sexta-feira, setembro 28, 2007




Fátima, Virgínia, Jesus, e o Estácio

Ao chegar na alfândega, Virgínia teve que explicar um baú cheio de açúcar. Na Capitania dos Portos, ninguém fora preparado pata tal tipo de contrabando. Em Lisboa ninguém dissera a ela que uma montanha de açúcar podia causar problemas. Virgínia não entendia o corre-corre dos fiscais e o farejar dos cães. "Ai, Jesus, o açúcar vai ficar babado!", gritava, aflita, pedindo a ajuda do Cristo, que tanto adorava seus pastéis de nata. Apelou para a intervenção de Fátima, aquela que perdia a compostura quando comia os fios-d'ovos que Virgínia tão bem fazia.
Mas as santidades não ouviram suas súplicas. Era época de Natal, e Portugal fervilhava caldas em ponto de fio. Não deixariam a Lusitânia por um simples problema alfandegário. Virgínia que os desculpasse e compreendesse que, em se tratando de doces, a santidade também recai em pecado.
O contratempo foi resolvido com uns poucos cobres, e o baú foi liberado, acrescido de uma película gosmenta que os cães deixaram. Não sei se por obra do acaso ou de uma estranha reação química, o açúcar ficou diferente e passou a adoçar o tempo. As pessoas custaram a entender e até Virgínia levou algum tempo para perceber. Enquanto isso, os doces seguiam o passo da eternidade.
Não se desfaziam na boca como as cocadas, as queijadinhas e os pudins. A princípio, ficavam na ponta da língua, depois se aninhavam no lugar dos desejos. Sim, eram isto mesmo: doces desejáveis e desejantes! Corriam de boca em boca pelas vielas do Morro de São Carlos, adoçando sambas-enredos e romances. Dizem que até os mais perigosos malandros (que nessa época só roubavam galinhas e carteiras) trocavam a pinga por uma bocada num pedaço de torta d'aveiro. Dizem também que Pérola Negra, a jóia mais linda do mangue do Estácio, deixava o templo das prostitutas sagradas por um prato de arroz-doce.
A fama dos doces correu léguas e logo chegou à Lusitânia. Cristo e Fátima, gulosos como toda santidade, fizeram as malas e partiram no primeiro navio que encontraram. Vieram na segunda classe (os tempos eram difíceis), misturados aos manoéis, joaquins e marias. Fátima logo encontrou um lugar disponível dentro de uma pequena capela de conchas. Cristo custou a se ajeitar. "Por que será que cismam em me pregar numa cruz?", perguntou a si mesmo, morto de inveja do conforto de Fátima. Depois de muita procura, encontrou abrigo num presépio. Bem verdade que suas pernas ficaram para fora da manjedoura, mas acabou se ajeitando.
O Atlântico foi gentil com os ilustres passageiros. Prendeu as serpentes marinhas numa jaula, no Cabo da Boa Esperança, e proibiu aos ventos que agitassem as águas. Recrutou as Nereidas e pediu-lhes que acompanhassem o navio, mas de longe. As Nereidas obedeceram e seguiram o navio a uma certa distância. Mas o Atlântico se esquecera de proibir que elas cantassem e, numa noite em que a lua se aninhava nos braços de Posídon, Cristo foi atraído para o convés. Encostou-se na mureta do navio e já estava pronto para pular quando foi salvo por uma rapariga que por ali passava.
Depois daquele "quase-suicídio", as Nereidas silenciaram, e a viagem seguiu seu curso sem nenhum contratempo. No navio, Cristo e Fátima estreitaram laços com os lusitanos que carregavam sonhos dentro dos baús. Ouviram lamentações e promessas e trocaram endereços. Ninguém entendia quando Cristo e Fátima escreviam Rua do Céu, sem número, Bairro Paraíso, Infinito, numa folha de papel de pão. Não conheciam a rua nem o bairro e a cidade, mas fingiam que lá tinham estado.
O navio aportou no Rio de Janeiro, numa ensolarada e adocicada manhã de 27 de setembro. Um cheiro de açúcar emanava de todos os cantos da cidade, onde crianças corriam para todos os lados carregando saquinhos de doce. "Doce!", exclamaram as santidades, exibindo para um transeunte um envelope de carta, onde se lia Rua da Capela, Estácio. A esta altura, devo esclarecer que naquela época o Estácio era conhecido e reconhecido por todos. Era exaltado nos sambas e lundus que a cidade cantava e servira de berço para a primeira escola de samba da cidade. Por isso não foi difícil para os santíssimos obter informações precisas. Foram até a Praça XV e lá tomaram um bonde para a Tijuca. Pediram ao motorneiro que os avisasse quando o bonde chegasse no Largo do Estácio. E assim foi feito.
Subiram o morro, seguidos por um bando de crianças a lhes pedir doces. Lembrando-se do dia em que chamara para si as criancinhas, Cristo se deu conta de que, de todos os seus milagres, nenhum tinha sido dirigido a elas. Sentiu uma ponta de remorso remoendo-lhe o peito e confessou a Fátima (que a essa altura também se lembrava das três crianças que a receberam de braços abertos) que já era hora de reparar o descuido. E ali, bem no topo da favela, ergueu os braços para o céu e pediu ao Pai que lhe favorecesse um milagre. Nessa hora o sol deu três voltas sobre si mesmo, e um aroma de cocada invadiu a cidade.
As crianças multiplicaram-se e aumentaram as vozes que repetiam "moço, me dá um doce!". Milhares de saquinhos caíram do céu. As crianças pularam sobre eles e saíram correndo na direção de outro ponto de doce. Não agradeceram. Cristo só foi entender o descaso quando Virgínia, que a tudo assistira, lhe perguntou: "Meu Jesus, estás a pagar alguma promessa?"

Marcia Frazão

Este texto consta em meu livro Amor se Faz na Cozinha, da Editora Bertrand

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Peão ensina doutor... sobre a coluna abaixo:




A construção civil e a Bolsa Família
Coluna Econômica - 27/09/2007


A construção de políticas públicas assemelha-se a um jogo de xadrez. No início, o tabuleiro tem poucas peças, possibilitando pouco jogo. À medida que o país amadurece, outras peças vão sendo construídas e novas possibilidades de jogo aparecem. Muitas peças as primeiras peças são colocadas sem que sequer se saiba o que poderá resultar mais à frente.
Vamos a algumas peças do jogo que será descrito a seguir.
CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) – criado no início do governo Lula com o intuito de juntar segmentos organizados da sociedade. Foram convidados a compô-lo presidentes de associações, sindicatos, ongueiros, sociedade civil e ministros.
Bolsa Família – criado como um programa assistencialista de distribuição de renda, mas com um grande avanço em relação aos programas anteriores pela consolidação e tratamento rigoroso no banco de dados.
PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) – programa que consolidou os projetos de investimento do setor público para os próximos anos tentando estimar tempo e espaço: não apenas o prazo para as obras iniciarem como os locais onde serão construídas.
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A partir desses três elementos, na próxima semana, juntamente com a festa do seu cinqüentenário, a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) irá assinar um acordo inédito, em termos de construção de política pública conjunta, setor privado-setor público. Vamos a uma descrição feita por seu presidente Paulo Safady Simão.
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O CDES é um conselho consultivo, não deliberativo. Tem 90 conselheiros, 9 ministros de estados que participam de todas as reuniões e dezenas de grupos técnicos discutindo alternativas de políticas públicas, cada grupo constituído por dez ou quinze conselheiros e dois ou três ministros. Esse tipo de Conselho existe há décadas na Coréia, França.
Existiu um aprendizado inicial mas, passado esse período, as partes passaram a se entender melhor. E Lula passou a estimular a busca conjunta de soluções.
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Há um ano e meio a CBIC fechou um protocolo de intenções com as centrais sindicais, com os movimentos sociais e com o Ministério do Desenvolvimento Econômico e Social (MDES) de Patrus Ananias.
O MDES tem nome, endereço e profissão de todos os cadastrados, município por município. E identificou todos os desempregados da construção civil que recebem do Bolsa Família. Depois, a Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, liberou a última programação do PAC, cidade por cidade, e prazos de início de obras. Finalmente, juntaram as estruturas do Sesi, Senai e do Ministério do Trabalho para planejar cursos profissionalizantes, próximos do início das contratações.
Na próxima semana, no encontro da CBIC, 800 empresários da construção civil assinam o protocolo se comprometendo a contratar os trabalhadores egressos do Bolsa Família. O único cuidado, seguindo recomendação do Lula, é que não entrem no lugar dos trabalhadores já empregados. O cálculo da CBIC é que 20% da mão de obra nova do setor poderá surgir do Bolsa Família.
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O próximo protocolo a ser assinado pela CBIC será com os movimentos sociais organizados, pela moradia.




enviada por Luis Nassif


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[Vila Vudu - Cumunidade]


Tamos com o Azenha: "Foi o Luís Frias assumir, de fato, a direção da Folha, para empurrar o jornal no colo da elite branca, reacionária e golpista de São Paulo."

A gente lembra, só, a mais, que,

-- no EXATO INSTANTE em que "Luís Frias assumiu, de fato, a direção da Folha, para empurrar o jornal no colo da elite branca, reacionária e golpista de São Paulo"... tooooooooooooooooooooooda essa elite branca, reacionária e golpista de São Paulo... começou, afinal, a PERDER ELEIÇÕES, uma atrás da outra.

Já perderam duas eleições. Vão perder todas.

NÓS JÁ TAMOS É DETONANDO esses carinhas da Folha de S.Paulo.

Viva o Brasil! Lula é muitos!
(E visite o Blog do Azenha, imperdível, em http://viomundo.globo.com/site.php?nome=Bizarro&edicao=1308)
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Na Vila Vudu, essa coisa está sendo discutida sob o título de "A herança DES-educacional da ditadura".
O conversê, lá, está no seguinte pé [aqui, em texto editado]:

A herança DES-educacional da ditadura

FATO É -- hoje totalmente inacreditável, para os mais moços -- que a Folha de S.Paulo já foi um jornal, no mínimo, tão suportável quanto qquer outro dos sempre péssimos jornais brasileiros. Houve tempo em que a Folha de S.Paulo não era, como é hoje, o pior jornal do mundo.

Houve tempo em que a FSP foi, até, o único jornal que se podia ler no Brasil -- quando, por exemplo, cobriu o Congresso da SBPC, em SP, nos anos 70, o último congresso em que os intelectuais brasileiros mostraram que o Brasil dos mais pobres, dos sempre excluídos de tudo (menos da eterna exploração), ainda talvez pudesse esperar contribuição de democratização, por exemplo, da USP. Depois, até isso descambou.

O descambamento amplo, geral e irrestrito do jornalismo brasileiro tem, sim, muito a ver com dois fatores:

(a) a substituição generacional dos 'velhos' (Mesquita velho, Marinho velho, Civita velho e Frias velho, por exemplo, pra ficar só em SP), pelos yuppies seus filhos. Não estou dizendo que os velhos fossem coisa que prestasse; estou dizendo que os filhos yuppies desses velhos são muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito piores que os pais, em vários sentidos.

Há no Brasil um problema generacional no qual ainda não começamos a pensar -- e que pode ser a chave de decifração de muita coisa.

Em 1964, estava em gestação TODO um projeto de Brasil. Ainda não estava construído, mas estava em gestação, pra começar, na universidade e no Estado brasileiro que, então, com Darci Ribeiro e Arthur Neves, começava a pensar uma outra universidade brasileira que, afinal, deixasse de viver de costas para o Brasil real, como a universidade sempre viveu, no Brasil, desde a colônia. Esse projeto não chegou a ganhar forma institucional -- e foi abortado pelo golpe de 54 --, mas ele era MUITO VIVO na sociedade brasileira.

Esse projeto foi abortado e a universidade brasileira que começava a ser projetada foi DERROTADA pela universidade brasileira dos grupos vitoriosos no golpe de 64 que, então, começou a ser construída e implantada.

Assim se constituiu a DES-universidade que, imediatamente, pôs-se a DES-formar toda uma geração de brasileiros. Esses caras, assim DES-formados, viraram os "neodonos do poder" -- "funcionários públicos afidalgados" como Faoro os descreveu para sempre, a DES-elite de sempre, no Brasil. A partir de 64, essa DES-elite brasileira piorarou muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito em relação ao que havia antes, mesmo que o que havia antes jamais tivesse prestado (porque antes de 64 ainda havia alguma universidade no Brasil). A partir de 64 passou a haver nenhuma universidade no Brasil que visasse, prioritariamente, ou que, pelo menos tentasse democratizar o Brasil.

O projeto então vitorioso foi o projeto de Golbery: "ancorar o Brasil aos países desenvolvidos". "Ancorar", como se sabe significa "prender lá no fundão, bem no fundo; prender; não deixar andar." Esse projeto continuou, igualzinho, desde Golbery, em 1952, até o último dia do último governo da "elite branca, reacionária e golpista de São Paulo" -- a tucanaria uspeana udenista e eternamente golpista -- que só foi DETONADA, no Brasil, afinal, na primeira eleição do presidente Lula.

De 1964 a 2001 (37 anos!), aqueles carinhas que começaram a ser formados naquela universidade que foi totalmente DES-democratizada pelo golpe de 64, e que só fez piorar, dia a dia, por quase 40 anos, chegaram ao comando (e, de fato, também às redações) das empresas jornalísticas construídas pelos pais deles. E deu no que deu.

O segundo fator que explica o descambamento amplo, geral e irrestrito do jornalismo brasileiro que se vê hoje, tem a ver com o primeiro:

(b) A mesma DES-elite, paulista, branca e metida a intelectual-sociólogo, a intelectual-antropólogo, a intelectual-economista e o diabo a quatro (a tchurma que a Vila Vudu chama de "os professô-dotô da tucanaria uspeana") -- de que o exemplo mais escandaloso é o fascinoroso ex-FHC e seu 'grupo' fascinorosíssimo, mas há milhares desses caras, por aí, na classe média que freqüentou a DES-universidade deles, além de já ter chegado aos postos de comando da DES-universidade brasileira -- chegou também ao centro do poder político no Brasil.

Aí, sim, durante a década maldita dos DES-governos da tucanaria uspeana, é que A DESGRACEIRA FICOU TOTAL: o besteirol DES-democrático que, no Brasil, virou (des)teoria dita "sociológica", (des)teoria dita "política", (des)teoria dita "social", (des)teoria dita "da comunicação" (argh!)... chegou ao comando político do Brasil e, simultaneamente, chegou aos DES-jornais.

E tudo se tucanizou, pefelizou-se, reudeenizou-se, desdemocratizou-se, descivilizou-se, desalfabetizou-se... e deu no que deu.

O presidente Lula -- que se formou TOTALMENTE à margem dessa DES-universidade que desgraça hoje a sociedade brasileira, assim como já desgraçou totalmente TODO o jornalismo brasileiro -- é sobrevivente, hoje, do Brasil que NÃO SE DEIXOU DES-educar naquela DES-universidade, nem se deixou DES-DEMOCRATIZAR pelo imundíssimo DES-jornalismo que temos hoje.

O presidente Lula é uma potência da multidão. Viva o monstro! Lula é muitos!
(E leia o Blog do Azenha, em http://viomundo.globo.com/site.php?nome=Bizarro&edicao=1308


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Quando a Folha esculachou a Globo
O editorial tem dez anos de idade.

Mas é impagável.


Recebi do Mello:


‘O que é bom para a Globo não convém ao Brasil’

Resposta ao Monopólio


A Rede Globo publicou anúncio em diversos jornais onde acusa a Folha de "distorcer fatos'', "inventar mentiras'', "violar a ética jornalística'' e "caluniar a emissora''. O mesmo anúncio foi divulgado em sua programação. Qual o motivo para tanta histeria?

A Folha noticiou que o PPB e o PT de São Paulo entraram com representação na Justiça Eleitoral, alegando que seus candidatos estão sendo prejudicados na inserção de anúncios eleitorais na programação da Globo.

O PSDB do Rio, com suspeita semelhante, já havia solicitado uma medição dos anúncios na programação carioca, fato também denunciado pela Folha. Nos dois casos o jornal procurou registrar, como é da sua praxe, a versão da emissora.

É normal que existam controvérsias desse tipo em tempo de eleições. Mais do que normal, é necessário que a imprensa independente as leve ao conhecimento do eleitor. A decisão, como é óbvio, cabe à Justiça Eleitoral, por meio de seus magistrados. Mas a Globo não está acostumada com democracia.

A emissora carioca pode não entender nada de democracia, nem de jornalismo, mas é especialista em manipulação eleitoral.

Fez campanha contra o Movimento Diretas-Já, vendo-se obrigada a aderir na última hora, quando seus veículos já não podiam circular sem sofrer hostilidade da população. No desespero de evitar uma vitória de Leonel Brizola na eleição para governador do Rio, a Globo já havia se envolvido no escândalo Proconsult, uma das maiores vergonhas na história política recente.Mais tarde, praticou a edição criminosamente deformada do debate entre os candidatos Collor e Lula, com vistas a eleger o primeiro, a quem apoiou durante toda a campanha.

Não é por acaso que qualquer cidadão bem informado suspeita de novas manipulações por parte da Globo.É no mínimo risível que a emissora venha falar em ética. A Globo foi feita com capital estrangeiro em flagrante violação da lei. Essa é a origem de sua vantagem sobre as demais emissoras que até hoje tentam, corajosamente, fazer-lhe concorrência.

A Globo cresceu no apoio subserviente aos governos militares, beneficiando-se de todo tipo de favores, concessões, privilégios e negócios duvidosos. Urdiu uma rede de poder, ameaças veladas e atividades suspeitas por todo o país. Pretende agora estender seu monopólio virtual sobre toda a comunicação, açambarcando também as novas mídias.

O que é bom para a Globo não convém ao Brasil. É positivo que exista um jornal capaz de dizer não ao monopólio, à mistificação e à fraude. A Folha se orgulha de cumprir esse papel."assina: Folha de S.PauloEditorial da Folha de S.Paulo, publicado como anúncio, em 20 de setembro de 1996 (a dica foi do Blog Afinsophia)


Comentou o Mello: O que será que a Folha tem a dizer hoje, quando estamos próximos do dia 5 de outubro, dia em que vencem várias concessões da Globo (as mais importantes: Rio, São Paulo, Minas Gerais, Brasília e Pernambuco), essa Rede que, como diz a Folha no editorial, não entende “nada de democracia, nem de jornalismo, mas é especialista em manipulação eleitoral”, que “Fez campanha contra o Movimento Diretas-Já”, que se envolveu no “escândalo Proconsult, uma das maiores vergonhas na história política recente”, que “praticou a edição criminosamente deformada do debate entre os candidatos Collor e Lula, com vistas a eleger o primeiro, a quem apoiou durante toda a campanha”?

Por que a Folha não reitera o que escreveu no último parágrafo e diz “não ao monopólio, à mistificação e à fraude”?

Mudaram os fatos ou mudou a Folha?


Meu comentário:Foi o Luís Frias assumir, de fato, a direção da Folha, para empurrar o jornal no colo da elite branca, reacionária e golpista de São Paulo.



Aqui o Afinsophia


Os dois são integrantes do SIVUCA.


Publicado em 26 de setembro de 2007


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terça-feira, setembro 25, 2007

"mas", "porém", "todavia", "contudo" e coisa-e-tal...









Aqui, temos de aprender a DEFENDER o governo Lula

Aqui no Brasil, a coisa terá de ser diferente do que está acontecendo nos EUA [ver matéria abaixo, do GRAAAAAAAAAAAAANDE Luiz Azenha], pq no Brasil, dado que tooooooooooooooooooooooooooooodos os DES-jornalões e toooooooooooooooooooooooooooooda a DES-universidade brasileira, que ainda vivem de costas para os mais pobres, só fazem atacar os eleitores que elegemos Lula, formou-se uma legião, no campo democrático, que só aprendeu, até hoje, a atacar.

Com isso, eu quero dizer que acho que os DES-jornalões pautam ainda toda a discussão política por aqui e fazem a cabeça, também, de muita gente boa no campo democrático. A discussão política está sendo DES-democratizada e ativamente fascistizada porque, dado que os DES-jornalões têm lado e partido e candidato, a discussão na sociedade está sendo 'modelada' pelo discurso de ataque eterno, dos DES-jornalões.

Ninguém (nem os petistas) sabem DEFENDER o governo Lula.

O caso exemplar dessa loucura total de os petistas NÃO SABEREM (ou não quererem) defender o próprio governo foi, semana passada, aquela cena INACREDITÁVEL de OS DOIS senadores petistas por São Paulo terem aparecido no "Jornal Nacional" pra declarar que... se abstiveram de votar na sessão em que se julgava uma acusação do P-SOL, contra um senador que sempre foi aliado do governo daqueles dois SUPER panacas.

E nem comento, porque é demais de demais da conta, em matéria de autismo, a idéia -- que já apareceu em várias msgs --, segundo as quais os problemas do governo Lula adviriam de o governo Lula não ser exclusivamente petista e ser, como é hoje, um governo de coalizão. Desnecessário comentar essa idéia TOTALMENTE absurda, porque até os cisnes do lago de Brasília sabem que o governo Lula TEVE DE VIRAR governo de coalizão depois daquela quantidade quase inacreditável de bobagens, erros e crimes que os aloprados impingiram ao próprio partido e ao próprio governo.

Fato é que, hoje, quase todas as msgs (de fato, em muitas listas de discussão; de fato, até nas páginas petistas), sempre começam com alguma espécie de pedido de desculpas... por o PT ser o que é. Depois, vez ou outra, aparece alguma defesa tímida, quando não completamente envergonhada, do nosso governo.

O que mais se vê -- no discurso dos próprios petistas -- é, sempre, um parágrafo introdutório, no qual alguém que se pressupõe a mãe (ou o pai) da ética-privada-de-araque, ética moralista, étcia burguesa, ética privada e privatizante, diz, de saída, que "não aceita a postura de um Renan". Em seguida, vem uma oração coordenada adversativa, iniciada por um "mas..." e, então, vem alguma defesa, sempre fraquíssima e capenguíssima, do nosso governo.

A prof. Marilena Chauí JÁ DEMONSTROU que esse tipo de frase -- na qual se diz uma coisa e em seguida se DES-diz o que se disse, com uma oração coordenada adversativa (iniciada por "mas", "porém", "todavia", "contudo" e coisa-e-tal) -- é EXATAMENTE o tipo de frase que se lê, todos os dias, no manchetismo fascistizante dos DES-jornalões: "O Brasil está crescendo em ritmo chinês, mas... Renan recebeu dinheiro de uma empreiteira".

Assim se vê que até os petistas já incorporaram A ESTRUTURA dessas frases de manchetismo golpista -- quando não incorporaram, também, todo o hard core da argumentação de propaganda eleitoral antecipada e ilegal (além de fascistizante) dos DES-jornalões brasileiros.

Por isso tudo, eu acho que, no Brasil, é preciso que alguém comece a ENSINAR os militantes do campo democrático a DEFENDER o governo que elegemos.

O jornalismo liberal não ensina a fazer isso (ainda que existisse no Brasil, e nem isto existe por aqui!), pq o jornalismo liberal aspira a não ter lado, a ser isento, e persegue sempre o sempre inexistente "fato" ou a sempre inexistente "verdade-em-si".

No Brasil, então, onde nem esse sonhado jornalismo liberal isento existe, os DES-jornalões só ensinam a atacar. São fascistas e fascistizantes, também, por isso mesmo. E, cevados a DES-jornalismo e a DES-sociologias uspeanas de DES-democratização dos eleitores, os brasileiros ficamos sem ter como aprender a defender, afinal, o nosso próprio voto.

A menos, é claro, que tenhamos, mesmo, de nos conformar com a evidência de que muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuitos eleitores do presidente Lula votaram como perfeitas bestas, ao elegê-lo; que votaram supondo que, ao elegerem o presidente Lula e o primeiro governo que, em 30 anos, no Brasil, não é inteiramente composto dentro da DES-elite brasileira, estariam votando em alguma espécie de governo de vestais 'éticas' de circo: todas brancas, ricas, letradas, com plano privado de saúde e belos dentes, todos graduadas e pós-graduadas na DES-universidade que se construiu no Brasil nos últimos 30 anos..., MAS, por alguma espécie de milagre de N. Sra. Aparecida... uma DES-elite que, por ser petista ou P-SOLista, seria 'naturalmente' ética e sábia e jamais erraria; ou que, caso errasse, bastaria refundar tudo... e pronto! [risos, risos].

Bom. FATO É que o governo Lula bem poderia criar um ministério da comunicação social que fizesse EXATAMENTE o que nem os DES-jornalões fazem nem a DES-universidade faz: que, portanto, DEMOCRATIZASSE A DISCUSSÃO SOCIAL e ensinasse os eleitores a defender o próprio voto e o governo que os eleitores elejam em eleições legais, legítimas e perfeitas. Por que não se faz isso? É proibido? É ilegal? Engorda?! Acorda, ministro Franklin Martins! Acorda, nação petista! Acorda blogosfera democrática!

Caia Fittipaldi

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Republicanos escalam especialista só para "atacar" na internet

Leia a matéria aqui:

http://viomundo.globo.com/site.php?nome=MinhaCabeca

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segunda-feira, setembro 24, 2007

O dia que o Estadão, em editorial, pediu penico!






Hoje, na Sinopse da Radiobrás, lê-se o seguinte parágrafo, de EDITORIAL DO ESTADÃO:

"[Editorial do Estadão diz que] "O que define uma democracia não é o poder da maioria, mas sim o respeito à minoria. Eis aí uma verdade elementar que, muitas vezes, na sofreguidão dos embates políticos ou das disputas entre governo e oposição, parece ser esquecida. Sempre é bom lembrar que na história dos Estados contemporâneos - pois nem é preciso ir mais longe no tempo para o comprovar - ditaduras foram criadas e mantidas graças a uma força legislativa amplamente majoritária, que não deixou margem de sobrevivência significativa ou, em termos mais simples, não permitiu poder algum a quem tivesse obtido menos votos." (Da Sinopse Nacional da Radiobrás, 24/9/2007)
Não é lindo que, em plena democracia no Brasil de Lula, nós, afinal, ESTAMOS VENDO O ESTADÃO PEDIR PENICO?!
É isso aí, gente!

O Estadão (1) está na OPOSIÇÃO! (Quando, em mil anos, o Estadão esteve na oposição?!)

E (2) o Estadão está pedindo penico! (Quando, antes, em mil anos, alguém viu o Estadão, em editorial... pedir piedade para a oposição?!)

Viva o Brasil! Lula é muitos! Estamos ganhando a guerra!

Poder-zero para o Estadão (até que o Estadão se democratize e D. Dora Kramer aprenda a fazer jornalismo que ensine o eleitor brasileiro a respeitar o meu voto lulista -- e TOTALMENTE majoritário). Até lá, é poder-zero prôs conversês golpistas pirados da tucanaria uspeana pefelista e dos DES-jornalões brasileiros (nunca democráticos e sempre golpistas).


Caia Fittipaldi


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sábado, setembro 22, 2007

ARAPUCA DE TUCANO, FIQUE ESPERTO...



"A Cabeça do Brasileiro"


Caros companheiros,
uma informação que talvez sirva a vocês:
O título de assunto acima é o nome do livro publicado este ano pelo sociólogo Alberto Carlos Almeida, da Universidade Federal Fluminense. Ele foi bombado recentemente na mídia. Começou pela revista VEJA, na edição de 22 de agosto. Os título e subtítulo já resumiam bem do que se trata: Como pensam os brasileiros/Um livro prova que, ao contrário do que propalam os esquerdistas, a elite nacional é o farol da modernidade. Em seguida veio o Estadão, cujo repórter mui amigo do tucanato paulista, foi mais fundo na bajulação do autor com o seguinte texto: " O livro mostra que a educação é o grande corte social e ético do Brasil: os 57% de brasileiros que têm até o ensino fundamental são mais autoritários, mais estatistas e revelam menos valores democráticos; à medida que a escolaridade aumenta, os valores melhoram – o que, prova, segundo o autor, que a educação é a principal matriz a transmitir valores republicanos às pessoas." Na segunda-feira seguinte, no Roda Viva, da TV Cultura, outra seara tucana, quem foi o entrevistado? O próprio, Alberto Carlos Almeida, considerado autor de " uma pesquisa reveladora e dados estatísticos de excepcional amplitude a respeito do perfil do brasileiro".
Poderia parecer assunto velho, mas este cidadão Alberto Carlos Almeida é um dos diretores da Ipsos Public Affairs, que realiza pesquisas mensais sobre consumo, economia e política. A Ipsos é uma empresa. Seu negócio é vender pesquisas. Quem quiser, encomenda e paga. O PSDB já fez isso várias vezes. Um de seus ex-donos já atuou como estrategista para José Serra e para Geraldo Alckmin (ver http://www.consciencia.net/2005/mes/13/veja-psdb.html). Um de seus últimos clientes é o jornal O Estado de S. Paulo. A enquete projetou a eleição de 2010. José Serra lidera, com 34% das preferências, entre 1.000 entrevistados entre os dias 22 e 31 de agosto em 70 cidades.
Relações bem interessantes, não?
Claudio Toledo


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FOLHA QUER QUE O GOVERNO LULA AJUDE O PSDB/PFL EM 2008


Mais chá de oposição pra Folha...










Acima, a manchete do Folhão em 21/09

Abaixo, o lide:

Ministra afirma que o PAC deslanchará em 2008, ano de eleições municipais.

Na visão tacanha e safada do jornalista Valdo Cruz, da FSP, o governo Lula tem que parar o país em 2008 por causa das eleições municipais. Para a FSP,o governo Lula não deve investir nem fazer obras - e que se danem os interesses da população e do país. Para a FSP, o governo Lula deve ficar estático, de modo a não prejudicar os candidatos da oposição. Principalmente, não deve atrapalhar as eleições do PSDB/DEM em SP.
Aliás,Valdo Cruz deveria defender que o governo do Serra fizesse obras, investisse, ao menos para ficar na mídia diariamente como um governador trabalhador, tocador de obras, que gera empregos e renda - ao invés de parecer o que é, um banana inútil. Porque, cá entre nós, por falar em obras de Serra, em investimentos, alguém sabe de alguma? Será que Serra vai transformar SP num canteiro de obras em 2008? Porque até agora ele não fez nada.
Mas voltando à vaca fria - e mal cheirosa - do Valdo Cruz, a manchete é mal formulada propositalmente, dá a entender que foi a ministra Dilma quem disse que o PAC deslanchará em ano de eleição.
Manipulação safada da informação, e em manchete!
Entendem por que o Movimento dos Sem Mídia escolheu a FSP para sua primeira manifestação?

Jussara Seixas
--Postado por Jussara Seixas no POR UM NOVO BRASIL em 9/21/2007 07:05:00 AM
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quarta-feira, setembro 19, 2007

NÃO É DE HOJE QUE A GLOBO APOIA O TERRORISMO





Terrorismo: Portal da Globo estimula violência física contra políticos
A Rede Globo de Televisão usou seu portal de notícias na internet, o G1, para colocar em destaque o comentário de um internauta que prega a criação de um “movimento terrorista” para “responder com sangue à corrupção desses políticos”.

A mensagem de incitação à violência extrema era, às 17h de hoje, um dos 138 comentários de leitores publicados pelo portal a respeito da reportagem “Ninguém conseguiria governar sem a CPMF”, diz Lula - manchete do site naquele momento.Quase todas as manifestações publicadas traziam ataques ao governo, ao presidente Lula e ao PT, o que aparentemente motivou o comentário terrorista.

Assinado por alguém que se identificou como “Mário” o texto apareceu no site às 16h45 e dizia o seguinte:
“não adianta tb ficarmos aqui escrevendo nossa indiginação temos que agir! movimento terrorista contra politicos !! MTCP!! CHEGA DE SER BANANA VAMOS RESPONDER COM SANGUE A CORRUPÇÃO DESSES POLITICOS!!”




Por volta das 17H15, o comentário foi retirado do destaque da página, mas continuou constando da lista de mensagens enviadas.


--Postado por Jussara Seixas no POR UM NOVO BRASIL em 9/19/2007 05:50:00 PM


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segunda-feira, setembro 17, 2007

Taí: a doença dos Clóvis Rossis está diagnosticada: é brasilianismo




Entendo por "brasilianismo", no texto abaixo, a doença cujo sintoma mais letal (prô doente, é claro) é repetir lugares-comuns sobre o Brasil. O brasilianismo é uma espécie de "Lesão por Esforço Repetido", é uma LER. No Brasil, o brasilianismo é doença que os inteligentíssimos pegam na DES-universidade brasileira pós-anos 80; e a classe média pega de ler os DES-jornalões brasileiros e de ouvir a TV Globo... que, aliás, vivem cheias dos mesmos intelingentíssimos de araque, feito o prof. Romano, por exemplo, ou o prof. Bolivar Lamounier, mas há muitos outros.

Taí: a doença dos Clóvis Rossis está diagnosticada: é brasilianismo.

Claro que há (i) o brasilianismo eufórico, que pode ser cansado, à moda de D. Hebe; pode ser metido a sociológico, à moda do ex-FHC; e pode ser eufórico-cansado-salafrário, à moda Alckmin Opus Dei; ou pode ser eufórico-cansado-come-quieto, à moda do governador Serra-erra-erra, todos farinha do mesmo saco.

E há (ii) o brasilianismo disfórico, ansioso ou -- como no caso de Clóvis Rossi e de D. Lilian Witte Fibe e da D. Miriam Leitão -- ressentido-irado, que dá em brasilianismo emburrado-vingativo; mas é tudo a lesma lerda, como todos vemos na Rede Globo, na rádio CBN e nessa horrenda Folha de S.Paulo, por exemplo.

Na variante disfórica-sampako-fascista, o brasilianismo disfórico dá nos Williams Waacks.

Na variante disfórica tipo "adolescente fanado & chato", dá no William Bonner e sua senhora, para o quais eu seria o Homer Simpson, mesmo que todo mundo sabe que eu sô a Lisa Simpson.

Como diz com perfeição o prof. Wanderley Guilherme dos Santos, no texto abaixo: "o brasilianismo é a enfermidade típica do atraso, mas com patológica distribuição sociologicamente distinta. Ela contamina preferencialmente pessoas de elevada classe de renda, habitantes de áreas urbanas, sobretudo no Sudeste do país, com diplomas universitários concentrados nas áreas de ciências sociais, economia e comunicação." Difícil encontrar diagnóstico mais claro.
No caso de D. Eliane Cantanhede, o brasilianismo disfórico assume a sintomatologia do chilique-de-loura-fofoqueira, modelado pelas louras-de-televisão mas acrescido de diploma de DES-jornalismo nas escolas de DES-jornalismo que há, e de certidão de casamento com marketeiro da tucanaria paulista... e tudo isso 'construído' a partir dos anos 80, no Brasil da tucanaria uspeana paulista.

No caso dos uspeanos paulistas udenistas que foram para o PT, deu na sintomatologia da ética-de-loura que se manifesta hoje na ética-de-araque dos senadores Suplicy e Mercadante, idêntica à ética-de-araque da senadora HH, histérica-histérica. O fato de HH ter dívida gorda com a Receita Federal não me parece grave. Afinal, dívidas devem-se e todo mundo deve alguma coisa a alguém. O grave, na senadora HH, histérica-histérica, é o tom irado de loura-burra malgré o rabo-de-cavalo moreno. O resultado é aquela chatíssima pregação brasilianista-disfórica daquela ética de pátio de colégio de freira, moralista, besta, chatíssima, golpista, em tudo igualzinha ao moralismo de pátio de colégio de padre do senador Simon. Todos acometidos da mesma doença: brasilianismo disfórico udenista.

No caso de D. Lucia Hippólito, o brasilianismo disfórico assume a sintomatologia do chilique peessedista (do PSD mineiro -- e coisa mais velha não há, no Brasil), modelado pelo casamento com herdeiro do Colégio Andrews, colégio privado, dito "tradicional", e carioca fim-de-raça. Assim se gera a sociologia-de-Noblat e/ou a metafísica-de-Jô Soares.

Mêo! Eu escreveria até amanhã, a partir desse diagnóstico perfeitíssimo que o prof. Wanderley Guilherme dos Santos escreveu aí, só pelo prazer de descrever, um a um, os DES-colunistas dos DES-jornalões brasileiros -- e tb os âncoras de televisão. Afinal, por causa do brasilianismo disfórico que, aqui é pandêmico, âncora, no Brasil também faz cara de ético-de-araque, até quando lê notícia sobre jogo de rugby. Mas nem preciso. Já saquei tudo.

Essa gentinha -- os DES-colunistas dos DES-jornalões brasileiros e os tais de 'consultores' à moda do Prof. Bolívar Lamounier e da "Transparência [risos, risos] Brasil" -- é responsável pelo atrasamento dos eleitores brasileiros. Por mim, podiam ir hoje mesmo prô xilindró.

Que se vayan todos. O Brasil -- de fato, todo planeta -- melhorarão muuuuuuuuuuuuuuuuuito sem esses profissionais do DES-jornalismo.

GRANDE prof. Wanderley! Matô a pau. Ainda bem que matô a pau (eu sou TOTALMENTE parcial):
"Dotados de imbatível lógica esquizofrênica, os contaminados costumam passar por professores, cheios de comendas, donos de escritórios de consultoria, fartos de encomendas, colunistas bem remunerados, intrigantes de notinhas jornalísticas e assessores de grupos de interesse." [do texto abaixo]

É a cara da D. Danusa, né-não?! Mas... quem, pelamôr de deus, pagaria para ter D. Danusa como 'assessora'? Há grupos de DES-interesse? Há DES-grupos de interesse?!
Bom. Passarei o resto da minha vida a espinafrar o brasilianismo -- essa lassidão moral, essa pôka-vergonha metida a letrada, esse papim dos 'inteligentíssimos' e dos professô-dotô da USP, que, no Brasil, é um projeto para DES-educar os pobres, para matar, no Brasil, todas as potências da liberdade, da criação e da vida. Essa doença é cevada, aqui, pela DES-universidade e pelos DES-jornalões.

OK, OK, essa luta é longa e está só começando. Venceremos! LULA É MUITOS!


Caia Fittipaldi
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domingo, setembro 16, 2007

"Jamais um brasilianista aceitará a tese de que os pobres votam por uma razão idêntica à sua, isto é, por interesse".


Democracia e o vírus do brasilianismo

Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político, é membro da Academia Brasileira de Ciências.

Dói na alma, mas nem sempre a educação é um bem sem contra-indicação. As pesquisas reiteram a cada rodada que as classes subalternas têm respondido com apoio e votos às políticas sociais do governo.

Onde o governo está mais presente é ali onde, proporcionalmente, tem crescido seu eleitorado. Desmentindo o argumento de que o governo falha em suas promessas de campanha. As oposições e os descontentes da esquerda também o acusam de trair sua base popular de origem.

Alternativamente, conservadores e progressistas descobrem motivo de congraçamento entre si na crítica ao suposto paternalismo governamental, que seria a razão da aquiescência das massas antes que da promoção de sua consciência cívica e autonomia política. Como é natural, não se há de responder com imperfeições terrenas às exigências do mundo platônico das idéias.

Equivalente ideal de pureza orienta os murmúrios de insatisfação quanto ao funcionamento das instituições legislativas, maculadas que estariam por operadores corruptos, por vícios simultâneos de origem e decrepitude, além de repetidas manifestações do insultuoso hábito de legislar em causa própria.

Do Executivo, o defeito mínimo que se lhe atribui é o da incompetência gerencial. Mencionam-se ademais, aqui e ali, alheamento, preguiça e incapacidade de decisão. Pela esquerda histórica, do mesmo modo insatisfeita, se assegura que o Executivo se encontra manietado por escandalosos acordos com o conservadorismo. Ou seja, o Executivo, a bem dizer, nada faz e, quando faz, faz mal ou em má companhia, descaracterizando o bem-feito.

E assim marcharia o país entre corrupção e inércia, de cambulhada com alguns outros países, poucos, igualmente cretinos, à margem do benéfico período de progresso material aproveitado pelo resto do mundo. Nem as migalhas, nós estaríamos saboreando desta vez.

Trata-se, é claro, de um diagnóstico brasilianista. Tão grave quanto o bócio e a elefantíase, o brasilianismo é a enfermidade típica do atraso, mas com patológica distribuição sociologicamente distinta.

Ela contamina preferencialmente pessoas de elevada classe de renda, habitantes de áreas urbanas, sobretudo no Sudeste do país, com diplomas universitários concentrados nas áreas de ciências sociais, economia e comunicação.

Em geral, o brasilianismo não provoca estados febris nem suores inoportunos, apresentando como principais sintomas uma enorme confusão de raciocínio, miopia conceitual e daltonismo partidário, estimulando surtos de verborragia, descontrole de adjetivos e relaxamento das vias gramaticais. Eventualmente, uma diarréia substantiva.

Dotados de imbatível lógica esquizofrênica, os contaminados costumam passar por professores, cheios de comendas, donos de escritórios de consultoria, fartos de encomendas, colunistas bem remunerados, intrigantes de notinhas jornalísticas e assessores de grupos de interesse.

Honestíssimos, em sua maioria, acreditam no que dizem, com grande pompa e muita circunstância. Causa dissabor vê-los. Ao contrário dos portadores de bócio e de elefantíase, cônscios estes da enfermidade que os atormenta, os brasilianistas desfilam orgulhosamente a própria miséria como portariam um estandarte de cruzados. Em certo sentido, são mesmo monocromáticos. Felizmente, o brasilianismo não é sexualmente transmissível. Segundo alguns clínicos, porque não é sexualmente ativo. Polêmicas médicas.

Embora bem-educados, os brasilianistas têm horror à leitura, particularmente de matérias sobre o Brasil, à exceção, obviamente, dos artigos que escrevem uns para os outros. Ignoram as estatísticas, têm vaga noção do que significa o coeficiente de Gini e não fazem a menor idéia do que foi a história da América do Sul nem do percurso secular do grande mito que são os Estados Unidos. Da Europa, conhecem os vinhos, os queijos e o carnaval de Veneza, em pacote turístico de sete dias. Constituem a mais acachapante evidência do fracasso da universidade brasileira.

Jamais um brasilianista aceitará a tese de que os pobres votam por uma razão idêntica à sua, isto é, por interesse. E, conseqüentemente, também rejeitarão a hipótese de que os carentes sejam tão racionais quanto eles, os poucos abundantes. Negarão que pertençam ao mesmo gênero de distribuição de privilégios os subsídios à exportação, a remuneração dos títulos da dívida pública e os empréstimos pré-consignados. São favoráveis ao controle da natalidade da população de salário mínimo e à pena de morte, em certos casos, que é uma forma substitutiva, ou complementar, de controle da mortalidade. Consideram-se liberais de boa cepa, pois têm entre seus melhores amigos, segundo testemunho voluntário, um negro, um judeu e um gay. A discriminação dos melhores amigos é a confissão inconsciente da lista de preconceitos que cultuam.

Não obstante os brasilianistas, ou melhor, inclusive com parcela do trabalho deles, vai se livrando das algemas do arcaísmo um país em que os conservadores parecem ter, finalmente, abandonado a estratégia de rondar os quartéis sempre que contrariados pela política. A integração material da sociedade avança pela via do mercado, a despeito dos revolucionários e dos adoradores dos monopólios, e no qual a Constituição de 1988 conseguiu evitar a institucionalização de práticas discriminatórias.

O custo de combater preconceitos e discriminações é baixo, no Brasil, porque não são protegidos por lei. Aspecto crucial, cuja relevância é perfeitamente reconhecida pelos negros da África do Sul e dos Estados Unidos e pelos antigos judeus imigrantes argentinos, por exemplo.

A sociedade precisa dos brasilianistas na exata medida em que as deficiências materiais são ainda tamanhas e a tentação para a autocomplacência é enorme. Mas estão sobre-representados na produção e controle da informação pública, comprometendo com sua vesguice melhor avaliação do que vai pelo mundo e pelo Brasil.

O formigamento social é extenso, a vida comunitária se enriquece municípios afora, mas de nada disso a maioria da população toma conhecimento, monopolizado que está o mecanismo de produzir idéias e imagens. Há evidente descompasso entre o processo de democratização em curso na vida política e social e o processo de concentração oligopolista no sistema de captação e difusão das novidades.

A unanimidade brasilianista que absorveu as fontes de informação prejudica a democracia, constitui ameaça aos direitos do cidadão de estar servido de fontes alternativas de opinião, nega, na prática, o pluralismo ideológico, enquanto busca a massificação bovina de leitores e telespectadores. Nunca o Brasil moderno, período ditatorial à parte, enfrentou inimigo tão poderoso: aquele que, tal como um partido subversivo, usufrui da liberdade para asfixiá-la.

O Brasil real é complexo, pleno de deficiências e de linhas de força, não está representado na rede para-ideológica de informação, tomada de assalto pelo brasilianismo.

O brasilianismo é a doença infantil da ditadura da opinião. De onde se segue a divergência entre o que ocorre no país e o que pensam sobre ele aqueles que se imaginam educados. Para estes, a educação não vale coisa alguma.


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Sáb, 15 de Set de 2007 11:34 pm


Em tribuna_da_internet@yahoogrupos.com.br, "Dani" divulgou:

Chegamos agora pouco do Movimento dos Sem Mídia promovido pelo Eduardo Guimarães, na porta do edifício da Folha de São Pulo.
O movimento foi pacífico, com a leitura pelo Eduardo do manifesto,o qual todos assinaram e foi entregue a Folha de São Paulo.
Houve discurso contra a parcialidade da mídia, contra a falta de informação, contra a manipulação de informação, de vários amigos presente.
Não contei, mas imagino que havia umas 200 pessoas presente. Uma idéia do Eduardo Guimarães, nasceu na internet, no seu blog e ganhou apoio de leitores de todo o Brasil e até do exterior. Um movimento de um blogueiro, que ganhou a força na rua. Fico muito contente em ter dado a minha humilde colaboração, de ter divulgado, e ter comparecido.
Conheci o Eduardo pessoalmente e sua linda e amorosa filha.
Conheci o amigo Anórbio, que só conhecia na internet, sua esposa e filhos. Estavam presente também os jornalistas do Conversa Afiada do Paulo Henrique Amorim, que fizeram a cobertura e o vídeo.
Não teve a presença de jornalistas da Folha, nem da Globo. Não esperem assistir o movimento nas telinhas da Globo, e nem ler nos jornalões. Os discursos, a leitura do manifesto foram bastante aplaudido.
Tudo ocorreu na mais perfeita ordem, sem ofensas,em paz.
Abaixo a matéria do Conversa Afiada, e o vídeo

Jussara Seixas
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VÍDEO: GRUPO PROTESTA CONTRA MÍDIA EM FRENTE À FOLHA

Atualizado às 12h20 deste sábado, dia 15Manifestantes protestaram contra a grande mídia brasileira na manhã deste sábado, dia 15, em frente ao prédio do jornal Folha de S. Paulo, na Alameda Barão de Limeira, região central de São Paulo (clique aqui para ver o vídeo).
O “Manifesto dos Sem-Mídia” é organizado pelo blogueiro Eduardo Guimarães (clique aqui para visitar o blog Cidadania.com).
Segundo Guimarães, “trata-se de um movimento que não está cansado de nada, pois mal começou a lutar pelo direito humano à informação correta, fiel, honesta e plural”.Na manifestação, Guimarães leu o manifesto contra a grande mídia e colheu assinatura dos presentes. O objetivo do movimento, segundo Guimarães, é chamar a atenção para a falta de pluralidade da grande mídia, pedir espaço para outros pontos de vista.
Ao Conversa Afiada, Guimarães afirmou que a mídia deve criticar o governo, investigar o poder, mas desde que sejam críticas que pretendam construir e não destruir."Eu não quero calar a mídia. Eu quero que ela fale, mas eu quero que ela fale de tudo", disse Guimarães.O protesto começou por volta das 10h deste sábado e terminou ao meio-dia.

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quarta-feira, setembro 12, 2007


A grande mídia é um negócio.
A grande mídia é o que ela é.
A grande mídia nunca vai ser:

plural, apartidária, imparcial.
A grande mídia é o bocão da grande grana.
O que a democracia precisa é do bocão da multidão...














Quem elegeu a mídia?

Sabem como eu vejo o Senado? Fechando os olhos e tentando idealizar o aspecto dos "habitantes" daquela Casa, a imagem que me vem à mente é a de 81 Renans Calheiros, todos vestidos da mesma forma, com a mesma postura física.

Sabem por que está sendo tão difícil cassar Renan? É porque favorezinhos de lobistas e negócios obscuros pesam contra a grande maioria dos senadores.

Dificilmente algum eventual sucessor de Renan estará acima de acusações. Aliás, se a mídia quisesse mesmo ética no Senado, deveria fazer campanha para Eduardo Suplicy ser conduzido ao cargo de presidente da Casa.

Ninguém quer Suplicy porque ele, além de indubitavelmente honesto, é apartidário, o que não deixa de ser um absurdo, na medida em que integra um partido. Mas todos se lembram de como a mídia deitou e rolou em cima das frases do senador à época do mensalão.

O problema não é o Renan original nem os muitos outros "Renans" do Senado, o problema é que não dá para acreditar num país em que a mídia tenha que chantagear parlamentares para obrigá-los a votar "certo".

E muito menos dá para a mídia fazer a mesma coisa em relação à Suprema Corte.

Avisado por um leitor, fui ler artigo de Alberto Dines no Observatório da imprensa, em que ele diz que a mídia "não quer acuar o Senado", mas deveria porque sem pressão os políticos não votam direito.

O problema do raciocínio de Dines não é grave, é escandaloso. Se o político que elegi tomar decisões que me desagradam, eu não voto mais nele. Mas e quando a mídia toma uma decisão com a qual não concordo, o que é que eu faço?

Durante os anos 1980 e 1990, a mídia foi invadida pelos fundamentos do Consenso de Washington. Foram milhares de artigos, editoriais e colunas de "especialistas" que ocuparam cada espaço informativo para defenderem privatizações e Estado mínimo como panacéia para nossos problemas econômicos e sociais.

Deu no que deu.

Eu cobro de quem o desastre que as receitas dos governos Collor e FHC causaram? De Collor e de FHC, só? Negativo, pois eles não teriam tido sucesso em chegar ao poder e implementarem suas tragédias se não fosse a mídia.

Quem defendeu a eleição de Collor contra Lula? Quem defendeu, duas vezes, a eleição de FHC contra Lula? Eu respondo: Folha, Estadão, Veja, Globo e todos os outros que continuam do mesmo lado em que estavam antes.

Não há eleição para meio de comunicação. Esses meios, porém, mantêm-se grandes e fortes muito às custas de dinheiro público. E recebem muito dinheiro público porque são grandes e fortes. Porém, ninguém votou neles e dizer que o público pode não ver mais a Globo se ela não for honesta, é piada.

Como é que eu faço para refrescar a memória dos 90% dos brasileiros que assistem à Globo no que tange o que ela difundiu no passado em defesa, por exemplo, do câmbio fixo tucano que resultou no desastre cambial de 1999? A Globo me dará espaço para reclamar?

Eu posso não gostar dos políticos, mas daí a deixar que jornais e revistas representem meus interesses de cidadão? Eu não dei voto nenhum à imprensa. É um absurdo o que escreveu Dines. Isso já não é nem mais corporativismo, é um randevu corporativo.

Por isso, repito que vou para diante da Folha, no sábado, ler o Manifesto que escrevi junto com vocês. Deixar claro que não dou meu aval àquele veículo - e a nenhum outro - para que me represente de maneira nenhuma.

Escrito por Eduardo Guimarães

http://edu.guim.blog.uol.com.br/

DIA 15/09 NA FRENTE DA FOLHA EM SÃO PAULO

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A GENTE JÁ VIU ESSE FILME...




"Liberalismo versus Democracia Social"
Alfredo Bosi*

Se há um objetivo que o teórico marxista italiano Domenico Losurdo persegue de modo coerente ao longo desta Contra-história do liberalismo é o de preferir o exame das políticas liberais "em sua concretização" ao engessamento em definições genéricas pelas quais o termo "liberalismo" se toma como uniforme e abstrata doutrina. A sua regra de ouro é historicizar sempre, isto é, analisar os papéis efetivos que os diversos grupos políticos exerceram em nome de idéias e ideais liberais.
O método é fecundo, daí a riqueza dos resultados. Limito-me a pontuar alguns momentos fortes em que vemos, em ato, propostas e decisões tomadas por políticos assumidamente liberais.John Calhoun, vice-presidente dos Estados Unidos entre 1829 e 1832, líder do Partido Democrático, escreveu textos apaixonados em defesa da liberdade individual e das minorias, contra os abusos do Estado e a favor das garantias constitucionais. Sua fonte teórica é o pai do liberalismo político inglês, John Locke. Ao mesmo tempo e com igual convicção, Calhoun defende a escravidão dos negros como um "bem positivo", recusando-se a considerá-la como "mal necessário", fórmula concessiva de seus companheiros de partido e fé liberal. Os abolicionistas, os philanthropists religiosos, eram, para Calhoun, "cegos fanáticos" que se propunham a destruir "a escravidão, uma forma de propriedade garantida pela Constituição".
Losurdo poderia, a partir desse primeiro exemplo, ter ido um pouco além e verificar que estudiosos e expositores de Adam Smith nos estados do Sul não viam nenhuma contradição entre proclamar os dogmas da Economia Política clássica e defender a peculiar institution, como chamavam o cativeiro negro. O que inquieta nosso autor é constatar o prestígio neoliberal dos textos de Calhoun reeditados em 1992 em uma coleção norte-americana que se intitula "Clássicos da Liberdade".
A relação entre doutrina liberal e escravidão, que, teoricamente, pareceria uma disjuntiva radical, revela-se na "verità effettuale della cosa" (não por acaso, expressão de Maquiavel) uma conjunção reiterável nos mais diversos contextos. Começando por John Locke: solicitado pelos proprietários da Carolina a colaborar na redação das Constituições daquela colônia, o filósofo subscreveu um artigo (de n.110) pelo qual "todo homem livre da Carolina deve ter absoluto poder e autoridade sobre seus escravos negros, seja qual for sua opinião e religião".
Locke, entusiasta da Revolução Gloriosa e acionista da Royal African Company, escrevia no século XVII. John Stuart Mill, em pleno século XIX, retomaria galhardamente os ideais de liberdade individual na mais pura tradição britânica, mas não deixaria de afirmar que "o despotismo é uma forma legítima de governo quando se lida com bárbaros, desde que a finalidade seja o seu progresso e os meios sejam justificados pela sua real obtenção". Mais adiante, exige "obediência absoluta dos bárbaros", cuja escravização seria "uma fase necessária, válida para as raças não civilizadas".
São exemplos de atitudes que não se esgotam, porém, na hipótese, só em parte verdadeira, de que foi a situação colonial a responsável pela combinação de liberalismo com a escravidão. Calhoun era vice-presidente de uma nação que já desfrutava, havia mais de meio século, de altiva independência política.
Losurdo lembra incisivamente:Em 32 – dos primeiros 36 anos dos Estados Unidos – os que ocupam o cargo de Presidente são proprietários de escravos provenientes da Virgínia. George Washington, grande protagonista militar e político da revolta anti-inglesa, John Madison e Thomas Jefferson (autores respectivamente da Declaração da Independência e da Constituição Federal em 1787), foram proprietários de escravos.
Quanto à hegemonia da liberal Inglaterra no que se refere ao tráfico ao longo do século XVIII, sabe-se que a Royal African Company arrancou da decadente Espanha o monopólio do comércio de carne humana.
No caso da Holanda, pátria da tolerância religiosa nos séculos XVII e XVIII, a conivência assumida com o tráfico é de molde a abalar os corações eurocêntricos mais convictos.
O primeiro país a entrar no caminho do liberalismo é o país que revela um apego particularmente ferrenho ao instituto da escravidão. Em 1791, os Estados Gerais declaram formalmente que o comércio dos negros era essencial para o desenvolvimento da prosperidade e do comércio nas colônias. E deve-se lembrar que a Holanda abolirá a escravidão nas suas colônias só em 1863, quando a Confederação secessionista e escravista do Sul dos Estados Unidos caminha para a derrota.
Losurdo tenta, a certa altura, percorrer outro caminho para enfrentar a relação que se estabeleceu no Ocidente entre ideologia liberal-capitalista e trabalho compulsório. Lembrando que o número de escravos trazidos da África aumentou de modo extraordinário na primeira metade do século XIX, precisamente quando o liberalismo se convertia em ideal hegemônico além e aquém do Atlântico, o autor vai rastrear uma das razões então alegadas para justificar o cativeiro dos negros: a inferioridade racial.
Os liberais, para manter a cara limpa em face da violência que os seus interesses os levavam a perpetrar, lançam mão do preconceito que a ciência do século já estava transformando em dogma. A discriminação permaneceria ainda mais viva depois da abolição, e aqui a observação de Tocqueville é de citação obrigatória: "Em quase todos os estados [dos Estados Unidos], nos quais a escravidão foi abolida, são concedidos aos negros direitos eleitorais, mas, se eles se apresentam para votar, correm risco de vida. Oprimido, pode até lamentar-se e dirigir-se à magistratura, mas encontra só brancos entre os seus juízes".
O que se conhece da discriminação racial ao longo dos séculos XIX e XX (linchamentos, apartheid...) só viria confirmar a reprodução dos limites internos da burguesia liberal que, chegando ao poder, sabe quem e como excluir. No capítulo central da obra, Losurdo volta-se para a história exemplar do liberalismo francês entre as revoluções de 1789 e 1848. A admiração anglófila dos philosophes é conhecida. A Inglaterra é o modelo perfeito das liberdades para Voltaire e Diderot, como o fora para Montesquieu. O alvo, atingido na ilha, é o absolutismo combinado com os abusos da nobreza e do clero. Mas, passado o Terror, todo o esforço das novas gerações liberais será, desde o Diretório, "terminar a revolução".
A escravidão nas Antilhas é abolida pela Convenção, mas será restaurada por Napoleão em 1802, em nome dos sagrados direitos de propriedade dos colonos. Direitos que serão mantidos pela política de centro-direita da Restauração (1814-1830) e continuariam intactos sob a monarquia liberal de Luís Felipe (1830-1848). Direitos, enfim, plenamente confirmados pelos decretos da abolição que obrigavam o novo Estado republicano francês a indenizar os proprietários dos 250.000 escravos libertados.
As observações do autor rimam com o excelente (embora não citado) Le moment Guizot de Pierre Rosanvallon, que reconstituiu a história dos mecanismos antidemocráticos acionados pelos grandes mentores do liberalismo francês, Guizot, Thiers, Benjamin Constant. Entre esses mecanismos, o mais eficiente foi o voto censitário que entronizou a figura do cidadão-proprietário em todas as nações do Ocidente que emergiam da crise do Antigo Regime.
É curioso verificar que a questão do trabalho compulsório é aleatoriamente levantada por alguns liberais, que hoje situaríamos na conjunção de centro e esquerda, como Raynal, Condorcet e Brissot. Os três confiam na "revolução americana", modelo que substituiria, nos seus escritos, a anglofilia dos enciclopedistas.
Onde o liberalismo excludente encontra a mais firme resistência é no pensamento abolicionista radical. A voz enérgica do abbé Grégoire se faz ouvir na Convenção exigindo a supressão imediata e total do trabalho escravo nas colônias e enaltecendo a figura de Toussant Louverture e a revolução do Haiti.
"Uma república negra no meio do Atlântico" – diz Grégoire – "é um farol elevado para o qual dirigem o olhar os opressores enrubescendo e os oprimidos suspirando. Olhando-a, a esperança sorri para os 5 milhões de escravos espalhados nas Antilhas e no continente americano". (De passagem, falta traduzir para o português a obra pioneira desse bispo republicano que tão bravamente denunciou a escravidão e o preconceito de cor: De la noblesse de la peau, ou du préjugé des blancs contre la couleur des Africains et celle de leurs descendants noirs e sang-mêlés).
Quem retomaria a bandeira de Grégoire seria outro republicano radical, este agnóstico, Victor Schoelcher, que conduziu a luta final pela abolição em plena revolução de 1848.
Nessa altura de sua exposição, Losurdo pode traçar a linha principal de clivagem. De um lado, o liberalismo clássico, proprietista e excludente e, quando lhe é proveitoso, racista e escravista. De outro, o radicalismo democrático, que tem como horizonte precisamente superar as barreiras de classe e de raça que os liberais conservadores ergueram para defender os seus privilégios.
O autor detém-se longamente nas oscilações do mais fino e arguto dentre os liberais franceses, Alexis de Tocqueville. Não cabe nesta resenha enumerá-las. Verá o leitor que, após 48, Tocqueville retrai-se em face dos movimentos democráticos da Itália de Mazzini e da Hungria de Kossuth, perdendo o equilíbrio que marcara A democracia na América e chegando a augurar um projeto militar que reverta o processo revolucionário desencadeado em quase toda a Europa. Quanto à recente conquista da Argélia, Tocqueville não usa de meios-termos: é preciso domar completamente as populações árabes e forçá-las a viver sob a civilização branca, francesa. Involução ou coerência do capitalismo liberal europeu que está reiniciando, nesse momento, o ciclo da conquista colonial prestes a atingir todo o continente africano? A discutir.
Na esfera do radicalismo, Losurdo situa certas declarações de Simón Bolívar (hoje tão oportunas), que, louvando a revolução do Haiti, sonha para a América andina uma democracia de brancos e índios, negros e mestiços. Resta perguntar: o que fizeram os políticos liberais que assumiram o poder na maioria das novas nações americanas? O que sabemos ao certo é que houve uma reprodução local da conivência de liberalismo burguês e escravidão (caso do Brasil, das Antilhas e do sul dos Estados Unidos); e uma fusão do mesmo liberalismo formal com a semi-servidão do indígena na Colômbia, no Equador, no Peru e na Bolívia. Caso Losurdo houvesse tratado mais detidamente das formações sociais latino-americanas, muito lhe teria aproveitado a leitura dos Sete ensaios de interpretação da realidade peruana (1928), em que Mariátegui desvendou a estreita relação entre a política liberal-oligárquica, que regia o Peru após a Independência, e a brutal exploração do índio nos latifúndios da região serrana.
Os argumentos dos liberais conservadores brasileiros não eram nada originais: misturavam críticas anódinas à instituição com firmes recusas de enfrentar o problema de fundo, alegando sempre os interesses de nossa economia de exportação sustentada pelo braço negro. No plano político-jurídico, a Constituição de 1824, incorporando dispositivos da Carta da Restauração e o duro proprietismo do Código Napoleônico, omitia pudicamente o termo "escravidão", exatamente como fizeram os autores da Constituição norte-americana e as cartas liberais das monarquias européias. Cá e lá..., o cimento ideológico aplicado pelos donos do poder valeu-se largamente do rótulo prestigioso do liberalismo.
O cerne da questão desnuda-se e ganha atualidade quando o autor passa da relação senhor-escravo, ainda vigente nos meados do século XIX, para o par moderno patrão-operário. Vem então à luz a oposição estrutural entre capital e trabalho e, em termos ideológicos, entre o liberalismo e os vários socialismos que se foram gestando na prática das lutas operárias e na cabeça de pensadores revolucionários ou reformistas.
Em toda parte aonde chega a Revolução Industrial, a regra é a super-exploração do trabalhador e a degradação de sua qualidade de vida, como agudamente a descreveu Engels na Manchester de 1844.
A tensão que se estabelece entre legisladores liberais e os sindicatos é recorrente e não podemos dizer que tenha desaparecido. O neoliberalismo é o grande adversário das garantias trabalhistas que pretende, à Thatcher e à Reagan, suprimir ou recarizar. Um dos apóstolos do fundamentalismo liberal-capitalista, Hayek, considera "dever moral do Estado" (sic!) impedir que os sindicatos interfiram no jogo livre do mercado.
É no mínimo estranho que ainda se diga, de boa ou de má-fé, que o liberalismo foi ou é sinônimo de democracia econômica e social. Ou então que só no Brasil a burguesia imperial e seus porta-vozes no Parlamento encenaram uma comédia ideológica ao protelarem a abolição do cativeiro. Se farsa houve, ela foi representada em diversos contextos e em todo o Ocidente desde que se criou o termo liberalismo. O ensaio de Losurdo contribui para desfazer qualquer equívoco eurocêntrico ao demonstrar que o poder liberal, onde quer que estivesse instalado, não se propôs jamais compartilhar com "os de baixo" as suas sólidas vantagens. Não se tratava de comédia, mas do drama composto, em nível mundial, pela estrutura contraditória do capitalismo em expansão. A oposição entre liberalismo e efetiva democracia social oferece exemplos em toda parte, desde os mais grosseiros e violentos até os mais refinados. Um dos mais eminentes economistas liberais italianos, Einaudi, chamava, em 1909, o imposto progressivo de "banditismo organizado para roubar o dinheiro dos outros mediante o Estado".
Losurdo poderia fechar o seu belo ensaio citando uma tese de Karl Polanyi reexposta brilhantemente em As metamorfoses da questão social de Robert Gastel: o mercado auto-regulado, forma pura do desenvolvimento da lógica econômica entregue a si mesma, é, estritamente falando, inaplicável, porque não comporta nenhum dos elementos necessários para fundar uma ordem social. Mas poderia destruir a ordem social que lhe preexiste.

*Alfredo Bosi é Professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo e membro da Academia Brasileira de Letras.


Publicado originalmente no portal pt.org.br


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terça-feira, setembro 11, 2007

GRANDE MÍDIA X DEMOCRACIA




Renato Rovai
Dez propostas para começar a democratizar a mídia

O escritor uruguaio Eduardo Galeano diz que no mundo atual as comunicações são o “centro do sistema nervoso” da estrutura de poder. E diz que: “O mundo, imenso Far West, convida à conquista. Para os Estados Unidos, a difusão mundial de suas mensagens massivas é uma questão de Estado”.
Se no aspecto global a supremacia de uma cultura e de um projeto de mundo está absolutamente relacionada à capacidade que um país e suas empresas transnacionais têm de controlar os meios de comunicação, do ponto de vista nacional isso não é diferente. Ao contrário, ganha contornos ainda mais danosos a um projeto democrático de nação. Por isso, governos que tenham compromissos democráticos deveriam colocar entre suas prioridades a construção de instrumentos que garantam diversidade informativa.

Isso não tem nada a ver com estatização da mídia e nem com censura ou totalitarismo, como virou moda denominar tudo que questione o atual modelo de organização das comunicações no Brasil.


Mas guarda relação sim com a necessidade de começar a mudar uma realidade onde apenas sete famílias e grupos (Marinho, Civita, Abravanel, Frias, Saad, Mesquita e Igreja Universal) controlam 80% das informações lidas em papel, assistidas na TV ou ouvidas em rádios.


E que imponham a partir do controle desses veículos sua visão de país e seus interesses comerciais privados.

Também tem a ver com uma ação que impeça que esses grupos abocanhem a quase totalidade dos recursos públicos destinados à publicidade. A TV aberta no Brasil, por exemplo, fica com aproximadamente 60% da verba publicitária do governo federal. Ou seja, quem financia o hábito da não-leitura no país é o próprio governo. Ao colocar quase toda sua publicidade na TV ele sufoca a produção de veículos escritos.

Existem formas democráticas para mudar essa realidade, apresento a seguir 10 idéias-itens que poderiam começar a construir um caminho nesse sentido. São ações de governo para ampliar a democracia e que contribuiriam para garantir a ampliação da diversidade informativa e criar novas referências no âmbito das comunicações.


1 – Limitar qualquer grupo de comunicação, holding ou família que atue na área a ter mais de 10% das verbas publicitárias totais do Estado em suas diferentes instâncias, incluindo empresas majoritariamente públicas e a administração direta. Isso seria um instrumento de combate à propriedade cruzada.

2 – Não permitir que, em campanhas com verbas publicitárias públicas, um único tipo de veículo (TV, rádio, jornal, revista etc.) receba mais de 1/3 dos recursos.

3 – Criar um percentual obrigatório para que todos os anunciantes do governo destinem em seus planejamentos de mídia recursos para veículos de caráter predominantemente educativo e cultural.

4 – Fortalecer o jornalismo regional, garantindo que um percentual das verbas publicitárias seja destinado a veículos com essas características. O cidadão da pequena e média cidade também financia o Estado. Os recursos dele também têm de voltar como investimento em democratização de sua mídia local.

5 – Não colocar publicidades do governo e de empresas públicas em veículos que aceitam anúncios de cigarros e de bebidas alcoólicas. (O ministro Temporão poderia começar a defender essa idéia no âmbito do governo ao invés de criticar o Zeca Pagodinho, que tal ministro?)

6 – Construir uma política para que empresas privadas e públicas possam financiar a compra de veículos de informação com caráter cultural e educativo (por exemplo, revistas de cinema, arte, história, ciências etc.) para serem distribuídos em bibliotecas de escolas públicas e espaços culturais. A distribuição desses produtos ficaria a cargo do governo que se encarregaria de articular o uso deles nas salas de aula a partir de um plano de trabalho divulgado a cada trimestre pelo MEC para os professores.

7 – A constituição de um instituto público para aferição de audiências e tiragens que possibilite aos veículos regionais, segmentados e de internet a aferição da sua abrangência real.

8 – Criar uma empresa com participação pública e ação em bolsas, para que os veículos possam ser os acionistas, de distribuição de livros, jornais e revistas.

9 – Garantir nas concessões uma cota mínima grupos que representem parcelas étnicas e minorias, a exemplo do Canadá que acaba de ceder uma concessão a grupos indígenas.

10 – Substituir a licitação, que adota prioritariamente o critério econômico, por mecanismos que guardem relação com a representação desses grupos na sociedade.


Cada uma dessas idéias-itens contém especificidades e objetivos. Como se trata de um artigo inaugural para este site, apresento-as de forma curta, mas nos próximos dias vou debatê-las ponto a ponto no meu blog ( http://www.zedirceu.com.br//mambots/editors/tinymce/www.revistaforum.com.br ).


Renato Rovai é editor da Revista Fórum e autor de Midiático Poder – O Caso Venezuela e a Guerrilha Informativa.




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sábado, setembro 08, 2007

ESCÂNDALO!



Força-tarefa da Abril pressiona deputados para abortar CPI
A Editora Abril está em plena atividade para abortar a CPI da Abril-Telefônica. Nesta quarta-feira (5) - dia de maior movimentação de parlamentares na Câmara Federal -, um grupo percorria as dependências da Casa, pedindo aos 182 deputados que assinaram o pedido da CPI que assinem outro documento, com um contra-pedido.

O jornalista Gustavo José Batista do Amaral, assessor de imprensa do Grupo Abril, que participava da ação, admitiu a coleta, mas disse que não sabia dizer quantas assinaturas tinham conseguido poque havia várias pessoas abordando os parlamentares. Amaral também reconheceu que o Grupo Abril não podia realizar a operação. É possível que nem todos os coletadores sejam funcionários da Abril. O Vermelho identificou um deles, de nome Murilo, como trabalhando em uma "empresa de relações institucionais", que é como se designa às vezes em Brasília os lobbistas. Mas a presença de Gustavo do Amaral estabelece uma estranha tentativa de interferência nos procedimentos normais de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, por parte da empresa que é um dos alvos principais da investigação.
Listas traziam fotos dos deputados
A força-tarefa trabalhava munida de exemplares da Agenda do Diap (publicação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamanetar, muito consultada pela riqueza de informações sobre os membros do Congresso). Trazia também papéis impressos com os nomes e fotografias de deputados, vários por página, aparentemente para facilitar a identificação.No entanto, o grupo abordou inclusive deputados que não assinaram o requerimento de criação da CPI e que, portanto, não podem sustá-la. Foi o que aconteceu com o deputado Osório Adriano (DEM-DF). Ele disse, após ser abordado, que que não havia assinado o requerimento, mas se tivesse não voltaria atrás. "Eu não retiro assinatura", explicou.
O mesmo ocorreu com a deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA). A assessora de imprensa da parlamentar, Candice, confirmou que Elcione foi procurada "pelo Gustavo do Grupo Abril", para que assinasse o requerimento que susta a tramitação da CPI. Elcione alegou que não poderia assinar porque havia retirado, em tempo hábil, a assinatura do pedido de criação.
Além de não-signatária, Elcione Barbalho é ex-mulher e correligionária de Jader Barbalho, também do PMDB do Pará, acusado pela Veja, principal revista do Grupo Abril, de ser o autor do "serviço sujo" da "vendeta", que é como a revista descreve a CPI Abril-Telefônica (clique aqui para ver). É possível, portanto, que o grupo da lista anti-CPI tenha se equivocado.
Missão do grupo: 92 vira-casacas
Durante a manhã a abordagem aos deputados se concentrou nas comissões técnicas. Foi grande o entra-e-sai da força-tarefa nas salas das comissões, que habitualmente têm reuniões nesse horário. Periodicamente, o grupo fazia rápidas reuniões de trabalho; o Vermelho estima que eram não menos de cinco.
Segundo o secretário-geral da Mesa, Mozart Viana, somente uma nova lista, com a assinatura da maioria - metade mais um - dos signatários do requerimento de criação, será capaz de sustar a tramitação do requerimento e fazer abortar a CPI.
Anteriormente, fonte da Presidência da Câmara tinha apontado o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) como responsável pela elaboração da lista anti-CPI. Mas o parlamentar desmentiu, ao Vermelho, que estivesse se movimentando nesse sentido. "Esse pedido tem que ser feito por quem assinou também", diz um assessor do PMDB. O deputado Gabeira não assinou o requerimento de criação da CPI.
Mas o assessor da Abril e seus colegas de força-tarefa parecem pensar diferente. O assédio em busca de assinaturas parte de quem não assinou o pedido de CPI e nem é deputado, mas parte incriminada pela denúncia que a comissão se propôs a apurar.
Missão difícil
O requerimento de pedido de criação da CPI, entregue pelo deputado Wladimir Costa (PMDB-PA) no último dia 23 de agosto, recebeu 182 assinaturas, 11 a mais do que o mínimo exigido de 171. Para sustar a CPI é preciso uma nova lista com 92 assinaturas.
O recurso ao grupo de caçadores de assinaturas revela uma Editora Abril bem menos segura de si do que aquela estampada nas páginas da Veja. Já no dia seguinte ao requerimento da CPI, o Vermelho apurou que vários deputados receberam telefonemas de diretores da empresa, com pressões para que retirassem suas assinaturas. Aparentemente os telefonemas não tiveram o resultado desejado.
Não que o império editorial da família Civita não seja poderoso, capaz de fazer e desfazer imagens. "Está todo mundo com medo", confessa uma das deputadas signatárias, referindo-se à reação de seus colegas de pedido de CPI face à truculenta reação do grupo, que não admite sequer a investigação da denúncia.
Mas ao que parece há uma certa distância entre ter medo da Abril e desassinar o que se assinou duas semanas atrás. Nos próximos dias o Brasil saberá se a força-tarefa encontrou, entre os 182 apoiadores, 92 deputados que se prestem a esse papel. A expectativa na Casa é de que é difícil.A CPI objetiva investigar as circunstâncias e as conseqüências decorrentes do processo de compra da TVA - empresas controladas pelo Grupo Abril - pela Telesp, controlada pela empresa espanhola Telefônica, "no que diz respeito aos princípios da defesa da livre concorrência, dos direitos do consumidor e da soberania nacional", alega o requerimento. Há suspeita de que uma cláusula do acordo de venda, estabelecendo certa "reunião prévia" às assembléias de acionistas, na prática repassa para capitais estrangeiros o controle da operadora de televisão, o que viola o artigo 7º da Lei do Cabo de 1995.

De Brasília,
Alberto Marques e
Márcia Xavier;
colaborou
Bernardo Joffily

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sexta-feira, setembro 07, 2007

Vamos ver até quando o JN vai esconder essa...


http://www.blogdoonipresente.com/

Modelo assassinada levou malas de dinheiro

Familiares da modelo Cristiana Aparecida Fernandes, morta em agosto de 2000, afirmaram em depoimento ao Ministério Público de Minas Gerais, que ela costumava transportar malas de dinheiro de Belo Horizonte a São Paulo e Brasília.

O promotor Francisco de Assis Santiago, que presidiu o inquérito da morte, suspeitou que a modelo estivesse envolvida em um esquema de caixa dois de políticos mineiros na eleição de 1998, época da origem do MENSALÃO DE EDUARDO AZEREDO.


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quinta-feira, setembro 06, 2007

A GLOBO QUER VENDER A PETROBRAS




OS TUCANOS NÃO CONSEGUIRAM,
MAS A GLOBO CONTINUA QUERENDO VENDER A PETROBRAS.
ELES ESCONDEM TUDO SOBRE OS AVANÇOS DA EMPRESA NO GOVERNO LULA...


Petrobras inaugura 4 plataformas em outubro

A Petrobras espera inaugurar em outubro duas plataformas marítimas de exploração de petróleo pesado e duas outras para petróleo leve, disse um diretor da estatal na segunda-feira.

Guilherme Estrella, responsável pela área de exploração e produção da estatal, disse que houve problemas na obtenção de licenças ambientais para o campo de petróleo leve de Piranema, além de um problema não especificado na chamada "árvore de natal" da plataforma (sistema de válvulas e encaixes).

"Agora estamos aguardando o licenciamento e conclusão de um poço. Até o começo de outubro esperamos tê-lo pronto e começar a produzir em Piranema", disse Estrella a jornalistas, referindo-se ao primeiro projeto de exploração em águas profundas no Nordeste do Brasil, cujo desenvolvimento custou cerca de 1,2 bilhão de dólares.

A inauguração foi inicialmente prevista para abril e posteriormente adiada para setembro. O campo deve produzir 10 mil barris diários do petróleo mais leve do Brasil na primeira fase, chegando a 30 mil barris em 2008.

A primeira plataforma do campo de Piranema, a ser "batizada" por funcionários do governo e da Petrobras na terça-feira, é um modelo de convés circular, alugado na Sevan Marine, da Noruega. O campo fica a cerca de 25 quilômetros da costa sergipana.

O segundo módulo do campo Golfinho, com capacidade para 100 mil barris de petróleo leve por dia, também deve começar a funcionar no mês que vem, assim como duas plataformas gigantes, para 180 mil barris de petróleo pesado por dia, no campo de Roncador (bacia de Campos, RJ), segundo Estrella.

A abertura de Golfinho está sendo adiada desde maio. Os custos elevados e a falta de equipamentos no mercado levaram a Petrobras a retardar o início de vários projetos nos últimos dois anos.

Mas a Petrobras espera um crescimento médio anual da sua produção na ordem de 7 por cento até 2012 e de 6,8 por cento até 2015, embora o crescimento deste ano deva ser inferior, em torno de 4 por cento, por causa de atrasos e problemas em algumas plataformas.

Estrella prevê uma produção média de 1,85 milhão de barris por dia neste ano, acima da demanda brasileira, de 1,82 milhão de barris por dia. No ano passado, pela primeira vez a Petrobras atendeu à demanda brasileira, e agora o país exporta mais petróleo que importa.

Em meados de 2008 a empresa pretende colocar em funcionamento um módulo de 180 mil barris/dia no campo de Marlim Sul. No segundo semestre também devem começar a operar uma unidade de 180 mil barris/dia no campo de Marlim Leste e uma de 100 mil barris/dia no campo de Jabuti.

A maior parte do petróleo brasileiro é pesado, mas a Petrobras prospectou petróleo leve em Golfinho, na bacia de Espírito Santo, no ano passado e fez algumas poucas descobertas promissoras de petróleo leve, inclusive na camada subsalina, considerada prolífica por alguns geólogos.

Estrella não quis comentar as perspectivas do campo Tupi, onde a Petrobras encontrou petróleo leve no ano passado e perfurou um segundo poço em junho. Ele afirmou que o poço deve terminar de ser testado nos próximos dias, mas que os resultados demorarão para serem analisados.

O grupo BG, parceiro da Petrobras, disse em fevereiro que o campo pode conter reservas de até 10 bilhões de barris. Os geólogos estimam a taxa de recuperação em 20 a 30 por cento nesses campos. A Petrobras não se manifesta.

"Somos cuidadosos com descobertas subsalinas. Os poços são caros, são longe da costa, se de fato houver produção, será necessária uma nova abordagem, enormes investimentos. Não estamos apressando as coisas com essas descobertas", disse Estrella.

Apesar disso, ele afirmou que a Petrobras está considerando seriamente a inclusão do desenvolvimento do campo Tupi em seus planos de investimentos para a próxima década.

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