domingo, julho 10, 2011

As imagens de Murdoch fugindo das câmeras e dos microfones são simbólicas e históricas

Escândalo leva primeiro-ministro a pedir regulação da mídia
Publicado em 08-Jul-2011
Image
David Cameron
O escândalo das escutas telefônicas ilegais feitas pelo tablóide News of the World - do magnata de mídia Rupert Murdoch - que pode ter atingido até 4 mil pessoas na Grã-Bretanha, levou o primeiro-ministro britânico David Cameron a propor uma nova regulação da mídia para o seu país.

Cameron coloca, assim, na agenda política britânica uma questão que precisa, pode e deve figurar também na pauta brasileira: a elaboração de um marco regulatório para a nossa conservadora mídia que também desrespeita regras e normas elementares - algumas destas até no texto da Constituição - como as leis que estabelecem sigilo e segredo de justiça para determinados processos, o direito de resposta e a exigência do respeito à imagem, à presunção da inocência e às garantias individuais sagradas.

"Necessitamos de um novo sistema, de uma modificação completa, porque o atual não está funcionando", propôs Cameron em uma entrevista coletiva no nº 10 de Downing Street, a sede do governo britânico. Em sua opinião, a chamada Comissão de Questões sobre a Imprensa, que acompanha e supervisiona a ética jornalística no país falhou nesse caso provocado pelo jornal de Murdoch.

O primeiro-ministro britânico classificou como "vergonhoso" o escândalo desencadeado pelo News of the World e defendeu uma investigação pública (dos fatos) "profunda e tão rápida quanto for possível".

Ele anunciou que uma apuração, encabeçada por um juiz, vai apurar os fatos tão logo se concluam as investigações policiais. "Queremos realmente saber o que se passou e como se permitiu que isso ocorresse", observou o mandatário inglês.

Foto: Wikipédia

+++
A emblemática fuga de Murdoch de câmeras e microfones
Publicado em 08-Jul-2011
Rupert Murdoch continua no olho do furacão da mais recente crise política britânica, decorrente da instalação ilegal de grampos para escuta telefônica por um de seus tablóides, o 'News of the World', contra as mais diversas personalidades da Grã-Bretanha.

As imagens de Murdoch fugindo das câmeras e dos microfones são simbólicas e históricas. São emblemáticas do comportamento deste magnata da mídia, que manipula o poder na Grã-Bretanha, que usou os veículos de comunicação que controla para defender o antieuropeismo.

Por que essa defesa? Porque o antieuropeismo significa regulação e concorrência, ou seja, tudo o que Murdoch odeia e luta contra, para tanto usando todas as armas sujas como agora o mundo toma conhecimento. Lá na Inglaterra, como aqui, os donos da mídia querem controlar o poder político, fazer e desfazer governos monopolizar a informação e usar o poder da imprensa para a luta política.

O império midiático de Murdoch (hoje presente na Grã-Bretanha, Estados Unidos, Austrália, China, Índia, Alemanha, Itália e Canadá)  fatura 22 bilhões de euros e atinge todas as mídias - TV, jornais, editoras, publicidade, cinema e entretendimento. Um verdadeiro polvo em nível mundial.

Outra lição para o Brasil: lá, como aqui, os donos da mídia se consideram acima de princípios consagrados, inclusive em legislações dos países civilizados e democráticos, como as leis que estabelecem sigilo e segredo de justiça em processos, o direito de resposta, e exigem o respeito à imagem, à presunção da inocência e às garantias individuais sagradas.