quinta-feira, setembro 21, 2006

Entrevista do Presidente Lula ao Bom Dia Brasil



O Presidente Lula deu esta manhã uma importante entrevista ao jornal Bom Dia Brasil da TV Globo. Seguro e confiante na vitória dia primeiro de outubro, Lula comentou as mudanças no comando de sua campanha, com o afastamento de Ricardo Berzoini substituído por Marco Aurélio Garcia e rechaçou acusações da oposição de uso de dossiês em sua campanha. "Não faz parte do meu currículo político ficar procurando coisas da vida dos outros para fazer campanha política. Eu quero é debater idéias, eu quero é debater programas", disse o Presidente.

>> Vale a pena ler a íntegra da entrevista:

Bom Dia Brasil: Candidato, sobre o escândalo do dossiê, o senhor tem dito que considera abominável acusar pessoas com uso de dossiês. O senhor afirmou que, em várias campanhas, repudiou essa prática. Como o senhor explica que, nesse caso, as pessoas envolvidas sejam tão próximas do Palácio do Planalto ou da direção do Partido dos Trabalhadores, que é o seu partido?

Luiz Inácio Lula da Silva: Primeiro, eu poderia ter um tempinho a mais pela dupla função que eu exerço aqui de presidente e de candidato. E, segundo, dizer para você, meu caro, que eu acho abominável, muito abominável, e tenho demonstrado isso ao longo da minha vida política. Você está lembrado que, em 1989, eu estava no segundo turno quando não faltaram aqueles que queriam que eu fizesse denúncias gravíssimas contra o Collor, de coisas que eu achava abomináveis terem acontecido na época, e eu resolvi não fazer. Da mesma forma em 1998, contra o então candidato Fernando Henrique Cardoso, e eu resolvi não fazer, porque não faz parte do meu currículo político, não faz parte da minha política – e já fiz quatro eleições – ficar procurando coisas da vida dos outros para fazer campanha política. Eu quero é debater idéias, eu quero é debater programas. Veja: essas coisas só podem acontecer porque as pessoas são, eu diria, insanas quando têm esse comportamento político. Eu estou numa situação altamente confortável na campanha política. Faltam dez dias para acabar a campanha política. Não sei por que alguém haveria de querer um dossiê contra o candidato a governo de São Paulo. Ou seja: não era nem contra o Alckmin. Então, qual seria o interesse da minha campanha nesse negócio, a não ser que alguma pessoa achou que estava descobrindo a mina de Salomão.

Nesse novo escândalo, estão envolvidas pessoas muito próximas ao senhor; alguns, companheiros seus há anos: o seu assessor especial que trabalhava no Palácio [Freud Godoy], o presidente do seu partido [Ricardo Berzoini], um dos coordenadores da sua campanha [Gedimar Passos], um dos autores do seu programa de governo [Osvaldo Vargas]; um diretor do Banco do Brasil [Expedito Afonso Veloso]. Não é grave?

É grave, é lógico que é grave. O fato de a pessoa fazer uma investigação da vida dos outros, fazer levantamento, e, sobretudo, pagar. Você tem sempre que partir do seguinte pressuposto: quando alguém vem te oferecer uma maldade e pede por essa maldade dinheiro, essa pessoa já não merece confiança. Esse é o princípio básico de quem tem que agir com honestidade, sobretudo de alguém que participa de uma campanha como a minha, que é a campanha que está sendo feita tranqüila, uma campanha madura, uma campanha em que, até agora, eu não ataquei nenhum candidato, em nenhuma hipótese. Então, obviamente, as pessoas, ao receberem a proposta, deveriam ter denunciado, como eu fiz no dossiê das Ilhas Caymans. Vocês estão lembrados. Ou seja: aquele dossiê era para prejudicar um segundo turno da campanha do Mario Covas, e eu fiz questão de entregar para o Márcio Thomaz Bastos, que chamou o candidato José Serra, que chamou o Mário Covas e entregou. Porque eu não acredito nesse tipo de comportamento. Agora, se companheiros tiveram a ilusão de que estavam encontrando algo tão poderoso, que poderia mudar o planeta Terra, essas pessoas pagarão. Por quê? Porque eu quero saber quem é que deu dinheiro, se teve dinheiro, o que tem nesse dossiê. Porque esse dossiê também é uma coisa que eu quero saber o que é que ele tem, por que ele valia tanto, por que tantas pessoas se envolveram numa coisa que, para mim, não tem nenhum sentido. Esse dossiê, sendo divulgado ou não, não me ajuda um milímetro na campanha eleitoral. Eu quero saber. Eu faço questão, disse ao ministro da Justiça [Márcio Thomaz Bastos], eu faço questão que a Polícia Federal vá fundo, investigue as entranhas, sabe, de tudo o que aconteceu nesse processo, porque nós não podemos permitir que isso aconteça nas campanhas políticas.

Presidente-candidato, o senhor afastou algumas pessoas muito próximas do senhor nesse episódio, assim como no episódio anterior, que foram afastadas pessoas também. Mas, depois que o senhor as afastou no episódio anterior, parece que outros que ficaram repetiram os erros. O senhor não acha que só afastar é insuficiente? Teriam que ser adotadas também medidas preventivas para evitar a repetição?

Meu caro Alexandre Garcia, não existe milagre nisso. Ou seja: você tem uma orientação política, você tem um comportamento político. O papel do presidente da República é afastar as pessoas. Eu não posso julgar e não posso prender. A pessoa cometeu um erro, qualquer que seja ele, pequeno ou grande, eu afasto ele. A partir daí, é o Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça que vão tomar conta da situação, não é o presidente da República. Até porque não é esse o papel do presidente da República fazer julgamento. Quando eu afasto um companheiro como Ricardo Berzoini, não é que eu tenho que, acho que o Ricardo Berzoini tem culpa no que ele está envolvido. É porque eu não posso, faltando dez dias para a campanha, ter como coordenador da campanha uma pessoa que vai passar dez dias respondendo sobre dossiê. Eu tenho que colocar alguém que coordene a campanha. Eu tenho que colocar alguém que faça a minha campanha. Por isso, eu chamei o companheiro Marco Aurélio [Garcia, assessor especial da presidência].

Candidato, são muitos escândalos: Waldomiro Diniz, Maurício Marinho, mensalão, dólares embaixo de roupa e agora esse dossiê. Sempre é a mesma mecânica, a mesma fórmula. Aparece dinheiro vivo, ilegal e depois alguém é afastado para assumir a culpa. Como se explica isso? Não é muita coincidência?

Veja, primeiro o fato que você tem que levar em conta, Miriam, que no nosso governo está acontecendo e não acontecia em outros governos é que a gente não joga o lixo para debaixo do tapete. Houve uma denúncia, houve a concretização da denúncia, nós afastamos e investigamos a pessoa. Por isso, nós reequipamos a Polícia Federal, preparamos melhor a inteligência da Polícia Federal, contratamos mais gente. Por isso, o Ministério Público tem independência como jamais teve na história do Brasil – para que possa investigar objetivamente tudo o que acontecer. E cada coisa que acontecer vamos investigar. Agora, obviamente, o meu papel é só afastar. Depois, as pessoas terão – em um país de vocação republicana como o nosso – o direito de se defenderem na Justiça, que é quem vai dar o veredicto final. E isso, Miriam, é bom que seja assim, porque se aconteceu com esses meninos hoje pode acontecer com qualquer outra pessoa amanhã que esteja acusada. Alguns, obviamente, serão inocentados, porque, no Brasil, nós precisamos ter em conta. Não é pelo fato de sair a cara do cidadão no jornal que ele já está culpado, mas graças a Deus somos um nação republicana e a gente tem procedimento que envolvem várias instâncias do poder Judiciário – Ministério Público, Polícia Federal – e aí você condena as pessoas.

Sim, candidato, mas o senhor, em Nova York, disse que havia interesses da oposição de melar a eleição, de melar o jogo eleitoral no último instante. O senhor deu essa declaração.

Não disse isso.

O senhor disse que havia adversários, interessados, quem estivesse... O senhor disse isso. Não, até agora, ninguém da oposição envolvido nisso.

Renato, eu não disse isso, eu não disse isso. Eu apenas afirmei o seguinte: a quem interessa melar o processo eleitoral. Foi isso que eu disse. Por que? Porque a mim não interessava. Como é que um candidato que tem 50% de votos já há algum tempo, voto que está, praticamente, fixado, 46% espontâneo. Como é que um candidato que está prestes, com muita possibilidade de ganhar umas eleições, em que o meu adversário não está fazendo com que eu corra nenhum risco. Qual é o interesse meu e da minha coordenação de fazer isso?

Mas, de fato, candidato...

Obviamente, que como eu não faço julgamento, nem faço pré-julgamento, e acho que o que aconteceu foi uma coisa imoral para esse país, para a campanha política, eu só quero apurar. Quando apurar, vocês me convidam para fazer um “Bom Dia Café” outra vez e eu vou conversar com vocês, fazer um “Bom Dia Brasil”. Aí, nós explicamos o que aconteceu a partir de um relatório, de uma investigação e de um veredicto final.

Mas, presidente, é certo que as pesquisas, como o senhor disse, mostram que o senhor está na frente. Agora, há quem diga que seria muito interessante uma vitória do senhor do no primeiro turno. E uma vitória do seu partido em São Paulo seria bastante interessante para o seu partido?

Seria interessante ganhar nos 27 estados. Seria interessante ter maioria no Senado e na Câmara.
Então, por isso o dossiê interessa também ao PT?

Não, veja, mas não à campanha presidencial. Veja, eu conheço...

Mas a campanha em São Paulo...

Veja, eu conheço o Aloizio Mercadante. Eu duvido, coloque a mão no fogo se o companheiro Aloizio Mercadante concordaria com uma atitude dessa. Duvido que ele concordasse. Agora, meu caro, o cidadão está lá trabalhando e alguém fala: “Olha, tenho uma notícia que pode abalar o mundo”. Sabe aquele, os 17 dias que abalaram o mundo? Então, a pessoa deve ter pensado: “Bom, eu vou descobrir ouro puro e vou ser famoso”. Quebrou a cara. Quebrou a cara, porque quando um bandido tenta te procurar e vender alguma coisa, você tem que desconfiar do bandido? O que está por detrás desse bandido que te procurou para vender alguma coisa?

Candidato, o senhor acabou de mencionar a atuação republicana do Polícia Federal. A Polícia Federal, executando um mandado judicial, prendeu dois integrantes do PT com dinheiro em São Paulo e os levou para Cuiabá. Quando chegou em Cuiabá, a Polícia Federal revelou o dossiê que prejudicaria [José] Serra, que teria a intenção de prejudicar Serra. Mas, em São Paulo, não permitiu câmeras no dinheiro que foi trazido pelo pessoal do PT. O senhor não acha isso estranho, esse tratamento diferente?

Eu acho, Alexandre, que quando você encontrar com o delegado, você pergunta para ele (risos). Como é que eu vou saber porque o delegado procedeu assim? Não posso saber. Agora, eu penso que o delegado tem que explicar à sociedade brasileira não apenas a questão do dinheiro e da origem, quem recebeu esse dinheiro, para quê esse dinheiro, o conteúdo do dossiê, porque é preciso que a sociedade saiba tudo. A mim o que interessa, na verdade, é o seguinte: é a verdade, a mais absoluta verdade. Você sabe, Renato, se tem uma coisa que as pessoas – mesmo que discordem politicamente de mim – sabem é que meu comportamento na política é impecável, não por uma eleição, por todas que eu participei, em situações, inclusive, muito desfavoráveis em que tive um comportamento ético, porque eu respeito as pessoas.

Candidato, há um ano o PT estava quebrado, não tinha dinheiro para pagar dívidas, não tinha dinheiro para pagar fornecedores. Até o ministro Tarso Genro falou em gestão temerária. Agora, aparentemente, há dinheiro suficiente para a campanha e aparece R$ 1,7 milhão na mão de petistas. De onde vem esse dinheiro? Como é possível explicar isso?

Não. Primeiro, se eu soubesse eu lhe diria, Miriam. Com todo carinho, eu lhe diria de onde vem esse dinheiro. Segundo, eu posso lhe dizer que a minha campanha está cumprindo exatamente com aquilo que nós assinamos de gastos de campanha. Eu não gosto de insinuações nem para os meus adversários, muito menos para mim. O que eu quero, na verdade, é que isso venha a tona e em algum momento vai vir. Nós vamos saber de onde veio o dinheiro, quem deu o dinheiro, quem foi que se meteu nisso, porque as pessoas se meteram nisso. Eu sou um cidadão que espero que a polícia e que a Justiça façam um julgamento o mais rápido possível. Não esperem de mim que eu execre alguém antes dele ser julgado como todo ser humano tem que ser julgado nesse país. O que eu posso garantir é que, se alguém queria fazer um dossiê para ajudar o PT, na verdade essa prática não ajuda. Ou seja, mexer com bandido não dá certo em lugar nenhum do mundo.

Candidato, na primeira crise com a Bolívia, o senhor disse: “Tem gente que acha que só ser duro resolve o problema. Às vezes eu acho que ser carinhoso resolve mais que ser duro”. Agora, na semana passada, o novo ministro dos Hidrocarbonetos boliviano disse que vai aplicar o decreto na data já combinada e outra vez manifestou assumir o controle da refinarias da Petrobras na outra semana. Está resolvendo o problema ser carinhoso?

Renato, é preciso que tenhamos a dimensão exata dessa discussão sobre política externa. Nós temos um comportamento político de alguns ministros na Bolívia que não condiz com a mesa de negociação que não está acontecendo. O meu ministro de Minas e Energia, o meu ministro das Relações Exteriores, o presidente da Petrobras, têm feito algumas reuniões com a direção do governo boliviano e a história que a gente vê na mesa é uma e a história que a gente vê na imprensa é outra. Ora, eu confio que a Bolívia tem a exata noção da importância do Brasil para a Bolívia. Como o Brasil tem a exata noção do que significa o gás boliviano para o Brasil. Eu gostaria que nós não dependêssemos do gás boliviano. É importante lembrar que até 1998 não fazia parte da matriz energética brasileira. Já que faz, eu disse ao presidente [boliviano] Evo Morales. Eu disse: Evo, você não pode ficar com uma espada na cabeça do Brasil porque você tem o gás. Nós também podemos colocar uma espada na tua cabeça porque nós que compramos o gás e se não vender para nós, vai ser muito difícil vender para alguém. É só olhar a geografia da Bolívia para perceber. O que o presidente Evo tem me dito é que nós vamos chegar a um acordo, vamos negociar. Eu acredito nisso. Eu acredito. Eles estão há pouco tempo no governo, têm muitas divergências. Eu acho que, quando a gente sentar na mesa para definir e depois das eleições eu vou ter que trazer o presidente Evo aqui, talvez eu vá para a Bolívia. Nós vamos fazer um acordo porque interessa à Bolívia e interessa ao Brasil. Nós estamos com um projeto de desenvolvimento conjunto no pólo gás-químico, na divisa Brasil-Bolívia. Nós poderíamos fazer uma hidrelétrica juntos no Rio Madeira. Ou seja, a Bolívia só tem a ganhar nessa parceria com o Brasil. Não só porque tem que vender o gás para nós, que somos os maiores compradores, como nós poderemos ajudar a Bolívia a ter um crescimento razoável.

Presidente, vamos falar de agricultura. No começo do seu governo, o campo vivia um paraíso. No fim do mandato, agora, o setor vive uma de suas piores crises. Por que, candidato?

Renata, Renata. Você deveria trazer alguém – que não fosse eu – aqui para fazer essa pergunta, porque nós já tivemos duas crises profundas na agricultura. Primeiro, em função de intempéries, que nós não controlamos. Segundo, Renata, o financiamento da agricultura este ano foi o maior da história. Foram R$ 60 bilhões

Os agricultores culpam o câmbio. O senhor concorda?

Obviamente, no Brasil é uma coisa engraçada. Quem compra quer o câmbio barato. Quem vende quer o câmbio caro. Ou seja, o câmbio é flutuante, ele vai flutuar de acordo com a oscilação do próprio mercado. Ou seja, o que nós precisamos ter em conta é que a agricultura brasileira é cíclica e, no mundo inteiro, muitas vezes o preço cai porque temos uma superprodução no mundo. Nós não estamos com problema no café, estamos? Nós não estamos com problema no suco de laranja, estamos? Não estamos com problemas em vários produtos que produzimos nesse país. Agora, estamos com problemas em alguns, porque houve excesso de produção, porque houve seca, porque houve praga. E quando houve o governo brasileiro socorreu. A pergunta que eu faço é por que não se criou o Seguro Agrícola há 40 anos? Nós criamos agora para não ficarmos vítimas das intempéries.

Candidato, a carga tributária aumentou. O senhor costuma dizer que não aumentou a carga tributária, mas a arrecadação é que foi mais eficiente, mas não é verdade. Houve mudanças na base de cálculos de impostos como o Cofins e PIS, que aumentaram, sim, os impostos. Os gastos aumentaram muito, candidato, no seu governo: 9% ao ano. E o investimento caiu. No ano passado, o investimento foi de 0,5% do PIB. É o menor em 40 anos. O senhor acha que assim é que se constrói as bases para o espetáculo do crescimento?

Miriam, eu, um dia, gostaria, quem sabe logo, logo, no mês que vem, você me convidasse para ir discutir um pouco de economia ao vivo, sentado ao seu lado, para a gente poder conversar. Miriam, você é uma economista importante no Brasil, e você sabe que o Brasil, desde a proclamação da República, não viveu um momento com uma combinação de fatores positivos como os que estamos vivendo agora. As nossas exportações continuam crescendo, estamos batendo recordes de exportação. Vão ser US$ 34 bilhões de exportação este ano. As importações estão aumentando, o salário está crescendo, a indústria está crescendo. Ou seja: obviamente que pode crescer um pouco mais ou pode crescer um pouco menos, mas está crescendo. Você não via isso, Miriam, há 30 anos. Você está vendo agora. E você sabe que assim, para a gente poder construir uma casa, a gente tem que fazer o alicerce. Se não fizer o alicerce, cai, como caíram todos os planos mágicos que inventaram nesse país. Nós resolvemos não fazer mágica. Resolvemos fazer política com seriedade. E o que está acontecendo? Quando eu digo que quando nós aumentamos o Cofins, nós aumentamos porque as empresas brasileiras pediam para a gente aumentar para equalizar o preço com os produtos importados. Você teve redução no imposto, Miriam, porque nós reajustamos a alíquota do Imposto de Renda duas vezes, coisa que não era feita há muito tempo nesse país. Nós reajustamos. Nós desoneramos praticamente toda a cadeia da construção civil. Nós desoneramos a cadeia da cesta básica. Foram mais de R$ 20 bilhões de desoneração. E vamos continuar no processo. Agora, toda vez que a Receita se aperfeiçoar, e as pessoas pagarem corretamente, e as empresas ganharem dinheiro, nós vamos arrecadar mais. É importante lembrar, não é, Miriam, que houve ganho das empresas, houve ganho dos bancos, houve ganho no salário e, portanto, a gente arrecada mais.

Presidente, em 19 de abril o senhor fez um discurso no Hospital Conceição dizendo exatamente o seguinte: “A gente não está longe de atingir a perfeição no tratamento de saúde desse país”. O senhor acha mesmo isso, presidente? A realidade está mostrando que não é bem isso. Está faltando muita coisa ainda na área de saúde.

É , eu sei que falta muito. Até porque, durante muito tempo, eu fui beneficiário e sei da dificuldade. O que há de concreto é que o SUS [Sistema Único de Saúde] hoje está muito mais universalizado. O SUS atende... Acabei de assinar agora um decreto dando aos hospitais mais importantes do Brasil, que têm tratamento de alta complexidade, condições para que possam atender ao SUS. Ou seja: nós vamos melhorar. Agora, essas coisas que são acumuladas há décadas e décadas, você não resolve. Ou seja: nós criamos...

Trinta segundos, presidente.

Nós criamos 405 centros de saúde bucal, o que não é pouca coisa. Criamos o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], que não é pouca coisa, e vamos criar muito mais.
Presidente, o senhor tinha 30 segundos e não usou os seus 30 segundos. Rapidamente, dez segundos.

Eu só não usei porque eu pensei que eu ia discutir programa de governo e terminou não discutindo programa de governo.

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