sábado, maio 20, 2006

Governador diz que lista de mortos em confrontos com a polícia 'não vai sair'


20 de maio de 2006
Versão on line atualizada às 15h00m
Shows para SP se recuperar do medo

Após uma noite sem ataques - e com menos gente nas ruas - cidade se prepara para maratona cultural.

Governador diz que lista de mortos em confrontos com a polícia 'não vai sair'

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Comissão vai cobrar lista dos 107 mortos em São Paulo

REGIANE SOARES
Colaboração para a Folha de S.Paulo

Uma comissão com representantes do Ministério Público e do Legislativo vai cobrar do governo do Estado a lista com os nomes dos 107 suspeitos mortos em confrontos com a polícia desde o início da onda de ataques comandada pela facção criminosa PCC.

O objetivo do grupo, criado ontem durante reunião na Assembléia Legislativa de São Paulo, é acompanhar as investigações sobre essas mortes e as circunstâncias em que ocorreram. Além disso, a comissão quer que um grupo de peritos independentes acompanhe o trabalho do IML.

A comissão, com representantes do Ministério Público Estadual e Federal, da Defensoria Pública do Estado, da Ouvidoria das Polícias e das comissões de Direitos Humanos da Câmara Municipal, Assembléia e Câmara dos Deputados, irá pedir à Justiça a imediata suspensão de enterros de mortos como indigentes.

O medo do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputado Ítalo Cardoso (PT), é que corpos de mortos pela polícia sejam enterrados como indigentes para dificultar as investigações.

O ouvidor das polícias Civil e Militar, Antonio Funari Filho, ressaltou a necessidade de investigar os mortos pelos policiais. "Tenho notado que muita gente que não tem nada a ver com isso está entrando na bala", afirmou.

Além da comissão, o presidente da OAB de São Paulo, Luiz Flávio Borges D'Urso, também encaminhou ofício ao secretário estadual de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, solicitando a lista de vítimas .

O presidente do Conselho Nacional de Polícia Penitenciária, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, disse "estranhar" o fato de o governo se recusar a divulgar a lista dos mortos pela polícia. "Isso é um atentado contra a cidadania", disse Mariz.

Desde domingo a Folha solicita ao Estado, sem sucesso, o nome, a ficha com antecedentes criminais dos suspeitos mortos, a circunstância de cada uma das mortes, os locais onde eles ocorreram e se os corpos ficaram esperando a realização de perícia ou se eles foram removidos pelos policiais envolvidos nos casos para hospitais. A resposta é que os dados serão "divulgados em breve".

O promotor Carlos Cardoso, assessor especial de direitos humanos do Ministério Público Estadual, disse que a onda de violência desencadeada no Estado desde a última sexta-feira é maior do que o massacre ocorrido na Casa de Detenção do Carandiru, onde 111 presos foram mortos em confronto com policiais militares.

Na avaliação de Cardoso, não há nenhum paralelo aos ataques ocorridos no Estado em "nenhum país civilizado". "Essa rebelião de presos, na minha avaliação pessoal, é a maior rebelião da história do mundo ocidental. Maior inclusive do que o episódio do Carandiru", afirmou o promotor.

O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, criticou a reação da polícia aos ataques do PCC. Para ele, a PM fez uma revanche "sem dar condições dos mortos serem identificados".

Imprensa tucana agora quer tirar o corpo fora.
Mas eles têm sangue nas mãos...
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