Seguindo a lógica das evidências irrefutáveis, quanto custou esse cala-boca??? Como foi pago, e por quem foi pago??? Esse cala-boca, é parte de um pacote maior que inclui editoriais e matérias em geral contra o governo e o PT, será que vale até a campanha de 2006??? Como esse gasto vai ser contabilizado? Como caixa 1 ou caixa 2??? Será que o ombudsman da Folha pode esclarecer os leitores da Folha sobre essas questões???
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Tucanoduto mineiro
Nada na Veja; nada na Folha
Marco Aurélio Weissheimer
Mídia dá pouco destaque à conexão entre Marcos Valério e tucanos
Mídia dá pouco destaque à conexão
entre Marcos Valério e tucanos
Jornais deram pouca visibilidade ao depoimento de Cláudio Mourão - tesoureiro da campanha do presidente nacional do PSDB, Eduardo Azeredo, para o governo de MG, em 1998. Mourão confirmou uso de caixa 2 e de recursos de Marcos Valério. Avaliação é do ombudsman da Folha de São Paulo, Marcelo Beraba. Revista Isto É publica documentos sobre "tucanoduto mineiro".
Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior 23/10/2005
Porto Alegre - O ombudsman do jornal Folha de São Paulo, Marcelo Beraba, criticou em sua coluna deste domingo (23) a pouca visibilidade que os principais jornais do país deram ao depoimento de Cláudio Mourão - tesoureiro da campanha do presidente nacional do PSDB, Eduardo Azeredo, ao governo de Minas Gerais, em 1998 - na CPI dos Correios. Mourão confirmou o uso de caixa dois e de recursos de Marcos Valério no financiamento da campanha eleitoral do PSDB de Minas, em 1998. (Ver matéria de Luiz Augusto Gollo: Ex-tesoureiro confirma caixa dois tucano na campanha de 98 em MG)
Na avaliação de Beraba, as declarações do tesoureiro tucano são relevantes por quatro razões:
"Primeiro, porque foram feitas pela primeira vez numa CPI. Segundo, porque trouxeram novidades, como as informações sobre o pagamento dos serviços do publicitário Duda Mendonça com recursos do caixa dois da campanha. Terceiro, porque repetiram as mesmas táticas e argumentos (Mourão assumiu sozinho a responsabilidade pelo caixa dois) do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Por fim, porque há uma disputa política travada em torno dos resultados das investigações que não pode ser ignorada. O PT, os seus aliados e os partidos de oposição, principalmente o PSDB e o PFL, tratam da crise com a mesma perspectiva eleitoral".
Ainda segundo o ombudsman da Folha, "embora os jornais não possam perder o foco nas irregularidades e nos crimes cometidos neste governo e nesta legislatura, é evidente que não podem ignorar e deixar de tratar com igual rigor as irregularidades e os crimes cometidos por outros governos, por outros partidos e em outros períodos".
Para Beraba, a manchete da Folha na edição de 20 de outubro (o teor da defesa do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, no conselho de ética do partido) é "defensável do ponto de vista jornalístico". Também considerou correto o destaque dado à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que rejeitou liminar pedida pelo deputado José Dirceu (PT-SP) para suspender seu processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara. "Mas esses destaques não justificam que tenha sido mal dado o depoimento de Mourão", avaliou.
Simpatia pelos tucanos
A secretária de Redação da área de edição da Folha, Suzana Singer, discordou da avaliação de Beraba. Para ela, o depoimento de Mourão apenas reafirmou à CPI o que ele já havia dito antes e não representaria, portanto, grande novidade. O ombudsman rebateu esse argumentou: "é bom lembrar que, em diversas ocasiões ao longo da crise política que vem desde maio, a Folha considerou válido destacar, inclusive em manchetes, fatos, acusações e declarações já publicados".
Observando que vários leitores identificam no comportamento do jornal uma simpatia pelos tucanos, Beraba concluiu:
"O jornal não pode entrar no jogo político dos partidos. Deve procurar expor com a mesma visibilidade e rigor crítico as mazelas de todos eles. Tem hora que não basta se pretender isento. A Folha reconhece com relativa facilidade os erros de informação que comete. Mas tem uma grande dificuldade para admitir os erros de edição que colocam em xeque a sua imparcialidade".
"Tucanoduto mineiro"
Em sua edição deste fim de semana, a revista Isto É publica documentos que mostrariam que Marcos Valério pagou o silêncio do ex-tesoureiro da campanha do PSDB em Minas. Segundo a revista, Cláudio Mourão teria recebido R$ 700 mil para proteger Azeredo no seu depoimento na CPI. Os documentos publicados por Isto É (entre eles, um recido de quitação de dívida e um cheque de Marcos Valério) desmontariam a versão do senador tucano de que o publicitário mineiro nunca teria operado com o seu consentimento.
Esses documentos estariam relacionados a um processo judicial movido por Mourão para cobrar de Azeredo um prejuízo supostamente herdado da campanha de 1998. "A pendenga", diz a Isto É, "só teve fim depois que Marcos Valério pagou a dívida do senador com o tesoureiro". "O pagamento foi feito por meio do cheque 7638, emitido por Valério e pela mulher dele, Renilda Santiago, em 18 de setembro de 2002. O dinheiro saiu de uma conta mantida pelo casal na agência Assembléia do Banco Rural em Belo Horizonte, a mesma onde ocorreu uma parte significativa dos saques em dinheiro que abasteceram o suposto esquema do mensalão", diz ainda a matéria.
Ainda segundo a revista, o acerto entre Valério e Mourão ocorreu numa época em que o senador Azeredo e o publicitário mantiveram comunicação regular. "A quebra do sigilo telefônico de Marcos Valério, obtida pela CPI dos Correios, mostra que ele falou com Azeredo 53 vezes desde abril até outubro de 2002, exatamente o mês em que foi fechado o acordo com Cláudio Mourão". A Polícia Federal, a CPI dos Correios e o Ministério Público investigam agora a origem do dinheiro utilizado para saldar a dívida. "Documentos de posse do MP de Minas reforçam a tese de que o valerioduto usado pelo PT nas eleições de 2002 surgiu nas hostes do tucanato", afirma a reportagem da Isto É. Segundo tais documentos, boa parte dos recursos da campanha do PSDB em MG teria origem em recursos de empresas estatais, como as Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig).
NOVAE
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