sexta-feira, setembro 29, 2006
"O perfeito mordomo (ou quase)"
Sobre: CLÓVIS ROSSI, "O perfeito mordomo (ou quase)", Folha de S.Paulo, 30/9/2006, p. 2 e na internet, em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2909200603.htm
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Sr. Clóvis Rossi,
"Nós, brasileiros, somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Na mestiçagem fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo."(Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro)
Explica-se muito facilmente que o leitor-eleitor brasileiro, em 2006, ainda não saiba de muitos dos fatos dos quais deveríamos saber, nesse Brasil pré-eleitoral: o eleitor brasileiro leitor de jornalões, no Brasil ainda vive entregue ao pior jornalismo do mundo.
Há décadas já não temos jornais no Brasil, porque, no Brasil, as empresas jornalísticas, desde a ditadura, foram convertidas em house organ dos partidos que representam e defendem e falam (e escrevem) pelas as ditas `elites´ brasileiras.
Criou-se assim, no Brasil, uma espécie de `jornalismo´ do absurdo, que não vale um réis de mel coado, nem para os acionistas, nem para os assinantes nem, em geral, para nenhum leitor-eleitor.
O jornalismo dos jornalões-empresas no Brasil-2006 é jornalismo do absurdo, primeiro, porque as ditas `elites´ brasileiras estão desmascaradas para TODOS... menos para o `jornalismo´ brasileiro.
Já não há como não ver que nada há de `elite´ nas autoproclamadas `elites´ brasileiras, se se vêem os mais laureados `sociólogos´ brasileiros aí, perfeitamente enlouquecidos, zurrando que "Temos de exorcizar o Demônio" ou "o presidente é ladrão".
Todos sabemos que o presidente NÃO É ladrão. Todos sabemos que o Demônio, se existe, não está nos lares, nas ruas e praças do Brasil. O Demônio, se existe, está nas redações dos jornalões e é `jornalista´ à moda dos Josias, dos Clóvis Rossi, das Dora Kramer, das Lucia Hippólito, dos Jabores & Mainardis, pra ficarmos só nos demônios-empregados.
Se quisermos pensar em demônios `sociológicos´, então, a coisa é ainda mais banderosa: demônio `sociológico´, hoje, no Brasil, é esse ridículo Fernando Henrique Cardoso/Weffort/Bóris Fausto, ex-sociólogos e ex-historiadores e eternos uspeano-udenista-pefelista-dasluzetes que hoje zurram como qualquer doido fundamentalista. Ora! Esse FHC foi aluno de Florestan Fernandes!
Pois... NENHUM jornalão brasileiro soube, sequer, denunciar esses zurros de enlouquecimento fundamentalista pirado. E nenhum `jornalismo´ brasileiro soube ver, nesses zurros de enlouquecimento de fundamentalista pirado, a mais completa traição, aí, à vista de todos, da honrada sociologia de Florestan Fernandes.
Nem isso, Sr. Clóvis Rossi, o seu `jornalismo´ acanalhado soube `noticiar´ ou `colunar´.
Além de nada ver, nada saber, nada noticiar e nada colunar do enlouquecimento das ditas `elites´ `sociológicas´ uspeanas pefelistas e eternamente udenistas, os jornalões e jornalistas que falam por essas `elites´ do atrasismo ainda se querem fazer passar por jornais e jornalistas. Pois já nada têm, nem de jornal nem de jornalistas sequer públicos ou republicanos.
Imagine-se, então, o que esses jornalões e jornalistas que falam pelas tais `elites´ piradas têm hoje, no Brasil, de democráticos. É nada.
Jornalistas como o senhor só têm, de jornalistas, o NADA que têm de jornalistas esses patéticos carinhas encarregados da dita `comunicação´ das empresas, hoje operantes nas ditas `assessorias de imprensa´ de empresas e de partidos políticos.
Carinhas como o senhor, Sr. Clóvis Rossi, ex-jornalistas, são hoje empregados como quaisquer outros - e vivem vida mais dura do que muitos, porque têm a específica função de sabujar os patrões também por escrito, em textos assinados, que a história guarda e o futuro saberá ler com mais clareza do que nós os lemos hoje. Se a vida desses pseudo jornalistas como o senhor já é vergonhosa hoje, muito mais vergonhosa será a sua posteridade.
Domingo que vem haverá eleições no Brasil. O presidente Lula será reeleito, não porque eu - o eleitor brasileiro - seja burro.
O presidente Lula será reeleito porque os eleitores brasileiros DERROTAREMOS pela segunda vez, TODO esse jornalismo acanalhado que envergonhou o Brasil, todos os dias, nessa Folha de S.Paulo, desde 2002, sem parar um dia.
Em alguns anos, essa página 2 da Folha de S.Paulo - que foi escândalo e vergonha para os eleitores brasileiros democráticos - andará por aí, xerocada, como amostra, para que os mais jovens conheçam o pior jornalismo que o mundo jamais conheceu: `jornalismo´ acanalhado, de propaganda de DES-democratização do cidadão eleitor e leitor de jornais, como foi acanalhado o `jornalismo´ do macartismo; como foi acanalhado o `jornalismo´ de Goebbels; como foi acanalhado o `jornalismo´ stalinista, depois de McCarthy, Goebbels e Stálin já estarem TOTALMENTE pirados, quer dizer: às vésperas do fim.
Boris Libois[1], filósofo e especialista em deontologia do jornalismo, diz, belamente, que, hoje, os públicos leitores de jornal, em todo o mundo, já começam a libertar-se da escravidão que pesou sobre eles, construída de desinformação e engambelação dita `jornalística´.
Essa engambelação dita `jornalística´ sempre foi movida pelas opiniõezinhas PRIVADAS e PESSOAIS de meia dúzia de `jornalistas´ acanalhados.
Esses `jornalistas´, por escrever em jornais (falando sozinhos, surdos ao contraditório e à discussão democrática), viveram, por décadas, da ilusão autista de que impunham aos leitores, como se fosse opinião `jornalística´, o que jamais passou de uma estranha mistura de preconceitos, neuroses, noções e palavreado PESSOAIS dos próprios `jornalistas´ e jornalões.
`Colunistas´ de jornalão, como o senhor são empregados e, portanto, vivem a dura vida de quem tenha de conciliar suas neuroses, perversões, opiniões e crenças e preconceitos pessoais, com as neuroses, perversões, opiniões e crenças e preconceitos pessoais dos seus respectivos patrões. Isso é sempre muito ruim.
Mas esse acanalhamento da opinião jornalística é particularmente ruim quando opera como instrumento de propaganda política macartista, nazista, fascista e stalinista, com lado político-partidário sempre ocultado mas sempre ativo, em campanha eleitoral.
Esse acanalhamento da opinião jornalística - do qual essa página 2 da Folha de S.Paulo e seus colunistas vendidos são hoje o mais vergonhoso exemplo - é triplamente criminoso. É jornalismo criminoso porque é pessoalmente nefasto (porque corrompe a alma do jornalista). É jornalismo criminoso porque é socialmente nefasto (porque corrompe a opinião pública, envenena o eleitor, desencaminha-o, engana e o trai). E é jornalismo criminoso, também, porque é antidemocrático; porque `apaga´ os valores democráticos; e porque `esquece´ e ensina a esquecer a importância dos votos democráticos dos eleitores-leitores democráticos.
O perfeito mordomo criminoso, portanto, Sr. Clóvis Rossi, hoje, no Brasil, é o senhor.
Besteira sua - mais uma! - escrever que o Brasil seria "um pobre país", `porque´ "nem o perfeito mordomo é de fato perfeito".
O problema jamais esteve em saber se o senhor é "perfeito mordomo", ou quase-perfeito, ou alguma outra dessas suas asnices retóricas.
O que interessa é que, depois de amanhã, o Brasil terá DERROTADO, nas urnas, em eleições legais, legítimas e perfeitas, TODO o des-jornalismo acanalhado da Folha de S.Paulo, d´O Estado de S.Paulo e da Rede Globo.
Derrotamos, de fato, toda `a corte´! Do seu Friazinhos-patrão, aos colunistas mordomos sabujos.
O povo brasileiro DERROTOU, nas urnas, democraticamente, outra vez essa tal de dita `elite´, mil vezes maldita anti-elite brasileira - e que nem elite jamais foi.
Essa é a MARAVILHOSA notícia desse outubro de 2006, que o seu des-jornalismo acanalhado JAMAIS publicará.
Pronto. A guerra continua, é claro. Mas a batalha de 2006, acabou.
O senhor perdeu. A Folha de S.Paulo perdeu. O Brasil venceu.
Florestan Vive! Glauber Vive! Darcy Ribeiro Vive! Brizola Vive! Sabotage Vive! Itamar Assumpção Vive! Viva o Brasil!
LULA É MUITOS!
[1] LIBOIS, Boris. 2002. Un concept normatif de communication publique. La communication publique. Pour une philosophie politique des médias. Préface de Jean-Marc Ferry. Paris: L´Harmattan, cap. I [Tradução de trabalho, para finalidades acadêmicas, sem valor comercial, de Caia Fittipaldi. Texto traduzido disponível, a pedido, para leitura pessoal, para finalidades acadêmicas.
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