sábado, abril 22, 2006

Ideli: oposição se inclina para o golpismo

Os mais recentes lances da oposição contra o governo Lula se inclinam cada vez mais para o golpismo, na avaliação da senadora Ideli Salvatti (SC), líder da bancada PT no Senado. A tese do impeachment do presidente, que voltou à pauta, bem como o pedido de instalação de uma CPI para investigar pessoas próximas a Lula, revelam, na opinião de Ideli, a tentativa de eliminar “a qualquer custo” a disputa democrática que se dá através do voto.

Para a senadora, a oposição já ultrapassou “o limite da irresponsabilidade” - numa citação à frase dita pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quando vieram à tona as negociatas de seu governo em torno da privatização das teles, em 1997.

Ela acredita, porém, que tais ataques terão o mesmo destino de todos os feitos até agora: o descrédito da população. Segundo Ideli, isso se dá porque o governo Lula melhorou a vida da população e porque os acusadores de hoje têm um passado que os condena.

Leia abaixo a íntegra da entrevista:

Como a sra. analisa esse pedido de uma CPI para investigar pessoas próximas ao presidente Lula?
Primeiro, vamos ter de fazer uma avaliação em termos da constitucionalidade do pedido, porque há uma série de fatos (citados) que não têm conexão entre si. Precisa ver se legalmente tem amparo esse tipo de requerimento. Quanto ao objetivo está claríssimo. É o mesmo objetivo que a oposição vem perseguindo já há mais de 10, 11 meses, numa demonstração clara de que o resultado que eles almejam não estão atingindo. A popularidade, a avaliação e a intenção de voto no presidente Lula se mantêm em todas as pesquisas. Portanto, insistir nessa tecla é uma coisa que, em termos de tática da oposição, não tem apresentado resultados.

A oposição não estaria avançando demais o sinal?
É a aquela frase dita pelo Fernando Henrique: “Já ultrapassamos o limite da irresponsabilidade”. Começa a beirar uma coisa próxima de golpe político, que é você tentar eliminar, a qualquer preço, a qualquer custo, o ápice da democracia, que é o voto.

Isso seria possível, com as eleições tão próximas?
Pois é. É até interessante que apareça uma proposta como essa num momento em que até os patrocinadores da CPI do Fim do Mundo (também conhecida por CPI dos Bingos) estão querendo antecipar o fim do mundo, inclusive apresentando, pela imprensa, insinuações de que estariam dispostos a encerrar a CPI antes do prazo estabelecido.

Isso por conta da dinâmica das campanhas eleitorais?
Dinâmica de campanha... vai coincidir com Copa do Mundo... Depois é o seguinte: eles estão nessa estratégia, com essa maneira de operar, há meses, e o resultado não se apresenta como eles gostariam. E por que não se apresenta? Porque a população tem memória, sim, ela lembra do passado que condena muitos dos que estão aí. Depois, a população tem o entendimento dos erros que nós cometemos, a dimensão, e não tem como colar que os procedimentos sejam, como eles enchem a boca para falar, do “maior escândalo de corrupção da história”. Isso é uma coisa tão forçada que leva à incredulidade. É aquela história do exagero. Exageram tanto que caem no ridículo, no descrédito. E, depois, o que mexe com as pessoas é o seu cotidiano. Muito mais do que os debates, as elaborações de análises etc., o que mexe com a maioria da população é o cotidiano. Tem mais oportunidade de emprego, tem mais oportunidade de comprar as coisas por um custo menor do que comprava antes, tem mais oportunidade de estudo, tem mais oportunidade de melhoraria na habitação, tem mais crédito.... ou seja, o cotidiano das pessoas melhorou e elas identificam isso nas ações do governo Lula. É muito difícil você remar contra a realidade.

O PT entrou com mandato de segurança contra a CPI dos Bingos. Em que pé está o julgamento no STF?
Nós estamos aguardando o julgamento do mérito. A última informação que a gente tem é que ele está com o procurador-geral da República. Isso porque o Ministério Público tem que se pronunciar antes de ir a julgamento.

Nas últimas semanas, na esteira do recrudescimento dos ataques ao PT e ao governo, voltou-se a falar com mais freqüência na possibilidade de um pedido de impeachment do presidente Lula...
Eles retornaram ao tema. Uma parte da oposição já teve essa intenção, recuou e agora volta. A sensação que nos dá é que fazem isso apenas para manter o ponto na pauta. Porque não tem viabilidade jurídica, não tem amparo institucional e muito menos apoio popular. Eu não consigo vislumbrar a viabilidade de um pedido desses.

Nesta quinta-feira o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, vai à Câmara falar sobre os episódios envolvimento a quebra de sigilo do caseiro. Como está a expectativa para essa audiência?
Estamos aguardando com muita tranqüilidade. O ministro se prontificou, se colocou à disposição no horário, no local (determinado pelo Congresso). Ele está tranqüilo no trato dessa questão. Todos os atos atinentes ao exercício do cargo dele, ele tomou de pronto. Ele tomou conhecimento da quebra do sigilo na sexta-feira à noite e nem esperou o primeiro dia útil. No próprio domingo já determinou a abertura do inquérito e o acompanhamento do Ministério Público. Em duas semanas estava já todo o inquérito encaminhado, tanto que já tem relatório parcial (da Polícia Federal). Portanto, um processo rápido e eficiente.

João Paulo Soares, do Portal do PT