terça-feira, janeiro 03, 2006



RECORDE DA BALANÇA COMERCIAL
Brasil nunca vendeu nem comprou tanto como em 2005, diz Ministério

Além do histórico saldo de US$ 44,76 bilhões na balança comercial de 2005, anunciado nesta segunda (2), Brasil conseguiu reduzir o peso do comércio com os EUA na formação desse superávit: caiu de 26% em 2004 para 21% no ano passado.
O Brasil fechou 2005 com uma gama de resultados positivos em seu comércio exterior: saldo recorde, ampliação das vendas de manufaturados e diversificação dos destinos. Este último dado representa uma vitória – pelo menos no plano do discurso – pontual do governo Lula, que desde o início focou uma das vertentes de sua política externa na abertura de novos mercados consumidores para o país.Entre janeiro e dezembro, o saldo positivo e recorde da balança comercial alcançou US$ 44,76 bilhões. Essa é a diferença entre o total de exportações – US$ 118,3 bilhões – e de importações – US$ 73,54 bilhões. O resultado foi considerado surpreendente, já que a desvalorização de 12,4% do dólar, registrada ao longo do ano, encareceu os produtos brasileiros no exterior. Em 2004, o país havia registrado um superávit comercial de US$ 33,66 bilhões. A previsão do mercado financeiro, calculada semanalmente pelo Banco Central após pesquisa com os bancos, era um pouco menor, de US$ 44,16 bilhões, conforme boletim divulgado nesta segunda-feira (2) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O próprio governo havia fixado sua meta em US$ 42 bilhões. No fim das contas, as vendas brasileiras cresceram em valor 23%, acima da média mundial prevista pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que é de alta de 14%.
Agosto registrou a maior soma de exportações de empresas instaladas no país, com vendas de US$ 11,36 bilhões. O resultado ficou à frente de julho, quando foram exportados US$ 11,06 bilhões. Em dezembro de 2005, o superávit foi de US$ 4,3 bilhões, acima dos US$ 3,5 bilhões de dezembro de 2004. As exportações totalizaram US$ 10,897 bilhões no mês e as importações, US$ 6,551 bilhões.
Mais independência
Entre tantos números, merece destaque o fato de que o país ampliou suas vendas para além do eixo formado por Estados Unidos e União Européia. As exportações avançaram para a Europa Oriental (+55,8%), África (+41,4%), Mercosul (+32,1%, com aumento de 35% para a Argentina), Ásia (+27,9%, com alta de 26,1% para a China), Aladi, exceto Mercosul (+27,5%) e Oriente Médio (+16,7%). As vendas para Estados Unidos e União Européia também cresceram, mas em patamares menores: +12,2% e +10,1%, respectivamente.Entretanto, a diversificação não foi grande o suficiente para desbancar o mercado norte-americano como o principal destino dos produtos brasileiros. No acumulado do ano, os Estados Unidos compraram US$ 22,7 bilhões, seguidos por Argentina, com US$ 9,9 bilhões, China, com US$ 6,8 bilhões, Países Baixos, com US$ 5,3 bilhões, e Alemanha, com US$ 5,0 bilhões.Há aqui uma informação importante para os que se preocupam com a geopolítica comercial. A participação dos EUA na formação do superávit brasileiro caiu de 26% (o equivalente a US$ 8,83 bilhões de US$ 33,69 bilhões), em 2004, para 21% no ano passado (US$ 9,8 bilhões de US$ 44,76 bilhões). Entre os especialistas em negociações internacionais, saldo comercial é um dos fatores que aumentam o poder de barganha de um país sobre outro. Com a redução do saldo, pode-se dizer que o Brasil ficou menos “dependente” dos EUA em 2005.Ainda do lado das exportações, o grande destaque de 2005 foram os manufaturados, produtos com alto valor agregado, cujo aumento de 23,5% sobre o mesmo período de 2004 se deve, segundo o governo, ao aumento das quantidades embarcadas e não à elevação dos preços internacionais. Nesta categoria, destaca-se o crescimento de celulares (+99,6%), veículos de carga (+50,4) e automóveis (+31,6%).Além disso, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior afirma que os produtos manufaturados foram os que mais contribuíram para a elevação das exportações de 2005 sobre 2004, ao gerar acréscimo de divisas de US$ 12,197 bilhões, seguido dos básicos (+US$ 6,204 bilhões) e semimanufaturados (+US$ 2,530 bilhões).Com este bom desempenho, as manufaturas já respondem por 55,1% da pauta de exportação brasileira. Já os básicos e os semimanufaturados, no ano passado em comparação com 2004, tiveram os crescimentos de 22,2% e 19,3%, respectivamente, influenciados pelo aumento dos preços externos.Exportação é ''excelente'', mas indústria ainda precisa de juros menores, diz empresário
O resultado de US$ 118,3 bilhões das exportações brasileiras foi "excelente", na opinião de José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Castro, no entanto, estima que o país poderia ter exportado US$ 130 bilhões, "não fosse a desvalorização do dólar".
Em relação ao câmbio, o empresário diz que "a melhor forma de equilibrar a situação seria derrubar a taxa básica de juros anual, a Selic, de 18% para 15%". Mesmo assim, ele comenta que "o ideal seria a Selic cair para 12% ao final de 2006". Castro afirma que os juros altos desestimulam o investimento das empresas.
O vice-presidente da AEB afirma que os juros altos tiraram do mercado exportador, na área da indústria, em 2005, cerca de 1.000 empresas e em 2006 outras 500 pequenas e médias deverão ficar fora também, totalizando menos 1.500 empresas na área da exportação em dois anos.
Projeções otimistas para 2006
Depois do recorde registrado em 2005, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, projeta exportações de US$ 132 bilhões em 2006, o que corresponderia a um aumento de 11,6% neste ano. Apesar de menor do que a variação das vendas nos últimos dois anos (de 30% em 2004 e de 23% no ano passado), Furlan afirmou que esse resultado ainda continuará "acima da média das exportações mundiais". Além disso, ele disse que a projeção leva em conta projeções "conservadoras" para o câmbio, que tende a ficar neste ano em patamar superior ao de 2005. "As exportações vão continuar crescendo, e as empresas estão motivadas. Claro que a valorização do câmbio pode ajudar em previsões mais otimistas no meio do ano", disse o ministro, durante coletiva de imprensa em São Paulo, quando anunciou os resultados da balança comercial em 2005. O ministério não divulgou uma projeção fechada para as importações, mas Furlan voltou a dizer que a "tendência é de crescimento superior ao das exportações". Isso aconteceria, segundo ele, por causa da recuperação do mercado interno. "As importações poderão crescer ao redor de 20%", disse ele. O ministro também reafirmou que o Brasil "não precisa" de saldos comerciais tão robustos como o registrado no ano passado. Segundo Furlan, isso não é a prioridade do governo. "O que aconteceu em 2005 foi um grande vigor das exportações, que não teve contrapartida nas importações, deprimindo a taxa de câmbio".

Fontes: Agências Brasil e Carta MaiorVermelho

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