segunda-feira, julho 24, 2006

Impor a democracia e a sociedade à universidade brasileira

A política do presidente Lula, para a ciência, no Brasil-2006, é zilhões de vezes mais eficaz e consistente do que as politiquices e cientifiquices e sociologias-de-araque, 'mercadológicas', dos governos dos professô-dotô udenistas-uspeanos-tucanos-pefelistas
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O editorial de ontem, da Folha de S.Paulo [“Editorial”, FSP, 23/7/2006, "Ciência em alta", em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2307200602.htm], é extraordinariamente importante.

É importante pelo que diz: que de 2004 para 2005, o número de artigos assinados por cientistas brasileiros e publicados em periódicos indexados aumentou 19%.

E é importante também pelo que não diz: que a ciência publicada, no Brasil, foi de péssima qualidade científica --, durante a década de governo dos professô-dotô udenistas-uspeanos-tucanos-pefelistas.

Mas esse negócio tem de ser muito bem explicado e bem discutido -- além de exibir só os números! --, porque, no Brasil, os cidadãos eleitores NUNCA foram e ainda não são ensinados a olhar criticamente (e politicamente, e com olhos democratizados) também para a universidade brasileira.

A "produção 'científica'"

Daí que quem não conheça a tal de "produção científica" pode ser levado a pensar que os cientistas brasileiros 'melhoraram', por alguma espécie de 'mérito pessoal' que, de repente, tivesse 'acordado' na alma ou nos computadores dos cientistas brasileiros. Errado. Os cientistas brasileiros ainda são, em 2006, os mesmos que eram, nas universidades brasileiras dos governos da tucanaria udenista-uspeano-pefelista.

É preciso mais de 30 anos para superar uma geração de cientistas, por mais antidemocráticos que sejam e, também, por mais insuficientes que sejam, do ponto de vista propriamente científico.

Em muitas áreas – sobretudo nas chamadas “ciências humanas e sociais” –, uma nova teoria, ou um modo apenas diferente de ver, analisar, descrever, pesquisar e explicar os fenômenos e os problemas têm de esperar, para aparecer e dar frutos socialmente relevantes, que morra, literalmente, o último 'catedrático' militante de algum velho paradigma científico dominante.

Ou é preciso esperar -- para dar um passo novo, adiante, em inúmeros campos de pesquisa acadêmica --, que morra, literalmente, o ‘dono’ de um campo ou domínio científico, ou, simplesmente, o ‘dono’ das bolsas de mestrado, doutoramento etc.

Essa é a receita infalível para construir panelas acadêmicas; mas JAMAIS, em tempo ou lugar algum, essa foi a receita certa para produzir boa ciência.

Leitura interessantíssima, para começar a entender a vida e morte de teorias e de suas respectivas panelas acadêmicas – que é processo histórico, social e político –, é, por exemplo, "A estrutura das Revoluções Científicas" (Thomas S. KUHN. [1962]. São Paulo: Ed. Perspectiva. Coleção "Debates", 1975; 1995).

Se esse processo é uma lenta e dolorosa história conservadora mesmo nos países que são hegemônicos na produção de ciência... imagine-se o que acontece, então, em países periféricos, nos quais, como se sabe, nada de inventa e tudo se copia, e as elites conservadoras ainda mandam e desmandam, também, nos campos do 'saber'.

A 'universidade' da tucanaria ainda é a mesma (e ruim)

O cidadão-eleitor brasileiro que não conheça o funcionamento das academias brasileiras, e leia o editorial “A ciência avança”, da FSP, facilmente será levado a pensar, também, que 'a universidade' melhorou, nesse caso, por alguma espécie misteriosa de 'mérito' institucional. Errado, outra vez. As universidades brasileiras continuam horriveis, iguaizinhas ao que sempre foram, quer dizer, elitistas, auto-referentes, autocentradas, com a tendência perversa e perversora de falar sempre com o próprio umbigo, sempre de costas para a sociedade.

Não melhoraram em nada, portanto, ainda, nem os 'cientistas' brasileiros nem a 'universidade' brasileira.

De fato, tudo piorou, no Brasil, quando as panelas udenistas-uspeano-tucano-pefelistas chegaram aos postos do governo do Estado (federal e estadual e municipal, no Brasil) e constituíram a famigerada república dos “professô-dotô da tucanaria uspeana-pefelista”.

Quando, afinal, sim, foram demitidos os professô-dotô uspeano-tucanos-pefelistas (sempre udenistas, historicamente, no Brasil) do comando POLÍTICO das políticas para a produção de ciência publicada, em 2002, aí sim, a qualidade da ciência publicada começou a melhorar, sim, no Brasil.

NÓS e o NOSSO VOTO DEMOCRÁTICO demitimos, de Brasília, os 'professô-dotô'

Quem demitiu os professô-dotô tucano-pefelistas, do comando político das políticas para a ciência, no Brasil, fomos NÓS -- justamente, os sem-universidade-coisa-que-preste, há décadas! -- e o NOSSO VOTO DEMOCRÁTICO.

O editorial da FSP, hoje, portanto, é importante também pelo que NÃO diz com clareza.

A CAPES que funciona para democratizar

E o que o editorial da FSP não diz com clareza é que a única, enorme, grande e muito bem-vinda novidade, que, isso sim, levou a melhorar os números do que a universidade brasileira produz, de ciência-coisa-que-preste, é, SOBRETUDO, a decisão POLÍTICA, do governo Lula, de exigir que a Capes FUNCIONASSE para democratizar, não para ‘coroar’ e ‘recoroar’ sempre os mesmos príncipes e subpríncipes, de sub-sociologias-de-araque, ou de 'ciências políticas' de propaganda, ou de 'ciencias sociais' pra repetir em 'entrevistas' de jornal, de rádio, de marketação.

"Periódicos indexados"

Para entender isso, é preciso saber, primeiro, o que são "periódicos indexados". Há uma explicação longa -- que não cabe aqui. Fiquemos, então, com a explicação curta: "periódicos indexados" são revistas que circulam internacionalmente, e que publicam textos escritos por cientistas.

Essas revistas são consideradas fonte confiável de informação e conhecimento, justamente porque só publicam material considerado importante por cientistas reconhecidos na chamada "comunidade científica relevante", em cada área científica, em todo o mundo.

Nesse caso, antes de serem aceitos para publicação numa ou noutra dessas revistas indexadas, os artigos científicos são lidos e avaliados por cientistas reconhecidos como autoridade científica internacional. Se os artigos prestam, são recomendados para publicação. Se não prestam, são devolvidos ao autor (às vezes, com comentários; às vezes com um definitivo “Not recomended”).

Para entender, então, tudo quanto a FSP não diz, hoje, em editorial, é preciso saber também o que é a Capes.

História da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)

A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) é órgão do Ministério da Educação; mantém um portal em http://www.capes.gov.br/capes/portal/, no qual se pode ler toda a história da instituição, desde 1951, quando nasceu, sob a presidência de Anísio Teixeira, sob governo democrático, de Vargas; sobre a demissão e cassação de Anísio Teixeira, no golpe de 64; sobre a ‘reorganização’ do órgão para servir à universidade da ditadura; sobre a extinção da Capes, no início do governo Collor (pela Medida Provisória nº 150, de 15/3/1990); sobre a ‘reinvenção’ da Capes, para servir os governos da tucanaria udenista-uspeano-pefelista, em 1995 (“naquele ano, o sistema de pós-graduação ultrapassa a marca dos mil cursos de mestrado e dos 600 de doutorado, envolvendo mais de 60 mil alunos”).

Durante os governos da tucanaria udenista-uspeano-pefelista, “o maior salto ocorreu na titulação: quase triplicou o número de mestres e de doutores titulados entre 1996 e 2003”. Quantidade, nesse caso, só muito raramente significa qualidade.

De fato, nos governos da tucanaria uspeana-tucano-pefelista, a Capes foi convertida em máquina de aprovar cursos superiores, no Brasil: qualquer escola de fim-de-linha – desde que privada ou rapidamente privatizável – recebeu alvará para funcionar... e funcionou. E produziu péssima ciência... e despencaram os números de artigos publicados, por autor brasileiro, nos tais de “periódicos indexados” – e a ciência brasileira passou vergonha, todos os dias, em praticamente todos os campos da produção de ciência, face às comunidades científicas relevantes, do planeta.

"Esqueçam o que eu escrevi!" (Ou: "Eu nunca disse isso. Eu mesmo já esqueci tudo!")

A melhor sociologia que o Brasil jamais produzira, nos anos de Florestan Fernandes, por exemplo... passou a ser manipulada partidariamente, programaticamente, com o descaso que se conhece: “esqueçam o que eu escrevi”.

A universidade brasileira udenista-tucano-pefelista, sempre obediente ao poder político mais atrasista, obedeceu o autoproclamado ‘príncipe’, eleito presidente da República: e despencaram os números da ciência publicada nos periódicos indexados, assinada por cientista brasileiro.

Essa, afinal, é a história que o editorial da FSP não conta... ao anotar, afinal, em 2006, que os bons números crescem, afinal, no Brasil, no governo Lula.

É indiscutível verdade, sim, que, a partir de 2004, “a Capes foi inflexível na apreciação das escolas e chegou a fechar cursos de instituições de prestígio”. Provavelmente, mais cursos devem ainda ser fechados, se se considera a quantidade catastrófica de ‘cursos superiores’ que, hoje, no Brasil, ainda são máquinas de gerar dinheiro, mas não geram sequer uma linha de ciência publicável... em periódicos indexados.

Melhorou a Capes, portanto, e muito, porque melhorou o conteúdo democrático do Estado, no Brasil, no primeiro governo Lula.

Impor a democracia e a sociedade à universidade brasileira

Também na produção de ciência publicada, o governo Lula do Brasil está começando a conseguir impor a sociedade à universidade.

Essa, afinal, a mais bem-vinda novidade, que aparece nos números que a FSP publica... depois de séculos durante os quais a sociedade brasileira foi esquecida por uma universidade autista que se auto-impôs – como saber antidemocrático e autolegitimado – à sociedade brasileira.

Bem feitas as contas, facilmente se vê que, quando um país extenso e rico como o Brasil vê-se reduzido à tragédia da desigualdade social mais monstruosa, é indispensável que se veja, para criticar, o papel desdemocratizatório que tenha, na produção de d esigualdades, também a universidade brasileira autista, elitista, fechada em si e indiferente à sociedade que, no frigir dos ovos, é quem a mantém. Isso, contudo, não se lê no editorial da FSP.

Os professô-dotô tucano-pefelistas, 'casados' com a mídia de propaganda de DESDEMOCRATIZAÇÃO do eleitor brasileiro

Se se considera, afinal, o horrrendo ‘casamento’ ao qual se assiste hoje, entre aqueles mesmos ‘cientistas’ tucanos-pefelistas-uspeanos partidarizados, que fazem de seus títulos acadêmicos moeda de troca na guerra ‘midiática’ e alugam-nos à propaganda política de DESDEMOCRATIZAÇÃO do eleitor brasileiro, ainda hoje, publicados, incansavelmente, todos os dias, em todos os jornalões e revistas NÃO-Veja... vê-se que, sim, ainda há muito o que fazer para repor em trilhos democráticos a ciência que se produz e publica, no Brasil. Temos, portanto, de continuar a melhorar os números que a FSP publica hoje.

Para fazer isso, também, temos de reeleger o presidente Lula: para continuar a reconstruir a democracia brasileira; para que consigamos, afinal, impor a democracia, também, à universidade brasileira.

É Lula de novo, com a força do povo! LULA É MUITOS!
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