A MÍDIA QUE ESTÁ ESCONDENDO É SÓCIA DOS TUKANOS?
CADÊ A CAPA DA VEJA?
CADÊ O JORNAL DA BAND?
CADÊ A FOLHA?
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Luís Nassif: A reportagem investigativa da década
A reportagem investigativa da década
Enviado por luisnassif, sab, 10/12/2011 – 21:28
Fui ontem à coletiva do repórter Amaury Ribeiro Jr, sobre o livro que lançou.
Minha curiosidade maior era avaliar seu conhecimento dos mecanismos do mercado financeiro e das estruturas de lavagem de dinheiro.
Amaury tem um jeito de delegado de polícia, fala alto, joga as ideias de uma forma meio atrapalhada – embora o livro seja surpreendentemente claro para a complexidade do tema. Mas conhece profundamente o assunto.
Na CPI dos Precatórios – que antecedeu a CPI do Banestado – passei um mês levando tiro de alguns colegas de Brasília ao desnudar as operações de esquenta-esfria dinheiro e a estratégia adotada por Paulo Maluf. Foi o primeiro episódio jornalístico a desvendar o submundo das relações políticas, mercado financeiro, crime organizado.
No começo entendi os tiros como ciumeira de colegas pela invasão do seu território por jornalista de fora. Depois, me dei conta que havia um esquema Maluf coordenando o espírito de manada, no qual embarcaram colegas sem conhecimento mais aprofundado do tema.
Minhas colunas estão no livro “O jornalismo dos anos 90”, mostrando como funcionavam as empresas offshore, o sistema de doleiros no Brasil, as operações esquenta-esfria na BMF e na Bovespa, as jogadas com títulos estaduais.
Repassei parte desse conhecimento ao meu amigo Walter Maierovitch, quando começou a estudar esse imbricamento mercado-crimes financeiros e, depois, na cerimônia de lançamento do Sisbin (Sistema Brasileiro de Inteligência).
Mesmo assim, persistiu a dicotomia na cobertura: jornalistas de mercado não entravam em temas policiais e jornalistas policiais não conheciam temas financeiros. E a Polícia Federal e o Ministério Público ainda tateavam esse caminho.
Aos poucos avançou-se nessa direção. A Sisbin significou um avanço extraordinário na luta contra o crime organizado. E, no jornalismo, Amaury Ribeiro Jr acabou sendo a melhor combinação de jornalismo policial com conhecimento de mercado.
Quem o ouve falar, meio guturalmente, não percebe, de imediato, sua argúcia e enorme conhecimento. Além de ter se tornado um especialista nas manobras em paraísos fiscais, nos esquemas de esquentamento de dinheiro, tem um enorme discernimento para entender as características de cada personagem envolvido na trama.
Mapeou um conjunto de personagens que atuam juntos desde os anos 90, girando em torno do poder e da influência de José Serra: Riolli, Preciado, Ricardo Sergio, Verônica Serra, seu marido Alexandre Burgeois. É uma ação continuada.
Entendeu bem como se montou o álibi Verônica Serra, uma mocinha estreante em Internet, naquele fim dos anos 90, com baixíssimo conhecimento sobre tendências, modelos de negócios, de repente transformada, por matérias plantadas, na mais bem sucedida executiva da Internet nacional. Criou-se um personagem com toque de Midas, em um terreno onde os valores são intangíveis (a Internet) para justificar seu processo de enriquecimento. Mas todo o dinheiro que produzia vinha do exterior, de empresas offshore.
Talvez o leitor leigo não entenda direito o significado desses esquemas offshore em paraísos fiscais. São utilizados para internalizar dinheiro de quem não quer que a origem seja rastreada. Nos anos 90, a grande década da corrupção corporativa, foram utilizados tanto por grandes corporações – como Citigroup, IBM – para operações de corrupção na América Latina (achando que com as offshores seriam blindadas em seus países), como por políticos para receber propinas, traficantes para esquentar recursos ilícitos.
Ou seja, não há NENHUMA probabilidade de que o dinheiro que entrou pelas contas de Verônica provenha de fontes legítimas, formalizadas, de negócios legais.
Ao mesmo tempo, Amaury mostra como esse tipo de atuação de Serra o levou a enveredar por terrenos muito mais pesados, os esquemas de arapongagem, os esquemas na Internet (o livro não chega a abordar), os assassinatos de reputação de adversários ou meros críticos. É um modo de operação bastante tipificado na literatura criminal.
No fundo, o grande pacto de 2005 com a mídia visou dois objetivos para Serra: um, que não alcançou, o de se tornar presidente da República; o outro, que conseguiu, a blindagem.
O comprometimento da velha mídia com ele foi tão amplo, orgânico, que ela acabou se enredando na própria armadilha. Não pode repercutir as denúncias de corrupção contra Serra porque afetaria sua própria credibilidade junto ao universo restrito de leitores que lêem jornais, mas não chegam ainda à Internet.
Ao juntar todas as peças do quebra-cabeças e acrescentar documentos relevantes, Amaury escancara a história recente do país. Fica claro porque os jornais embarcaram de cabeça na defesa de Daniel Dantas, Gilmar Mendes e outros personagens que os indispuseram com seus próprios leitores. (Só não ficou claro porque o PT aceitou transformar a CPI do Banestado em pizza. Quais os nomes petistas que estavam envolvidos nas operações?)
E agora? Como justificar o enorme estardalhaço em torno do avião alugado do Lupi (independentemente dos demais vícios do personagem) e esconder o enriquecimento pessoal de um bi-candidato à presidência da República?
Mesmo não havendo repercussão na velha mídia, o estrago está feito.
Serra será gradativamente largado ao mar, como carga indesejada, aliás da mesma forma que está ocorrendo com os jornalistas que fizeram parte do seu esquema.
A CPI dos Precatórios
No PDF, o livro “O jornalismo dos anos 90”. A partir da página 147, minhas colunas sobre a CPI dos Precatórios, onde já se revelava todo o imenso esquema do crime organizado no país, os doleiros, a operação em Foz do Iguaçu, as concessões do Banco Central etc.
A ironia da história é que, em determinado momento, consegui convencer o banqueiro Fábio Nahoum – testa de ferro do Maluf – a passar informações ao relator da CPI, senador Roberto Requião. Como testemunhas do encontro, a repórter Mônica Bérgamo – que teve um comportamento impecável quando Requião e alguns colegas de Brasília tentaram desqualificar minhas revelações – e o então senador José Serra.
Não podia imaginar que um dos esquemas que operava na região era do próprio Serra.
PS do Viomundo1: A título de esclarecimento, a CPI do Banestado, a nave-mãe de todas as operações de lavagem de dinheiro no Brasil, foi aberta por conta de uma reportagem do Amaury publicada na capa da IstoÉ.
PS do Viomundo2: Segundo se infere do que está no Privataria Tucana, esta é uma das peças de ficção jornalística criadas para justificar a fortuna repentina de Verônica Serra.
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Emediato: Esgotada primeira edição de Privataria Tucana
por Luiz Carlos Azenha
Luiz Fernando Emediato, da Geração Editorial, experimentou ontem a força dos blogues sujos. E, obviamente, da capa da CartaCapital.
O fato é que, na noite de ontem, a editora já não tinha mais cópias do livro Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr.
Todos os 15 mil exemplares tinham sido despachados. A editora foi pega completamente de surpresa pela força de divulgação dos internautas e, durante o dia, teve de improvisar para dar conta de atender aos pedidos das livrarias, que não paravam de chegar.
Houve muitos boatos, inclusive sobre a apreensão do livro. De suspeito, mesmo, só alguns compradores que levaram todo o estoque de duas livrarias (50 livros em cada).
A Geração se especializou em lançamentos guerrilheiros, como o do livro Honoráveis Bandidos, de Palmério Dória, que vendeu mais de 100 mil cópias sem qualquer divulgação na grande mídia.
Há, porém, uma diferença: o livro de Amaury, embora trate de um tema espinhoso — lavagem de dinheiro — traz quase uma centena de páginas de documentos e pode ter desdobramentos políticos e até mesmo jurídicos de longo prazo.
PS do Viomundo: Nossos pedidos de desculpas aos leitores. Ontem, por uma lastimável falha técnica, o blog subiu uma janela para transmissão do twitcam que nos deixou na mão, sem que pudessemos corrigir a tempo. Felizmente, outros blogues supriram nossa deficiência.
PS do Viomundo2: Emediato ofereceu uma cópia do livro para ser sorteada entre os leitores do Viomundo. Deixem os nomes nos comentários, pois. Obrigado.
Leia também:
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Repercussão de Privataria Tucana: "Pelo que eu saiba, Ricardo Sérgio não fez nada de errado"
Veja já denunciou Ricardo Sérgio de Oliveira, que FHC diz que "não fez nada de errado", se a Veja quiser tem farto material pra ir a fundo nesse escândalo, mas não vai... |
A casa dos tucanos caiu! Amaury Ribeiro Jr. lança livro bomba, “Privataria tucana” e a revista Carta Capital destaca, com entrevista exclusiva, aquilo que o ex-repórter da Globo tem a contar sobre os crimes cometidos nos processos de privatizações do governo FHC, ou como Élio Gaspari um dia chamou de privataria.
Um termo muito adequado aquilo que foi realizado no país durante o governo neoliberal dos tucanos, em que José Serra, ex-ministro do Planejamento e da Saúde neste período, é apontado como um dos maiores responsáveis por um esquema bilionário de desvios dos recursos das vendas de empresas públicas, como a Vale do Rio Doce, por exemplo, que segundo FHC disse, foi Serra quem o "aconselhou" a vender.
A Carta Capital acende o estopim, mas é pouco provável que os demais órgãos de imprensa se interessem em escavar tão promissor assunto. Muito provável que ajam para desqualificar o autor do livro bomba, recheado de documentos que comprovam sua tese, para livrar a cara de seus aliados e patrocinadores.
A grande imprensa brasileira, conservadora até no osso, deverá escalar seus maiores expoentes para por abaixo qualquer reputação de quem pense em sustentar o que Amaury Ribeiro Jr. denuncia. Neste caso, deverão agir protegendo amigos, para se pouparem de investigações que podem chegar as grandes redações, pelas posturas antiéticas de seus chefes, desleixas para com um assunto de extrema relevância e omissas em aprofundar indícios gravíssimos que envolve cifras estratosféricas, da nossa história recente.
Em uma das primeiras repercussões sobre o assunto, FHC, respondendo a jornalista Mônica Bérgamo, afirmou desconhecer que Ricardo Sérgio, apontado como o articulador do esquema de corrupção tucana, como esclarece o autor, tivesse cometido qualquer irregularidade ao dizer: "Pelo que eu saiba, Ricardo Sérgio não fez nada de errado" e a colunista da Folha de São Paulo parece ter ficado satisfeita com a resposta...
Estará começando uma das maiores operações "abafa" de nossa história, com a mídia ignorando o fato escandaloso, ou a imprensa independente, a Justiça e a sociedade civil organizada, como a OAB, poderão levar adiante devastadoras provas para punir seus malfeitores?
O emendão tucano, esquema de propinas pagas por emendas parlamentares da base de sustentação do governo de Alckmin na Assembléia Legislativa de São Paulo, já foi, exemplarmente, abafado. Na ponta do lápis, quanto deve custar tamanha ignorância editorial dos grandes veículos de comunicação do país sobre estes atos de corrupção???
O emendão tucano, esquema de propinas pagas por emendas parlamentares da base de sustentação do governo de Alckmin na Assembléia Legislativa de São Paulo, já foi, exemplarmente, abafado. Na ponta do lápis, quanto deve custar tamanha ignorância editorial dos grandes veículos de comunicação do país sobre estes atos de corrupção???
É só o começo ou o fim?
Você já leu?
From: Vanderley - Revista
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Imprensa ‘independente’ esconde livro sobre privataria tucana
Nos últimos anos, qualquer livro de autoria de desafetos ou adversários políticos do ex-presidente Lula e/ou do PT recebeu monumental cobertura da grande mídia. Tais obras costumam ser anunciadas em portais de internet, revistas semanais, jornais, televisões e rádios apesar de não conterem nada além de insultos e acusações sem provas. Que interesse público ou meramente jornalístico pode ter um livro que chama o ex-presidente Lula de “anta” ou outro que chama de “petralhas” os mais de um milhão de filiados do Partido dos Trabalhadores? Apesar disso, esses livros, escritos por pistoleiros contratados para caluniar e xingar, são anunciados o tempo todo pelos grandes meios de comunicação. Neste fim de semana, chega ao público um livro que, apesar de jamais ter sido sequer mencionado em um grande jornal ou em qualquer outro grande meio de comunicação, era aguardado por dezenas de milhares de internautas que dele souberam através da blogosfera e de uma única revista semanal, a Carta Capital. O livro recém-lançado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., acusado no ano passado pela grande mídia de integrar complô para montar dossiê contra José Serra, pode não conter apenas acusações sem provas ou meros xingamentos. Segundo o autor, apresenta provas de roubo de dinheiro público no processo que o jornalista Elio Gaspari batizou como “privataria”. É revelador como o livro A Privataria Tucana jamais recebeu um único comentário inclusive do autor do termo que resume o que foi o processo de privatização de empresas públicas durante o governo Fernando Henrique Cardoso, ou seja, um dos maiores saques sofrido pela nação em toda a sua história e que superou até a roubalheira da ditadura militar. A imprensa que vive se dizendo “independente”, portanto, ao tentar esconder o livro “proibido” está dando a ele a maior contribuição que poderia. Explico: se fosse uma obra fraca, com denúncias fracas, seria excelente alvo para veículos partidarizados como Globo, Veja, Estadão e Folha. Se a escondem, é porque seu conteúdo deve ser arrasador. E como quem se interessa por assuntos assim certamente tem acesso à internet e a blogs políticos, a censura aumentará o interesse. Os grandes meios de comunicação fazerem de conta que não viram o livro, portanto, talvez seja tão importante quanto seu conteúdo, pois pessoas bem-intencionadas que têm dúvidas sobre o partidarismo político daqueles meios agora dispõem de prova incontestável desse partidarismo. Ora, imprensa que se diz “independente”, se fosse mesmo não precisaria concordar com um livro considerado bombástico para noticiar seu lançamento ou para produzir análises de seu conteúdo. O lançamento da obra é um fato político saboroso para qualquer jornalista de verdade. Aliás, é escandaloso que o autor do termo “privataria” tenha se calado. Este blogueiro AINDA não leu o livro, o que começará a fazer no fim de semana. Até aqui, portanto, não sabe se as denúncias são fundamentadas. Pelo tratamento que a obra está recebendo da mídia, é possível concluir que deve ter muito mais do que suposições e xingamentos. Se assim for, a mera publicação da obra não desnudará tão-somente o partidarismo de uma máfia que se autoproclama “imprensa independente”; permitirá que os setores pensantes e decentes da sociedade descubram se o Brasil tem Poder Judiciário ou se são todos comparsas dos poderosos chefões midiáticos. +++ Chegou o presente de Natal que a tucanada mais temia. A CartaCapital que sai amanhã traz na capa o livro que há mais de um ano vem fazendo os mais ilustres tucanos roerem as bem tratadas unhas. A Privataria Tucana, a reportagem de Amaury Ribeiro que se transformou, ela própria, em notícia, vai aos porões dos anos infames do Governo FHC, onde o patrimônio do povo brasileiro migrou para mãos privadas, deixando grossos pingos de sujeira que a nossa zelosa imprensa nunca quis ver. Recebemos o livro hoje, por cortesia da Editora – a Geração Editorial - e a noite será dedicada à leitura do texto, para comentar. Por enquanto, fica a entrevista dada por Amaury à CartaCapital, reproduzida peloConversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim. CartaCapital: Por que você decidiu investigar o processo de privatização no governo Fernando Henrique Cardoso? Amaury Ribeiro Jr.: Em 2000, quando eu era repórter de O Globo, tomei gosto pelo tema. Antes, minha área da atuação era a de reportagens sobre direitos humanos e crimes da ditadura militar. Mas, no início do século, começaram a estourar os escândalos a envolver Ricardo Sérgio de Oliveira (ex-tesoureiro de campanha do PSDB e ex-diretor do Banco do Brasil). Então, comecei a investigar essa coisa de lavagem de dinheiro. Nunca mais abandonei esse tema. Minha vida profissional passou a ser sinônimo disso. CC: Quem lhe pediu para investigar o envolvimento de José Serra nesse esquema de lavagem de dinheiro? ARJ: Quando comecei, não tinha esse foco. Em 2007, depois de ter sido baleado em Brasília, voltei a trabalhar em Belo Horizonte, como repórter do Estado de Minas. Então, me pediram para investigar como Serra estava colocando espiões para bisbilhotar Aécio Neves, que era o governador do estado. Era uma informação que vinha de cima, do governo de Minas. Hoje, sabemos que isso era feito por uma empresa (a Fence, contratada por Serra), conforme eu explico no livro, que traz documentação mostrando que foi usado dinheiro público para isso. CC: Ficou surpreso com o resultado da investigação? ARJ: A apuração demonstrou aquilo que todo mundo sempre soube que Serra fazia. Na verdade, são duas coisas que o PSDB sempre fez: investigação dos adversários e esquemas de contrainformação. Isso ficou bem evidenciado em muitas ocasiões, como no caso da Lunus (que derrubou a candidatura de Roseana Sarney, então do PFL, em 2002) e o núcleo de inteligência da Anvisa (montado por Serra no Ministério da Saúde), com os personagens de sempre, Marcelo Itagiba (ex-delegado da PF e ex-deputado federal tucano) à frente. Uma coisa que não está no livro é que esse mesmo pessoal trabalhou na campanha de Fernando Henrique Cardoso, em 1994, mas sob o comando de um jornalista de Brasília, Mino Pedrosa. Era uma turma que tinha também Dadá (Idalísio dos Santos, araponga da Aeronáutica) e Onézimo Souza (ex-delegado da PF). CC: O que você foi fazer na campanha de Dilma Rousseff, em 2010? ARJ: Um amigo, o jornalista Luiz Lanzetta, era o responsável pela assessoria de imprensa da campanha da Dilma. Ele me chamou porque estava preocupado com o vazamento geral de informações na casa onde se discutia a estratégia de campanha do PT, no Lago Sul de Brasília. Parecia claro que o pessoal do PSDB havia colocado gente para roubar informações. Mesmo em reuniões onde só estavam duas ou três pessoas, tudo aparecia na mídia no dia seguinte. Era uma situação totalmente complicada. CC: Você foi chamado para acabar com os vazamentos? ARJ: Eu fui chamado para dar uma orientação sobre o que fazer, intermediar um contrato com gente capaz de resolver o problema, o que acabou não acontecendo. Eu busquei ajuda com o Dadá, que me trouxe, em seguida, o ex-delegado Onézimo Souza. Não tinha nada de grampear ou investigar a vida de outros candidatos. Esse “núcleo de inteligência” que até Prêmio Esso deu nunca existiu, é uma mentira deliberada. Houve uma única reunião para se discutir o assunto, no restaurante Fritz (na Asa Sul de Brasília), mas logo depois eu percebi que tinha caído numa armadilha. CC: Mas o que, exatamente, vocês pensavam em fazer com relação aos vazamentos? ARJ: Havia dentro do grupo de Serra um agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) que tinha se desentendido com Marcelo Itagiba. O nome dele é Luiz Fernando Barcellos, conhecido na comunidade de informações como “agente Jardim”. A gente pensou em usá-lo como infiltrado, dentro do esquema de Serra, para chegar a quem, na campanha de Dilma, estava vazando informações. Mas essa ideia nunca foi posta em prática. CC: Você é o responsável pela quebra de sigilo de tucanos e da filha de Serra, Verônica, na agência da Receita Federal de Mauá? ARJ: Aquilo foi uma armação, pagaram para um despachante para me incriminar. Não conheço ninguém em Mauá, nunca estive lá. Aquilo faz parte do conhecido esquema de contrainformação, uma especialidade do PSDB. CC: E por que o PSDB teria interesse em incriminá-lo? ARJ: Ficou bem claro durante as eleições passadas que Serra tinha medo de esse meu livro vir à tona. Quando se descobriu o que eu tinha em mãos, uma fonte do PSDB veio me contar que Serra ficou atormentado, começou a tratar mal todo mundo, até jornalistas que o apoiavam. Entrou em pânico. Aí partiram para cima de mim, primeiro com a história de Eduardo Jorge Caldeira (vice-presidente do PSDB), depois, da filha do Serra, o que é uma piada, porque ela já estava incriminada, justamente por crime de quebra de sigilo. Eu acho, inclusive, que Eduardo Jorge estimulou essa coisa porque, no fundo, queria apavorar Serra. Ele nunca perdoou Serra por ter sido colocado de lado na campanha de 2010. CC: Mas o fato é que José Serra conseguiu que sua matéria não fosse publicada no Estado de Minas. ARJ: É verdade, a matéria não saiu. Ele ligou para o próprio Aécio para intervir no Estado de Minas e, de quebra, conseguiu um convite para ir à festa de 80 anos do jornal. Nenhuma novidade, porque todo mundo sabe que Serra tem mania de interferir em redações, que é um cara vingativo. +++ Leandro Fortes: O conteúdo de Privataria Tucana é devastador, sobretudo para o ex-governador José Serradezembro 9th, 2011 by
+++ Serra tenta comprar estoque de livro-bomba Foto: ZUHAIR MOHAMAD/AGÊNCIA ESTADO EX-GOVERNADOR LIGOU PARA A LOJA DA LIVRARIA CULTURA NO CONJUNTO NACIONAL, EM SÃO PAULO, PARA RESERVAR TODO O ESTOQUE; O PEDIDO FOI NEGADO, MAS OS 50 EXEMPLARES CHEGARAM E FORAM VENDIDOS NA NOITE DE SEXTA-FEIRA 10 de Dezembro de 2011 às 21:02 247 - O ex-governador José Serra telefonou ontem à noite para a loja da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, pedindo para reservar todos os 50 exemplares do livro "Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, que tinham acabado de chegar. O pedido foi negado, segundo uma fonte da livraria que preferiu não se identificar. Mas os livros sumiram das prateleiras da loja mesmo assim. Foram todos comprados ontem mesmo. "O Serra ligou ontem à noite pedindo para reservar, porque ele iria comprar todos", disse a fonte. "Foi ele mesmo quem ligou, mas nós não pudemos reservar. A gente quer vender o livro e parece que ele quer vetar a venda". A funcionária assinalou que é esperada a chegada de mais exemplares na segunda-feira, após as 14h, à loja da Avenida Paulista. Mas a disponibilidade do polêmico livro não é garantida, mesmo para quem ligar reservando, como muitos já estão fazendo, segundo ela. "Não é garantido que receberemos mais lotes, porque se ele (Serra) pedir para a editora não vender, também não receberemos mais." Na tarde de sábado, ainda havia alguns exemplares em outras lojas da rede, informou a vendedora. Mas eles não deveriam durar até o fim do dia. "O estoque está muito dinâmico, hoje de manhã vi 50 em outra de nossas lojas, e agora só restam 12", assinalou. Lançado ontem pela Geração Editorial, do jornalista Luiz Fernando Emediato, "Privataria Tucana" traz revelações importantes sobre a era das privatizações, expõe o tráfico de influência comandado por Serra e revela ainda como uma guerra interna no ninho tucano deu origem a toda essa história. Ex-repórter do Estado de Minas, que tentava emplacar Aécio Neves como presidenciável, Amaury recebeu a encomenda de investigar a vida de José Serra. O resultado está nas 343 páginas do livro. Leia algumas das revelações de "Privataria Tucana". |
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Doe um livro ao Ministério Público Federal
Posted by eduguim on 10/12/11 • Categorized as Ativismo político
Serei curto e grosso. Diante do escândalo clamoroso que constituem as denúncias contidas no livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., lançado na última sexta-feira sob verdadeira catarse na internet e total censura dos grandes meios de comunicação de massa, decorre a suspeita de que tudo isso pode terminar em pizza.
Este blog, pois, vem oferecer ao leitor um meio de exercer a própria cidadania em caso de, a exemplo deste que escreve, não conseguir se conformar não apenas com o roubo de bilhões de dólares de dinheiro público que o livro em questão denuncia, mas com a impunidade daquele saque à nação que esse caso repugnante encerra.
Escrevo nas primeiras horas deste sábado, 10 de dezembro de 2011. Assim que o dia amanhecer e o comércio abrir, comparecerei a uma agência dos correios e enviarei por Sedex ao Procurador-Geral da República, doutor Roberto Gurgel, um exemplar do livro A Privataria Tucana, acompanhado da seguinte carta:
—–
São Paulo, 10 de dezembro de 2011
A Sua Excelência o senhor
Roberto Monteiro Gurgel dos Santos
Procurador-Geral da República do Ministério Público Federal
Assunto: denúncia contra o processo de privatização do Governo Fernando Henrique Cardoso
Senhor Procurador-Geral
Reporto-me a Vossa Excelência na condição de cidadão/cidadã brasileiro (a) com a finalidade de lhe oferecer livro lançado no último dia 9 de dezembro que contém denúncias gravíssimas relativas ao processo de privatização de uma vastidão de patrimônio público brasileiro durante os dois governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Tendo em vista que o Ministério Público, nos termos dos artigos 127 e 129 da Constituição Federal “É uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado” faço chegar a Vossa Excelência exemplar do livro A Privataria Tucana, de autoria do jornalista Amaury Ribeiro Jr., pelas denúncias graves e fundamentadas que contém.
Assim como cada cidadão brasileiro, espero que essa verdadeira instrução penal que lhe chega às mãos seja investigada por essa douta instituição.
Atenciosamente,
—–
Eis que lhe ofereço, leitor, sugestão para fazer também a sua parte para que os crimes dos ladrões de patrimônio público não fiquem impunes. Sugiro que faça o mesmo que farei e, se quiser, use o modelo de carta acima. Não gastará, em tudo isso, nem 50 reais, preço extremamente baixo pela defesa da República contra saqueadores.
Abaixo, o endereço da Procuradoria Geral da República
ENDEREÇO: SAF Sul Quadra 04 Conjunto C – Brasília – DF – 70050-900
TELEFONES: (61) 3105-5100
Tenho certeza de que será muito mais difícil o Ministério Público Federal se abster de investigar escândalo dessa dimensão se o doutor Roberto Gurgel receber centenas, quem sabe milhares de exemplares desse livro. Será também um protesto bem-humorado e totalmente representativo do senso de cidadania que vai crescendo neste país.
Se puder deixar sua adesão a esta idéia registrada em comentário, caro leitor, será possível saber desde já o resultado desta proposição, já que o próprio MPF jamais divulgará quantos exemplares de A Privataria Tucana terá recebido. Tomara que sejam muitos. Seu país conta com você, cidadão. Não se omita. Não tema. O que proponho é exercício da cidadania.
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Tucanos se esquivam de dar explicações
Livro de jornalista destaca participação de ex-tesoureiro do PSDB Ricardo Sérgio de Oliveira, em esquemas de lavagem de dinheiro e fraude em privatizações na era FHC
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante evento na Folha de S.Paulo e evita responder sobre acusações de desvios de dinheiro público(Foto: Daniel Marenco/Folhapress) |
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do PSDB, evitou comentar as denúncias contra o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil e tesoureiro de campanhas do partido Ricardo Sérgio de Oliveira. O líder tucano chegou a dizer que não sabia das acusações, e alegou que, por não conhecer detalhes, não poderia esclarecer diretamente os pontos.
O economista, nomeado ao posto no BB durante o governo tucano, figura no livro "A Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr., como operador de esquemas de lavagem de dinheiro e manipulação para formação de consórcios para privatizações na área de telecomunicação. Outro expoente do PSDB citado é o ex-governador paulista José Serra, candidato derrotado à Presidência em 2002 e 2010.
Fernando Henrique participou de sabatina do jornal Folha de S. Paulo, na tarde desta nesta sexta-feira (9), na capital paulista, no dia em que os exemplares da publicação da Geração Editorial chegaram às livrarias. A única pergunta feita sobre o livro durante a sabatina foi da jornalista Mônica Bergamo, da Folha. O ex-presidente desqualificou as perguntas e mostrou-se irritado com o fato de o tema ter sido levantado. A entrevista foi motivada pelo lançamento, pelo ex-presidente, do livro autobiográfico "A Soma e o Resto - Um Olhar sobre a Vida aos 80 Anos".
Nos dez primeiros minutos, os entrevistadores e o entrevistado, Fernando Henrique, concetraram a pauta em comentários referentes ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e na atual presidenta, Dilma Rousseff. O restante da sabatina foi dedicada a perguntas sobre sua trajetória pessoal. Uma sessão de autógrafos marcada para o início da noite desta sexta foi cancelada por motivos pessoais, segundo a assessoria de imprensa da editora.
Em breve entrevista coletiva a jornalistas de outros veículos após a sabatina, Fernando Henrique voltou a carga na tentativa de desqualificar as denúncias contra o ex-diretor e contra Serra. Ele alegou que é preciso "tomar cuidado" com as alegações de Ribeiro Junior, por ele ser alvo de processo judicial, acusado de ter participado da produção de dossiês contra tucanos durante a eleição de 2010 – o jornalista nega a prática.
Sobre a conduta de Oliveira, Fernando Henrique afirmou que, pessoalmente, "não tem críticas" ao economista. Durante o tempo em que trabalhou no governo, não teria feito nada de errado. "Nunca desaprovei o trabalho do Ricardo Sérgio", frisou. O ex-presidente também disse não conhecer o economista antes de ter sido nomeado para a direção do Banco do Brasil.
Presente à sabatina, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) também optou por respostas evasivas sobre as denúncias sobre o processo de privatização das telecomunicações. O PSDB informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que os dirigentes da legenda não se pronunciariam por ora sobre o tema e que uma nota seria publicada.
Raoni Scandiuzzi
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O que faria uma pessoa abrir uma empresa num paraíso fiscal?
Imagine se a filha ou o genro de Dilma Rousseff o fizessem?
Ou se este genro de Dilma Rousseff repassasse, desde uma empresa (sua) nas Ilhas Virgens uma bolada de dinheiro para outra sua empresa no Brasil e, acionado por dívidas previdenciárias, não tivesse nem mesmo um automóvel em seu nome para ser penhorado?
Ou se a filha da Presidenta estivesse respondendo na Justiça pela quebra do sigilo bancário de 60 milhões de pessoas, por acesso indevido aos cadastros do Banco do Brasil?
Ou se um diretor do Banco do Brasil comprasse, por operações cruzadas, praticamente uma prédio inteiro da Previ, caixa de previdência dos funcionários?
Tudo isso aconteceu e está documentado no livro de Amaury Ribeiro Júnior, com uma única diferença.
Os parentes eram de José Serra, não de Dilma Rousseff.
O que basta para não ser notícia nos nossos “moralíssimos” jornais.
Quando se age assim, desparece a autoridade moral para criticar.
E se enganam se acham que vão poder abafar o caso com a falta de notícias.
O livro de Amaury Ribeiro puxou vários fios da meada imunda das privatizações.
E este novelo vai ser exposto.
Ontem, aqui, já mencionamos um deles.
A AES, empresa americana que comprou a Eletropaulo e a Cemig – de uma forma que deixou até Itamar Franco, dócil às privatizações, indignado – também faz negócios com as elétricas brasileiras a partir das Ilhas Virgens.
Lá, em algumas simples caixa postal, ficam a dúzia de empresas-fantasmas que exploram a conta de luz dos paulistas e devem um fortuna ao BNDES.
A imagem é reproduzida de um dos contratos que se fez para encontrar saída para esta escandalosa inadimplência e favoritismo.
Contratos subscritos pelo srs. Britaldo Soares e Eduardo Berini, que são diretores da Eletropaulo e/ou procuradores de duas dúzias de empresas-fantasmas, que só existem no cartório do paraíso fiscal caribenho.
A privatização das empresas estatais é o maior escândalo da história do Brasil.
E, com os jornais ou contra eles, virá à tona.