sábado, novembro 19, 2005



O desafio a FHC: candidate-se, para que o povo compare seu governo com o de Lula.

O demagogo FHC

Já que FHC fala da campanha pela reeleição de Lula, recordemos qual foi o mote demagógico do candidato tucano-pefelista: “Quem acabou com a inflação, vai acabar com o desemprego.” Poderia haver algo mais demagógico? O desafio a FHC: candidate-se, para que o povo compare seu governo com o de Lula.
FHC tem medo da comparação do seu governo com o de Lula e por isso não se dispõe a ser candidato à presidência. Seria democrático deixar que o povo brasileiro se pronunciasse. Mas consciente de que é o candidato mais rejeitado, FHC se limita a articulações de bastidores – que incluem viagens aos EUA, de onde sai dizendo o que mais agrada ao governo estadunidense: críticas ao governo da Venezuela.
Porém, em suas costumeiras incontinências verbais, o ex-presidente tucano chegou a afirmar que foi reeleito “sem demagogia” (sic). Confiante em que se esqueça como ele governou, o que prometeu e não cumpriu, desta vez FHC foi longe demais.
Todos nos recordamos suas promessas iniciais: com a mão espalmada, os cinco ministérios econômicos seriam os centrais no seu governo. Logo ficou claro que ele tinha um primeiro-ministro, Pedro Malan, o homem dos bancos internacionais. Quando terminou, o governo era Malan e mais dez – ou vinte – ministros. Os ministérios sociais ficaram totalmente subordinados à ditadura do ajuste fiscal de Malan, ao longo dos oito anos de governo de FHC.
FHC dizia, demagogicamente, que “o governo gasta muito, o governo gasta mal”. Seu governo entregou a “herança maldita” para Lula com uma dívida pública 11 vezes maior do que a existente quando FHC assumiu a presidência, graças a seu demagógico Plano Real.
Já que FHC fala da campanha pela reeleição de Lula, recordemos qual foi o mote demagógico do candidato tucano-pefelista: “Quem acabou com a inflação, vai acabar com o desemprego.” Poderia haver algo mas demagógico?
Ainda mais que FHC escondeu, durante toda a campanha, que a economia brasileira estava, mais uma vez quebrada, sob sua experta direção. Enquanto ele exaltava as bondades do seu Plano Real, Pedro Malan já negociava em Washington, com o FMI, o novo super-empréstimo. E não de outra. Poucas semanas depois de reeleito, o governo FHC promoveu uma macro-desvalorização da supostamente extremamente estável nova moeda. Com informação privilegiada, mais uma vez os bancos – depois da super-bandalheira do Proer, para ajudá-los mais ainda, incluídos os bancos fajutos Marka e Fonte-Cindam – ganharam bilhões em poucas horas, enquanto o resto do país empobrecia. As taxas de juros bateram o recorde – de que deve ser orgulhar FHC: foram para 49%.
Esta apenas uma mostra da demagogia frernandohenriquista, responsável pela altíssima rejeição quando entregou o governo e pela derrota do seu candidato à sucessão. O desafio a FHC: candidate-se, para que o povo compare seu governo com o de Lula. Ou cale-se para sempre, ele e sua demagógica trupe.

Emir Sader, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de “A vingança da História".

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