sexta-feira, julho 07, 2006

O MAIS IMPORTANTE PARA REDEMOCRATIZAR O BRASIL É ELEGER MAIORIAS DEMOCRÁTICAS NOS PARLAMENTOS.



Muito bom Caia. Essa capa de O Globo ano passado diz tudo. Todo esse embate feroz que estamos vivendo é essencialmente um embate político e ideológico. Quando o Globo festejou antecipadamente: "Adeus, Lênin". Eles entregaram o jogo. Pensavam que com a cassação política de José Dirceu haviam nos derrotado de vez. Comemoraram antes da hora, não é qualquer Globo de araque que consegue destruir um homem como José Dirceu e nem uma sociedade que sente pela primeira vez a possibilidade concreta de se colocar de pé. Outra coisa, ficou provado que o governo LULA era uma coisa muito maior que LULA e o seu capitão, como diz a outra capa. A bronca especial que eles têm com José Dirceu, é porque eles percebem claramente que Dirceu, além de ser o candidato natural para suceder LULA, é o político brasileiro que encarna com mais determinação esse projeto da "República Sindicalista", de transformar o mercado brasileiro, num mercado de massa. Mais, transformar o mercado interno da América do Sul, num grande mercado de massa. Esse é o grande projeto que faz o imperialismo e essa elite traidora do Brasil e da América Latina tremerem. Esse é o seu maior pesadelo... am

_______________________________________________

"Nós vamos ter um enfrentamento grave!"[depois não reclamem que o presidente Lula não avisou!]

Eu não entendo nada desse negócio, mas acho que o caso é o seguinte: mercado interno forte cria condições POLÍTICAS para que o governo CONSIGA administrar melhor, com mais independência democrática -- e para todos, não só pra alguns -- as pressões POLÍTICAS.

Continuo convencida de que TUDO o que está em disputa no Brasil, ainda, sempre, é O PODER POLÍTICO. Setores que não estejam diretamente envolvidos na disputa pelo poder político estão ganhando dinheiro. E tá TOTALMENTE NA CARA: estão, sim (o que a matéria abaixo confirma).

Os jornalões, por exemplo, estão endividados em dólar. É ÓTIMO NEGÓCIO, pra eles, que o ex-dólar-FHC (que ex-valia 4 reais) tenha sido subtituído pelo dólar-Lula, que VALE, hoje, mesmo, de verdade, 2 reais.

A dívida dos jornalões e até das prefeituras pefelistas [risos muitos] foram reduzidas à metade... só com administração financeira competente. A BRONCA DOS JORNALÕES, contra o governo Lula, hoje, portanto, não é 'empresarial': é uma bronca TOTALMENTE POLÍTICA.

Os jornalões nem se incomodam de perder dinheiro... desde que não percam PODER POLÍTICO.
Esse pessoal raciocina ainda, no Brasil, com cabeça de dono de latifúndio!

A degola de Palocci foi TOTALMENTE política (para ferir o governo Lula, na discussão pública, com vistas às eleições). Se houvesse qquer dúvida de que o governo Lula CONTINUARIA a fazer o que está fazendo, Palocci teria sido preservado (NÃO ESQUEÇAMOS QUE O PODER POLÍTICO AINDA É TOTALMENTE DELES... porque eles é que tem MAIORIA NOS PARLAMENTOS).

O mesmo, aliás, se pode dizer do ministro José Dirceu. Como o próprio José Dirceu disse, ele não foi degolado pelo que fez (pq não cometeu nenhum crime). Dirceu foi degolado (pela mídia e pelas maiorias ANTIDEMOCRÁTICAS), pelo que ele representa: foi uma degola simbólica... que, porque foi só simbólica, teria sido TOTALMENTE IMPOSSÍVEL sem a ativa colaboração da midia de jornalão.

É isso, afinal -- a disputa TOTALMENTE POLÍTICA, pelo PODER POLÍTICO --, que explica O TOTAL ENLOUQUECIMENTO da Folha de S.Paulo, ou do Estadão, ou da revista NÃO-Veja: eles estão entregando os dedos (o jornalismo decente), pra conservar os anéis (o poder político anti-democrático).

É isso, afinal, que explica, também, que a disputa eleitoral seja construída (no 'marketing' e nos jornalões) com atenção só ao candidato a presidente: de fato, o presidente não é o mais importante para a luta pela redemocratização do Brasil.

O MAIS IMPORTANTE PARA REDEMOCRATIZAR O BRASIL É ELEGER MAIORIAS DEMOCRÁTICAS NOS PARLAMENTOS.

A tal de "gestão" é puro golpe: gestione quanto quiser, e como lhe dê na telha, nenhum governo faz coisa alguma sem MAIORIA PARLAMENTAR. A gestão do governo PT-PCdoB é INFINITAMENTE MELHOR do que gestão da tucaria pefelista -- e até eles já sabem disso, é claro.

O tal de 'choque de gestão' é pura invenção, pra 'despolitizar' a discussão eleitoral: O MAIS IMPORTANTE É ELEGER MAIORIAS DEMOCRÁTICAS NOS PARLAMENTOS.

Os ruralistas sabem disso, no Brasil, há eras. (Os petistas ainda não sabem. E têm de aprender, e bem rápido.)
___________________________________________________

O governo brasileiro não pode legislar sobre os negócios das empresas transnacionais, mas pode, sim, legislar nos negócios 'locais' -- para fazer isso temos de ELEGER MAIORIAS DEMOCRÁTICAS nos parlamentos, o que ainda não temos.

Mercado interno forte TIRA PODER político, por exemplo, dos exportadores de soja, de cana etc... dentre outros motivos porque um mercado interno forte QUEBRA A UNIDADE DOS EMPRESÁRIOS: vão os do agrobusiness prum lado... e vão os outros pra outro lado (isso já está acontecendo.

ISSO SERIA BEM MAIS VISÍVEL se houvesse algum tipo de MELHOR DISCUSSÃO POLÍTICA, sobre tudo, seja na universidade (que é udenista, no Brasil, ainda) seja na mídia.

Mercado interno forte é TOTALMENTE o oposto do que 'ensinam' as economias neoliberais.

Não esqueçam que o Golbery queria que o Brasil fosse "ancorado às economias mais desenvolvidas". "Âncora", sacomé: é pra ficar beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem lá no fundão, paradona.

Mercado interno forte é TOTALMENTE o contrário de ser "ancorado às economias mais desenvolvidas". Depois, seguidor neoliberal-à-moda-Clinton-Kissinger-global de Golbery, FHC estudou a "Teoria da Dependência", mas pra nos ensinar A DEPENDER... não para nos ensinar a constituir mercados internos fortes.

Os "empresários da cana" sempre mandaram no Brasil como, antes deles, quem mandava eram os "empresários do café". Em 1500, eram os "empresários do pau-brasil". Depois, foram os 'empresários" dos metais preciosos, os "empresários" dos diamantes etc. etc.

Fortalecer o mercado interno cria condições nas quais o agrobusiness perde poder de barganha em relação ao governo: com mercado interno forte, eles perdem poder POLÍTICO.

Por isso, precisamente, é que eles tanto estrilam por o dólar estar baixo.

ONDE, no mundo, já se viu alguém reclamar por uma moeda estar forte em relação ao dólar (ou por, pelo menos, não estar TÃO FRACA como sempre foi?! [risos] Pois até isso os "empresários" da cana e da soja estão fazendo: estão querendo um real beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem fraco (pq eles só pensam em mercados externos).

Perguntem se os plantadores de laranja da California querem que o dólar deles desabe [risos muitos]!

TODA A DISPUTA NO BRASIL é, hoje, POLÍTICA. 'Economia política', como Marx ensinou, é um paradoxo: ou se trata de economia, ou se trata de política [risos muitos].

Os caras do agrobusiness querem nos enganar que se trata de economia.
Os professô-dotô da tucanaria querem nos enganar que se trata de política.

Só os pobres sabemos que se trata, mesmo, sempre, exclusivamente, de CONSTRUIR A NOSSA HEGEMONIA, duela a kién duela. No pasarán!

Sorte nossa, afinal de contas, que "não é possível medir diretamente o efeito da variação cambial sobre a rentabilidade", como se lê, muito estranhamente, na ÚLTIMA LINHA da matéria publicada no Valor Econômico [risos muitos]. Essa evidência 'científica', contudo, NÃO TEM IMPEDIDO QUE O AGROBUSINESS ESPINAFRE O GOVERNO LULA, todos os dias. Tá provado: não se trata de nenhuma "economia": tudo é POLÍTICA.

Valor Econômico (03/07/06)
Câmbio remunera maioria dos setores

Sergio Lamucci para o Valor Econômico

http://www.valoronline.com.br/valoreconomico/285/primeirocaderno
/Dolar+atual+ainda+remunera+a+maioria+dos+exportadores,,,62,3770991.html
____________________________________________

PARA NÃO ESQUECER 1: "Nós vamos ter um enfrentamento grave. Vocês se preparem." (Presidente Lula da Silva, do Brasil, maio de 2006).

PARA NÃO ESQUECER 2: "Nosso programa para o segundo mandato é (1) mercado interno de massa, apoiado em um amplo programa de distribuição de renda; (2) revolução educacional; (3) política de exportações agressiva; e (4) integração sul-americana que adicione respostas continentais aos impasses econômicos gerados pela volatilidade mundial" (Ministro José Dirceu, "O que está em jogo em 2006", 22/6/2006, Jornal do Brasil)

PARA NÃO ESQUECER 3: "O verdadeiro air-bag para proteger o país da volatilidade mundial não é o retorno à ortodoxia regressiva e antipovo e, sim, a construção de um amplo mercado interno de massas." (Ministro José Dirceu, "Os inimigos do povo", 29/6/2006, Jornal do Brasil)