sexta-feira, fevereiro 03, 2006


ECONOMIA & POLÍTICA
Nº 50
From: evaristoalmeida
03/02/2006


a) Partido dos Trabalhadores

O PT é fruto das lutas do povo brasileiro por igualdade, liberdade e fraternidade. Essa luta data desde o quilombo de Zumbi, passando pela defesa do território brasileiro contra a invasão estrangeira, a luta pela independência, pelo fim da escravidão, pelo movimento anarquista que organizou os primeiros sindicatos e a luta pelos direitos dos trabalhadores, fundação do Partido Comunista do Brasil, Coluna Luiz Carlos Prestes-Miguel Costa, Revolução de 1930, pela luta contra o estado novo, contra o nazi-fascismo, a campanha o petróleo é nosso, pelas reformas de base, pela luta contra o golpe de estado de 1964, resistência contra a ditadura militar e novo movimento sindical. Formado em 1980, no colégio Sion em São Paulo, o Partido dos Trabalhadores foi uma junção de forças progressistas compostas por uma nova classe de operários, a igreja progressista da Teologia da Libertação, intelectuais de esquerda, estudantes comprometidos com o povo e lideranças de movimentos populares e políticos. O PT cresceu de forma exponencial, acumulando forças nos embates contra a burguesia brasileira, e se transformou numa força que disputa a hegemonia na sociedade brasileira. Ao longo do tempo o Partido foi conquistando e administrando cidades de todo porte, grandes capitais como São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza, Belém, Goiânia, Recife e Palmas; outras de menor porte como Guarulhos, Ribeirão Preto, Osasco, Piracicaba, Itabuna, São Carlos; o Distrito Federal e os estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Acre. Dessa experiência foi desenvolvida o jeito PT de administrar, com a implantação de programas de renda mínima, orçamento participativo, melhoria na educação, saúde e no transporte, transparência com a coisa pública e participação popular. O maior desafio do PT foi ganhar a presidência da república em 2002 com Luiz Inácio Lula da Silva. Essa experiência é nova pela dimensão nacional e os problemas advindos com a herança maldita deixada pelo governo anterior. Dessa experiência de administrar o Brasil e da crise política levada à nona potência pela mídia, sairá um Partido mais forte, pois como dizia Sócrates que os fortes quando tomam veneno saem fortalecidos. Daí a concepção de um novo partido, que precisa fazer um processo de concertação na sociedade brasileira e a emersão de uma nova elite. Elite não no sentido financeiro, mas no sentido político, englobando todos os atores dos movimentos sociais, como Movimento dos Sem Terra (MST), Movimento Negro Unido (MNU), União Nacional dos Estudantes (UNE), Central Única dos Trabalhadores (CUT), a ala progressista da Igreja Católica, os empresários nacionalistas, pequenos e médios agricultores, movimentos de minorias, demais religiões que querem a construção de um país justo, os intelectuais comprometidos com as causas nacionais e ansiosos por mudanças, todos os partidos políticos progressistas, entre outros. A concertação precisa ser feita em torno de um programa de desenvolvimento com distribuição de renda capaz de transformar o Brasil num país de todos, com justiça social e democracia ampla. Atualmente o Partido dos Trabalhadores é o único capaz de liderar tal movimento, pois é o que reúne condições políticas de disputar e ganhar a hegemonia na sociedade. Não é por outro motivo que a direita tentou destruí-lo. Ela sabe que a experiência e as forças acumuladas pelo PT o credencia para tal e vê ameaçada a posição que desde Cabral sempre foi dela com os resultados nefastos que se observa no país. A despeito do Brasil sempre ter sido um país rico e sempre ter exportado todo tipo de mercadoria, ele não se desenvolveu e apresenta a pior distribuição de renda do mundo. O Partido dos Trabalhadores junto com todos aqueles que sempre lutaram por um país melhor, pode implantar um projeto nacional de desenvolvimento, que possa transformar o país em desenvolvido, com democracia e distribuição de renda, superando o projeto da década de 1950, pois nesse não havia implicitamente o objetivo de distribuir renda.

b)O PSDB
O Partido da Social Democracia Brasileira nasceu de uma cisão do PMDB, na constituinte de 1988. É o único partido social democrata do mundo que não tem nenhuma base no movimento operário e pelo contrário representa as elites e deu uma recauchutada na direita brasileira. A mesma elite que vinha se desgastando com a velha Arena, PDS e PFL, encontrou no PSDB uma roupagem nova, mas o figurino continua o mesmo. Representa o mesmo tipo de gente que no Brasil império de noite lia John Stuart Mill e se posava de liberal e de dia mandava os escravos para o pelourinho. É o novo que nasceu velho, com ares de aristocracia e intelectual, os tucanos no Brasil são os vassalos da elite mundial. Eles aplicaram durante 8 longos anos toda cartilha neoliberal no Brasil com todo o receituário do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, entregando ao capital internacional 75% do patrimônio construído por gerações de brasileiros a troco de banana. Agora falam da reforma trabalhista para flexibilizar os direitos do trabalhador, isto é retirar direitos de férias, 13º salário, licença maternidade, paternidade entre outros com o argumento falacioso que isso criará mais empregos. Se falassem a verdade diriam que iriam revogar a Lei Áurea com essa reforma. Também falam em privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobrás, dando seqüência ao que eles chamam de 2ª rodada de reformas. Como não tem representatividade no meio operário e social os tucanos se apóiam e são apoiados no empresariado e na mídia. Eles vêm tentando emplacar uma imagem de gestores e competência em substituição da política. Essa imagem é muito difundida pela mídia que blindam os governos tucanos naquilo que fazem de errado e dão muito destaque ao pouco que realizam. No estado de São Paulo são 65 pedidos protocolados de CPIs na Assembléia Legislativa que poderiam mostrar o “bom” governo Alckmin. A mídia só cobra CPI no governo federal. O desmantelamento da saúde no governo estadual nunca é questionado, assim como a Febem e a área de segurança. Se qualquer governo tucano passasse pelo mesmo crivo que os governos de esquerda passam no país, eles não seriam eleitos nem para síndico de prédio. Quando comparamos os 8 anos de governo FHC com os 3 do governo Lula, se percebe que a imagem de competência e transparência do PSDB é um fato criado pela mídia. Quanto aos empresários o partido representa oportunidades de negócios via privatização ou terceirização do serviço público. As privatizações são verdadeiras ações entre amigos com patrimônio alheio. Eles obtém apoio da FIESP e em troca tocam o processo conhecido como privataria. O PSDB não tem um projeto autônomo de desenvolvimento social e econômico para o Brasil. O projeto é apenas administrar mantendo o estado vigente. Aceitam sem contestação a imposição dos Estados Unidos no continente e desejam transformar o país numa colônia estadunidense, pois já disseram que a Alca seria prioridade nas negociações internacionais e mesmo o FHC em entrevista disse que o destino do Brasil é estar atrelado aos Estados Unidos. Os tucanos representam hoje no Brasil os interesses de uma elite mundial que não tem nenhum compromisso social ou econômico com o Brasil, num processo de vassalagem que precisa ser desmontado pelas forças progressistas deste país.

c)Crescimento econômico
Quando os jornalistas comentam o crescimento chinês e indiano o fazem de forma que dá a impressão que basta querer crescer e pronto, como aquele macarrãozinho que basta alguns minutos para ficar pronto. Não é bem assim. De fato o Brasil desde a década de 1980 tem tido um crescimento medíocre. Até esta década era o país que mais crescia no mundo, mas com a crise do endividamento externo que estourou em 1982, quando ficou sem moeda estrangeira para pagar a dívida externa contraída na ditadura militar, passou por um período que foi até 1993, quando a abundância de liquidez internacional fez com que o Brasil pudesse dar um salto. Só que com o Plano Real houve a sobrevalorização cambial e começamos a nos endividar externamente e internamente, com as dívidas crescendo exponenciamente. Essa é a herança maldita deixada pelo FHC, que impediu o Brasil de dar um salto. As bases para o crescimento agora estão prontas no governo Lula, com a dívida externa já equacionada e a interna em processo de enquadramento. Os investimentos de infra-estrutura, como energia, melhoria de portos e aeroportos, recuperação de estradas está sendo realizada. A China e a Índia nunca tiveram uma elite entreguista como a brasileira, eles têm se pautado por um projeto nacional de desenvolvimento. A China após a Revolução cultural de Mao se preparou para o desenvolvimento, com crédito barato e ampla utilização de empresas estatais que têm internalizado muitas tecnologias, além de investimento maciço em educação. Na década de 1990 a China nem de perto implantou nenhum dos dogmas do Consenso de Washington, protegendo seu mercado e sua moeda. A crítica ao modelo chinês é que o custo ambiental é muito forte e as futuras gerações vão se ressentir deste crescimento a qualquer custo. A utilização da força de trabalho é sem nenhum direito trabalhista ou mesmo possibilidade previdenciária. A índia também não aderiu ao neoliberalismo, protegendo também seu mercado, principalmente de capital, sua moeda e provendo crédito barato para as empresas.


d)Secos & Molhados

- A mídia tucanalha continua escondendo o Dimastudo e quando sai alguma informação ela é feita de forma a confundir o leitor ou telespectador. Na verdade o assunto só veio à tona por causa da circulação da lista dos nomes que receberam propina via recurso público de Furnas na internet, pelo operador Dimas Toledo, que fez repasses de mais de R$ 40 milhões a candidatos de partidos que hoje estão na oposição, principalmente o PSDB e o PFL.
- Os nomes de Serra e Alckmin continuam assunto proibido na divulgação do Dimasduto. A “cientista política” Lucia Hipólito hoje (03/02) na CBN comentou o assunto e falou apenas que tucanos de alta plumagem estavam envolvidos no escândalo. A distinta senhora não tem o mesmo cuidado quando o assunto envolve o Partido dos Trabalhadores.

- Se houvesse isonomia na mídia os jornais já teriam publicado os 156 nomes dos políticos envolvidos no Dimasduto, pelo contrário os jornalistas procuram de toda forma deslegitimar a lista, apesar do perito da Unicamp ter confirmado a assinatura e um dos envolvidos, Roberto Jefferson já ter dito que a lista é verdadeira e a assinatura do Dimas Toledo já ter sido reconhecida em cartório.

- Aliás, agora é hora de convidar o Roberto Jefferson para o Roda Viva, Canal Livre e outros similares para falar da lista. É óbvio que agora o ex-deputado é persona non grata da mídia que vai fugir dele como o diabo foge da cruz. Ele só interessava quando o assunto envolvia o PT e o governo.

- Com a maior cara de pau o PSDB vem usando o programa Opinião Nacional na Cultura como programa eleitoreiro do partido. No dia 01/02, o tucano Alexandre machado, “apresentador” do programa, levou seu chefe, o Alckmin, para fazer politicagem e no dia 02/02, outro tucano de carteirinha, Gilberto Dimenstein que muitas vezes publicou artigos cuja impressão é que teriam sido escritos pelo diretório do PSDB, também deu a cara no programa, onde desfilou uma série de elogios aos tucanos Serra e Alckmin. É uma vergonha utilizar dinheiro do contribuinte para uso eleitoral. A mídia é cúmplice e se cala, afinal é o PSDB.

- O hospital da cidade Tiradentes foi deixado praticamente pronto pela gestão Marta. No local além de atendimento médico para a população também haveria uma faculdade pública de enfermagem e um colégio técnico da área de saúde. A previsão do funcionamento era no ano de 2005. Adentramos o ano de 2006 e por motivos políticos o Serra não inaugurou o hospital. A população perdeu mais de um ano de utilização de um bem público localizado numa área carente da cidade. E pior a faculdade não foi aprovada pelo Conselho Estadual de Educação, composto por tucanos, que arrumaram uma série de empecilhos para que a população carente também não tivesse acesso ao ensino público e gratuito. Isso demonstra bem a face dos tucanos, por motivos meramente eleitoreiros adiaram a inauguração de um hospital público, prejudicando a população, para fazer o jogo político. Com certeza a inauguração se dará dias antes de findar o prazo eleitoral.

- O jornalista do jornal Brasil de Fato escreveu que alguns petistas fundamentalistas estão colocando na Internet números da economia favoráveis ao governo. Para ele esses números não se justificam porque não colocam quais são as empresas que se beneficiam mais com a exportação. O jornalista não tem lido tudo que os “petistas fundamentalistas” têm colocado na Internet acerca dos bons números do governo. Primeiro esses números não se referem apenas à exportação, mas todos os indicadores econômicos são favoráveis ao governo Lula. Segundo que faz uma crítica sem nenhum embasamento técnico é preciso estudar um pouco mais de economia para se aventurar a fazer a crítica na área. Pelo visto não é somente a mídia direitona que está incomodada não, os que se acham mais esquerda também.

- Com a quitação da dívida do Brasil e da Argentina, que eram os dois maiores tomadores de empréstimo, o FMI viu reduzir em 40% a previsão de lucro e um déficit orçamentário de mais e US$ 116 milhões. Atualmente o FMI tem custo orçamentário de 2,3 bilhões.Outros países como o Paquistão, a Ucrânia e a Sérvia pensam em fazer o mesmo e quitar o pagamento com a instituição. Há um ano a Rússia quitou sua dívida de US$ 3,3 bilhões com o fundo e em 2003 a Tailândia honrou suas obrigações antes do prazo final. O que move esses países â se livrarem do FMI é conquistarem a soberania na área econômica sem os monitoramentos do fundo, que exige que os países devedores apliquem políticas recessivas com forte impacto negativo no mercado de trabalho e no crescimento do país. E em todos eles o fato de se livrar do FMI é festejado pela população.


e) Boas Novas

- A Caixa Econômica Federal aumentou em 80% o financiamento habitacional em 2005 em comparação a 2002. Em 2002 ela aplicou R$ 5 bilhões e em 2005 foram aplicador R$ 9 bilhões, atendendo 443 mil famílias, beneficiando 1,7 milhão de brasileiros. A caixa é responsável por 88% das operações de financiamento imobiliário no Brasil, que atingiu em 2005 o montante de R$ 13,53 bilhões e pode chegar a mais de R$ 18 bilhões em 2006.

- O nível de desemprego medido pelo DIEESE na região metropolitana de São Paulo é o menor em 4 anos.

- O mesmo DIEESE apurou queda no preço dos produtos da cesta básica, o que favorece o trabalhador, pois seu salário pode comprar mais produtos e ele ter uma alimentação melhor.

- Mais um nó da herança maldita do desgoverno FHC é desatado. Dessa vez pela Petrobras ao adquirir uma usina de energia termelétrica de uma empresa estadunidense. O contrato firmado pela gestão tucana obrigava a Petrobras a arcar com os custos da usina mesmo que ela não funcionasse, ocasionando mais de US$ 1 bilhão em prejuízos à empresa brasileira.

f)Show de bola

Os indicadores comparativos da economia brasileira 2002 e 2005 mostram o quanto o governo Lula melhorou todos, com exceção da carga tributária bruta em que houve um pequeno aumento. Mas a tendência desse indicador é cair, pois com a MP do Bem, houve desoneração fiscal de investimentos, produtos da cesta básica e outros. Aliado a correção da tabela de imposto de renda de pessoa física de 8%. Os indicadores mostram uma economia brasileira mais sólida e em franca recuperação da irresponsável administração do desgoverno FHC.

Dois Momentos
Evolução da economia brasileira – Em R$ bilhões

2002
2005*
Variação




Taxa de crescimento PIB
1,95%
2,5%

Taxa de inflação
12,5%
5,7%

Valor das exportações
60,4
118,3
95,86%
Saldo de transações correntes/PIB
-1,70%
1,90%

Saldo comercial
13,2
44,5
237,12%
Dívida externa líquida
194,4
126,5
-34,92
Reservas líquidas ajustadas
16,3
54,9
236,8%
Dívida pública externa/PIB
20,4%
7,0%

Dívida externa privada
100,3
71,2
29,01%
Dívida externa/exportações
3,5
1,5

Amortizações + juros/exportações
83%
53%

Dívida líquida/PIB
55,50%
51,40%

Superávit primário/PIB
3,9%
5,0%
28,20%
Carga tributária bruta/PIB
34,9%
37,3%

Dívida com o FMI
20,8
0

*Estimativa Fonte: Banco Central - Publicado no jornal Valor Econômico- 31/01/2006


Frases

“Hoje é um dia de festa, por que ontem foi o último dia de medo na Bolívia”.
Eduardo Galeano, na posse do Presidente Evo Morales

“A mídia tem hoje no Brasil o mesmo papel desempenhado pelos militares em 1964”.
Valter Pomar, em entrevista ao Valor Econômico.

“Se perguntarem ao Alckmin e ao Serra, é possível que eles neguem. Quanto a mim, a lista é verdadeira”.
Roberto Jefferson, acerca da lista do Dimasduto tucano





Poesia

· BECOS DE GOIÁS
· Cora Coralina


· Becos da minha terra...
· Amo tua paisagem triste, ausente e suja.
· Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
· Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
· E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia,
· e semeia polmes dourados no teu lixo pobre,
· calçando de ouro a sandália velha,
· jogada no teu monturo.

· Amo a plantinha silenciosa do teu fio de água,
· descendo de quintais escusos
· sem pressa,
· e se sumindo depressa na brecha de um velho cano.
· Amo a vença delicada que renasce
· na frincha de teus muros empenados,
· e a prantina desválida, de caule mole
· que se defende, viceja e floresce
· no agasalho de tua sombra úmida e calada.

· Amo esses burros-de-lenha
· que passam pelos becos antigos. Burrinhos dos morros,
· secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados.
· Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a sombra,
· no range-range das cangalhas.
·
·
· ...
· Becos da minha terra,
· discriminados e humildes,
· lembrando passadas eras...

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