A ficha falsa de Dilma
Coluna Econômica - 07/07/2009
Um dos episódios jornalisticamente mais polêmicos dos últimos anos foi o caso da suposta ficha da Ministra Dilma Rousseff no DOPS. Dilma acusou o jornal FOLHA DE SÃO PAULO de ter se valido de uma ficha falsa. O jornal FOLHA DE SÃO PAULO refutou, dizendo que não poderia garantir que a ficha era verdadeira, mas tão pouco comprovar que era falsa. Dilma insistiu e enviou ao jornal dois laudos contratados por ela, junto a peritos da Universidade Nacional de Brasília (UnB) e Unicamp. O jornal insistiu que não poderia garantir que a ficha era falsa, por não ter o original para comparar – um contra-senso que, levado ao pé da letra, legitimaria qualquer falsificação.
Solicitei e recebi os dois laudos da Ministra, para poder avaliar. As conclusões são inequívocas e desmentem o jornal FOLHA DE SÃO PAULO.
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O laudo da Unicamp é assinado por Siome K. Goldenstein e Anderson R. Rocha, do Instituto de Computação.
Suas conclusões:
1. A imagem publicada na Folha Online não é a mesma publicada pelo jornal.
2. A imagem foi digitalmente fabricada. A foto foi recortada de uma outra fonte, o texto foi adicionado posteriormente de forma digital e é improvável que qualquer parte da ficha tenha sido escaneada do Arquivo Público de São Paulo – onde a ficha estaria depositada, segundo a Folha.
3. A moldura da ficha foi scaneada (copiada através de uma máquina scanner). Já a foto de Dilma foi colocada digitalmente. Na foto, os pixels (pontos que compõem a imagem)são exatamente iguais. A probabilidade de isso ocorrer em uma foto convencional é de 10 elevado a 30.000. Para efeito de comparação, a possibilidade de duas pessoas terem o mesmo DNA é de 10 elevado à 12a potência.
4. As letras foram digitalmente acrescentadas.
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O laudo da UnB é ainda tão definitivo quanto o da Unicamp:
1. O laudo analisou três sites que tinham a tal ficha. E se baseou naquele que tinha melhor resolução, o Viomundo. Na sua resposta, a Folha disse que o laudo se baseou na foto de um site que costuma criticar a imprensa – argumento tolo, já que o laudo concluía que as três fichas tinham a mesma procedência.
2. Comparou as impressões digitais da ficha original, do DOPS, com os da ficha falsa. Constatou que eram diferentes. A probabilidade de serem iguais era de zero.
3. Analisando as bordas da ficha, constatou que as duas dobras eram exatamente iguais, possivelmente usando o chamado efeito espelhado.
4. Foram utilizadas as fonte MS San Serif (do sistema operacional Windows) e Courier (BM). Em alguns casos, foram colocadas letras desalinhadas (como o S), mas também de forma digital, porque todas as letras S são idênticas.
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Antes disso, leitores do meu Blog (www.luisnassif.com.br) já tinham chegado à mesma conclusão. Como André Borges Lopes, em um trabalho detalhado sobre a foto.
Sua conclusão: “Duvido que surja algum especialista sério no mundo capaz de afirmar que existe alguma chance, remota que seja, dessa ficha ter sido originada pelo escaneamento de um documento físico. Mas a Folha não precisa gastar dinheiro com especialistas. É bem possível que qualquer estagiário do departamento de arte do jornal seja capaz de desmascarar esse engodo.
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