quinta-feira, janeiro 05, 2006



Mais um caso de truculência do jeito tucano de comandar as PMs, vejam que é uma coisa sistemática, é uma questão de comando, de fazer a coisa dessa maneira. As PMs de SP e Pará já são bem conhecidas, até internacionalmente, mas é uma coisa recorrente em todos os estados com governadores tucanos...
Eles dizem que isso é firmeza. Não é firmeza. É truculência, boçalidade e estupidez. Falta de compromisso com a democracia, corrupção e uso de marginais para fazer política autoritária de estado.


Policiais acusados de latrocínio são absolvidos

Oito policiais de Aparecida de Goiânia, Goiás, acusados de assassinar duas pessoas na noite de 22 de abril de 2005, foram absolvidos pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Aparecida de Goiânia. Dois inquéritos foram abertos para investigar o caso, um da Delegacia de Homicídios de Aparecida de Goiânia e outro da Policia Militar. O Ministério Público de Aparecida também acompanhou o caso, através do promotor de justiça Mauricio Gonçalves de Camargo.
As investigações apuraram que além da viatura de número 115, que abordou o palio, outra viatura da ROTAM (Rondas Ontensivas Táticas Metropolitanas), de número 119, que deveria fazer ronda na cidade de Goiânia, participou do desaparecimento das vítimas. Em seguida foi apresentado contra eles denúncia do Ministério Público, sob acusação de latrocínio e ocultação de cadáver. "É claro que foram assassinados", diz o promotor Mauricio Camargos. Ele explicita isso no recurso. "Ninguém em sã consciência considera crível que as vítimas estejam a passear por aí, e que, a qualquer momento retornem à casa de seus familiares. Oxalá isso possa mesmo acontecer". Mesmo assim, o juiz alegou em sua sentença que a provas apresentadas no processo eram insuficientes para provar a culpa dos acusados.
Um das provas contra os policiais foi conseguida através da quebra de seus sigilos telefônicos. O policial Marcelo Alessandro Capinan Macedo, que compunha a viatura 02 119 da Rotam, ligou para o Sargento Fabiano Marcelo, da viatura GPT 02 256, responsável pela ronda na região e disse a ele que "a ROTAM COMANDO estava na área dando cadeias e já havia dois na gaiola". O horário da ligação coincide com o da abordagem. Um fato leva a crer ainda mais no envolvimento dos policiais da Rotam no crime. Em depoimento, o pai de Paulo Sérgio afirmou que seu filho era constantemente extorquido por policiais da Rotam, entre eles Marcelo Capinam, um dos acusados.

"Eu sei que ele sumiu. Eu sei que ele está morto. Mas eu queria ter certeza que ele está em algum lugar enterrado."

Maria das Graças, é mãe do menino Murilo, 12 anos, desaparecido após a abordagem policial. O trauma deixou diversas seqüelas e ela agora passa por acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Já passou dois meses na Clínica psiquiátrica Instituto de Neurociências e tem tomado vários remédios, entre eles antidepressivos. No entanto muitas vezes falta-lhe o dinheiro necessário para os remédios, sem eles ela não consegue dormir e se descontrola emocionalmente. "Eu sei que ele sumiu. Eu sei que ele está morto. Mas eu queria ter certeza que ele está em algum lugar enterrado.", diz em prantos. Ela conta que no dia do desaparecimento, o pai de Murilo pegou o carro e saiu em busca do filho após 20 minutos da saída dele e de Paulo Sérgio, pois, de acordo com a mãe, o local em que o menino iria, não levaria mais de 10 minutos com ida e volta. Chegando lá ouviu de testemunhas que haviam visto o carro dele sendo abordado por um carro da polícia e sair dirigido por um policial da ROTAM. Sua expectativa era de que o caso de seu filho fosse um exemplo de que há justiça no país. Ela acreditou que seria feita a justiça, por Murilo ser uma criança e o caso estar aparecendo diversas vezes na mídia. "Eu achei que não seria como os outros casos de pessoas que morrem na mão dos policiais e fica por isso mesmo. Agora eu espero a justiça de Deus”, diz. Maria afirma que seu marido já recebeu ameaças por telefone. Isso fez com que ele desistisse de se manifestar por justiça, preferindo que fiquem quietos. "Eu acho que no fundo ele tem muito medo de ir atrás. Eu não tenho medo. Se eles fizerem alguma coisa comigo, me matarem, estarão fazendo um favor. Minha vida perdeu a razão. A única coisa que eu tenho é o meu filho de 15 anos”, conta. Ela tem medo pelo filho mais velho, afinal, os policiais estão livres, e seu marido e filho sempre cruzam com eles pelas ruas de Aparecida de Goiânia. "Eu tenho medo de deixar meu filho sozinho. Quando ele demora 20 minutos e não chega, eu ligo pro pai dele o tempo inteiro". Maria agora busca o apoio de organizações que lutam pelos Direitos Humanos. A comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa acompanhou o caso, mas depois da absolvição dos policiais nada tem sido feito. A família imprimiu panfletos procurando por Murilo, onde acusa o governador do estado Marconi Perillo pela omissão diante da dor da família. Sobre os policiais, sua frase resume sua revolta:

"Nossa! Eu tenho é nojo deles!”.

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