não tem ninguém do PT é um argumento muito frágil. Quando o Serra estava à frente nas pesquisas eleitorais, elas eram confiáveis. Agora que ele está “apanhando” de Lula, a pesquisa é mentirosa e o governo é acusado de fraudar o levantamento. Tenham a santa paciência! O PSDB pode ser tucano, hiena, jacaré e muitos outros bichos. Só não podem achar que o povo brasileiro é burro.”
Carlos Marcelo, Cartas Capitais, revista Carta Capital Nº 381.

“Vou ganhar dinheiro PRA CHUCHU, aliás vou ganhar dinheiro DO CHUCHU! E deposito no Caribe! E um bom slogan seria esse: “Vai dar mais que chuchu atrás do Serra”.
José Simão, Folha de São Paulo, 22/02/2006.

“...eu tenho um slogan pro Serra Vampiro Anêmico: Serra presidente, tomara que o nosso fiofó agüente”.
José Simão, Folha de São Paulo, 22/02/2006.



Poesia

· O PROFETA
· Pushkin

· Errava, espírito sedento,
· pelo deserto e, frente a mim,
· surgiu com seis asas ao vento,
· na encruzilhada, o serafim;
· ele roçou, com dedos vagos
· qual sono, meus olhos pressagos
· que abriram-se com a presteza
· dos olhos de uma águia surpresa.
· Roçou então os meus ouvidos
· e eles se encheram de alarido;
· notei que o céu fremia lento,
· e anjos voavam nas alturas,
· répteis rojavam na água escura,
· crescia no vale o sarmento.
· Chegou-me à boca e me pôs fora,
· rasgada, a língua pecadora,
· afeita a empáfia e fingimento,
· e introduziu, entre meus lábios
· gelados, com punho sangrento,
· um aguilhão de ofídio sábio.
· Vibrando o gládio com porfia,
· tirou-me o coração do peito
· e introduziu carvão que ardia
· dentro do meu tórax desfeito.
· Jazia eu hirto no deserto
· e Deus me disse: “Olhos abertos,
· de pé, profeta e, com teu verbo,
· cruzando terras e oceanos
· cheio do meu afã soberbo,
· inflama os corações humanos!”

· ( Tradução de Boris Schnaiderman/ nelson Ascher )

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