sábado, março 18, 2006

Com todo o jeito de armação



Caseiro que acusa Palocci recebeu R$ 38 mil e conversou com tucanos antes de depor à CPI

O caseiro Francenildo dos Santos Costa, Nildo (foto) —que acusa o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de freqüentar uma casa mantida por lobistas em Brasília—, pode passar de acusador a acusado se não conseguir explicar dois fatos que colocam sua "independência acusatória" sob suspeita. O primeiro e mais grave é o fato de Nildo ter recebido, de janeiro a março, uma bolada de R$ 38.860,00. Além disso, descobriu-se que Nildo é funcionário de um advogado filiado ao PSDB e que o caseiro esteve, poucos dias antes de depor à CPI, no gabinete do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT).
O governo respirou aliviado ontem à noite quando soube que o site da revista Época traz uma informação que coloca sob suspeita o caseiro Francenildo dos Santos Costa, que ganhou fama ao aparecer na CPI dos Bingos esta semana acusando o ministro Antonio Palocci de freqüentar a “casa do lobby”, montada por lobistas de Ribeirão Preto. A revelação de Época pode acabar confirmando o que muitos governistas já desconfiavam: que o caseiro teria sido usado por integrantes da oposição para comprometer o ministro da Fazenda.
Segundo informam os repórteres Gustavo Krieger e Andrei Meirelles, do blog de política da revista Época, um conjunto de extratos de uma conta poupança na Caixa Econômica Federal em nome de Nildo (número 1048-8, agência do Lago Sul, próxima à casa onde ele trabalha e mora) mostra depósitos de R$ 38.860,00. Tudo foi “depósitos em dinheiro”. Nildo reconhece os depósitos. De acordo com o caseiro, eles foram resultado de uma "doação familiar".
Os extratos indicam que, quando o ano começou, a conta em nome do caseiro tinha um saldo de R$ 24,76. No dia 6 de janeiro, é registrado um depósito de R$ 10.000,00. Três dias depois, aparece um saque com cartão eletrônico de R$ 2.500,00. Nos dias seguintes, há outros saques, de menor valor. Em 6 de fevereiro, aparece um outro depósito, desta vez de R$ 9.990,00. A conta fica parada até o dia 15 de fevereiro, quando há um saque de R$ 15.000,00, novamente com cartão eletrônico. Um dia depois, outro depósito, desta vez de R$ 10.000,00, mais uma vez em dinheiro.
No dia 3 de março, há o registro de mais um depósito, de R$ 3.870,00. Finalmente, em 06 de março há outro depósito no valor de R$ 5.000,00. No dia 16 de março, quando foi tirado o extrato, o saldo da conta é de R$ 19.662,35. Neste dia, Francenildo depôs na CPI.Ao receber os extratos, a reportagem de Época entrou em contato com o advogado Wlício Chaveiro Nascimento, que representa o caseiro. Ele levou um susto. “Não sabia que ele tinha dinheiro. Estou defendendo ele de graça”. Quinze minutos depois, o advogado telefonou para a redação. De acordo com ele, Francenildo reconheceu os depósitos, mas disse que o dinheiro veio de seu pai. “Ele é filho bastardo do empresário Euripedes Soares da Silva, dono de uma empresa de ônibus em Teresina. O pai mandou este dinheiro em segredo, porque a família não sabe que ele ajuda o Francenildo”, disse o advogado.Segundo o caseiro, o pai mandou R$ 25 mil. O saque de R$ 15 mil teria sido para comprar um carro. “Ele desistiu de comprar o veículo e depositou de novo boa parte do dinheiro, cerca de R$ 13 mil”. O empresário Euripedes Soares confirmou à Época que fez os depósitos, mas desmentiu a versão de Nildo e negou que seja pai do rapaz. "O sobrenome dele é muito diferente do meu para eu ser pai dele", disse. Ele afirma que só vai explicar o motivo do depósito "depois de falar com um advogado".
O jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, registrou a história em seu blog e a qualificou como "muito esquisita". Patrão de caseiro é filiado ao PSDB
Esquisito também, para dizer o mínimo, é o fato, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, de que o advogado e professor Luiz Antonio Guerra, filiado ao PSDB, é o proprietário da casa onde Nildo trabalha e o verdadeiro patrão do caseiro.
Ao jornal, Guerra disse que não interferiu nas denúncias feitas pelo caseiro. Francenildo já havia procurado parlamentares do PSDB para "divulgar" as acusações e não há informação sobre quem está pagando seu advogado.
O tucano diz que o caseiro nunca lhe disse nada sobre o que acontecia na casa. Ele diz também que seu vínculo com o PSDB ocorreu por insistência de um aluno. Ele alega não ter participado de atividades partidárias ou tido ligações com políticos da sigla.
Mais tucanos
Mas a conexão entre o caseiro e o tucanato não se restringe ao seu vínculo empregatício. O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) confirmou anteontem, na CPI dos Bingos, que na última sexta o caseiro esteve em seu gabinete, acompanhado de um "conhecido", em encontro agendado por um amigo do senador.
Segundo ele, Francenildo decidiu falar por se sentir desprotegido após depoimento do motorista Francisco Chagas Costa, que o citou.
Desde então, está sendo acompanhado por Wlício Chaveiro Nascimento, advogado criminalista e trabalhista. Ele disse que foi contatado por um amigo do caseiro, mas que ainda não se falou em remuneração. Ele reconheceu que não espera receber de Francenildo, cujo salário é de R$ 700.

Da redação,com informações das agências http://www.vermelho.org.br/diario/2006/0318/0318_nildo.asp

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.