Agendando o arcaico, a aventura e a histeria religiosa
Um candidato perigoso
Na fotografia, José Serra em aglomeração de tucanos, mostrando a imagem de São Francisco das Chagas, na cidade de Canindé, norte do Ceará, sábado (16).
O candidato da direita brasileira está sendo assessorado por estadunidenses do Partido Republicano. Quer pautar, seja pela via ingênua como essa da fotografia, seja pela via criminosa através de calúnias e difamações, temas ancestrais do imaginário popular brasileiro, agora, numa agenda político-eleitoral de última hora. Eles - os tucanos e os republicanos - bolaram um menu de tabuísmos e disfemismos que ainda podem assombrar a ingenuidade de indivíduos crédulos e incomplexos. Exemplos: exploração de preconceitos sexuais relativo à prostituição (disfemismo); debate raso sobre o tabu do aborto, lançado para provocar comoção, histeria religiosa e temor gratuito em espíritos singelos e indefesos; moralidade prescritiva ao Outro, como forma preventiva e de isenção do Eu (caso Mônica Serra ), etc.
Ora, essa ordem de temas propostos pela central de inteligência eleitoral tucano-republicana mexe no substrato mais arcaico depositado (em repouso) no fundo escuro da imaginação popular. A intenção astuciosa é a de agitar esse material em repouso e, assim, turvar a capacidade de discernimento e embrutecer a acuidade das pessoas, revolvendo os velhos sedimentos de extratos religiosos, deformações culturais, conceitos mal assimilados, inconsciência primitiva, normas introjetadas e moral recebida.
Uma aventura algo arriscada, sem nenhuma garantia de êxito, mas é o que restou para uma direita esvaziada de bandeiras políticas, acuada eleitoralmente, deserta de proposições de totalidade e perdida num mundo que lhe é hostil - os valores do popular e do democrático que os brasileiros aprenderam a preservar e construir nestes últimos oito anos no Brasil.
domingo, 17 de outubro de 2010
Você sabe o que é justiça imanente?
O chefe da Igreja católica da Bélgica defendeu na última sexta-feira (15) sua afirmação anterior de que a Aids é uma "espécie de justiça imanente", apesar da polêmica causada em seu país, já indignado pelo escândalo de pedofilia por parte dos padres católicos.
Monsenhor Andre-Joseph Leonard (foto), arcebispo de Bruxelas e considerado uma figura muito ligada ao Papa Bento 16, tentou amenizar a controvérsia por suas declarações publicadas na quinta-feira (14) em um livro de entrevistas, mas manteve sua postura: a Aids é uma espécie de pacote dois-em-um, o sujeito comete o pecado e o castigo já vem automático, embutido na sequência do mesmo.
Como é belo e simples o mundo explicado pelas religiões, não?