segunda-feira, agosto 07, 2006

NO BLOG DO WR

Noticiário internacional

Leitor me encaminha cópia de matéria publicada no matutino Veja Agora, de São Luís, seção ‘Mundo’, de sexta-feira passada (4):

“Hizbollah ameaça Tel-Aviv — O clima entre o grupo terrorista libanês Hizbollah e as forças de defesa de Israel .... tornou-se mais tenso nesta semana, com ameaças dos dois lados. Israel disse ontem que seus ataques ao Líbano serão estendidos até o próximo dia 12 e quer ampliar a invasão ao território libanês. O Hizbollah condicionou um possível cessar-fogo à retirada de Israel do território libanês e ameaçou lançar foguetes contra Tel-Aviv. Do lado israelense, o ministro da Defesa Amir Peretz .... autorizou o Exército a tomar o controle de regiões no sul do Líbano, até rio Litani, que fica a 30km da fronteira, principal provedor de água para aquela região.”
Israel invadiu o Líbano, mata civis como se fossem ratos, inclusive dezenas de crianças, e trata de fazer o país recuar 30 anos ou mais, com a cruel destruição de sua infra-estrutura. Quer agora ampliar a invasão, quer dizer, a ocupação do território do vizinho. Mesmo assim sua máquina de matar e aterrorizar é descrita como “forças de defesa”...
Já o partido político Hizbollah, organizador de antigo e heróico movimento guerrilheiro defensivo (atua apenas em território libanês e só passou a lançar foguetes quase “caseiros" sobre Israel após a invasão do país pelo exército judeu), este é “terrorista”. E o destaque da notícia é que o Hizbolah “ameaça Tel-Aviv”.

Isso se lê em Veja Agora, jornal cujo dono, o ex-deputado Ricardo Murad, brasileiro de nascimento, é filho de pai e mãe libaneses. Imagine se fosse judeu. Mas o problema não é deste ou daquele jornal. O Estado do Maranhão, o Jornal Pequeno, O Imparcial, O Liberal de Belém, O Povo de Fortaleza a Folha de S.Paulo, a Band News, a Globo, todos têm praticamente as mesmas notícias sobre o massacre do Líbano, com as mesmas palavras-chaves (“terroristas”, “radicais”, “forças defensivas”, “resposta israelense”, “missão de paz dos EUA” etc), o mesmíssimo ponto de vista. Tudo isso reduz o chamado “noticiário internacional”, na maior parte da mídia, a pouco mais que propaganda do imperialismo ianque-sionista no Oriente Médio.

Com a conivência, em toda parte, dos donos da mídia.

Gringo News
A Band News deu que uma investigação do Exército de Israel “revelou” — foi este o verbo escolhido — a inocência dos pilotos que bombardearam um abrigo libanês matando 60 pessoas, inclusive 35 crianças.
Mas até agora não noticiou que a ONG norte-americana Human Rights Watch, embora usando de ridículas cautelas verbais, declarou que Israel, “em algumas ocasiões”, bombardeou civis "deliberadamente".

Escrito por WALTER RODRIGUES às 15h32