quarta-feira, novembro 02, 2005

ARENA DE VALENTÕES


ACM Neto “grampinho” esquece o próprio apelido e diz que está sendo grampeado


O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), foi irônico ao responder ontem (1/11) à afirmação do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) -foto- de que suspeita que esteja sendo espionado pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência). “De grampo a família dele entende bastante”, afirmou o petista, referindo-se ao escândalo do grampo no painel do Senado, que levou à renúncia do avô do pefelista, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), em 2001. Por causa deste episódio que colocou mais uma mancha na já enlameada trajetória política da família ACM, o neto de Antônio Carlos Magalhães é conhecido nos bastidores da Câmara como "grampinho".

Em discurso no Plenário da Câmara, o deputado pefelista exigiu providências ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. “Não mexam com os meus, nem comigo, porque eu estou pronto para me defender. Vou recorrer aos meios legais para fazer isso da forma mais transparente e democrática possível, como tenho procurado atuar como membro-titular da CPI dos Correios” afirmou ACM Neto. Disse que iria se juntar ao líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), que afirmou na segunda-feira que daria “uma surra no próprio Lula” se alguém mexesse com sua família. “E digo mais, ao associar-me às palavras do senador Arthur Virgílio, sou capaz de dar uma surra. Senador Arthur Virgílio, vossa excelência não dará uma surra sozinho, terá um aliado, porque não tenho medo”, declarou ACM Neto.

Fontana também ironizou esta ameaça de ACM Neto de juntar-se a Arthur Virgílio para “surrar” o presidente Lula. “Espero que não cumpra as suas promessas de dar uma surra em seus adversários. O plenário não é ringue de luta de boxe. É preciso debater as diferenças de forma civilizada”, disse o líder petista.

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) negou que a Abin esteja monitorando parlamentares que integram as CPIs que investigam o mensalão. O GSI afirmou que essa operação seria ilegal.

Discurso da ditadura

O deputado Walter Pinheiro (PT-BA) também respondeu a ACM Neto de forma irônica, igualmente lembrando as acusações contra ACM, que teria grampeado seus adversários na Bahia. “Essa choradeira não adianta nada. O fato de a Bahia usar esse instrumento, com o aparato do Estado, para investigar pessoas, não pode ser repetido em Brasilia. Imagina se o Geddel [Vieira Lima – PMDB], o [Nelson] Pellegrino [PT] e o Benito Gama fossem dar uma surra em quem os grampeou?”, indagou.

Ao falar sobre as bravatas de Arthur Virgílio, Walter Pinheiro disse que as afirmações do senador tucano são lamentáveis. “Esse tipo de discurso foi muito usado no tempo da ditadura, que não cabe mais em tempos de democracia e até no Norte e Nordeste brasileiro, quando alguns coronéis prometiam essa ou aquela ação para aqueles que ousassem reclamar contra eles”, ressaltou Pinheiro.

Na avaliação de Walter Pinheiro “é preciso respeito no enfrentamento político, e não o espírito anti-democrático e de violência”.

“Eu desafio esses parlamentares a apresentar a comprovação das acusações de que estão sendo ameaçados”. Walter Pinheiro lembrou que as CPIs instaladas no Congresso estão investigando todas as denúncias apresentadas, “sem nenhum cerceamento”. Pinheiro classifica as acusações como “atitudes isoladas de alguns indivíduos que extrapolam” e não uma atitude de toda a oposição.

Molecagem

Mas quem respondeu de forma mais dura às bravatas de Arthur Virgílio foi o deputado Fernando Ferro (PT-PE). O deputado, que até bem pouco ocupava a liderança do PT na Câmara, subiu à tribuna para chamar Arthur Virgílio de “moleque”.


“Isso é um fraseado típico de gangue da periferia”, disse o deputado petista. “É coisa de moleque. Não condiz com o equilíbrio que se exige de um líder no Senado”. Como que decidido a soar em tom condizente com o seu sobrenome, Ferro completou: "Saiba que, se for partir para a agressão, vai ter troco.” Mas Ferro parece descrer da coragem de Virgílio: “Quem vai bater de verdade não avisa”. Ele concluiu: Deixe de ser o ‘João Grandão’ do Senado e faça política, não molecagem”.

Fernando Ferro não ouviu as bravatas de ACM Neto por isso dirigiu seu protesto somente ao senador tucano.

Entre dezenas de disparates lançados na direção do governo, o blog do jornalista Josias de Souza teve um raro momento de lucidez na sua edição de ontem e registrou que "o Parlamento é (ou deveria ser) justamente a alternativa à briga física. A boa maneira de resolver conflitos é fazendo política. A linguagem do braço é o oposto do que se espera dos senhores congressistas. O Congresso já tem problemas demais para acrescentar à má fama a pecha de arena de valentões."

Da redação
com informações do boletim Informes (PT)


VERMELHO

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