MST lembra 10 anos do massacre de Eldorado dos Carajás

No dia 17 de abril deste ano, o MST realizará um ato nacional em memória das vítimas do massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido a 10 anos atrás, sem que o Estado tenha sido capaz de julgar e punir os responsáveis pelas mortes, não identificando os policias envolvidos e nem julgando aqueles que exerciam poder de mando sobre as instituições do Estado.
Naquele dia trágico, 155 soldados da polícia militar, armados de espingardas e metralhadoras, abriram fogo contra uma manifestação de trabalhadores ligados ao MST, que faziam parte do acampamento da Fazenda Macaxeira e deslocavam-se para Belém para exigir o cumprimento do acordo com o Incra e Governo do Estado, no qual estava prevista a desapropriação da Fazenda. O Massacre de Eldorado teve como resultado 19 mortos, 69 pessoas com seqüelas permanentes, incapacitados para o trabalho da agricultura e órfãos. O Estado não foi capaz de indenizar as famílias e nem garantir tratamento médico aos doentes, refletindo a situação de descaso para com as vítimas que nesses 10 anos provocou a morte de mais duas pessoas por insuficiência dos órgãos do corpo dado a ferimentos do massacre, totalizando em 21 o número de vítimas do Massacre de Eldorado do Carajás.
No aniversario de 10 anos do Massacre de Eldorado do Carajás também comemora-se a primeira década desde que o dia 17 de abril foi assinalado como dia internacional de luta camponesa, dia em que camponeses do mundo inteiro se mobilizam num grande mutirão internacional pela realização da reforma agrária, por trabalho e justiça.
O MST está construindo uma ampla campanha, envolvendo sua base social, a sociedade brasileira e internacional, com amigos e organizações, visando pautar a necessidade da realização da reforma agrária no Brasil, trazer presente a memória dos lutadores do povo assassinados na luta pela terra, denunciar a situação de impunidade vigente no país, bem como reivindicar encaminhamentos concretos por parte do Estado Brasileiro, para punição dos responsáveis pelos crimes e reparação dos danos causados às famílias dos mortos e sequelados no massacre, além de reivindicar a federalização do Assassinato do “Fusquinha”, o Onalício Araújo Barros e “Doutor”, Valentin Serra.

Por Michel Santos Sodré

http://www.vermelho.org.br/diario/2006/0306/0306_massacrepara.asp