quinta-feira, fevereiro 16, 2006
O FIM QUE TODO TRAIDOR MERECE
Nova luta interna tucana: FHC ajuda ou atrapalha ao atacar Lula?
FHC no El Tiempo: Alca sim, Lula jamais
Por Bernardo Joffily
Enquanto a disputa entre o prefeito José Serra e o governador Geraldo Alckmin foge do controle, outra polêmica parece contagiar o PSDB: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está ajudando ou atrapalhando os tucanos, com sua linha "hard" de ataques ao governo Lula?
Quase nada vem à luz sobre esta segunda controvérsia, ao contrário da outra, escancarada desde janeiro. Mas nesta quarta-feira (15) o jornalista Josias de Souza escreveu, em seu blog na Folha Online, que "lideranças do PSDB começam a defender internamente a tese de que Fernando Henrique Cardoso passe a ter uma participação mais discreta na cena política" (abaixo, cito mais trechos do blog).
Ele apóia Uribe e a Alca, mas não é conservador...
De sua parte, Fernando Henrique continua de língua solta. Muito à vontade no papel de tropa de choque, nõ reluta em torrar uma imagem laboriosamente construida, de político-sociólogo que não se mete em baixarias. Fala sem parar, compulsivamente, pensem o que pensarem seus correligionários ou o povo brasileiro.
Ontem (15), FHC apareceu nas páginas do jornal El Tiempo, da Colômbia, onde foi dar seu apoio à reeleição do presidente Alvaro Uribe — o mais direitista da América Latina. Disse que Lula é mais conservador do que ele e negou ser neoliberal: "É outro equívoco da esquerda latino-americana atual".
Na mesma entrevista, Fernando Henrique ainda confessa e renova o seu apoio ao projeto norte-americano da Alca: "Eu antes acreditava que teríamos que buscar a Área de Livre Comércio das Américas", diz, lamentando que "tanto os estadunidenses como os brasileiros não quiseram isto". O entrevistador então pergunta se FHC mudou sua posição. "Não, continuo pensando a mesma coisa, mais já não é possível", deplora.
Ala tucana quer um "cala a boca, FHC"
Alguns tucanos, segundo o Blog do Josias, "acham que a superexposição a que o ex-presidente vem se submetendo está influindo na recuperação de Lula nas pesquisas". E "pelo menos um" membro da cúpula do PSDB acredita que FHC "ajudaria mais se concordasse em se afastar em definitivo do noticiário". O partido teria encomendado pesquisas qualitativas que entre outras coisas tentam aferir o prestígio (ou desprestígio) de FHC.
"Começa a se disseminar entre os tucanos a sensação de que, ao radicalizar o debate com o PT, FHC reproduz o ambiente da eleição de 2002. Algo que ajudaria o adversário. Lula foi eleito em 2002, recorda um dos líderes ouvidos pelo blog, justamente porque a sociedade buscava algo diferente de FHC", diz ainda Josias de Souza. "Na opinião de uma parte da cúpula do PSDB, o timbre agressivo teria passado à opinião pública a impressão de que, a exemplo do que ocorreu em 2002, a eleição de 2006 reproduziria o embate FHC X Lula. O que seria um erro estratégico", acrescenta.
Na internet, os rastros da contenda
Nenhum tucano que o jornalista cita em off veio a público sustentar essas preocupações. Mas é possível rastreá-las em sites de alas tucanas na internet, de visitação modesta mas muito empenhados em vender suas idéias ao público intrapartidário.
Por exemplo, o Primeira Leitura (http://www.primeiraleitura.com.br/), ligado à revista homônima e ao ex-quase ministro de FH, Mendonça de Barros. Seu editor e principal publicista atualmente, Reinaldo Azevedo, confirmou a polêmica ao sair em defesa do ex-presidente, nesta terça-feira, no artigo "FHC atacou. E fez bem. Ainda é pouco". O título já diz tudo.
Outro endereço onde a polêmica se introduz nas entrelinhas é o e-agora (http://www.e-agora.org.br/) que se propõe em seu "quem somos" a funcionar como uma “ágora eletrônica” tucana. Neste sítio, Eduardo Graeff — ex-secretário-geral da Presidência da República sob Fernando Henrique — trocava farpas nesta quarta-feira com Augusto de Franco, ex-teórico petista convertido ao tucanismo sob o governo FHC.
Depois ele vai para alguma agência...
De Franco é o pessimista amargo no ping-pong internáutico. Sem citar nomes, compara Fernando Henrique a um técnico de futebol "que orientou o time a permanecer no próprio campo durante todo o primeiro tempo e que, faltando meia hora para o fim da partida, ainda substituiu a linha de craques por três ou quatro pernas de pau". Ele indaga: "Como esse técnico vai encarar os torcedores? Talvez fique lá mesmo no exterior, se puder." E ainda tripudia, lembrando os tucanos que irão "para algum organismo internacional, para alguma agência multilateral", para concluir: "Nós, que ficaremos aqui, é que vamos ter que agüentar a rebordosa".
Graeff, é o otimista que faz boa cara ao mau tempo. Em nome de "todos nós que queremos derrotar Lula e o PT", reclama que o colega está a "espalhar dúvidas e desânimo do nosso lado antes mesmo de entrarmos na briga eleitoral". Acusa-o de "derrotismo". E, como se dizia: "A luta continua".
http://www.vermelho.org.br/diario/2006/0216/0216_fhc1.asp
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