quarta-feira, novembro 09, 2005




Documentário diz que EUA usaram arma química no Iraque

EUA dizem que bombas de fósforo foram usadas para iluminação
Um documentário de 20 minutos transmitido nesta terça-feira pela RAI, a TV estatal italiana, acusa o Exército dos Estados Unidos de usar bombas de fósforo contra civis iraquianos na cidade de Falluja em novembro de 2004.
O filme diz que isso representa o uso ilegal de armas químicas, apesar de as bombas serem consideradas dispositivos incendiários.
Testemunhas e ex-soldados americanos afirmam que a bomba foi usada em áreas populosas na cidade controlada pelos insurgentes.
O Exército americano nega as acusações, mas admite o uso de bombas de fósforo no Iraque para iluminar os campos de batalha.
Washington não é signatário de um tratado internacional que restringe o uso de dispositivos de fósforo branco.
Ataque
A transmissão do documentário ocorreu um dia após a chegada à Itália do presidente do Iraque, Jalal Talabani, para uma visita oficial de cinco dias.
A divulgação também coincide com o primeiro aniversário do ataque liderado pelos EUA a Falluja, que provocou a fuga da maioria dos 300 mil moradores da cidade e deixou muitas de suas construções destruídas.
O documentário foi transmitido simultaneamente por um canal aberto da RAI e por seu canal de notícias 24 horas, com um aviso de que algumas das imagens poderiam ser perturbadoras.
O documentário começa com imagens anteriormente classificadas como secretas de militares americanos usando bombas de napalm durante a guerra do Vietnã.
Ele mostra uma série de fotografias de Falluja com corpos com a carne queimada, mas com as roupas ainda intactas – o que seria um dos efeitos do uso de fósforo branco em humanos.
Jeff Englehart, descrito como um ex-soldado americano que serviu em Falluja, conta como ele ouviu em rádio militares ordens para o uso de fósforo branco e diz ter visto o seu resultado.
"Corpos queimados, mulheres queimadas, crianças queimadas. O fósforo branco mata indiscriminadamente... Quando entra em contato com a pele, então é um dano absolutamente irreversível, queimando a carne até o osso", diz ele.
Mitos
Em dezembro, o Departamento de Estado americano divulgou um comunicado negando o que chamou de "mitos generalizados" sobre o uso de armas ilegais em Falluja.
"As bombas de fósforo não são proibidas. As forças americanas as usaram de forma muito esparsa em Falluja para fins de iluminação. Elas foram disparadas no ar para iluminar as posições inimigas à noite, não contra combatentes inimigos", disse o comunicado.
Porém o documentário da RAI também alega que Washington vem tentando sistematicamente destruir as imagens que provariam o suposto uso de fósforo branco contra civis em Falluja.
A opinião pública italiana tem se posicionado consistentemente contra a guerra, e o documentário da RAI deve aumentar ainda mais os pedidos públicos para a retirada dos soldados italianos do Iraque o mais rápido possível.
O governo italiano vem negociando com líderes da oposição uma retirada gradual a partir de 2006.
O presidente iraquiano e os Estados Unidos dizem que a presença das forças internacionais é essencial para a estabilidade do Iraque.
BBC BR

A imprensa tucana continua censurando esse assunto, vamos divulgar e mostrar para o Brasil como é "livre" a imprensa "brasileira".

Informação oculta é censura
28/12/2004 VERMELHO

A mídia no Brasil tem categoria de primeiro mundo. Não é preciso ser especialista na matéria para chegar a esta constatação, basta assistir os programas televisionados e ler os jornais de vários países europeus para perceber o nível lamentável existente. Esta riqueza de um país ainda subdesenvolvido como o Brasil – refiro-me aos milhões de desempregados, de analfabetos, de famintos e ao patrimônio natural que anualmente perde matas, rios, fauna e flora que correspondem a países inteiros – existe devido aos investimentos enormes feitos por empresas poderosas da comunicação social, pela formação profissional e tecnologia do mais alto nível e pelo acesso à informação nacional e internacional.
Temos presenciado a capacidade de obtenção, pela mídia brasileira, de informações guardadas a sete chaves pelos defensores da ditadura de 1964, assim como de outras do mundo do crime que revelam tanto ao grande público como às autoridades governamentais, indícios que fazem com que a polícia realize o seu papel de investigação com o maior êxito. Obras primas de detetives resultam do trabalho de jornalistas bem equipados e bem relacionados com “anônimos” que conhecem os meandros em que os crimes se dão. Até aí fica o agradecimento popular e a admiração pelo talento e a organização do trabalho profissional.
Diante deste quarto poder, que é o da mídia, e da eficiência comprovada com que atua, temos o direito democrático de perguntar porquê algumas importantes notícias que circulam em grandes jornais do mundo não são transmitidas no Brasil. A lista é imensa, mas vou me ater apenas às recentes revelações de uso de armas químicas pelo exército norte-americano contra os iraquianos. Será que a mídia brasileira considera sem importância tais acontecimentos? Evidentemente conhecem as informações seguintes, que reproduzo do jornal português “O Avante” de 9/12/04:. A Al-Jazeera (28/11/04) afirma que “os militares dos EUA estão utilizando napalm e outras armas proibidas contra civis na cidade iraquiana de Faluja”;. O jornal britânico Sunday Mirror retoma as acusações (em noticia publicado no seu site de Internet de 28/11/04), descrevendo os efeitos do napalm: “transforma as suas vítimas em bolas de fogo humanas, uma vez que o gel funde as chamas com a carne” (o que talvez explique a expulsão do Crescente Vermelho Iraquiano, de Faluja, por ordem do comando americano, diz a France Presse de 05.12.04;. no Washington Post de 10.11.04 o Capitão Erik Krivda a propósito da notícia sobre o uso do fósforo branco contra os habitantes de Faluja, diz: “Algumas peças de artilharia dispararam salvas de fósforo branco que criou uma cortina de fogo impossível de ser extinta com água. Insurretos relataram que foram atacados com uma substância que lhes derretia a pele, uma reação como a de queimaduras com fósforo branco”;. O jornal britânico Daily Telegraph de 9.11.04 confirma a notícia acima;. A autora Naomi Klein escreveu no The Guardian, 26.11.04: “No Iraque, as forças dos EUA e dos seus súditos iraquianos já nem se dão ap trabalho de esconder os ataques contra alvos civis e estão eliminando abertamente todos quantos – médicos, clérigos, jornalistas – se atrevam a contar os cadáveres.
Perante um protesto do Embaixador dos EUA no Reino Unido, Naomi Klein repetiu as acusações (The Guardian 4.12.04) citando numerosos relatos de imprensa, entre os quais os de que os primeiros alvos dos ataques dos EUA em Faluja foram os hospitais e centros médicos, opção que o New York Times refere a 29.11.04 como sendo “a fonte de boatos sobre pesadas baixas”;. O New York Times de 29.11.04 refere um relatório da Cruz Vermelha Internacional denunciando a prática de torturas no campo de concentração dos EUA em Guantânamo, dizendo que tais práticas são “cada vez mais refinadas e repressivas” e contam com o apoio de médicos do campo que transmitem informações sobre a vulnerabilidade e a saúde mental dos presos, o que viola a ética médica”.
Jorge Cadima, o articulista de “O Avante” que relatou os horrores acima reproduzidos, compara “o imperialismo dos EUA cada vez mais ao hitlerismo não apenas nos seus objetivos de dominação mundial pela força, mas também nos seus crimes”.
Negar a divulgação de tais informações é o mesmo que ocultar as provas dos crimes contra a humanidade impedindo-a de tomar consciência da ameaça que paira sobre todos os que lutam pela liberdade. Quem tomou conhecimento de tais denúncias internacionais e impediu que elas viessem a público no Brasil cometeu o crime da “censura” tantas vezes condenada pela imprensa que se diz livre no país.
As pessoas hão de perguntar o quê fazer para evitar que este descontrole mundial se torne uma tragédia irreversível. Não há receitas, mas há muitos caminhos. O primeiro deles é participar das iniciativas em defesa da paz, como a que está em curso pelo Cebrapaz para que Bush seja julgado como criminoso de guerra que utiliza os recursos terroristas, que diz combater, para subjugar os povos indefesos e todo o mundo que se cala.

Zillah Branco, Brasileira, 67 anos, formada em Ciências Sociais (USP), experiência de vida e trabalho no Chile , Portugal e Cabo Verde, colaboradora do jornal O Avante (PCP).

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