segunda-feira, setembro 04, 2006

“Com licença, efeagá, mas... o malandro c’est moi!”

SOBRE: “República da malandragem”. Fernando Henrique Cardoso. Em O Estado de S.Paulo, O Globo, Correio Braziliense (e vários outros jornais em todo o Brasil, coluna mensal, publicada no 1º domingo do mês, desde 2003), 3/9/2006. Na internet, em http://www.psdb.org.br/noticias.asp?id=25660
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“Com licença, efeagá, mas... o malandro c’est moi!”

É absolutamente indispensável responder a esse artigo de FHC – e é preciso responder imediatamente –, ou todos os letrados brasileiros seremos crucificados e, em dois ou três dias, talvez em horas... seremos motivo de piada no planeta.
Os uspeanos dignos que haja, que respondam com ‘fidalguia’ acadêmica (se quiserem [risos muitos]).
Os brasileiros da minha rua não temos NENHUM compromisso com NENHUMA fidalguia acadêmica uspeana. Se quisesse ser respeitado, FHC que ME respeitasse.
O artigo “República da malandragem”, que FHC fez publicar em vários jornais brasileiros, dia 3/9/2006, é artigo safado, de sociólogo safado, manobrando sociologias safadas com ânimo de safadeza. É coisa de maluco. Mas de maluco safado.
Pouco importa o que FHC diga que diz “há anos” o que lhe passa por sua cabeça fraca, sobre quem seria “macunaímico”. Semana passada o adjetivo “macunaímico” apareceu, tão idiotizante quanto no artigo de hoje, também no colunismo da Folha de S.Paulo, assinado por Octávio Frias Filho: cego que cita cego, tentando levar a democracia brasileira diretamente prô lixão dessas sociologias de palestragem, de golpe, de pôca vergonha.
Faz vergonha ao Brasil pobre, que o besteirol que FHC ‘enuncia’ seja ainda reverenciado, no Brasil rico, como se fosse alguma sociologia.
Se esse reverenciamento imbecilizado às imbecilidades que FHC ‘enuncia’ não envergonha os ricos nem os sociólogos, no Brasil, nesse caso... En garde! O Brasil pobre, mas democrático e decente, atropelará todos esses ‘inteligentes’ panacas, que ainda reverenciam embasbacados, essa ‘sociologia’ só de safadezas feita.
O presidente Lula nunca será definido nem como “macunaímico” nem como “não-macunaímico” por NENHUMA sociologia de fim de linha de algum FHC de fim de linha. Mário de Andrade, hoje, está vaiando FHC, de plenos pulmões: “Vá estudar, vagabundo!”
É mentira que o Prof. Antonio Cândido algum dia de sua vida tenha escrito, dito ou pensado que, no Brasil-2006, “Admite-se certo abrandamento entre norma e conduta, dotando os personagens de "flexibilidade moral", mas não se elimina a norma. A ordem (o respeito à lei) é um vago princípio abstrato; a liberdade, um capricho.”
Não é preciso escrever uma tese de doutoramento para corrigir essa sandice que FHC assina hoje, nos jornais do Brasil: é tudo mentira. É simples como isso: é mentira. FHC mente. O Prof. Antonio Cândido JAMAIS escreveu tal sandice.
O que o Prof. Antonio Cândido escreveu mesmo, de verdade, e que FHC distorce e trai no artigo de hoje, é o seguinte:
“As Memórias [de um sargento de milícias] (...) ligam-se a uma atitude muito brasileira, de "tolerância corrosiva", que vem da Colônia ao séc. XX, à qual se prende uma linha mestra de nossa cultura: a disposição de acomodar, que é central para a dialética da malandragem, pode parecer uma inferioridade diante dos valores puritanos de que se nutre a sociedade capitalista, mas facilitará a nossa inserção num eventual mundo mais aberto.”[1]
Para o Prof. Antonio Cândido, portanto, a “dialética da malandragem” nada tem a ver com o ‘malandro’ que aterroriza (e fascina [risos muitos]) FHC e as dondocas Dasluzetes que FHC representa.
A “dialética da malandragem” é um conceito cunhado pelo Prof. Antonio Candido para descrever uma força, uma potência social historicamente construída, que se construiu no Brasil desde a colônia. Para o Prof. Antonio Candido, essa força histórica, socialmente construída, já era suficientemente potente para aparecer como forma, no romance Memórias de um sargento de milícia.
Muito mais importante que isso: para o Prof. Antônio Candido, a malandragem, como potência e força social, seria suficientemente potente, também, para fazer avançar toda a sociedade brasileira... porque nos ajudaria (aos pobres) a nos salvar dos golpes, digamos, ‘sociológicos’ dos FHCs de... sempre.
O malandro de que fala o Prof. Antonio Cândido é, bem claramente, o brasileiro que se estava constituindo já desde o século 18, e que não se deixou apanhar nas arapucas da ‘sociedade letrada’ de então.
O malandro de que fala o Prof. Antonio Cândido, nada tem a ver com o que FHC inventa e mente, tentando convencer-se... e convence-se, o tolo, de que inventou e enganou todo mundo. FHC erra. Ou FHC mente.
O malandro de que fala o Prof. Antonio Cândido corresponde, exatamente, ao negro liberto na abolição da escravatura, “que não se deixou proletarizar”, de que falam Toni Negri e Giuseppe Cocco, em “A constituição da liberdade”.[2]
Pelo visto, esse malandro potente e transformador, hoje, ainda aterroriza FHC – exatamente como esse malandro sempre aterrorizou os “valores puritanos de que se nutre a sociedade capitalista”. É simples, né?
Eu-euzinho e o meu voto democrático ainda aterrorizamos FHC, simplesmente porque, hoje, em 2006, às vésperas de reelegermos o presidente Lula, esse malandro tampouco se deixa enredar e levar no bico, como perfeito imbecil, nas sociologias safadas de FHC [risos muitos!].
Adiante, continua Schwarz, comentando, com dignidade intelectual, política e acadêmica, o mesmo texto do Prof. Antonio Cândido que FHC enxovalha:
“a dialética de ordem e desordem resume a regra de vida de um setor capital da sociedade brasileira: o dos homens livres que, não sendo escravos nem senhores, viviam num espaço social intermediário e anômico, em que não era possível prescindir da ordem nem viver dentro dela.”[3]
O malandro de que fala o Prof. Antonio Cândido somos, precisamente, portanto, por exemplo, eu e o pessoal aqui da minha rua... que, vivendo rigorosamente dentro da lei... somos também capazes de rir (muito) do besteirol que FHC ainda tenta impingir aos mais tolos como se fosse sociologia.
Justamente porque estamos TOTALMENTE imunes a esse besteirol todo, em que os FHCs já não se acanham de comprometer toda as suas biografias intelectuais, os malandros aqui da minha rua já derrotamos FHC-candidato uma vez, nas urnas, em eleições legais, legítimas e perfeitas. E vamos derrotá-lo outra vez, mês que vem. E os derrotaremos enquanto for preciso derrotá-los... até que essas sociologias safadas baixem a crista e se democratizem.
Como a blogosfera respondeu, semana passada, àquele “macunaímico” que a Folha de S.Paulo não se envergonhou de requentar, é hora de responder, outra vez, na lata:
“Com licença, efeagá, mas o malandro c’est moi!”
[1] SCHWARZ, Roberto. 1979. “Pressupostos (salvo engano) da ‘Dialética da Malandragem’” in Esboço de figura. Homenagem a Antonio Candido, São Paulo: Livraria Duas Cidades, p. 133-154. Na Internet em http://www.pacc.ufrj.br/literaria/schwarz.html.
[2] NEGRI, Antonio e COCCO, Giuseppe. “A constituição da liberdade”. Folha de S.Paulo, 1/9/2006, p. 3): “Os primeiros imigrantes chegaram aos cafezais para trabalhar com os escravos, bem antes da abolição formal. "Homens livres na ordem escravocrata", que o marxismo vulgar e darwinista considera massa marginal disponível para o mercado de trabalho, eram, ao contrário, homens que não se deixavam proletarizar. Essa potência atravessou, como um facão, "Os Sertões", de Euclides da Cunha, até fazê-lo ver nos "rijos caboclos o núcleo de força de nossa constituição futura, a rocha viva de nossa raça".
[3] SCHWARZ, cit.
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Falando em FHC...

Justiça reconhece fraude na privatização da Vale 03/09/2006 01:53 Por Maíra Kubík Mano - Revista Sem Terra

Se você tivesse um cacho de bananas que valesse R$9,00, você o colocaria à venda por R$0,30? Óbvio que não. Mas foi isso que o governo federal fez na venda de 41% das ações da Companhia Vale do Rio Doce para investidores do setor privado, em 1997. Eles pagaram 3,3 bilhões de reais por uma empresa que vale quase 100 bilhões de reais. Quase dez anos depois, a privatização da maior exportadora e produtora de ferro do mundo pode ser revertida. Em 16 de dezembro do ano passado, a juíza Selene Maria de Almeida, do Tribunal Regional Federal (TRF) de Brasília, anulou a decisão judicial anterior e reabriu o caso, possibilitando a revisão do processo. "A verdade histórica é que as privatizações ocorreram, em regra, a preços baixos e os compradores foram financiados com dinheiro público", afirma Selene. Sua posição foi referendada pelos juízes Vallisney de Souza Oliveira e Marcelo Albernaz, que compõem com ela a 5ª turma do TRF. Entre os réus estão a União, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Eles são acusados de sub-valorizar a companhia na época de sua venda. Segundo as denúncias, em maio de 1995 a Vale informou à Securities and Exchange Comission, entidade que fiscaliza o mercado acionário dos Estados Unidos, que suas reversas de minério de ferro em Minas Gerais eram de 7.918 bilhões de toneladas. No edital de privatização, apenas dois anos depois, a companhia disse ter somente 1,4 bilhão de toneladas. O mesmo ocorre com as minas de ferro no Pará, que em 1995 somavam 4,97 bilhões de toneladas e foram apresentadas no edital como sendo apenas 1,8 bilhão de toneladas.

Outro ponto polêmico é o envolvimento da corretora Merril Lynch, contratada para avaliar o patrimônio da empresa e calcular o preço de venda. Acusada de repassar informações estratégicas aos compradores meses antes do leilão, ela também participou indiretamente da concorrência através do grupo Anglo American. De acordo com o TRF, isso comprometeu a imparcialidade da venda. A mesma Merrill Lynch, na privatização da Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF) da Argentina, reduziu as reservas declaradas de petróleo de 2,2 bilhões de barris para 1,7 bilhão. Nova perícia Depois da venda da Vale, muitas ações populares foram abertas para questionar o processo. Reunidas em Belém do Pará, local onde a empresa está situada, as ações foram julgadas por Francisco de Assis Castro Júnior em 2002. "O juiz extinguiu todas as ações sem apreciação do mérito. Sem olhar para tudo aquilo que nós tínhamos dito e alegado. Disse que o fato já estava consumado e que agora analisar todos aqueles argumentos poderiam significar um prejuízo à nação", afirma a deputada federal Dra. Clair da Flora Martins (PT-PR).

O Ministério Público entrou com um recurso junto ao TRF de Brasília, que foi julgado no ano passado. A sentença determinou a realização de uma perícia para reavaliar a venda da Vale. No próximo passo do processo, as ações voltam para o Pará e serão novamente julgadas. Novas provas poderão ser apresentadas e os réus terão que se defender. Para dar visibilidade à decisão judicial, será criada na Câmara dos Deputados a Frente Parlamentar em Defesa do Patrimônio Público. A primeira ação é mobilizar a sociedade para discutir a privatização da Vale. "Já temos comitês populares em São Paulo , Rio de Janeiro, Paraná, Pará, Espírito Santo, Minas Gerais e Mato Grosso", relata a deputada, uma das articuladoras da frente.

"Precisamos construir um processo de compreensão em cima da anulação da venda da Vale, conhecer os marcos gerais dessas idéias a partir do que se tem, que é uma ação judicial, e compreendê-la dentro de um aspecto mais geral, que é o tema da soberania nacional", acredita Charles Trocate, integrante da direção nacional do MST. Ele participa do Comitê Popular do Pará, região que tem forte presença da Vale.

Entre os marcos da privatização, que serão estudados e debatidos nos próximos meses nos comitês, está o Plano Nacional de Desestatização, de julho de 1995. A venda do patrimônio da Vale fez parte de uma estratégia econômica para diminuir o déficit público e ampliar o investimento em saúde, educação e outras áreas sociais. Cerca de 70% do patrimônio estatal foi comercializado por 60 milhões de reais, segundo o governo. "Vendendo a Vale, nosso povo vai ser mais feliz, vai haver mais comida no prato do trabalhador", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1996. A dívida interna, entretanto, não diminuiu: entre 1995 e 2002 ela cresceu de 108 bilhões de reais para 654 bilhões de reais.

Na época, a União declarou que a companhia não custava um centavo ao Tesouro Nacional, mas também não rendia nada. "A empresa é medíocre no contexto internacional. É uma péssima aplicação financeira. Sua privatização é um teste de firmeza e determinação do governo na modernização do Estado", afirmou o deputado Roberto Campos (PPB-SP) em 1997. No entanto, segundo os dados do processo, o governo investiu 2,71 bilhões de reais durante toda a história da Vale e retirou 3,8 bilhões de reais, o que comprova o lucro.

"O governo que concordou com essa iniciativa não tinha compromisso com os interesses nacionais", diz a movimentação portuária de granéis sólidos e cerca de 39% da movimentação do comércio exterior nacional - possui a maior malha ferroviária do país - maior consumidora de energia elétrica do país - possui atividades na América, Europa, África, Ásia e Oceania - concessões, por tempo ilimitado, para realizar pesquisas e explorar o subsolo em 23 milhões de hectares do território brasileiro (área correspondente aos territórios dos estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe, deputada Dra. Clair.

Poder de Estado

A Vale se tornou uma poderosa força privada. Hoje ela é a companhia que mais contribui para o superávit da balança comercial brasileira (veja box ao lado), com 54 empresas próprias nas áreas de indústria, transporte e agricultura.

"Aqui na região de Eldorado dos Carajás (PA), a Vale seqüestra todo mundo: governos municipais e governo estadual. Como o seu Produto Interno Bruto é quatro vezes o PIB do estado Pará, ela se tornou o estado econômico que colonizou o estado da política. Tudo está em função dos seus interesses", coloca Charles Trocate.

O integrante do MST vivência diariamente as atividades da empresa no Pará e a acusa de gerar bolsões de pobreza, causados pelo desemprego em massa, desrespeitar o meio-ambiente e expulsar sem-terra e indígenas de suas áreas originais.

"Antes da privatização, a Vale já construía suas contradições. Nós temos clareza de que a luta agora é muito mais ampla. Nesse processo de reestatização vamos tentar deixar mais claro quais são as mudanças que a empresa precisa fazer para ter uma convivência mais sadia com a sociedade na região", diz Trocate. De acordo com um levantamento do Instituto Ipsos Public Affairs, realizado em junho de 2006, a perspectiva é boa: mais de 60% dos brasileiros defendem a nacionalização dos recursos naturais e 74% querem o controle das multinacionais.

Patrimônio da Vale 1996

- maior produtora de alumínio e ouro da América Latina - maior frota de navios graneleiros do mundo - 1.800 quilômetros de ferrovias brasileiras - 41 bilhões de toneladas de minério de ferro - 994 milhões de toneladas de minério de cobre - 678 milhões de toneladas de bauxita - 67 milhões de toneladas de caulim - 72 milhões de toneladas de manganês - 70 milhões de toneladas de níquel - 122 milhões de toneladas de potássio - 9 milhões de toneladas de zinco - 1,8 milhão de toneladas de urânio - 1 milhão de toneladas de titânio - 510 mil toneladas de tungstênio - 60 mil toneladas de nióbio - 563 toneladas de ouro - 580 mil hectares de florestas replantadas, com matéria-prima para a produção de 400 mil toneladas/ano de celulose Fonte: Revista Dossiê Atenção - "Porque a venda da Vale é um mau negócio para o país", fls. 282/292, da Ação Popular nº 1997.39.00.011542-7/PA). Quanto vale hoje - 33 mil empregados próprios - participação de 11% do mercado transoceânico de manganês e ferro liga - suas reservas de minério de ferro são suficientes para manter os níveis atuais de produção pelos próximos 30 anos - possui 11% das reservas mundiais estimadas de bauxita - é o mais importante investidor do setor de logística no Brasil, sendo responsável por 16% da movimentação de cargas do Brasil, 65% da Paraíba e Rio Grande do Norte)

Fonte: 5ª Turma do TRF da 1ª Região Link original: http://www.mst.org.br/informativos/Revista/sitio_revista35/destaque35_total.htm

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