segunda-feira, novembro 13, 2006

do jornalista Walter Rodrigues

Carta aberta aos leitores e amigos
WALTER RODRIGUES


Caros amigos e leitores
Neste fim de semana, exerço meu direito de resposta em dois diários maranhenses de linhas discrepantes, O Imparcial (neste sábado) e Veja Agora (domingo). O primeiro fez a campanha de Jackson Lago (PDT-PSDB), o segundo a de Roseana Sarney (PFL-PMDB). É significativo que eu tenha que me dirigir aos dois. As cartas estão nos anexos, mas, como nem todos terão paciência de ler, peço licença para resumi-las e explicar alguns detalhes laterais.
Recentemente O Imparcial publicou artigo de Antônio Melo, diretor da Pública — agência contratada pelo Governo do Maranhão para fazer sua imagem e de seus candidatos e desfazer a dos adversários — no qual sou citado como “marqueteiro” e ainda, segundo entendi, como suposto prestador de serviços profissionais a Roseana Sarney e ao pai dela.
Respondi na Internet de maneira até violenta (Veja Agora reproduziu o artigo espontaneamente), aproveitando para narrar vários fatos que destacam meu comportamento na imprensa e na política locais. Ninguém me contestou. Dias depois, entretanto, em mensagem encaminhada a um amigo comum, o diretor da Pública retratou-se de maneira eficaz e até cordial, esclarecendo que foi desinformado por terceiros de má fé. O que também me obriga a retirar as adjetivações com que havia retaliado.
A carta ao Veja Agora trata de matéria referente aos arquivos vazados do computador de Flávia Regina, secretária da Comunicação do governo José Reinaldo, patrono da candidatura Jackson. Os arquivos mostram que o Governo não apenas destinava grandes somas de dinheiro aos meios de comunicação — em alguns casos, aparentemente, não só para financiar veículos, mas também a campanha eleitoral ou até a “colaboração judicial” de donos de veículos — como ainda pautava entrevistas forjadas, editoriais pré-fabricados, “campanhas populares” e toda sorte de factóides e manipulações.
Mais: além do dinheiro destinado aos veículos, havia o pagamento direto a colunistas, radialistas e apresentadores, um dos quais beneficiários até confirmou recentemente, num programa de TV, que o esquema funcionava assim mesmo.
E eu com isso? Acontece que dos arquivos dos pagamentos de Flávia Regina consta o meu nome duas vezes, numa delas com referência explícita ao nosso semanário Colunão — que parou de circular exatamente no meio da campanha, quando a farra se exacerbava; na outra, sem esclarecimento.
Ninguém que acompanhe meu trabalho nas difíceis condições do Maranhão pode supor que eu tenha sido aliciado pelo atual esquema palaciano. Primeiro porque ninguém jamais me aliciou. Segundo porque meu comportamento como jornalista é reconhecido até por desafetos. Terceiro porque, apesar de nunca ter sido perseguido ou maltratado pelo governador José Reinaldo, a quem defendi de “campanhas” imorais quando ele era apenas um vice-governador sem prestígio, nunca me entusiasmei com seu governo e com seu candidato. Quarto, ainda, porque votei em Lula e Roseana, neste último caso optando pelo “mal menor” e após namorar e descartar a opção confortável e defensável, mas insatisfatória do voto nulo.
Ainda assim, achei que devia esclarecer o mais que pudesse esse episódio. Nem bem o teor dos “arquivos secretos” saiu publicado no Veja Agora, interpelei a secretária Flávia Regina em termos bastante objetivos. Fiz questão de sublinhar que não ignoro a existência de veículos subornados e jornalistas amilhados na imprensa do Maranhão, de modo a afastar qualquer idéia de conchavo, cambalacho, corporativismo. Acentuei que falava “apenas em meu próprio nome” e instei-a a esquecer qualquer consideração de amizade: “Seja até cruel, se necessário, mas diga a verdade”.
A carta ao Imparcial resume a declaração da secretária. Os únicos e poucos pagamentos que recebi da Secom — por intermédio de uma empresa de publicidade a quem confiei a representação comercial do Colunão — referem-se única e exclusivamente a anúncios do Governo, perfeitamente caracterizados, nunca a “matérias pagas” ou nada semelhante.
Alguns amigos acham que isso tudo era desnecessário. Acontece que eu não me interesso apenas em reafirmar minha integridade profissional. Quero distanciar-me quilômetros, anos-luz dessa corrupção política e midiática, para melhor poder exigir das autoridades a plena investigação dos fatos. Por menos otimista que eu esteja a respeito disso.
Grato pela leitura, especialmente aos que tiverem disposição de olhar os anexos.

Walter Rodrigues
São Luís (MA), 12/11/2006

PS – Depois de escrever esta mensagem, constatei que Veja Agora de hoje mencionava outra vez o meu nome de maneira esquisita, relacionando-o com supostos arquivos “confidenciais” da Secom de Flávia Regina. Tive então que escrever a “segunda carta ao Veja Agora”, que também pus aí nos anexos.

Anexos

São Luís, 9/11/2006
Senhores Pedro Freire e Raimundo Borges,
respectivamente diretor-geral e diretor de redação de O Imparcial

Reporto-me ao artigo de Antônio Melo, diretor de marketing político da Pública, edição de quarta-feira 1o/11, intitulado “Resposta pública ao presidente Sarney”. Do qual recolho as seguintes passagens:
1) “Imagino o desconforto do professor Antônio Lavareda, da Tânia Fusco, do Antônio Martins, do Walter Rodrigues .... Todos eles reconhecidos entre os melhores profissionais do marketing. ”
2) “Se a intenção do presidente (Sarney) era nos atingir, atingiu com a mesma contundência os profissionais que a ele e à ex-governadora Roseana Sarney Murad prestam serviço, desde os tempos em que ocuparam o Palácio do Planalto e o Palácio dos Leões.”
Entendendo que no primeiro lance havia uma afirmação e no segundo uma possível insinuação, ambas, no que me concerne, falsas, respondi com uma carta aberta na Internet, a qual acabou espontaneamente publicada por um dos jornais da cidade. Ali, além de manifestar pesadamente minha justa indignação, declarei:
“Não sou e nunca fui profissional de marketing. Não integrei a equipe do professor Lavareda, cujo trabalho nesta campanha (supondo-se que fosse dele a diretiva) considero pífio. Nunca falei com Laverada, nem por telefone. Nunca falei com Antônio Martins, a quem só conheço de foto .... Não sei quem é Tânia Fusco. Não houve uma só linha de minha autoria na campanha de Roseana. Não estou nem estive ‘a serviço’ dela ou do pai. Fui crítico implacável e talvez até exagerado de seus dois governos, no qual mamavam muitos desses que ora se fazem de heróis do anti-sarneísmo. Nesta campanha em que tanto se comprou e se vendeu, não ganhei um único centavo de quem quer que seja. Desafio qualquer canalha, público ou privado, conterrâneo ou alienígena, a provar o contrário.”
Dias depois, alertado por um amigo comum, o jornalista Daniel Mendes, Antônio Melo explicou-se na mensagem anexa, enviada de S.Paulo. Assim:
“Grande Daniel (...) Imaginei que o sr. Walter, a quem não conheço, era marqueteiro. Não disse que trabalhou para Roseana. Apenas o destaquei pelas referências que tive. (...) Retiro a referência ao sr. Walter Rodrigues, como marqueteiro. Mantenho a de respeitado, não por conhecê-lo, mas pelas referências recebidas de amigos em quem acredito. (...). Quanto ao sr. Walter Rodrigues, espero poder encontrá-lo para que não fique de mim com as percepções que externou”.
Diante dessa elegante e espontânea retratação, nada me resta a fazer senão retirar também as adjetivações que enderecei a Antônio Melo, transferindo-as com toda justiça para os boateiros fabricantes dessa intriga.
Solicito-lhes que considerem a presente como exercício do direito de resposta ou esclarecimento que a lei nos concede a todos.

Atenciosamente,
Jornalista Walter Rodrigues
wr.walter@uol.com.br
098 3235 6916

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São Luís (MA), 5 de novembro de 2006
Senhor diretor do Veja Agora

Solicito a publicação do seguinte, como direito de resposta ou esclarecimento.
Este jornal publicou em 5/11 duas matérias que me exigem explicações. A primeira, “Documentos revelam a compra da eleição de Jackson”, págs. 4 e 5, com chamada de 1a página. A segunda, em página solta, sem número, “Resposta a um mero Melo difamador,” também com chamada na 1a, intitulada “Carta aberta: Walter Rodrigues responde ao ‘mero Melo’ — encarte especial”.
Começo pela segunda: o texto de fato é meu, enviei-o e foi reenviado a milhares de destinatários, via Internet, inclusive às redações dos jornais e emissoras de rádio e TV de São Luís. Só Veja Agora me fez a bondade de publicá-lo, o que agradeço. Mas com duas observações:
— Ao contrário do que possa parecer (e pareceu certamente à grande maioria dos leitores, senão a todos) a decisão de publicar a carta e transformá-la em “encarte especial” foi exclusiva de Veja Agora;
— Posteriormente à publicação do “encarte especial ” — e aqui se trata apenas de uma questão de justiça e de verdade, não de corrigir o jornal — Antônio Melo enviou mensagem a um amigo comum, o jornalista Daniel Mendes, da qual extraio o seguinte:
“Grande Daniel. (...) Imaginei que o sr. Walter (...) era marqueteiro. Não disse que trabalhou para Roseana. Apenas o destaquei pelas referências que tive. (...) Retiro a referência ao sr. Walter Rodrigues, como marqueteiro. Mantenho a de respeitado, não por conhecê-lo, mas pela referências recebidas de amigos em quem acredito. (...) Quanto ao sr. Walter Rodrigues, espero poder encontrá-lo para que não fique de mim com as percepções que externou.” (Cf. anexo 1). Diante do que, como homem educado e justo, apresso-me também a retirar as adjetivações que enderecei a Antônio Melo. Que elas recaiam nas fuças dos boateiros miseráveis que fabricaram essa intriga.
Sobre os “arquivos da Secom”, cito a seguinte passagem da matéria de Veja Agora:
“Inicialmente divulgados pelo jornalista Décio Sá ... os documentos [mostram] a existência, dentro do Governo do Estado, de uma estrutura bancada integralmente com dinheiro público, para atacar e ‘desconstruir’ a imagem da senadora Roseana Sarney (PFL) e garantir a eleição do aliado do governador José Reinaldo, o ex-prefeito Jackson Lago.”
Adiante, na pág. 5, a matéria lista mais de 60 pagamentos efetuados pela Secom num determinado período, incluindo não só veículos de comunicação, mas também colunistas políticos e outros profissionais de jornal, apresentadores de TV, radialistas etc. Meu nome é o único citado duas vezes, numa como diretor do Colunão, noutra sem nenhum esclarecimento.
Tão logo tomei conhecimento do fato, enviei a Flávia Regina e distribuí na Internet a interpelação que Veja Agora reproduziu espontaneamente em sua edição de terça-feira 7, da qual destaco as seguintes passagens:
“Prezada Flávia Regina — ....“Quando meu Colunão ainda circulava ....mais de uma vez publiquei anúncios que me foram encaminhados pela Secom, vale dizer, por você, anúncios perfeitamente caracterizados e posteriormente pagos à editora Visual .... representante comercial do semanário, com emissão da respectiva nota fiscal. ... (Mas) Nunca lhes prestei serviço nenhum, nem jamais participei de nenhuma campanha midiática de construção ou desconstrução do que quer que seja. ... Note que estou falando apenas em meu próprio nome. Não ignoro a existência de jornalistas que prestam ‘assessoria’ clandestina (relativamente a seus leitores), assim como há jornais e outros segmentos da mídia, cuja opinião oscila ou dá cambalhotas conforme a origem da receita. Que se danem. Não posso é ser misturado a esse tipo de gente... Neste instante, e exclusivamente para os fins desta carta, esqueça qualquer consideração de amizade. Seja até cruel, se necessário, mas diga a verdade”.
Ao que Flávio Regina respondeu no dia 7 (anexo 2):
“Meu Caro Walter Rodrigues .... Quero, de antemão, lamentar que um jornalista de sua linhagem tenha que passar por um constrangimento destes. .... Por certas ocasiões, os leitores puderam encontrar, em uma mesma edição [do Colunão] anúncios do Governo e críticas responsáveis, ao mesmo governo. ... E, finalmente, nego aqui nesta carta qualquer tipo de pagamento à pessoa física Walter Rodrigues. ... Cordialmente, Flávia Regina, jornalista e atual chefe da Assessoria de Comunicação Social do Governo do Estado do Maranhão”.
Eis aí, senhor diretor. Antônio Melo reconhece que nunca fui “marqueteiro” de ninguém; Flávia Regina, que nunca recebi suborno ou seja lá como se chame o pagamento clandestino a jornalistas disponíveis.
Acentuo que a secretária, ao me excluir da lista dos suspeitos, não desmente minha categórica afirmação de que houve, de fato, esse tipo de “relacionamento”, digamos assim, entre o Governo e um certo número de profissionais. O silêncio deles a respeito, se não resulta de catatonia ou timidez mórbida, equivale quase a uma confissão. Quanto a mim, quero distância disso. Não sou nem desejo ser correligionário de José Reinaldo, Jackson Lago ou Roseana Sarney, nem muito menos lhes prestar serviços ou submeter meus últimos anos de jornalismo ao cabresto de quem quer seja. Sou como sou, tenho orgulho de minha independência e só quero que me reconheçam a autoridade moral de exigir que não me lancem na vala comum dos “amilhados”. Noutras palavras, que façam a devida ressalva: Walter Rodrigues não participou nem participaria de nenhuma campanha palaciana, nunca vendeu sua consciência, nunca publicou matérias pagas no Colunão, nem pode ser jamais igualado aos mercenários de todos os governos e de sempre.
Há muitas outras questões colaterais discutíveis. Deixo-as de lado porque não posso me alongar demasiado, sob pena de obscurecer a compreensão do essencial. Apenas deixo dito que reafirmo o inteiro teor da carta aberta que há poucos dias divulguei na Internet.

Atenciosamente,
Walter Rodrigues

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Prezados senhores,

Somente há poucos minutos li a edição deste sábado de Veja Agora.

Na página 4, em nova matéria sobre os "arquivos secretos de Flávia Regina", encontro o seguinte:

"... chama atenção entre os arquivos secretos a existência de documentos de texto que não podem ser abertos por usuários comuns da Secom. Protegidos por senha... o que atesta o grau de confidência das informações nele contidas."

Adiante, texto, imagem e legenda identificam alguns desses arquivos "confidenciais". Ao lado de um intitulado 'Tabela de pagamentos UP grade.doc) está um de nome 'Walter Rodrigues.doc'.

Nem sei por onde começo... Bem, pelo começo. Arquivos com senha só demonstram que alguém os chaveou, o que não basta para afirmar que contenham matéria confidencial, muito menos para deduzir o "grau" dessa "confidência".

Se discordam da teoria, vamos à prática:

Um amigo derrubou a senha do arquivo 'Walter Rodrigues.doc' e — como vocês já sabem também — nele não há nada que me relacione com essas espantosas ocorrências midiáticas da última eleição, nem de qualquer outra. É apenas uma carta da Coordenação de Núcleos Estratégicos do Governo do Maranhão, replicando a uma crítica do nosso ex-Colunão.

Espero que deixem isso bem claro a seus leitores, pois não é justo que eu fique sob suspeita, por mais leve que seja, de envolvimento com eventuais desmandos de terceiros.

Atenciosamente,
Walter Rodrigues

a carta "confidencial"

Caro Walter, bom Dia!

Sobre a nota publicada, na edição do último domingo (23/01), em O Colunão, gostaria de esclarecer que:

1) A proposta de promover a realização de uma reunião entre o secretário de Indústria e Comércio, Danilo Furtado, surgiu do Núcleo de Gestão Estratégica, da Assessoria de Comunicação do Governo do Estado, prontamente aceita pelo mesmo.

2) O Núcleo parte do princípio de que a informação é um dado estratégico para o processo decisório e que, como tal, deve otimizar resultados. Compreendemos que a Comunicação Pública não deve apenas ser uma mera divulgadora das ações do Governo, mas fornecer soluções para problemas da comunidade e, desta forma, estabelecemos que, como profissionais de Comunicação somos agentes de solução.

3) Embora pareça paradoxal, em acordo com lideranças comunitárias propusemos que não seria adequada a participação de agremiações de cunho político e até mesmo a presença da própria Imprensa, para que não houvesse partidarizações ou que interesses particulares prevalecessem sobre interesses coletivos (que você, como bom jornalista sabe que existem)

4) Não houve nenhuma intenção de ocultar nada, pois o único objetivo da reunião foi o de buscar dialogar com a comunidade, democratizar as informações e esclarecer dúvidas sobre o projeto, até então sem nenhum esclarecimento.

Temos a satisfação de informar ainda que a reunião foi tão proveitosa, iniciando às 17:30h e prosseguindo até quase 22h, em um diálogo aberto e franco com a comunidade, em uma conversa informal, direta, sem subterfúgios. Acreditamos que, da forma como ocorreu a comunidade teve uma oportunidade maior de realmente falar o que pensa e o que deseja. E que cumprimos nosso papel de profissionais de um órgão que possui muito mais a contribuir com o Estado desta forma, do que apenas reproduzir passivamente as ações governamentais.

No mais, ficamos a sua inteira disposição, para esclarecer quaisquer outras dúvidas, com relação a este ou a outros assuntos.

Um abraço,
Tami Kondo – Coordenação de Relações Institucionais
Núcleo de Gestão Estratégica
Governo do Estado

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