A esperança renovada
Ajudar a transformar as esperanças do nosso povo em realidade foi o que me levou a abraçar a vida política e a nela persistir. O mesmo impulso de promover o país que éramos ao país desenvolvido que vamos ser me deu a energia necessária para honrar o mandato delegado pela nação ao longo destes 46 meses de governo, iniciado em janeiro de 2003. Não ignoro as dificuldades que a luta pelo desenvolvimento ainda impõe à vida de milhões de cidadãos e cidadãs, em especial aos mais humildes. Mas chego ao final do mandato presidencial com a firme convicção de que materializamos uma parte significativa da esperança do povo na vida do nosso país. Uma esperança, felizmente, sempre renovada. Tenho orgulho da oportunidade de conduzir esse processo ao lado da grande maioria da sociedade brasileira. Desde esse mirante das experiências acumuladas e das conquistas alcançadas, enxergo com otimismo as imensas possibilidades reunidas no passo seguinte da nossa história. Com humildade, porém com firmeza, e, sobretudo, com o apoio encorajador e a confiança depositada em nosso trabalho, digo que valeu a pena assumir essa missão. Hoje, mais que ontem, estou certo de que o Brasil pode, sabe e tem condições de avançar cada vez mais no caminho da prosperidade com justiça social. Quando assumimos a Presidência da República, o apelo da urgência social era inadiável. Impunha-se a tarefa imediata de regenerar os fundamentos que distinguem um povo de uma comunidade com destino incerto. Os compromissos compartilhados que sustentam a convivência solidária e democrática estavam esgarçados no acesso aos mais elementares direitos humanos. Havia fome em milhões de lares, incerteza na produção e desalento na alma do povo. Demos as principais respostas requeridas pelo imperativo da hora. Simultaneamente, vencemos a vulnerabilidade externa com uma ação comercial e diplomática que rapidamente reverteu o flanco de uma inserção internacional equivocada, substituindo-a por um ciclo robusto de exportações, que crescem acima da média mundial. Passamos às reformas prementes, restituindo previsibilidade ao horizonte econômico das empresas e das famílias após tantos anos de incerteza para planejar o futuro. Lutamos a justa batalha. Somos humildes para reconhecer os erros registrados no caminho. Todavia eles não abalaram, ao contrário, reforçaram nossa convicção de que a democracia e a transparência do Estado de Direito são requisitos sempre indissociáveis à superação dos conflitos do desenvolvimento. Temos orgulho da semeadura feita. Os frutos da colheita se encontram hoje ao alcance das mãos e das mesas de milhões de brasileiros. Vivemos o melhor ambiente macroeconômico das últimas décadas. O Brasil chega ao final de 2006 como o país menos desigual dos últimos 25 anos. 7 milhões de cidadãos venceram a linha da pobreza. O poder de compra do salário mínimo aumentou 26%, em termos reais, desde 2003. Na esfera dos preços, nas contas externas, na regeneração orçamentária, na liquidez das empresas ou na trajetória declinante dos juros, fincamos pilares sólidos para avançar sem risco de regredir. Estamos enfrentando com êxito o desafio de distribuir renda sem renunciar ao equilíbrio macroeconômico. Hoje temos uma sociedade menos pobre. E uma economia mais estável. Estamos prontos para ingressar numa nova etapa de crescimento acelerado. A opção que fizemos está estampada tanto na vida das pessoas como nas estatísticas -está nos campos e nas cidades de todo o país. Consolidei nestes quatro anos de mandato uma convicção de vida. Não existe panacéia técnica que possa guiar o desenvolvimento de uma nação. Um povo não pode terceirizar as opções cruciais de sua história. Tampouco dissimular em uma agenda administrativa aquilo que é prerrogativa da condução política e da superação democrática de divergências e conflitos. Nenhum governo melhora o desenvolvimento à margem da sociedade. O Brasil precisa reforçar a principal ponte erguida nos últimos anos entre nossas esperanças, sempre renovadas, e o passo seguinte da nossa história. Ou seja, respaldar e impulsionar a articulação de forças políticas que acumulou um patrimônio inédito de estabilidade, confiança e entendimento indispensáveis para fazer do desenvolvimento a grande obra da maturidade democrática da sociedade brasileira no século 21. É o que peço aos 125 milhões de eleitores e eleitoras que vão decidir hoje o futuro do Brasil nos próximos anos.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA , presidente da República, é candidato à reeleição pelo PT.
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