terça-feira, janeiro 03, 2006



São 72 anos de idade, 60 anos de Brasil, 55 anos de jornalismo e muitos frutos: seis publicações criadas, dois livros publicados e muitos quadros que continua a pintar – a primeira de suas vocações. A cria mais recente, a revista Carta Capital, já completou dez anos e é considerada por ele a melhor de todas que lançou – Quatro Rodas, Jornal da Tarde, Veja, IstoÉ, Jornal da República e Senhor (depois IstoÉ Senhor). Respeitada pela independência editorial, por seu posicionamento crítico diante dos poderes – incluindo o da mídia –, e pela qualidade jornalística, Carta Capital guarda as características essenciais de tudo o que sempre fez esse genovês esteta por natureza, aferrado às suas convicções, apaixonado pela profissão que aprendeu com o pai e o avô, e pelo país que adotou e domina – no entendimento e na expressão – como poucos brasileiros natos. Com tantas qualidades, ele está longe de ser uma unanimidade, como prova a escassa repercussão que a imprensa grande reserva para os petardos que dispara semanalmente da redação, próxima à avenida Paulista, onde trabalham onze jornalistas. Não importam a gravidade da denúncia nem a robustez das provas, se a capa é o comando do FBI na polícia brasileira ou a corrupção de políticos poderosos como Antônio Carlos Magalhães: os jornais e as revistas semanais concorrentes o ignoram. Ele dá de ombros, “escrevemos para os leitores”, e declara não ler nenhuma publicação nacional: “A imprensa brasileira é a pior do mundo”. O que não o impede de fazer uma análise arguta e na contracorrente sobre a crise política e sua cobertura pelos meios de comunicação. Com a palavra, Mino Carta.

Entrevistadores: Natalia Viana, Marina Amaral, Ricardo Kotscho, Palmério Dória, Mylton Severiano, Renato Pompeu

..."Só conheço um país em que os jornalistas chamam os donos, os seus patrões, de jornalistas: o Brasil."
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"A mídia está muito mais ligada ao mercado do que ao empresariado. A mídia está ligada ao dinheiro."
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“Quem pensa que o golpe foi militar, a meu ver, está enganado. O golpe foi desse poder que está aí até hoje. Até hoje”.
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“A Folha publicou, faz uns meses, uma matéria – com a claríssima intenção de nos colocar em dificuldade – tentando mostrar que o governo de uma forma ou de outra nos ajuda”.
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