domingo, setembro 26, 2010

A onda vermelha

Vox Populi: Dilma ultrapassa Serra em SP; tem 14 pontos de vantagem

24/09/2010 20:2
Em um mês, Dilma cresce dez pontos e ultrapassa Serra em SP
Petista foi de 33% para 43% no Estado administrado pelo PSDB há quase 16 anos; tucano cai 11 pontos e soma agora 29%
Matheus Pichonelli, iG São Paulo
Em apenas um mês, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, cresceu dez pontos e ultrapassou o adversário José Serra (PSDB) em São Paulo, Estado administrado pelo tucano até o início de abril. De acordo com a mais recente pesquisa Vox Populi/Band/iG, publicada nesta sexta-feira, ex-ministra da Casa Civil, que em agosto tinha 33% das preferências dos eleitores paulistas, soma agora 43% no principal reduto tucano do País.
No período, Serra teve queda de 11 pontos na região; hoje é o candidato favorito de 29% dos entrevistados. O tucano também perdeu a dianteira que era apontada em agosto entre os eleitores do Rio Grande do Sul. Ele tinha 39% das intenções de voto dos gaúchos em agosto e agora tem 31%. No período, Dilma saltou nove pontos e hoje soma 46% na região.
A candidata petista está à frente dos adversários nos seis Estados pesquisados pelo instituto (SP, RJ, DF, RS, PE e BA), enquanto Serra perdeu pontos em todas as regiões.
Já Marina Silva (PV) apresentou crescimento nos seis Estados. Destaque para o Rio de Janeiro, onde a candidata verde cresceu seis pontos e chegou a 17% das preferências – mesma pontuação obtida por Serra entre o eleitor fluminense. No Distrito Federal, ela passou de 14% para 18% e empata tecnicamente com o tucano (que tem 20%).
Marina também avançou em São Paulo (9% para 12%), Bahia (5% para 9%), Pernambuco (de 6% para 8%) e Rio Grande do Sul (6% para 7%).
http://www.viomundo.com.br/politica/vox-populi-dilma-ultrapassa-serra-em-sp-tem-14-pontos-de-vantagem.html

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Ibope: Bahia pode eleger dois senadores de esquerda
por Charles Carmo, em O Recôncavo

A Bahia pode eleger dois senadores de esquerda. Pela primeira vez os candidatos ao senado ligados ao  governador Jaques Wagner lideram as pesquisas. A pesquisa Ibope/Rede Bahia, divulgada na noite desta sexta-feira (24), traz os seguintes números: Pinheiro e Lídice ultrapassaram César Borges na preferência do eleitorado. No levantamento, Pinheiro aparece com 35%, Lídice com 32% e César com 29%.
Ao que parece, o senador César Borges pode ficar fora do Senado. Tércia Borges também.
http://www.viomundo.com.br/politica/ibope-bahia-pode-eleger-dois-senadores-de-esquerda.html

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IstoÉ: A onda vermelha toma conta do país

por Octávio Costa e Sérgio Pardellas, da IstoÉ
Na esteira da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, uma onda vermelha está tomando conta do País. No início da corrida eleitoral, essa imagem foi cunhada pelos estrategistas da campanha do PT para motivar a militância. Mas, agora, tornou-se realidade. As pesquisas de opinião revelam a supremacia dos candidatos governistas na maioria dos Estados, o que poderá garantir a um eventual governo Dilma ampla maioria na Câmara e no Senado. Surfando numa maré mais favorável do que aquela que levou o ex-metalúrgico Lula ao Palácio do Planalto em 2002, os candidatos da base aliada aos governos estaduais lideram as eleições em 19 das 27 unidades da Federação. Na disputa pelas cadeiras do Senado, a onda vermelha é tão volumosa que deverá eleger 58 dos 81 representantes e deixar sem mandato quadros históricos da oposição. Na Câmara, os partidos governistas devem conquistar 401 dos 513 assentos.
“Acho que vamos assistir a uma vitória esmagadora dos partidos da coalizão do governo”, prevê o presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, Geraldo Monteiro.
Não bastasse a liderança em 21 Estados, Dilma está na frente de José Serra (PSDB) em locais em que Lula foi derrotado pela oposição em 2006. Apesar da oscilação registrada na última semana, a ex-ministra está perto da vitória em antigos redutos oposicionistas como São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Na maioria dos Estados em que ela lidera as pesquisas, os candidatos que apoia também estão na dianteira. Bons exemplos são o Rio de Janeiro e a Bahia, onde os governadores Sérgio Cabral (PMDB) e Jaques Wagner (PT) são favoritos para se reeleger no primeiro turno. Como exceções aparecem Minas Gerais, com Antonio Anastasia (PSDB) na liderança, e São Paulo, onde Geraldo Alckmin (PSDB) supera Aloizio Mercadante (PT). No Paraná, a onda vermelha já proporcionou uma grande virada. As últimas pesquisas mostram que o tucano Beto Richa, antes favorito ao governo, perdeu o primeiro lugar para Osmar Dias (PDT). Reviravoltas também têm ocorrido na disputa para o Senado. Até então cotado para uma das vagas do Rio, Cesar Maia (DEM) foi ultrapassado pelo ex-prefeito de Nova Iguaçu Lind­berg Farias (PT). No Amazonas, Arthur Virgílio perdeu o segundo lugar para Vanessa Grazziotin (PCdoB). Em Pernambuco, Marco Maciel (DEM), segundo colocado atrás de Humberto Costa (PT), foi ultrapassado por Armando Monteiro Neto (PTB).
A inédita sintonia fina entre Executivo e Legislativo, a partir de 2011, trará benefícios para o Brasil. Caso se confirme a sólida maioria no Congresso do possível futuro governo Dilma Rous­seff, o Brasil terá finalmente a chance de aprovar as mudanças estruturais que se fazem necessárias há anos, como as reformas política e tributária. “A agenda congressual a partir do ano que vem exigirá a votação das reformas. Com maioria no Legislativo e vontade política, será possível avançar nessas questões”, afirma David Fleischer, cientista político da UnB. Outro aspecto importante é a possibilidade da formação de uma concertação política, composta por partidos aliados chancelados pelo desejo popular. Desde a redemocratização do País, os governos construíram suas maiorias pelas artes do fisiologismo e das políticas do toma-lá-dá-cá, numa espécie de balcão de negócios em pleno Congresso. Nesse novo cenário, queiram ou não, deputados e senadores serão levados a participar de uma ação conjunta, na qual é de esperar que os objetivos políticos se sobreponham à visão patrimonialista do mandato.
Há quem afirme que a concentração de poder nas mãos do Executivo, com o Legislativo dócil à vontade do Planalto, pode permitir uma recaída autoritária. O temor não se justifica. Não há ambiente no Brasil para esse tipo de surto. As instituições são sólidas e democráticas, e não há espaço para mudanças constitucionais em benefício de um partido, como aconteceu na história do México, onde o PRI controlou a vida política por 71 anos, graças ao domínio da máquina pública. “O que aconteceu no México foi muito diferente. O PRI chegou ao poder quando a economia mexicana, a sociedade e os políticos eram muito rudimentares e eles forjaram instituições para guiar o desenvolvimento em todas as áreas. Já o PT emergiu no momento em que a economia e as instituições já estavam consolidadas”, compara o brasilianista Peter Hakim, presidente do Interamerican Dialog.
Contrariando todas as evidências, intelectuais e setores da elite, em São Paulo divulgaram, na semana passada, um manifesto em defesa da democracia e da liberdade de expressão. Um dia depois, o Clube Militar, no Rio de Janeiro, instituição marcada pelo apoio ao antigo regime de exceção que infernizou o País por 20 anos, promovia um inusitado painel de debates para discutir também supostos riscos à democracia no País. Tanto o documento do grupo de intelectuais quanto os debates dos militares ficaram a um passo de questionar a própria legitimidade da eleição de Dilma, em razão da participação do presidente Lula na campanha. Ambos não levaram em conta que a legitimidade brota das urnas. Embora o eleitor manifeste maciçamente sua intenção de votar pela continuidade das políticas oficiais, a opinião pública não vem sendo espelhada na ação de alguns agentes do processo político. O que parece ter sido esquecido no manifesto oposicionista de tendências golpistas é que a democracia é exercida pelo voto.
O temor de uma vaga autoritária por parte do governo é deslocado da realidade. Não reflete o momento que o Brasil vive. Não há sinais concretos de que o presidente Lula tenha atentado contra a liberdade de imprensa. Ele vem fazendo apenas críticas pontuais, direito que não pode ser negado a qualquer cidadão, muito menos ao presidente. De resto, desde a luta contra a ditadura, Lula mostrou-se defensor intransigente das liberdades democráticas. “É incrível como as pessoas ficam empurrando o Lula para o chavismo, quando ele tem permanentemente se recusado a cruzar essa fronteira”, rebate o ex-ministro Delfim Netto, com a ironia de sempre. Delfim tem razão. A não ser que o observador da cena nacional, assustado com a onda vermelha, queira ver chifre em cabeça de cavalo.
http://www.viomundo.com.br/politica/istoe-a-onda-vermelha-toma-conta-do-pais.html