Emerson Luís: Os jornais e a pulverização da propaganda federal
30/08/2010
do Émerson Luís, no Nas Retinas
É fácil entender o esforço da mídia paulistana em defender a candidatura tucana com unhas e dentes no Estado de São Paulo. Me atenho aqui a SP, apesar da mídia carioca ter ido pelo mesmo rumo, porque o estado vive a “bolha de imprensa”. Qualquer opinião contrária ao estado tucano é amplamente abafada na mídia, fazendo com que a população se mantenha com viseiras de cavalo, quase que em catarse.
De 2003 até agora o governo Lula começou um processo de regionalização da verba publicitária gerenciada pela Secretaria de Comunicação, a Secom. Ou seja, o dinheiro que antes era destinado somente para os veículos de rádio, TV, jornal e revista das grandes capitais, principalmente São Paulo e Rio, começou a ser redistribuído para veículos do interior do país. É o processo de isonomia, como pediu Mino Carta. Em 2003 o governo federal anunciou em 270 emissoras de rádio. Em 2009 foram 2.809 rádios. Jornais, no mesmo período, saltaram de 179 para 1.883. Veja tabela abaixo. Os dados são da Secom e, portanto, públicos. Basta solicitar, como eu fiz. Clique para ampliar.
O gráfico mostra o aumento no investimento também para TV e revista. Observando a imagem abaixo, separando somente os números de investimento em jornais, pode-se notar realmente como o governo federal provocou a ira dos grandes veículos impressos. A retirada de verba foi significativa de 2007 até 2009. Enquanto a verba direcionada aos jornais do interior subia, diminuia a verba da capital. Em 2007 os jornalões das capitais receberam 6.844.417,8. Em 2008 a verba subiu um pouco, saltando para 7.776.730,2. Por fim, em 2009, a verba despencou para 3.939.348,0. No mesmo ano, os jornais do interior receberam 6.226.047,5. Veja o gráfico completo.
Imaginem vocês se o Mercadante chega ao governo do estado em São Paulo e promove a mesma isonomia do governo federal. A mídia paulista vai à bancarrota. E justamente por isso se agarraram nos calcanhares do PSDB e DEM, que é garantia de escoamento de anúncios e convênios de assinaturas de jornais para escolas. A leitura dos jornais despenca. Os números de assinantes são inflados constantemente com a distribuição gratuita de exemplares para quem nunca assinou ou já deixou de assinar. Admitir queda na circulação significa perder mais dinheiro. Os anunciantes privados não têm piedade e querem resultados.