sábado, março 18, 2006

Henrique Fontana: Desespero da oposição tenta engessar governo

O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), disse hoje que há uma tendência ao partido se unificar num momento de forte ataque. Ao chegar para a reunião do Diretório Nacional, em São Paulo, o parlamentar avaliou que PSDB e PFL partem para uma fase de desespero na disputa política.

Para ele, diante da forte recuperação do governo e do presidente Lula nas pesquisas de opinião, com possibilidade de obter a reeleição num primeiro turno, a oposição parte para “ataques irresponsáveis”.

“Há uma tentativa desesperada de evitar que cheguemos à eleição debatendo projetos, experiências políticas, comparando governos”, falou o líder petista.

A seqüência interminável de acusações contra petistas e o governo na CPI dos Bingos teria o objetivo de atar as mãos do PT e do governo, que ficaria na defensiva, sem poder partir para uma agenda mais afirmativa.

Fontana lembrou que as pesquisas indicam que, de cada três brasileiros que têm opinião, dois consideram o governo Lula melhor do que o governo Fernando Henrique Cardoso.

“Como o Alckmin representa aquele governo, há uma tentativa de retirar esta variável programática do processo eleitoral. Não vamos permitir isso”, falou, justificando a ação no STF que impediu o depoimento do caseiro na CPI dos Bingos.

Gato e sapato
“Demoramos demais para entrar no STF. A CPI do Fim do Mundo já passou do Fim do Mundo há muito tempo”, justificou. Fontana acha que a CPI tem cometido dezenas de atos ilegais, inconstitucionais, tem atacado a honra de pessoas, transformando inocentes em culpados. Para ele, com o desvio de objetivos investigativos a CPI acaba não investigando “coisa nenhuma”. Quem decidiu que o caseiro não poderia depor não foi o PT, ressaltou, mas a Justiça do país. “A justiça vale para todos”.

“Não estamos aqui para negar os fatos”. O deputado ressaltou que, embora tenha havido problemas de caixa 2, com repasse ilegal de recursos para partidos aliados, há também uma tentativa de inquisição contra o PT e contra o presidente Lula. Ele questionou o modo como a CPI transforma criminosos em testemunhas confiáveis para acusar petistas. Ele citou como exemplos o doleiro Toninho da Barcelona, responsável por uma enorme evasão de divisas do país, e preso pela Polícia Federal durante o governo Lula, e o ex-juiz Rocha Matos, preso pela Operação Anaconda por venda de sentenças.

“Não temos medo de nenhuma investigação. Poucos partidos foram tão investigados na história da República, como o PT. Poucos governos foram investigados à profundidade que está sendo investigado o governo Lula”, enfatizou. Fontana defendeu que todo o material levantado seja investigado pelo Ministério Público, “que não é nem do Lula, nem do Alckmin, nem do PT, nem do PSDB”.

Na opinião do líder parlamentar, o país está saturado desta pauta e “não agüenta mais ver tanto cinismo”. “Montaram uma maioria naquela CPI e fazem gato e sapato em desrespeito a Constituição”.

Irresponsabilidade
Se o ministro foi ou não a uma festa em determinada casa, na opinião do deputado isto é do âmbito privado de sua vida. Se ele tivesse cometido alguma irregularidade, em algum negócio público, as provas teriam que ser levantadas. “A nossa idéia é que o ministro permaneça, porque não se trata de um ataque a ele, mas ao governo Lula”, defendeu.

O deputado ainda criticou o que considerou uma irresponsabilidade da oposição com o país. Ele lembrou o preço bilionário pago pelo terrorismo eleitoral provocado pelos tucanos ao afirmarem que Lula levaria o caos à economia. “A economia quase quebrou”, diz. Agora, às vésperas de nova eleição, com o Brasil tendo a chance de crescer 5% este ano, surge ataques tão agressivos contra o ministro da Fazenda. “Será que os adversários querem impedir este crescimento e impedir o brasileiro de recuperar seu emprego. Impedir que tenhamos mais investimentos em infra-estrutura. Nós não aceitaremos esse ambiente de disputa eleitoral, queremos debater programas”, declarou.

O petista também repudiou a quebra do sigilo bancário do caseiro, revelando os altos depósitos feito em sua conta corrente neste ano. Mas Fontana também lamentou a quebra de direitos constitucionais feita pela CPI dos Bingos em várias outras ocasiões. “Não sei como foi divulgada a quebra de sigilo bancário do caseiro, como não sei como foram feitas tantas quebras de sigilo ilegais nesta CPI. A CPI do fim do mundo já quebrou o sigilo bancário do PT. Porque não quebra o sigilo bancário do PSDB que recebeu recursos de caixa 2 para a campanha do senador Eduardo Azeredo”, questionou.

“É preciso investigar se esse caseiro está recebendo vantagens para fazer estas denúncias”, sugeriu. O fato é que Fontana não sabe identificar o que é a verdade em todos esses episódios, por isso quer se fiar em “provas e fatos”. “O PSDB já está há cinco anos tentando tornar o PT culpado pelo assassinato do prefeito Celso Daniel. Quando é que a presunção da inocência será usada a favor do PT, para punir quem tem culpa e devolver a idoneidade a quem está sendo injustamente sendo acusado”, indagou.

Cezar Xavier, do Portal do PT