segunda-feira, fevereiro 06, 2012

China explica veto ao projeto de resolução para a Síria


O veto de Rússia e China a um projeto de resolução proposto por árabes e europeus sobre a Síria visou a forçar que se trabalhe em busca de solução pacífica para a crise já crônica que sacode a Síria; visou também a impedir que se adotem vias drásticas, temerárias e arriscadas.

É a segunda vez, desde outubro de 2011, que Rússia e China usam o poder de veto para bloquear projeto de resolução apresentado ao Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria, avaliado, dessa vez, como solução não recomendável para promover a paz naquele país do Oriente Médio.

O projeto de resolução agora rejeitado implicaria afirmar que o Conselho de Segurança da ONU “apóia completamente” o plano apresentado pela Liga Árabe em 22/1, e que exigia que o presidente sírio Bashar al-Assad renunciasse – cláusula que emperrou as discussões desde o primeiro momento nas consultas pré-votação.

O veto, na avaliação de Rússia e China, garante mais tempo e obriga ao exercício da negociação paciente, para que se encontre solução política para a crise síria e solução que efetivamente proteja o povo sírio de mais turbulência, violência e mortes.

Horas antes da votação no Conselho de Segurança, a Rússia distribuiu uma versão emendada do projeto de resolução, na qual se lia que “[essa resolução] visa a equacionar dois problemas básicos”. Primeiro, é preciso criar condições para diálogo político na Síria; segundo, é preciso adotar medidas para influenciar o curso das ações, não só do governo sírio, mas também dos grupos armados da oposição.

“O projeto de resolução que vetamos não reflete satisfatoriamente a realidade em campo na Síria e enviaria sinais conflitantes às forças políticas na Síria”, disse o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, depois da votação.

Li Baodong, representante permanente da China nas Nações Unidas, lamentou que as emendas propostas pelos russos tenham sido ignoradas.

“A China apóia a revisão da proposta nos termos das emendas que a Rússia apresentou”, disse Li ao Conselho de Segurança, acrescentando que “a sugestão de que se prossiga no processo de consultas para emendar o projeto, encaminhada por vários membros do Conselho, é razoável.”

“Insistir em votar, quando ainda há profundas e graves diferenças de opinião entre os votantes, em nada ajudará a manter a autoridade e a unidade do Conselho de Segurança, nem ajudará a resolver a questão”, disse Li.

A ONU continua a atribuir ao governo sírio os cerca de 5.000 mortos durante os vários meses de conflito, apesar de o governo sírio repetir insistentemente que foram assassinados mais de 2.000 soldados e agentes da segurança nacional.

Para deter a violência, é indispensável construir e fazer operar imediatamente um processo político inclusivo na Síria. Cabe ao povo sírio, não a forças externas, decidir sobre o próprio destino.