quinta-feira, dezembro 29, 2005





IGP-M fecha 2005 com menor alta da história

RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA (Reuters) - O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) fechou o ano com alta de 1,21 por cento, a menor elevação em pelo menos 16 anos, favorecido pela valorização do real frente ao dólar, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta quinta-feira.
Em 2004, o índice, usado para corrigir tarifas públicas e outros contratos, havia subido 12,41 por cento.
"2005 foi o ano da deflação, da forte valorização cambial e do efeito disso nos preços do atacado", disse o economista da FGV Salomão Quadros a jornalistas.
O IGP-M é especialmente sensível às oscilações cambiais porque 60 por cento do seu peso corresponde aos produtos do atacado, muitos dos quais são referenciados em dólar. Em 2005, até quarta-feira, o real acumulou uma valorização de 13,17 por cento frente ao dólar.
No ano, o Índice de Preços no Atacado (IPA) teve queda de 0,96 por cento, frente a uma alta de 15,09 por cento em 2004.
Os produtos que mais ajudaram a conter o sub-índice em 2005 foram os agropecuários, enquanto os combustíveis, por conta do choque do petróleo, exerceram uma pressãao de alta.
No ano, os preços de bovinos caíram 10,35 por cento e os de aves, 18,27 por cento. O preço do leite in natura recuou 14,05 por cento e o do ferro guza, 37,94 por cento.
Alguns produtos que tiveram as maiores elevações de preços foram o óleo diesel (12,84 por cento), o óleo combustível (22,23 por cento), a laranja (49,80 por cento) e a gasolina (9,89 por cento).
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve alta de 4,98 por cento em 2005, contra uma elevação de 6,20 por cento no ano anterior.
O Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) encerrou 2005 com variação positiva de 6,84 por cento, frente a 10,94 por cento em 2004.
ALÍVIO PARA O IPCA
Quadros afirmou que a tendência do IGP-M acumulado em 12 meses é permanecer em patamar baixo pelo menos até o fim do primeiro ou segundo trimestres de 2006.
A partir daí, o indicador pode voltar a subir à medida que as deflações registradas em 2005 --entre maio e setembro e em dezembro-- sejam substituídas.
O economista frisou, contudo, não detectar sinais de pressão sobre a inflação no curto prazo. A expectativa da FGV é que, no próximo ano, o índice fechado supere o nível de 1,21 por cento, uma vez que a valorização forte do real não deve se repetir, mas permaneça em patamar reduzido.
"Não vai voltar para taxas de dois dígitos", disse Quadros.
Ele destacou que a taxa recorde de baixa deste ano do IGP-M contribuirá para conter o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2006, usado como parâmetro para o regime de metas inflacionárias, na medida em que conterá os reajustes dos preços administrados.
"Os preços administrados, que sempre subiam muito acima da média da inflação e foram obstáculo para atingir a meta de inflação, em 2006 vão ser um facilitador do atingimento da meta (de inflação)", afirmou Quadros. "Então esse resultado (do IGP-M) tem um impacto direto sobre a inflação ao consumidor e sobre a política monetária."
DEZEMBRO
Em dezembro, o IGP-M registrou deflação de 0,01 por cento, frente a uma inflação de 0,40 por cento em novembro. Economistas ouvidos pela Reuters previam deflação de 0,05 por cento em dezembro e alta de 1,16 por cento para 2005.
O IPA caiu 0,27 por cento em dezembro, ante alta de 0,40 por cento em novembro. O IPC subiu 0,52 por cento neste mês, contra alta de 0,46 por cento no anterior.
O INCC teve variação positiva de 0,38 por cento no mês, ante 0,29 por cento em novembro.
Quadros disse não esperar nova deflação pelo IGP-M em janeiro e frisou que o resultado deste mês foi impactado principalmente pelo recuo nos preços de combustíveis.
Em dezembro, o preço do querosene para motores caiu 21,79 por cento e os de óleos combustíveis, 7,92 por cento.
O IGP-M é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.

O resultado de 2005 foi o menor da série histórica, iniciada em 1989.

(Texto de Isabel Versiani)

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