quarta-feira, setembro 12, 2007


A grande mídia é um negócio.
A grande mídia é o que ela é.
A grande mídia nunca vai ser:

plural, apartidária, imparcial.
A grande mídia é o bocão da grande grana.
O que a democracia precisa é do bocão da multidão...














Quem elegeu a mídia?

Sabem como eu vejo o Senado? Fechando os olhos e tentando idealizar o aspecto dos "habitantes" daquela Casa, a imagem que me vem à mente é a de 81 Renans Calheiros, todos vestidos da mesma forma, com a mesma postura física.

Sabem por que está sendo tão difícil cassar Renan? É porque favorezinhos de lobistas e negócios obscuros pesam contra a grande maioria dos senadores.

Dificilmente algum eventual sucessor de Renan estará acima de acusações. Aliás, se a mídia quisesse mesmo ética no Senado, deveria fazer campanha para Eduardo Suplicy ser conduzido ao cargo de presidente da Casa.

Ninguém quer Suplicy porque ele, além de indubitavelmente honesto, é apartidário, o que não deixa de ser um absurdo, na medida em que integra um partido. Mas todos se lembram de como a mídia deitou e rolou em cima das frases do senador à época do mensalão.

O problema não é o Renan original nem os muitos outros "Renans" do Senado, o problema é que não dá para acreditar num país em que a mídia tenha que chantagear parlamentares para obrigá-los a votar "certo".

E muito menos dá para a mídia fazer a mesma coisa em relação à Suprema Corte.

Avisado por um leitor, fui ler artigo de Alberto Dines no Observatório da imprensa, em que ele diz que a mídia "não quer acuar o Senado", mas deveria porque sem pressão os políticos não votam direito.

O problema do raciocínio de Dines não é grave, é escandaloso. Se o político que elegi tomar decisões que me desagradam, eu não voto mais nele. Mas e quando a mídia toma uma decisão com a qual não concordo, o que é que eu faço?

Durante os anos 1980 e 1990, a mídia foi invadida pelos fundamentos do Consenso de Washington. Foram milhares de artigos, editoriais e colunas de "especialistas" que ocuparam cada espaço informativo para defenderem privatizações e Estado mínimo como panacéia para nossos problemas econômicos e sociais.

Deu no que deu.

Eu cobro de quem o desastre que as receitas dos governos Collor e FHC causaram? De Collor e de FHC, só? Negativo, pois eles não teriam tido sucesso em chegar ao poder e implementarem suas tragédias se não fosse a mídia.

Quem defendeu a eleição de Collor contra Lula? Quem defendeu, duas vezes, a eleição de FHC contra Lula? Eu respondo: Folha, Estadão, Veja, Globo e todos os outros que continuam do mesmo lado em que estavam antes.

Não há eleição para meio de comunicação. Esses meios, porém, mantêm-se grandes e fortes muito às custas de dinheiro público. E recebem muito dinheiro público porque são grandes e fortes. Porém, ninguém votou neles e dizer que o público pode não ver mais a Globo se ela não for honesta, é piada.

Como é que eu faço para refrescar a memória dos 90% dos brasileiros que assistem à Globo no que tange o que ela difundiu no passado em defesa, por exemplo, do câmbio fixo tucano que resultou no desastre cambial de 1999? A Globo me dará espaço para reclamar?

Eu posso não gostar dos políticos, mas daí a deixar que jornais e revistas representem meus interesses de cidadão? Eu não dei voto nenhum à imprensa. É um absurdo o que escreveu Dines. Isso já não é nem mais corporativismo, é um randevu corporativo.

Por isso, repito que vou para diante da Folha, no sábado, ler o Manifesto que escrevi junto com vocês. Deixar claro que não dou meu aval àquele veículo - e a nenhum outro - para que me represente de maneira nenhuma.

Escrito por Eduardo Guimarães

http://edu.guim.blog.uol.com.br/

DIA 15/09 NA FRENTE DA FOLHA EM SÃO PAULO

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