terça-feira, maio 23, 2006

Perdas e danos

Eduardo Guimarães

Pode parecer absurdo, mas a impressão que o noticiário sobre os solavancos nas bolsas e nas cotações do dólar pelo mundo afora na última segunda-feira me deu foi a de que havia torcida midiática por uma crise mundial que afetasse gravemente a economia brasileira. Alguns apressadinhos andaram dando declarações mal-explicadas de que o Brasil sofreria mais do que outros países por conta das declarações do diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato, e de autoridades americanas de que o cenário econômico mundial será afetado por um possível aumento mais expressivo dos juros nos EUA.

Tudo o que o conclave oposicionista poderia desejar neste momento seria uma crise econômica mundial que afetasse a economia brasileira, fazendo o dólar disparar e as bolsas de valores despencarem. Destruir-se-ia o consenso dos técnicos sobre a excelência da gestão petista da economia. Claro que problemas na economia internacional que viessem a afetar a nossa não imporiam efeitos imediatos ao cotidiano dos brasileiros, mas o simbolismo do dólar aumentando de preço e as bolsas caindo forneceria um fato concreto para a mídia e para a oposição explorarem, conferindo verossimilidade ao discurso delas de que a economia só tem ido bem por conta do cenário internacional favorável.

Compreende-se perfeitamente que políticos de oposição possam torcer por problemas econômicos no país. Eles não dependem do bom funcionamento da economia para sobreviver. É espantoso, no entanto, que empresas de comunicação amplifiquem um soluço episódico e já se atirem a análises de que o nosso soluço teria sido mais forte do que os soluços dos outros. E esse tipo de análise esbaforida, ainda que em pequeno número, existiu num dia de nervosismo no mercado financeiro global.

Toda e qualquer análise alarmista sobre a economia mundial neste momento será totalmente irresponsável, apressada, injustificada e até tola. Os fatos poderão desmoralizar os apressadinhos em tempo recorde. Até porque, tudo aponta para que tenha havido uma mera acomodação dos mercados, uma realização de lucros dos que já ganharam muito nas bolsas ultimamente. O fato é que essas realizações de lucros podem ter sido estimuladas muito mais por declarações infelizes de burocratas americanos e do FMI do que por previsões pessimistas fundamentadas em pressões inflacionárias na economia americana, pois esta está longe de estar aquecida a ponto de desencadear uma alta significativa da taxa Prime.

O saldo desse sobressalto na economia mundial pode ser aferido muito mais na política interna brasileira do que em efeitos concretos em nossa economia. Ao menos por enquanto. No campo da política, percebe-se um desespero tal das hostes oposicionistas que beira a irracionalidade. Estão apostando todas as fichas em qualquer factóide que lhes pareça uma tábua de salvação. Chega a ser assustador o desespero dessa gente. Preocupa-me saber até onde podem ir nessa luta sem regras que desencadearam para tentar retomar o poder. E esse mês de outubro, que não chega logo...

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